A mão esquerda da escuridão

A mão esquerda da escuridão Ursula K. Le Guin...




Resenhas - A Mão Esquerda da Escuridão


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Fabio.Nunes 08/03/2024

Transgressor
A mão esquerda da escuridão - Ursula K. Le Guin
Editora: Aleph, 2019
Março de leituras só das minas.

Planeta Gethen. Também conhecido como Inverno.
Um planeta habitado por uma espécie humana um tanto diferente da nossa: os gethenianos são andróginos ambissexuais. Vivem um ciclo de 26 a 28 dias em que em 21 ou 22 são sexualmente inativos e, portanto, não manifestam biologicamente qualquer diferenciação de gênero em seus corpos, parecendo andróginos. Esta é a fase sommer. Nos demais dias entram numa fase chamada kemmer, uma espécie de cio, onde os indivíduos podem manifestar características sexuais caso haja parceiros para tal. Em não havendo parceiros, permanecem andróginos. Encontrando um parceiro também na fase do kemmer, o indivíduo começa a desenvolver características sexuais (hormônios e órgãos genitais) de um dos gêneros, enquanto o outro se desenvolve no sentido oposto, havendo também a possibilidade de parceiros Kemmer do mesmo sexo, mas que são muito raras.

"Luz é a mão esquerda da escuridão
e escuridão, a mão esquerda da luz.
Dois são um, vida e morte, unidas
como amantes no kemmer,
como mãos entrelaçadas,
como o fim e a jornada."

Como emissário do Ekumen (uma espécie de ONU interplanetária) conhecemos Genly Ai, um homem terráqueo e negro que chega a Gethen para propor aliança com as outras humanidades espalhadas pelo universo conhecido. Por meio desse protagonista tomamos conhecimento dos povos e países do planeta Inverno, e passamos a conhecer sua complexidade, tanto no âmbito sociológico quanto em termos mitológicos, biológicos e psicológicos.

Saliente-se que Genly Ai mostra-se um narrador não confiável, cheio de seus próprios preconceitos de gênero que acaba por se transformar enquanto convive e estuda, tal qual um antropólogo, os gethenianos.

Esse é o mote da obra. Mas não toda ela. Um livro curto para aquilo que se propõe e para a miríade de assuntos que aborda. Não se espante com o início, pois ele causa bastante estranheza. Aguente firme, pois depois a coisa deslancha.

Ursula Le Guin nos presenteia com uma obra de impacto criativo, acima de tudo ? transgressora. Uma ficção científica, publicada no auge da contracultura (1969), de viés feminista que discute a normatividade de gênero e nos instiga a sair do lugar-comum. Este é um livro cheio de subtextos, de sagacidade nas entrelinhas, que não se dispõe a dar respostas, mas a apresentar questões que devem ser pensadas ? sobre política, religião, patriotismo, papel de gênero, sexualidade, amor.

Por ser uma ficção que se desenrola num mundo totalmente novo, eu, como leitor organizado que sou, senti falta de um mapa - pelo amor de Simone de Beauvoir né Ursula! Personagens zanzando pra lá e pra cá o tempo todo e nenhum mapinha pra ajudar ao leitor a se achar (Tolkien se revira em seu túmulo). Mas claramente essa era a intenção da autora, chamar a atenção para aquilo que realmente importa nessa obra.

Em resumo, um bom livro para se realizar leitura conjunta viu. Dá o que falar.

