Geografia de Dona Benta

Geografia de Dona Benta Monteiro Lobato




Resenhas - Geografia de Dona Benta


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z..... 09/12/2017

Edição publicada pela Brasiliense (2002)
O livro foi publicado em 1935, após o espetacular "História do mundo para crianças". Dona Benta continua a dividir conhecimentos com a turminha, dessa vez privilegiando a astronomia, a geologia, a botânica, a zoologia, a antropologia e, logicamente, a geografia (que é um pouco disso tudo e muito mais).
Os picapaus embarcam no "Terror dos Mares" em uma gostosa expedição de descobertas mundo afora, contando com Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Visconde, Emília, Tia Nastácia e o Quindim. Claro, claro! Também cada leitor ávido pelo saber. Só não foi o Rabicó, barrado por motivo de força maior, digo, gula maior. Quó, quó, quó, quó, quó! (a risada do Quindim).

Traçando um panorama, Lobato inicia falando da astronomia, apresenta um pouco das regiões brasileiras e daí para frente pincela uma percepção de cada continente, onde destaca certas nações. Alguns informes estão desatualizados, como não poderia ser diferente. A cidade de Fortaleza, por exemplo, foi citada com população em torno de 900 mil e hoje é uma das capitais brasileiras mais populosas, na casa de dois milhões de habitantes (dedico essa resenha para alguém de lá, que costuma elogiar essas singelas considerações sobre o Sítio. rsrsrs!).

A obra é graciosa, mas não tem a mesma genialidade da anterior, onde a turminha tinha maior interação com as informações. Em muitas passagens, vemos apenas uma descrição formal, sem interações com a população local, sem maiores investigações de curiosidades ou contrastes. De todas nesse sentido, fiquei desapontado com a passagem pelo meu Norte, onde apenas se registraram descrições descambando para um cenário idílico. Visão que perdura até hoje para muitos desinformados. Só Manaus foi citada, por conta do declínio dos áureos tempos do ciclo da borracha. Ô seu Lobato! Como seria legal citar Belém e suas facetas culturais, e, em um delírio meu que sei que seria super improvável, o Amapá. Por que não? Já que era uma terra remotíssima e com boa parte recém anexada ao Brasil (em 1900, através do Laudo Suíço) após anos de peleja com os franceses. Ah, tudo bem não citar minha terra, mas pera lá! Heresia não falar do nosso açaí, hein! Égua, não! Deveria ser citado e a turminha tinha que experimentar. KKKK! Só exercício imaginativo instigado pela obra... Ah, realmente não lembro agora se o açaí foi mencionado.

Entre as nações, o Lobato deu uma atenção toda especial para a China. Que é mostrada como vítima de povos invasores em sua história e é percebida como uma das nações mais grandiosas do mundo, com muito potencial (o que se confirma na atualidade). Não sei muita coisa da biografia do autor, mas esse aspecto novamente reforça minha percepção que era simpatizante do comunismo. Não sei sobre isso... Um dia investigo.
Gostei das passagens pela Austrália e pela África. Lobato parece que não conhecia muita coisa de educação ambiental...

Dessa vez quem respondeu com maior frequência às colocações de Dona Benta foi a Emília, sempre em um tom ingênuo, irônico ou com picardia. Narizinho, no que tinha concluído no livro anterior, é citada como alguém que realmente não gosta de histórias tristes, se comovendo mais que os outros. Deu pena também da Emília e Visconde não poder experimentar os alimentos.

A ciência apresentada tem conotação um tanto arcaica e retrógrada, pois em todo recurso natural apresentado há uma expectativa ou desejo de exploração, mas de maneira que não expressa algo racional (caça, pesca, extração de qualquer jeito, com uma visão de recurso que não acaba). A garoupa e a araucária, por exemplo, são citadas em uma dessas visões e hoje são espécies ameaçadas e protegidas por leis. Desenvolvimento sustentável ainda era algo de pouca importância na prática. Eita! Em passagem pela África o Pedrinho lamentou não ter uma espingarda diante da visão de muitos animais...

Só observações... De pouco ou nenhum valor, mas que o livro me fez pensar na leitura.

Ah, um aspecto final. Há tempos venho observando que muitas obras do Sítio tem retoques, por citarem coisas vindouras, pós ano de publicação. Em geral atribuo ao Lobato, mas dessa vez os tais retoques apontam coisas posteriores a sua morte, como a fundação de Brasília e chegada dos primeiros homens a Lua. Ah, por favor, não adulterem o texto de Lobato! Se é para incluir algo, penso que deveria ser um texto introdutório para cada obra, contextualizando o momento e alertando para tudo estar em uma visão de época, como os textos em que Lobato é rotulado como racista. Cada livro deveria ter uma introdução mais ou menos com um parecer por aí, nessas coisas. Só não mexam no texto de Lobato, como me parece que em alguns momentos aconteceu nesse livro (e talvez em outros). Só intuição,,, Posso também estar enganado sobre os acréscimos e Lobato quem sabe não falou de maneira visionária... Mas sobre os textos introdutórios, é algo que assino em baixo como desejo de que se estabelecessem. Um pequeno parecer do editor, nada mais que isso.

Não lembro de mais coisas onde fui mais instigado, então é o fim.
Legal! Legal! Novamente me diverti e quem quiser que conte outra.
Quó, quó, quó, quó, quó!
Samara 29/12/2017minha estante
Essa não tinha visto, obg pela homenagem e bela resenha. Tem toda a coleção Rogério?


Samara 29/12/2017minha estante
Aqui também falamos Égua kkkk


Samara 29/12/2017minha estante
Essas tuas resenhas do Sítio, são fantásticas


z..... 30/12/2017minha estante
Oi, Samara! Que bom que gostou. Tive o cuidado de não citar nomes e, em resposta, tenho a coleção sim e reli toda esse ano. Exceto um título, que venho guardando há tempos para em algum momento ler. Alguma coisa em mim tem evitado que isso se realize e acho que é a vontade de preservar um encanto da infância, quando desejava e descobria a leitura do sítio de maneira empolgante. Trato como um vinho envelhecendo. KKKK!
As resenhas são um pouco ingênuas e muito emotivas. de um fã dos picapaus. Abraço!




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