Matheus.Correa 14/04/2024
FREUD, uma ferida narcísica para a sociedade
Freud, o pai da psicanálise, criou uma nova forma de produzir ciência e conhecimento. Ele reinventou o que se sabia sobre a psique humana, influenciando autores, e, tido como uma das feridas narcísicas da humanidade junto com Copérnico, que tira a terra do centro do universo, Darwin que tira o homem do centro da evolução e Freud que permite a contemplação do homem que não é nem o centro do homem e que não possui o devido controle, instaurando uma ruptura com toda a tradição do pensamento ocidental. Seus estudos sobre a vida inconsciente, realizados em uma matéria suporte e base para teorias que ampliam ainda mais a transição de conhecimentos, são hoje referência para a ciência e para a filosofia contemporâneas, ainda mais em um contexto onde cientistas tentam, a partir de sua influência, minimizar a atuação do psicanalista. A sua influência no pensamento dialoga e influencia as mais variadas áreas do saber. Fruto de sua erudição e eloquência.
Freud apresenta as questões e problemas, em que o próprio autor referencia como filosófico, biológico e psicológico, que o levaram a conceber um conceito muito original e novo, o que há um possível impulso de morte, uma ampla tendência de retorno ao inanimado presente no ser vivo biológico e no humano. Para tanto, ele vai repassar as ideias da biologia válidas na época, afinal Freud é produto de seu tempo, embora acima de seu tempo, dos balanços nítidos e elegantes sobre a sua própria teoria anterior da dinâmica de impulsos humanos, entre os impulsos de conservação do eu e os impulsos sexuais.
Vinte e cinco anos de trabalho intenso, fizeram com que as metas imediatas da técnica psicanalítica mudassem, transformando e muito ao que era no começo.
Freud traz consigo reflexões e construtos filosóficos que influenciaram outros pensadores.
De início, o médico analista tinha como objetivo primordial descobrir o inconsciente oculto ao paciente e combinar em suas partes e, comunica-lo, assim que possível, no momento certo. A psicanálise, acima de tudo, era interpretativa.
A compulsão a repetição, o domínio sobre o fluxo dos processos excitatórios na vida psíquica, é encarada como uma mão que entrelaça de maneira direta com a satisfação prazerosa dos impulsos.
Além disso, Freud relata que assim como na psicanalise mostra nos fenômenos transferenciais dos neuróticos também podem ser encontradas na vida de pessoas não neuróticas. No caso dessas pessoas “sãs”, dá a sensação de um destino que as persegue, de um traço conspiratório com ares demoníaco, desde seu início, a psicanalise considerou tal destino como sendo preparado pela própria pessoa por influência da primeira infância.
Aqui, também há, citações de Cs, assim como em A Interpretação de Sonhos; Freud define a consciência (Cs.) como "um órgão sensorial para a percepção de qualidades psíquicas" (Freud, 1900/2001, p. 587). “Aproxima, portanto, a consciência ao sistema Pcpt., de tal maneira que podemos chamar esse sistema de Pcpt.-Cs.” (LYRA, 2006, np) Não deixando seus estudos “neurocientíficos”, sendo um Darwiniano fervoroso (SACKS, 2017,np) que trabalhava no laboratório do fisiologista vienense Ernst Brucke, em sua juventude, buscava na época, comparar as células nervosas de vertebrados e invertebrados, sobretudo as de um vertebrado muito primitivo, a lampreia Petromyzon, com as de um invertebrado, o lagostim. (SACKS, 2017, np)
O homem, que para Erik Kandel em seu livro Em busca pela memória, sugere que se Freud permanecesse na pesquisa básica, ao invés de ter escolhido o caminho para medicina, hoje seria conhecido como o cofundador da doutrina neuronal, ao invés de pai da psicanalise. Evidenciar isso, é mostrar que Freud sempre buscou por caminhos científicos e “Além do princípio do prazer” onde ele discorre diversas vezes, com o uso de termos referentes a sua atuação como neuro, exemplifica as técnicas que se baseiam em ciência.
Freud deixa claro a necessidade do uso de termos psicológicos e filosóficos, além da contemplação a biologia que para o mesmo, era um reino de possibilidades ilimitadas, “temos a esperar dela as mais surpreendentes explicações e não podemos adivinhar as respostas(...)” (FREUD, 1920, np).