"a verdade é uma questão de imaginação. O fato mais concreto pode fraquejar ou triunfar no estilo da narrativa: como a joia orgânica singular de nossos mares, cujo brilho aumenta quando determinada mulher a usa e, se usada por outra, torna-se opaca e perde o valor. Fatos não são mais sólidos, coerentes, perfeitos e reais do que pérolas. Mas ambos são sensíveis."
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"- (...) você sabe, por experiência própria, o que é patriotismo?
_ Acho que não sei. Se por patriotismo você não queira dizer amor pela própria terra, pois isso com certeza eu sei o que é.
_ Não, não quero dizer amor, quando falo em patriotismo. Quero dizer medo. Medo do outro. E suas expressões são políticas, não poéticas: ódio, rivalidade, agressão. Cresce dentro de nós esse medo."
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"Choque cultural não era quase nada comparado ao choque biológico que sofri como macho humano em meio a seres que eram, oitenta porcento do tempo, hermafroditas assexuados."
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"Lendas sobre previsões são comuns em toda a Família Humana. Deuses falam, espíritos falam, computadores falam. Ambiguidade oracular ou probabilidade estatística fornecem escapatórias, e as discrepâncias são eliminadas pela fé."
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"_Ainda não percebeu, Genry, porque aperfeiçoamos e praticamos a vidência?
_ Não...
_ Para demonstrar a completa inutilidade de saber a resposta à pergunta errada."
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"Fardo e privilégio são compartilhados de modo bem igualitário; todos têm o mesmo risco a correr ou a mesma escolha fazer. Portanto, ninguém aqui é tão completamente livre quanto um macho livre, em qualquer outro lugar."
(...)
"Considere: uma criança não tem nenhum relacionamento psicossexual com sua mãe ou seu pai. O mito de Édipo é inexistente em Inverno."
(...)
"Como ocorre com todos os mamíferos, exceto o homem, o coito só pode ser realizado por convite e consentimento mútuo;"
(...)
"Considere: não existe nenhuma divisão da humanidade em metades forte e fraca, protetora/protegida, dominante/submissa, dona/escrava, ativa/passiva."
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"Por ser tão estritamente limitado pela natureza, o ímpeto sexual dos gethenianos não sofre realmente muita interferência da sociedade; há menos sexo codificado, canalizado e reprimido do que em qualquer sociedade bissexual que eu conheça. Abster-se é uma decisão inteiramente voluntária; entregar-se ao prazer é um ato inteiramente aceitável. Medo e frustração sexuais são ambos extremamente raros. Este era o primeiro caso que eu via de um propósito social indo de encontro ao impulso sexual. Por ser uma supressão, e não meramente uma repressão, não causava frustração, mas algo mais funesto, talvez, com o decorrer do tempo: passividade."
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" Como se pode odiar, ou amar, um país? (...) Conheço pessoas, conheço cidades, fazendas, montanhas, rios e rochas, sei como o sol poente do outono se esparrama pela face de um certo tipo de terra arada nas montanhas; mas qual o sentido de impor uma fronteira a isso tudo, dar-lhe um nome e deixar de amar o lugar onde o nome não se aplica? O que é o amor pelo seu país? É o ódio pelo seu-não país?"
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"Amigo. O que é um amigo, num mundo onde qualquer amigo pode ser um amante quando muda a fase da lua? Não eu, trancado em minha virilidade: não era amigo de Therem Harth, ou de qualquer outro de sua raça. Nem homem nem mulher, nenhum dos dois e ambos, cíclicos, lunares, metamorfoseando-se sob o toque das mãos, crianças defeituosas colocadas no berço da humanidade, não eram carne da minha carne, não eram meus amigos; não haveria amor entre nós."
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"É bom ter um objetivo na jornada que empreendemos; mas, no fim das contas, o que importa é a jornada em si."
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"Acho que a coisa mais importante, o fator isolado de maior peso na vida de alguém é se nasceu macho ou fêmea. Na maioria das sociedades esse fator determina as expectativas da pessoa, suas atividades, seus pontos de vista, sua ética e conduta... Quase tudo. Vocabulário. Usos semióticos. Roupa. Até a comida. (...) É extremamente difícil separar as diferenças inatas das aprendidas. Mesmo onde as mulheres participam, em igualdade com os homens, na sociedade, ainda são elas, afinal, que ficam grávidas e cuidam praticamente sozinhas da criação dos filhos..."
(...)
"(...) não posso lhe dizer como são as mulheres. (...) De certa forma, as mulheres são mais estranhas para mim do que você. Com você eu pelo menos compartilho um dos sexos..."
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"Vi então novamente, e de uma vez por todas, o que sempre tivera medo de ver e vinha fingindo não ver nele: que ele era uma mulher, assim como era um homem. Qualquer necessidade de explicar as origens desse medo desapareceu junto com o próprio medo; o que me restou, finalmente, foi a aceitação dele tal como era."
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"Não tinha pensado, quando falei, no desprezo dessa gente pelo suicídio. Para eles, assim como para nós, não se trata de uma escolha. É a renúncia à escolha, um ato de traição. Para um karhideano que lesse nossos cânones, o crime de Judas não estaria na traição a Cristo, mas no ato que, selando o desespero, nega a chance de perdão, mudança, vida: seu suicídio."
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"não havia sombra para revelar nada."
Mel 08/03/2024minha estante
Parabéns pela resenha, Fabio!!!! Já tinha o interesse de ler esse livro, e lendo sua resenha só me deixou com mais vontade!!
Você é brilhante com as palavras!!


Fabio.Nunes 08/03/2024minha estante
Ôh Mel, obrigado pelo "brilhante". São seus olhos. ?


Max 08/03/2024minha estante
Fábio, quando eu crescer, juro, vou fazer resenha igual você! ?


