Epistemologias do Sul

Epistemologias do Sul Boaventura de Sousa Santos




Resenhas - Epistemologias do Sul


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Blackthorne 10/10/2023

Gente, é um livro academico, e por isso é muito denso. Existem textos mais faceis de compreender e outros que eu simplesmente não tenho bagagem academica suficiente [muitas vezes por não serem da.minha area] mas a coletanea de artigos e ensaios pra propor um ciencia decolonial é muito boa.

Mais tarde edito e deixo alguns dos meus textos favoritos do livro, então é isso.
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Vanessa 19/07/2022

Epistemologias do Sul reúne textos de diversos autores que nos falam a partir de perspectiva científica não ocidental, dando voz às pessoas que falam de um outro lugar em relação às teorias eurocentradas. Permitem expandir nossas experiências sobre outras formas de produção de conhecimento. Excelente obra com ótimos autores.
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Antonio Celso 07/01/2013

“Epistemologias do Sul” org. Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses. São Paulo; Editora Cortez. 2010. 637páginas.


O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos vem desde o início dos anos noventa produzindo trabalhos significativos de análise sobre a estrutura e construção do conhecimento moderno. Podemos afirmar que inventariando as diversas raízes que organizaram e ainda sustentam as bases do conhecimento ocidental como culturalmente homogêneo, vem instigando a comunidade científica a debater sobre a eficácia da ciência na construção da realidade imediata das pessoas normais.
O livro em questão, “Epistemologias do Sul” acredito ser um desdobramento desta jornada intelectual e uma busca de novas referências epistêmicas das ciências humanas.
Diante do primeiro parágrafo do prefácio do livro “Epistemologias do Sul”, produzido pelos próprios autores, conjunto de textos organizados por Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses, e, publicado pela editora Cortez em 2010 ( 637 páginas), retorna à minha memória a fala do professor José Geraldo da Silveira Bueno sobre a definição de um adequado texto cientifico: “Quando temos um bom texto cientifico, o problema, objetivo e preocupação do autor, podem ser encontrados claramente no primeiro parágrafo da apresentação.” É justamente o que pode ser observado na abertura de apresentação do livro em questão.
“Por que razão, nos dois últimos séculos, dominou uma epistemologia que eliminou da reflexão epistemológica o contexto cultural e político da produção e reprodução do conhecimento? Quais foram as conseqüências de uma tal descontextualização? São hoje possíveis outras epistemologias?”
No conjunto das ciências sociais e nas fronteiras filosóficas da produção do conhecimento como dimensão intelectual dos homens atuais, como pode ser redimencionado este tipo de “valor social” para além da influência monopolizadora do pensamento europeu? Este é o centro da questão sociológica e filosófica abordada no conjunto de texto que compõe o livro.
Um aspecto significativo da trajetória intelectual de Baoventura de Sousa Santos é o seu constante dialogo e inteiração com os mais diversos setores militantes dos movimentos sociais de vanguarda. Movimentos que transitam desde, dos países explorados no capitalismo global até os grupos de minorias e guetos das sociedades mais ricas do globo.
Justamente a partir desta inteiração ou preocupação e ativismo social deste pensador que a seleção de textos perpassa a organização do livro. Este reconhecimento de uma dimensão de produção de conhecimento que percorre a fronteira social da globalização, e, portanto apresenta a força da subversão da ordem estabelecida, que em grande medida define a riqueza do livro. Tenho certeza que esta estrutura de reflexão sociológica poucas vezes fora intercalada. Isto porque, mesmo que os autores participantes já tenham reconhecimento internacional de suas produções acadêmicas, o alinhavar dos textos buscam participar das interrogações epistemológicas acima colocadas tendo os conflitos sociais como mote.
O livro esta dividido em quatro partes. Parte 1 – Da Colonialidade à Descolonialidade que tem a participação dos seguintes pensadores: Boaventura de Sousa Santos atualmente professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Portugal e Diretor do centro de Estudos Sociais, participa com o texto introdutório “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes”. Anibal Quijano, professor emérito da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, Lima, Peru, com o texto “Colonialidade do poder e classificação social’. Paulin J. Hountondji professor da Universidade de Cotonou, Benim, com o texto “Conhecimento de África, conhecimentos de africanos: duas perspectivas sobre as estudos africanos” e Radha D’Souza professora de direito da Faculdade de Direito da Universidade de Westminster, Reino Unido com o texto “ As prisões do conhecimento: pesquisa ativista e revolução na era da “globalização”.
