Letícia 05/08/2022
O que você faria por um veredicto favorável?
Quando pessoas comuns são selecionadas para uma função, a partir da qual, poderão mudar os rumos da responsabilidade civil da indústria tabagista, para o bem ou para o mal, vale tudo.
O Júri é aquele tipo de livro que vai te ganhando aos poucos, vamos conhecendo os personagens devagar, cada um deles repleto de nuances, quem está certo ou errado é difícil dizer. São muitos interesses envolvidos e quando a própria vida fica em risco, as pessoas fazem qualquer coisa para sobreviver, para não ir presa, para manter sua imagem ou mesmo para se vingar.
Tudo começa com um processo: uma viúva entrou com uma ação contra uma empresa de cigarros, pois seu falecido esposo morreu devido a um câncer de pulmão em virtude de anos fumando cigarros. Ela e seu advogados queriam uma indenização e além disso danos punitivos e a partir daí que tudo se desenrola.
Logo na escolha do júri, conhecemos Nicholas Easter, um jovem que está disposto a fazer parte desse júri, ele tem um objetivo: manipular a decisão.
E do lado de fora do tribunal, conhecemos Rankin Fitch, um experiente consultor jurídico que tem a fama de conseguir veredictos, não usando meios formais e muito menos legais, ele irá tentar manipular o júri a votar em favor da indústria tabagista, nem que seja gastando milhões de suborno, com ameaças ou até mesmo um incêndio.
Cigarro vicia? Causa câncer? E a liberdade de escolha? A pessoa que escolha fumar, o faz por conta própria, né? Mas e o makerting envolvido? As pessoas sabem do perigo? São muitos os questionamentos e diversos especialistas envolvidos durante os dias de julgamento.
Quando Marlee entra em contato, Fitch acredita que tirou a sorte grande, ela em contato com um dos jurados lhe ofereceu o veredicto, mas será que ele pode confiar nela? Ele não vai medir esforços para descobrir quem ela é de verdade.
Enquanto isso, Easter vai conseguindo a confiança dos outros jurados, com pequenas atitudes vai conseguindo ser um aliado até mesmo do juiz, mas o que ele deseja de verdade?
Será que no final é tudo por dinheiro? Será que a indústria tabagista vai sofrer um baque?
Ao longo das páginas vamos vendo cada argumento e se aprofundando na vida dos personagens, ora a gente passa um pano, ora ficamos com raiva. É bem legal como o Grisham consegue nos envolver, chega um ponto que só queremos saber o que irão decidir no final, quase como um dos jurados praticamente com um voto nas mãos.
E o interessante é que esse é um livro de 1996, quando muitas questões envolvendo o cigarro eram diferentes, mas até hoje podemos identificar algumas similaridades quanto a responsabilidade de grandes empresas quando se trata de vícios em seus produtos. Os danos punitivos nos EUA, são famosos por quantias milionárias que servem como uma espécie de sanção e freio a práticas comerciais e marketing desenfreado mediante ao cidadão médio.