Paty 28/01/2014E em seu Livro, o autor fala um tanto sobre a história da migração de portugueses para França em busca de melhores condições de vida, da passagem de uma sociedade rural a uma sociedade urbana, mas sobretudo de amor, amizade, solidão, abandono e recomeços. E apesar da experiência dos pais, que viveram esse movimento de evasão portuguesa para a França nos anos 60, ter tido um papel importante na escolha do mote o romance não é sobre a vivência e nem a descrição das experiências de sua família. E com relação ao título do romance, essa escolha se justifica em vários momentos ao longo do próprio romance.
Ilídio,um menino de 6 anos, ganha um livro da sua mãe pouco antes de ser abandonado por ela em uma fonte e acaba sendo criado por Josué [à pedido da mãe], um mestre de obras da vila e um dos personagens mais interessantes do romance. É nessa vila portuguesa, que o Ilídio passa sua infância e adolescência , dividindo suas incertezas e aventuras com outros amigos como Cosme e Galopim. Em certo momento, nas idas e vindas da trama no tempo, que não corre linear nessa primeira parte do romance, Ilídio conhece Adelaide, sobrinha da velha Lubélia, dona do armarinho e papelaria da vila que também faz as vezes de correio. Apaixonados, o casal troca juras de amor e beijos ardentes nas ruelas escondidas da vila. Mas, ao perceber os rumos que o romance da sobrinha está tomando, a velha Lubélia resolve interferir. Adelaide é obrigada a seguir para a França, com o livro que o amado lhe deu como prova de amor, e Ilídio resolve fazer o mesmo, ao saber da sua partida. E entre encontros e desencontros, aventuras vividas e uma contínua mudança na temporalidade do romance, Ilídio e Adelaide cedem à rotina da vida, à sua respectiva realidade e deixam suas vidas seguirem novos rumos. Mas o livro sempre está lá, os unindo, mesmo que na distância.
Nessa primeira parte a escrita do José Luis Peixoto se apresenta com uma sonoridade ímpar, é toda fragmentada, como já citei acima, mudando o foco entre os personagens o tempo todo, nos fazendo nos perder em algum ponto, para entendermos muito mais no ponto seguinte. Já a segunda parte...
Na segunda parte do romance, vemos muita coisa ser revelada, algumas surpresas boas, outras nem tanto, um narrador um tanto quanto mais sarcástico, mais intelectualóide, fazendo desse parte quase um compilado de autores clássicos e outros um tanto quanto desconhecidos. Longe de ser um romance difícil, é ao contrário, além de uma homenagem ao objeto que ainda une milhares de pessoas, sejam num amor romântico, pela amizade e ou simplesmente pelo amor ao livro.
Entregue-se ao Livro e mergulhe sem medo na elegância da escrita de José Luís Peixoto!!!
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