Max 08/03/2024minha estante
Senti, Fábio, como você bem disse, o tema é maior que o livro, devia ser, no mínimo uma trilogia, com mapa né!


Fabio.Nunes 09/03/2024minha estante
Kkkk que isso Max, vc é o cara. E sim, trilogia com mapa!


Flávia Menezes 09/03/2024minha estante
Como diriam os cariocas: aulas!
É o que eu tenho pra dizer de uma resenha de um livro que eu achei ter uma trama bem complexa (e totalmente fora da minha zona de conforto), mas que já dá vontade de conhecer só de ler sua resenha.
Mas uma vez?amigo? aulas! ??????


Fabio.Nunes 09/03/2024minha estante
Flávia querida, grande bju e mto obrigado


Regis 10/03/2024minha estante
Quando for iniciar esse livro, voltarei aqui para ler essa maravilhosa resenha e não me espantar, tanto, com o início da leitura, Fábio.
Parabéns pela resenha instigante e esclarecedora! ???


Fabio.Nunes 10/03/2024minha estante
Querida Regis, agradeço o carinho. Grande bju




Michele Boroh 29/02/2024

O pé esquerdo da propaganda
Eu esperava pelo menos um pouco de coerência com a publicidade superlativa em torno da obra e da autora, mas foi uma leitura recheada de clichês; de críticas já batidas antes; uma tentativa de afetar complexidade em elementos - nomes de pessoas, lugares, calendário... - que, além de não somar, atrapalham a fluidez; trechos arrastados e longos muito além do necessário e a "criação" de um mundo - ela que é elogiada como, entre outros, uma 'criadora de mundos' - não só muito pobre em criatividade, mas cheio de falhas e inconsistências Físicas e Astronômicas.

Na época da publicação, e acredito que esse foi o principal motivo de ser resgatado atualmente, ela pode até ter sido ousada com a abordagem dos papeis de gênero, mas até isso eu achei raso. No raso, aliás, fica toda a sua abordagem da psicologia humana.

Terminei na força que assumi com o clube de leitura, caso contrário teria abandonado.
Alê | @alexandrejjr 05/03/2024minha estante
Eu fiquei curioso com o título e com a tua posição política, Michele. Confesso. ?


Michele Boroh 07/03/2024minha estante
Oi, Alê! O título foi só um trocadilho mesmo com o próprio título do livro. Mas, sim, pode ter alguma pista sobre minha posição, não nego. ? E ela é: não ser paquita de nenhum político nem partido nem ideologia, me manter lúcida e limpa o máximo possível. ?


Alê | @alexandrejjr 07/03/2024minha estante
Boa, Michele! Manter a dúvida talvez seja a melhor maneira de exercer a lucidez.


Alex 13/03/2024minha estante
Talvez você não goste muito do tipo de ficção científica dela ou mesmo da escrita. Acontece.


Ricardo Tavares 08/04/2024minha estante
Minha opinião é semelhante a sua. Li Philip K. Dick e Isac Asimov. Dois mestres da ficção científica. Ursula não me fisgou. Só terminei a leitura porque escolhi o audiolivro. No modo Epub


Ricardo Tavares 08/04/2024minha estante
Não consegui ler o livro (e-book). Ouvi no modo áudio e achei muito arrastado e confuso.


Michele Boroh 09/04/2024minha estante
Nossa, Ricardo! A leitura também pode ser definida como o áudio: arrastada e confusa. Terminei para não falhar com o clube de leitura e o efeito foi igual em todos os membros: ninguém gostou do livro. Valeu por conhecer a autora e uma obra, mas infelizmente caímos na eficiência da publicidade. Obrigada pelo comentário! Abraço!




Pam 13/03/2022

Uma ficção científica com toques de biologia inesquecíveis.
Várias vezes lendo histórias de fantasia ou ficção científica eu sinto que os autores falham em explorar a biologia local, ainda mais considerando criaturas de outros mundos ou universos que poderiam evoluir de forma diferente da nossa. A Mão Esquerda da Escuridão ENTREGA TUDO! A gente entra num mundo totalmente diferente que foge dos nossos padrões binários, abre a mente de qualquer um.

