Thaianne 29/09/2022Boate Azul dos Sonetos 😅"Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz foi para cantar"
Amar, Florbela Espanca
"Doente de amor, procurei remédio na lírica profunda." kkkk
"Sonetos de Amor & Desamor" é, como revela o título, uma seleção de sonetos, organizados, pelo que entendi, pela editora L&PM e confeccionados em sua maioria no final do século XIX/início do XX. Pelo período, predomina ainda, no que concerne ao conteúdo, a vibe do romantismo (a sofrência com alguma classe kkk), embora tenhamos composições parnasianas, simbolistas (como o famoso "Versos Íntimos", de Augusto dos Anjos), do arcadismo, etc. O livro pode ser quase que uma aula de literatura, tendo muitos autores do cânone (além de sonetos consagrados), como Cruz e Sousa, Castro Alves, Machado de Assis, Olavo Bilac, o próprio Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, a turma da Inconfidência Mineira (Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto), etc., e Florbela Espanca, que me foi uma grata surpresa. Achei uma boa seleção. A relativa variabilidade de autores (relativa porque temos, por exemplo, poucas mulheres, mas senti que o editor teve um olhar que buscou para incluí-las), evitou certo cansaço que tive lendo outros livros de um só autor do mesmo período, que traziam poemas de amor em sequência com abordagem muito similar. Nesta obra, por sua vez, além das abordagens diferirem, houve também poemas de desamor, como o título diz. Não amei todos os poemas (teve um poema sobre uma cortesã que inclusive me deixou um pouco brava com o autor), mas, no geral, gostei do livro. Não fui tão marcada por outros autores da seleção como por Florbela Espanca. Entretanto, o saldo é positivo: posso dizer que gostei de mais poemas do que desgostei kkk.
"Grande amor, grande amor, grande mistério
que as nossas almas trêmulas enlaça...
Céu que nos beija, céu que nos abraça
num abismo de luz profundo e céreo.
Eterno espasmo de um desejo etéreo
e bálsamo dos bálsamos de graça,
chama secreta que nas almas passa
e deixa nelas um clarão sidéreo. [...]
Selo perpétuo, puro e peregrino,
que prende as almas num igual destino, [...]"
Grande amor, Cruz e Sousa
Obs.: À época, estava disponível no Unlimited.