Anna 11/01/2012
Todavia, uma crítica construtiva
Antes de qualquer coisa - sou uma grande fã da série de jogos Assassin's Creed. Talvez por isso, o livro nos parece desacreditar do contexto original.
Por quê? Vamos começar pela narrativa; além de cansativa e lenta, os únicos momentos menos maçantes foram os de ação. E mesmos esses, a meu ver, exigem maiores detalhes das ações, como se o autor estivesse com pressa de acabar logo a cena. As batalhas eram seguidas de longas páginas de um blá-blá-blá sem fim e sem sentido. Algumas vezes eu até me perdia diante dos alvos de Ezio.
O segundo ponto ao qual faço crítica é a própria estória. Para quem terminou as 11 sequências do jogo Assassin's Creed II é fácil entender do que eu estou abordando. Nota-se que no livro existem poucas inovações da versão para consoles, como se toda a obra fosse apenas um “detonado” para quem se perdeu ao longo do jogo.
Isso nos remete as memórias de Cristina, que foi um dos únicos pontos positivos do livro. As memórias da primeira namorada de Ezio estão disponíveis em Assassin's Creed: Brotherhood, de modo que o nosso protagonista, aos 40 e poucos anos, se lembre da amada que acabou morta em um beco. Eu não sei ao certo se foi o livro que inspirou a Ubisoft a fazer tais memórias, ou vice-versa. Seja quem foi o gênio, eu realmente gostei. Sem essas memórias, a personagem de Cristina poderia facilmente ser confundida como uma figurante.
Agora, em outro ponto importante da leitura. Leonardo da Vinci, mais conhecido como Leo. Leonardo se apresenta como o amigo gay-divertido-inteligente-e-bizarro do Ezio. E aqui estamos em outro parte que eu gostei da estória. Leonardo é realmente um personagem fascinante, e mesmo o modo que ele foi retratado, não me perturbou. É incrível a forma que você se sente melhor amigo do pintor após terminar de jogar o segundo jogo da série - ou terminar a leitura do livro Renascença. Leonardo trazia situações divertidas, e era de grande ajuda a Ezio. Porém, página por página, eu continuei com aquele pressentimento estranho que Ezio não gostava de Leonardo. A meu ver, Ezio simplesmente o suportava, sem escolhas ao não ter ninguém mais que sabia decifrar os valiosos códex. Essa sensação ficou só pelo livro, no jogo é como se Ezio realmente adorasse Leonardo. Afinal, quem não adoraria?
Outro ponto interessante da obra é como Ezio é representado de maneira fria e doentia desde a morte de sua família. Embora o Ezio inocente de 17 anos (ou não tão inocente assim) fosse bem mais divertido no livro, ele simplesmente vai perdendo a magia diante dos capítulos. O rapaz logo se torna fechado, calado e misterioso. E por algum motivo desconhecido, isso me assombra de uma maneira esquisita. É como se a cada página eu tivesse vontade de gritar na cara do autor "EZIO NÃO É ASSIM!". Mas, vamos dar um desconto; é sempre difícil manejar personagens que não são seus.
Enfim, Desmond. E pronto. Assasssin's Creed II é um jogo fascinante, tanto para os tempos remotos de 1482, tanto para os dias futurísticos de 2012 (agora não tão futurísticos assim). Para aqueles que, como Ezio, não fazem ideia de quem Desmond seja, eu vou explicar. Desmond é um rapaz de 24 anos sequestrado pela Abstergo e obrigado a reviver as memórias de seus ancestrais. Que são Altair e Ezio. Sim, o grande Altair escritor de códex. Desmond é, de certa forma, o personagem principal da trama. Tudo gira em torno dele. Mas, nesse livro, ele foi simplesmente IGNORADO. Desmond é a razão para tudo, todavia ele não é tão interessante quanto um Assassino italiano buscando vingança. Logo, o tiraram sem dó nem piedade. Apenas isso.
Assim, penso que o livro poderia apresentar melhores narrativas, contextualizar a estória de uma maneira que prenda o leitor e guardar uma maior correlação ao contexto original. Entretanto, a obra é muito boa quando nos apresenta pontos que não conhecíamos da vida de Ezio.
De uma forma geral, recomendo o livro para aqueles que não tenham jogado o jogo. Sendo um fã, pode acabar se decepcionando.