A gente acompanha, resumidamente, o Ai, um humano que precisa convencer que o planeta Inverno entre para uma aliança galáctica. A questão é que Inverno mesmo tendo habitantes humanóides, eles têm uma biologia, e, consequentemente, cultura, totalmente diferentes dos nossos. Os conceitos de gênero basicamente não existem, porque todos tem gênero fluido biologicamente e são bissexuais (acredito que eu estou usando os termos corretamente, caso tenha algum errado eu posso corrigir depois). Todos podem engravidar (gerar filhos), ou engravidar alguém, por exemplo. Devido a isso, preconceitos de sexualidade e gênero não existem, porque todos são iguais nisso. É uma sociedade igualitária - claro que existem preconceitos, mas eles se localizam em outros escopos. É fenomenal descobrir tudo isso pelos olhos do Ai, que sente um estranhamento, e aos poucos a gente vai se acostumando igual a ele.

Além de toda essa inovação, ainda tem todo o lado político e das culturas locais sendo explorados. De quebra ainda lá pela metade indo pro final uma amizade bem legal e surpreendente é desenvolvida. O livro além de entregar um mundo super inovador, continua entregando histórias e estratégias interessantes, e relacionamentos bonitos de ler.

Vi muita gente falando que esse livro era difícil e isso quase me impediu de lê-lo, mas consegui entender tranquilamente. Algumas vezes precisei reler alguns conceitos pra entender bem, mas não foi nada que deixou a leitura lenta ou frustrante. Muito pelo contrário: é tanta coisa legal sendo apresentada que eu lia tudo de novo com o maior prazer, sedenta pelo entendimento. Pessoas que gostam de coisas diferentonas, que são LGBTQIA+ e/ou de biológicas vão se deliciar com esse livro kkk É um refresco.
Ana Sá 13/03/2022minha estante
Me motivou mais ainda! Vou tentar ler este ano! Adorei a resenha


Tatiane Alves 13/03/2022minha estante
Ahhh eu amo esse livro!!!


Pam 14/03/2022minha estante
ana, que bom que você gostou! leia mesmo, é uma experiência muito diferente e boa.


Pam 14/03/2022minha estante
tatiane, esse é pra levar pra vida, né? daqueles livros q vc nunca leu nada igual


Lorraine.Gomes 14/03/2022minha estante
Uau, pela forma q vc fala, me deu vontade de ler agora kkkkkk


Pam 14/03/2022minha estante
Lorraine, fico feliz de ver q vc se interessou! é um livro muito bomm, leia sim kkk se vc gosta desse estilo e quer algo diferente, vc vai gostar




Valdirene.Perez 25/12/2014

Só classifico com uma estrela porque é o mínimo. Ridículo, perdi tempo.
marcos 05/04/2015minha estante
???


Flavio.Gabriel 11/03/2017minha estante
Poxa, achei sensacional a capacidade de criar um mundo e de pensar como a sociedade desse mundo se organiza em função das caracteristicas internas (sexualidade) e externas (clima).


Valdirene.Perez 13/03/2017minha estante
Que bom que gostou. Perdi tempo e dinheiro.


Andrea 11/10/2017minha estante
Val, procure especificar porque não gostou, assim você oferece a outras pessoas a chance de elas concordarem e não perderem tempo e dinheiro também. Se você só diz "ruim" sem justificar, a crítica não ajuda ninguém, entende? bjs


Nati - @_fantasticomundoliterario 18/08/2019minha estante
Puxa, adorável sua consideração de apenas dizer que perdeu tempo com o livro e nem sequer discorreu uma discussão sobre o porque não gostou. Parabéns.




Raphael Maia 15/04/2009

Um mundo frio e sem sexos
Desculpem o machismo mas só uma mulher poderia ter pensado nisso, Comecei a ler esse livro da maneira mais aleatória possivel.
Estava no meu horário de almoço caminhando por um sebo, quando dei com uma capa diferente dessa, era um desenho muito rustico, o que me atraiu no livro foi a junção de três fatos:
1º A arte quase rustica da capa ( Que nada tem haver com a atmosféra blasé da sociedade mostrada no livro ).
2º O titulo que só ganha significado nos ultimos momentos da história.
3º O fato de ser um livro de ficção cientifica escrito por uma mulher e premiado( machista outra vez, perdão ).

O Livro se mostrou totalmente diferente da imagem inicial que eu tinha dele, mesmo assim, jamais deixou de ser interessante, consegui me sentir um alienigena em meio a sociedade totalmente original, foi uma das mais intensas experiencias de imersão que ja tivee com um livro.

Se procura dinamismo e aventura, existem titulos melhores, mas se procura singularidade, esse é o livro.
Rafaele 28/09/2016minha estante
Adorei a crítica e os pedidos de desculpas Hahahaha O importante é a desconstrução!


Nil 16/02/2017minha estante
Gostei da resenha, gosto de ficção científica, vou colocar nos meus desejados. Obrigada por compartilhar sua opinião.