Em certa medida, este conjunto de textos busca refletir sobre as contraposições entre as diferenças epistemológicas das forças de dominação colonial e a resistências social a este tipo de dominação científica. No texto de abertura de Boaventura de Sousa Santos “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes” é apresentado um apanhado geral de suas reflexões que vem desenvolvendo em suas últimas pesquisas. No centro nos traz conceitos novos, como “pensamento abissal”, que brevemente pode ser colocado como um conjunto institucional de conhecimento social. No percurso de construção do “pensamento abissal”, como espaço de atuação de suas duas formulações sociológicas; “Sociologia das Ausências”e “Sociologia das Emergências” que pode nos levar a uma nova dimensão de análise do conhecimento instituído na sociedade atual: uma “ecologia de saberes”. Na verdade este novo conjunto de reflexão epistemológica Santos vem desenvolvendo e formulado a partir de seu último livro “A Gramática do Tempo – para uma nova cultura política” ( Cortez, 2008). Partindo das referências filosóficas do racionalismo europeu século XVI – XVII, ele traça um caminho de interrogações sobre a legitimidade de valor social e ético do resultado das ciências modernas nos territórios colonizados.
Com certeza, estes novos estudos e reflexões de Santos funcionaram como farol para a definição do conjunto de textos do livro. O conjunto de textos que se seguem representa o elo básico de pesquisa de Santos. Na conclusão apresenta um rol de questões a serem estudadas e que podemos sintetizar em uma central “Qual a configuração dos conhecimentos híbridos que agregam componentes ocidentais e não-ocidentais? Ou “Que tipo de relacionamento são possíveis entre os diferentes conhecimentos?
A parte 2 - as Modernidades das Tradições tem a participação dos seguintes intelectuais; Mogobe B Ramose professor de filosofia da Universidade da África do Sul, Pretoria África do Sul com o texto “Globalização e Ubuntun.” Maria Paula Meneses investigadora do Centro de estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal com o texto “Corpos de violência, linguagens de resistência: as complexas teias de conhecimentos no Moçambique contemporâneo”. João Arriscado Nunes professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais, Portugal com o texto “O resgate da epistemologia”. Ebrahim Moosa professor de estudos islâmicos da Universidade de Duke e Diretor Associado da Investigação do Duke Islamic Studies Center com texto “Transições no “progresso”. Dismas A. Masolo professor de filosofia da Universidade de Louisville, Kentucky, Estados Unidos com o texto “Filosofia e conhecimento indígena: uma perspectiva africana”.
Na parte 3 – Geopolíticas e a sua Subversão e a quarta e última, As Reinvenções dos Lugares é composta dos seguintes escritores; Enrique Dussel professor professor do Departamento de Filosofia da Universidade Autónoma Metropolitana, Iztapalapa, Cidade do México, México com o texto “Meditações anticartesianas sobre a origem do antidiscurso filosófico da modernidade”. Nelson Maldonado-Torres professor de Estudos Étnicos da Universidade da Califórnia, Berkeley, Estados Unidos com o texto “A topologia do ser e a geopolítica do conhecimento. Modernidade, império e colonialidade”. Kabengele Munanga professor titular do Departamento de antropologia da faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da universidade de São Paulo com o texto “Mestiçagem como símbolo da identidade brasileira”. Ramón Grosfoguel professor de estudos Étnicos na Universidade da Califórnia, Brkeley, E. U. A. com o texto “ Para descolonizar os estudo de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global”. Nilma Gomes professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil com o texto “Intelectuais negros e produção do conhecimento: algumas reflexões sobre a realidade brasileira ”.
E a quarta e última parte que tem a participação de Boaventura de Sousa Santos com o texto “Um Ocidente não-ocidentalista? A filosofia à venda, a douta ignorância e a aposta de Pascal”. Shiv Visvanathan professor do Dhirubhai Ambani Institute of Information and Comunication Technology, India, com o texto “ Encontros culturais e o oriente: um estudo das políticas de conhecimento”. Milton Santos (1926-2001) professor do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofias, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Brasil com o texto “O lugar e o cotidiano”. Amina Mama com o texto “Será ético estudar a África? Considerações preliminares sobre pesquisa acadêmica e liberdade”.
No interior de sua análise o Professor Ramón Grosfoguel cita Wallerstein:
“A analise do sistema-mundo pretende ser uma crítica à ciência social do século XIX. Porém, é uma critica incompleta, inacabada, pois ainda não conseguiu encontra uma forma de ultrapassar o mais persistente (e enganoso) legado da ciência social do século XIX - a divisão de analise social em três áreas, três lógicas, três níveis – o econômico, o político e sociocultural. Este trio atravessa-se-nos no caminho, solido como granito, a bloquear o nosso avanço intelectual. Muitos consideram-no insatisfatório, mas, a meu ver ainda ninguém arranjou maneira de prescindir dessa linguagem e respectivas implicações, algumas das quais corretas, mas a maioria delas talvez não.” Wallerstein, 1991, citado por Ramon Grosfoguel pagina 472.
E aponta que: “ Há que desenvolver uma nova linguagem descolonial para representar os complexos processos de sistema-mundo colonial/moderno, sem estarmos dependentes da velha linguagem liberal destas três áreas.”
Por esta citação acredito que podemos perceber o quanto é instigante o conjunto dos textos organizados por Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses para os acadêmicos ligados a área das ciências humanas.
Roberto RR 25/07/2021minha estante
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