Paulo Silas 02/10/2016Um livro acessível para todos. Tal é inclusive a proposta da obra: o resgate da filosofia como um diálogo entre pares. Não há a filósofa autora e o aprendiz leitor. Há apenas filósofos compartilhando ideias, experiências, indagações, propostas e conclusões a ponderar. A autora é também leitora, já que o texto é construído e lido, assim como o leitor se situa no mesmo nível. Para muito além do linguajar pesado da filosofia, "Filosofia em Comum" é um convite para a reflexão que se faz para todos, seja qual for o nível de instrução.
A filosofia é tratada na obra como uma singular introdução da própria filosofia. Singular, pois difere das introduções da matéria como de costume. A filosofia é discorrida como uma forma de pensamento e experiência. Um discorrer do pensar. O pensar transmitido pela fala, que se registra na escrita, mas sem perder a importância da fala. Falar e ouvir, ouvir e falar. A autora inclusive propõe que o livro seja lido em voz alta, reunindo pessoas para compartilhar da fala (e da leitura) e expondo experiências da filosofia posta em prática.
A autora propõe que a haja um resgate da filosofia enquanto prática. As construções teóricas são necessárias, mas há de se atentar para o afastamento do pensador "qualificado" dos não versados nas profundezas do pensar estruturado. É o alerta que se dá, pois a filosofia para além dos bancos acadêmicos deve também alcançar a todos.
Diversas reflexões bastante compreensíveis (é a intenção) partem do "eu", do "pensar", do "ser", ou seja, das maiores inquietações da filosofia. A autora atinge com maestria o seu intento, pois agrada, convence e cativa todo o tipo de leitor, sejam os leigos, sejam os acostumados a ler filosofia.
Vale a leitura!