Bru 16/08/2017minha estante
Valeu pela crítica, fiquei interessada, vou ler o livro!

Concordo que o importante é a desconstrução mas numa próxima crítica só não faça esses comentários infelizes.

Ser machista e pedir desculpas não rola, apenas não seja.


Junior 22/02/2019minha estante
gente, mas não vi nada de machismo nos comentários dele.




Hayra.Oliveira 28/07/2020

A mão esquerda da escuridão
Comecei a ler esse livro por causa da indicação de um amigo e fiquei fascinada logo de cara pelo prefácio e a introdução, afinal a temática abordada é muito interessante, atual e até hoje muito contraditória o que me deixou muito curiosa, pois o livro foi escrito nos anos 60.

Entretanto, mesmo com toda a empolgação e curiosidade sobre a temática, achei o livro muito chato. A história começa de um jeito muito confuso e sem muitas explicações, deixando o autor meio perdido, e só na metade do livro que eu fui começar a me cativar com a história.

Eu não me entusiasmei muito com os personagens, a saga deles e o ponto que mais havia me chamado a atenção ( a ideia de uma sociedade construída sem os preconceitos e privilégios das diferenças de gênero) acabou sendo uma grande frustração em toda a minha leitura pela superficialidade de como foi abordado.
Jessica1248 06/01/2021minha estante
Simmmm! To em 60% e cadê o grande debate super necessário sobre gênero que todos apontam? Só vi gente andando de um lado pro outro até agora.


Hayra.Oliveira 06/01/2021minha estante
Pior que eu me empolguei muito com o livro depois que eu li o prefácio feito pelo Neil Gaiman.
Acho que o livro acabou recebendo a relevância pela ideia inovadora, mas na realidade ficou tudo muito superficial e com uma narrativa fraca pra complexidade do tema.
Pra mim foi bem frustrante.
Quando você terminar me fala o que achou.


Jessica1248 06/01/2021minha estante
Terminei agora menina, e sigo com a mesma opinião KKKK
Acho que ele tem a relevância de ser um livro que encosta no tema "gênero e sexualidade" numa época em que não era um assunto tão em pauta. Mas faltou MUITA coisa pra ser de fato uma discussão sobre gênero :/




Maria.Luisa 18/01/2021

Como falar com seus filhos sobre sistema métrico, comunismo, ateísmo, homossexuais e alienígenas
Ismael Cardoso 18/01/2021minha estante
2,5 no aplicativo e 5 no coração ??


Maria.Luisa 18/01/2021minha estante
Toda leitura é uma leitura


Ismael Cardoso 18/01/2021minha estante
toda leitura é uma releitura, sou espiritual




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Victória 02/09/2020minha estante
Quero muito ler esse livro ?


Gustavogl 02/09/2020minha estante
Vale muito a pena. Já quero ler os Despossuídos logo


Victória 02/09/2020minha estante
Esse também está na minha lista ?




Naty__ 13/03/2020

É impossível não desejar ler uma obra que foi escrita há 50 anos. Trata-se de um marco na literatura de fantasia e ficção científica. Para quem não sabe, o livro ainda ganhou o prêmio Hugo e Nebula. É realmente uma obra que precisamos ter na estante.

Pela sinopse você perceberá que Genly Ai é enviado a uma missão intergaláctica, uma organização com aproximadamente 80 planetas, que tem como objetivo compartilhar conhecimento e comércio sem fins lucrativos. Genly é enviado para persuadir os governantes do planeta Gethen a se unirem a uma comunidade universal. Entretanto, esse humano, mesmo depois de anos de estudo, percebe que está despreparado para a situação que lhe aguardava.

Ao entrar em contato com uma cultura complexa, rica, quase medieval e com outra abordagem na relação entre os gêneros, Genly perde o controle da situação. É humano demais, e, se não conseguir repensar suas concepções de feminino e masculino, correrá o risco de destruir tanto a missão quanto a si mesmo.

Uma das dificuldades do nosso personagem é se adaptar às condições climáticas. O planeta Gethen ficou conhecido como Inverno, pois, acreditem, lá é capaz de nevar ainda que esteja no verão. Mas não apenas esse obstáculo ele precisa enfrentar, ainda tem de encarar os conflitos políticos.

Confesso que o início é bem empolgante e fiquei animada para continuar. Porém, infelizmente lá na página 80 o rumo muda e me desanimei, a leitura se arrastou um pouco e depois todo o foco retomou. Por esse fator acabei demorando para finalizá-la, mas valeu a pena ter dado um tempo para voltar com todo vigor.

Posso afirmar que é um livro que eu esperava muito, então fui com muitas expectativas. A sede ao pote foi o suficiente para encontrar o copo meio cheio e meio vazio, mas isso não tira o fato de a obra ser considerada o que é. E ela é mesmo, mas talvez eu tenha embarcado na hora errada, com muita ansiedade e acabei não dando a devida atenção que ele deveria. Talvez isso se deva ao fato de que precisamos de um pouco mais de tempo e concentração.

A leitura é densa, nem tudo nos é explicado logo no início, então pode ser que você considere a narrativa um pouco arrastada, como disse anteriormente. De fato é e não é. O início me prendeu bastante, mas na metade do livro senti que estava um pouco cansada. Acredito que meu erro tenha sido querer lê-lo numa sentada só ou até mesmo sem intercalar com outras obras. Então, já vale como dica para você. Não queira ler afobado, agoniado, pensando em terminar logo. Não estamos numa leitura de suspense ou de romance policial. Às vezes o que nos impede de gostar de um livro ou de não gostar 100% é o momento que lemos, a forma como estamos… Acredito até que esse assunto dê um bom tema para a coluna Devaneando e, assim, possamos refletir o que faz com que um livro não ganhe 5 estrelas. Topam?

A obra como um todo é excelente para quem gosta de ficção científica e para quem se atrai por assuntos polêmicos e atemporais. Gênero, feminismo, alteridade, filosofia, antropologia… tudo isso encontramos em A mão esquerda da escuridão. Leiam, ainda que aos poucos, ainda que sem compromisso, ainda que sem muitas expectativas. Apenas leiam e tenho certeza que a coisa vai fluir melhor. Em 2020 pretendo relê-lo sem muita agonia e certamente será diferente. Digo por experiência própria em outros livros.

Sobre a edição:
A edição comemorativa da Aleph está belíssima e conta com uma capa dura pintada, prefácio do Neil Gaiman. As folhas são amareladas e apresentam um conforto à leitura.

site: http://www.revelandosentimentos.com.br/2019/12/resenha-mao-esquerda-da-escuridao.html
Angela Cunha 05/04/2020minha estante
Penso eu que esse livro seja o tipo de livro que ou você o ama com paixão ou não o quer por perto. Eu como sou uma confusão em se tratando de clássicos, penso que teria muita dificuldade em ler a obra.
Mas é impossível negar sua importância, por isso, quem sabe um dia, minha mente se abra né?rs
Beijo


Priscilla 23/04/2020minha estante
Ótima resenha. Tenho me surpreendido com esse livro também!! Gostando muito


Michelle 03/07/2020minha estante
Incrível como um livro escrito há 50 anos, consiga ser tão atual.
Mérito da Úrsula!
As vezes nossas expectativas em relação a uma leitura podem não ser algo positivo. Já passei muito por isso.




thirtywishes 02/07/2013

Um estranho no ninho.
Vocês não vão acreditar no motivo que eu tive pra ler este livro. Muitos me considerarão bobo e inculto. Outros provavelmente me olharão com uma cara de "Você não tem mais nada para fazer da vida?". Eu, no entanto, espero que exista um terceiro grupo que apenas solte umas risadas e replique um "Ok, acho que eu já fiz algo parecido". Bom, por onde começar? Alguém aqui já viu O Clube de Leitura de Jane Austen? Eu sei, eu sei, não exatamente o começo mais esperado para essa história...

Bem, existe uma personagem nesse filme chamada Jocelyn que é o que eu chamaria de uma Emma da atualidade. Após a separação de sua melhor amiga com o marido, a doce casamenteira tenta reencontrar um amor para sua velha parceira... Amor o qual, ela acredita estar no charme de Grigg, um jovem nerd um pouco fora dos padrões. Assim, Jocelyn o convida para participar de um clube de leitura só de livros da Jane Austen para, quem sabe, juntar o casalzinho indiretamente. Só que Grigg, na verdade, se interessa por Jocelyn e tenta constantemente interessá-la em seus ~livros estranhos~ de ficção científica. E entre esses livros estava, nada mais nada menos que A Mão Esquerda da Escuridão da Ursula K Le Guin. (Sim. Foi um personagem fictício que me fez ler esse livro, me apedrejem!)

Leia mais no nosso site:
http://www.escolhendolivros.com.br/2013/02/a-mao-esquerda-da-escuridao-ursula-k-le.html
janaynah29 23/05/2015minha estante
Embora não seja exclusivamente por esse motivo que estou lendo esse livro, mas eu também fui influenciada pelo "Clube de leitura de jane austen".


Thaís 08/03/2018minha estante
Se eu te disser que compre esse livro hoje na Saraiva por esse mesmo motivo, você acreditaria? Está nos meus desejados há anos-luz justamente por causa do filme! Amor esse filme de paixão embora nunca tenha lido as obras de Austen. (Que estão na fila também)

Não se sinta sozinho nessa situação! Incultos, uni-vos! hahahaha



Tai 07/09/2020minha estante
Te apedrejar? Nunca! Seria hipocrisia, pois já fiz isso. Não gostei da saga Crepúsculo, por exemplo. Mas não posso dizer arrependida de ter lido, pois, se não fosse ela, eu não teria "conhecido" Jane Austen... Então, eu te entendo... rsrsrs

A proposito, já vi O Clube de Leitura da Jane Austen. E adorei!!! rsrsrs




luiza lima 06/06/2020

Grande expectativa para quase nada
Não sei se criei muita expectativa, mas eu não consegui gostar do livro. Me pergunto até mesmo se li ele todo de maneira errada.

É claro que considero o contexto histórico em que o livro foi escrito, nos primórdios da luta feminista e o quão revolucionário deve ter sido para a época escrever sobre um universo em que sua sociedade não foi construída em função dos gêneros, já que nessa sociedade eles basicamente não existem.

Porém, o livro já começa com uma frase machista, dizendo que uma pessoa sem gênero parecia uma fêmea por alguma característica negativa. E pelo livro tem várias dessas analogias ao sexo feminino quando os personagens são fofoqueiros, ou apresentam alguma característica ou comportamento negativo. Não consegui interpretar de outra maneira que não de cunho machista, não consegui ver uma crítica da autora nessas partes.

Por ser apresentado como uma obra tão revolucionária nesses aspectos de gênero, eu realmente me decepcionei com o que li e não achei nada demais, apesar de ainda achar válida a reflexão sobre essa questão, apenas não acho que tenha sido construída de maneira tão incrível assim.

Quanto a história em si, achei lenta e não fluida. Os capítulos são longuíssimos, sem pausas, os acontecimentos arrastados. O meio foi quando me interessei mais, mas o final foi decepcionante.

No geral acho que foi uma leitura válida, pois pôde me fazer refletir sobre todos esses aspectos de gênero e até mesmo da evolução do feminismo, do quanto coisas bobas que antigamente passavam despercebidas hoje em dia já não passam mais. Então, apesar de não ter gostado da obra em si, não acho que foi perda de tempo.
Leticia.Revitto 04/07/2020minha estante
falou tudo!
é a primeira resenha sobre o livro que concordo. não entendi como pode ser considerado uma obra tão feminista, se o tempo todo me incomodei com a maneira como o gênero feminino era abordado.
faço parte de um clube do livro em que apenas 2 de 7 integrantes (mulheres!) conseguiram concluir a leitura. e, quando fomos procurar outras opiniões, nos surpreendemos com as avaliações extremamente positivas. parecia que tínhamos lido o livro errado.
estou profundamente contemplada ao encontrar a sua resenha. obrigada.
se quiser depois conferir, vamos fazer uma resenha pela página no Instagram (@webook.club) falando nossas opiniões. seria ótimo te ter como parte dos nossos seguidores - foi de fato um alívio encontrar alguém de fora com quem concordamos tanto!


Jessica1248 06/01/2021minha estante
Me sinto igualmente contemplada kkkkkk estou em 60% e não entendo o hype desse livro. O tempo todo os seres são chamados de ?homens? e ?ele?, o que a própria autora admite que pode ter sido um erro. Mas fora isso, eu esperava que a ambissexualidade dos indivíduos influenciasse na política, religião e etc, e essa relação não acontece. O livro é basicamente gente andando de um lado pro outro.




Priscila 25/03/2021

Lê Guin era alienígena
Fazia tempos que não lia ficção científica, e gostei muitíssimo da escrita da Úrsula. Nunca tinha parado de fato para pensar em como a sexualidade interfere na nossa vida como um todo. E que imaginação a autora tem! Acho que ela era uma alienígena.
Adson.Mamede 25/03/2021minha estante
Leia "Os Despossuídos". É sequência desse aí. Ursula é uma mestre na escrita.


Priscila 27/03/2021minha estante
Obg! Já tá no carrinho rsrs




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Ezequias 17/03/2013minha estante
Realmente, não tinha me atido ao fato. A questão da inutilidade de saber as perguntas para as respostas erradas e certamente o ponto chave para o Guia dos Mochileiros.


Davenir - Diário de Anarres 12/06/2016minha estante
Se eu não tivesse lido "O Mundo de Rocanon" da mesma autora também poderia ter passado essa possibilidade na minha cabeça. Mas ela até faz referência aos "monstros alados de Rokanan". Alias quem puder ler esse, recomendo.




Flavio 26/01/2017

Universal e atemporal
O poder da literatura de nos envolver e nos permitir sermos observadores do lado de fora do universo ficcional é o que nos leva a abordar nossas próprias mazelas políticas, ideológicas, familiares e amorosas num paralelo sem fim com novos pontos de vista que provavelmente nossa mente nunca alcançaria sozinha. Nos faz olhar para nós mesmos, nosso comportamento para com o próximo, para com o diferente, para com o "frágil". E no final das contas a conclusão só poder ser uma: somos todos um corpo só, a humanidade. Ursula K. Le Guin abre nossos olhos como se ela mesma fosse um alienígena vindo de uma civilização avançada para nos mostrar o que é ser Humano. Ela nos despeja religião, cultura, política, comportamento, clima, geografia, história de um outro mundo para nos mostrar o nosso. Cria humanos andróginos, sem gênero, diferentes de tudo que já imaginamos, para nos mostrar como somos imaturos uns com os outros, como ainda temos muito a aprender em sociedade e como a compaixão, a amizade e o amor um dia nos tornarão um só.
Aliás, o livro não poderia ter melhor título cujo trecho faz parte dos versos de uma canção antiga Getheniana: luz é a mão esquerda da escuridão / e escuridão, a mão direita da luz. Parecem opostos mas não estão se opondo: dois são um. Esse embate de extremos opostos que permeia e controla nossa vida desde os início de nossa existência é o que torna essa história universal e atemporal.
Flavio.Gabriel 11/03/2017minha estante
Até iria escrever uma resenha, mas depois de ler a sua, estou satisfeito, já disseram o que eu me esforçaria muito pra expressar.


Joana Alves 09/05/2017minha estante
Esse livro é ótimo, li duas vezes.




Marcus 02/11/2021

O ser humano de verdade, sem rótulos
Fiquei pensando desde que acabei a leitura no que eu poderia escrever em uma resenha que resumisse minha experiência com esse livro, que vinha lendo há quase 3 meses. Fiquei até com um pouco de preguiça, porque não conseguia imaginar algo curto ou direto; o que eu não imaginava quando comecei a leitura. Achava que seria rápida por ser um livro curto, pouco menos de 300 páginas.

A história não é muito complexa. Genly Ai é um enviado do Ekumen, uma união de planetas que compartilham recursos e conhecimentos entre si, que pousa no planeta Gethen, também chamado de Inverno, com a missão de convencê-lo a se unir aos outros mundos. No entanto, dois fatores complicam muito que tal aliança se forme, por conta da forma que ambos tornam a vida dos gethenianos tão diferente: o ambiente hostil e gelado e a biologia dos nativos, todos andróginos. Há duas grandes nações, uma solitária e orgulhosa, a outra burocrática e suspeita. O clima perigoso e as relações sociais tão distantes reforçam em Genly a sensação do que ele é, um alienígena.

Apesar do mundo tão interessante e das sociedades tão bem construídas, o que mais me chamou atenção no livro foi a forma que, aos poucos, a autora usou dessas nações e personagens para discutir os temas que desejava, não de forma prolixa, mas calculada, fazendo com que a maior parte do tempo gasto na minha leitura fosse depois de o livro ser fechado. Uma motivação da Ursula para escrever esse livro foi a pergunta que fez a si mesma: "O que é ser mulher", mas a sensação que tive enquanto lia e depois que terminei o livro foi de que ela perguntava: "O que é o ser humano, além do gênero?". E com gênero, não apenas a ideia de homem e mulher, mas tudo que é afetado pela existência do mesmo, ou seja, toda a identidade de alguém e suas relações sociais, de o que e quanto alguém come numa refeição à forma que sua sociedade se organiza, uma vez que essa é o primeiro rótulo colocado em alguém, a primeira pergunta feita sobre um bebê recém nascido.

Sem esses rótulos, o que nos une e divide, o que nos move, quem somos nós? O que sobra? Acho que isso é o que o livro tenta perguntar ao leitor do único ao fim.
João Pedro 07/11/2021minha estante
Excelente sua reflexão, Marcus. O que é o ser humano, além do gênero? Concluí a leitura ontem e ainda sigo refletindo sobre.


Marcus 07/11/2021minha estante
Muito obrigado! É realmente uma leitura muito reflexiva, o livro fica com a gente por muito tempo depois da "leitura" em si.




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