O duplo

O duplo Fiódor Dostoiévski




Resenhas - O Duplo


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Lais544 01/12/2020

Dostoiévski trabalha com personagens miseráveis, humilhados, pobres, com poucas perspectivas de uma vida melhor. Golyádkin é um personagem que, talvez, poderia ascender na vida, não fosse sua loucura e mediocridade como pessoa. Seu duplo nada mais é do que uma projeção do que ele gostaria de ser: desenvolto, bonito, falante, persuasivo. E é justamente esse desejo de ser diferente ? retratado pelo seu duplo ? que o leva para mais fundo nesse poço e o afoga em paranóias.
Manoel Rodrigo 10/12/2020minha estante
Sua resenha .e
Sua resenha despertou em mim a vontade de ler esse livro, apesar de já ter ouvido falar dele.




Jardim de histórias 20/01/2024

Fiodor Dostoievski, um observador de si mesmo
Se te esqueres de mim
Não me esquecerei de ti;
Tudo é possível na vida,
Não esqueças tu de mim!

Uma verdadeira dicotomia, uma divisão do que se é e do que gostaria de ser. Assim Dostoievski nos entrega a sua segunda obra, um livro controverso e muito criticado devido a uma incompreensão dos críticos da época (Vissarion Belinski), não havia um entendimento sobre algo que abordasse tão profundamente um tema sobre o fluxo da consciência, com isso, personalidades como Belinski e Turgueniev, atribuíam a um esboço da própria personalidade de Dostoiévski, criticaram a obra classificando como enfadonha, pouco criativa e superficial. 

Sobre a obra;
Inicialmente, já se percebe o desejo inconsciente do personagem (Golyádkin) pela duplicidade, no que se refere a ser e aparentar ser, o que potencializa a ideia de necessidade de uma projeção social. Ingredientes fundamentais para uma trama sobre dupla personalidade com componentes imaginativos, etc. Só que é aí que entra a genialidade incompreendida de Dostoiévski, com a materialização inverossímil do Duplo. Sim, materialização da subconsciência, dando à trama a sensação de materialidade e qual é o sentido dinâmico que permeia esse conceito? Era através dessa materialização, a possibilidade de acesso coletivo, permitindo o olhar externo, fazendo com que o personagem (Golyádkin), pudesse se confrontar, ou se reconhecer em outra pessoa, enxergando o seu eu, para lidar com sua personalidade, subvertendo suas desvirtudes, facilitando a extração de valores, artimanhas do vasto universo mental.
Um tanto quanto complexo, fenomenal e nem um pouco explicativo e talvez o fato de Dostoiévski não ser um autor autoexplicativo tenha levado a crítica da época a classificar negativamente a obra em questão. O fato é que Dostoiévski é para quem acredita em Dostoiévski, sendo considerado um dos maiores autores da história mundial. 

Sobre a edição;
A edição da 34 coleção leste conta com a extraordinária tradução direta do russo por meio de Paulo Bezerra e também ilustrações, com aspectos fortes, violentos e viscerais, com nuances de esboços do expressionista Alfred Kubin, que dá um tom imersivo e que se funde com a atmosfera mental da obra. 

 
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Felipe 05/10/2012

"Assim é a coisa!"
Durante a narração de O Duplo, Dostoiévski constantemente chama o seu protagonista de herói: O nosso herói, O herói dessa história. Tudo isso não passa de um efeito satírico, pois ao longo do romance enfrentamos uma completa desestruturação do conceito clássico de herói dentro de uma narrativa. O que temos é um personagem hediondo assombrado por uma monstruosidade: o seu próprio duplo. Aqui Dostoiévski antecipa em alguns anos aquilo que ficou conhecido como uma narrativa kafkiana: um enredo fantástico encharcado até a tampa de realismo. Não temos uma discussão pormenorizada sobre o duplo e os personagens trabalham em prol dessa naturalização do inaudito, pois ninguém reflete sobre ou fica perplexo com o duplo que vaga por todos os cantos enquanto o nosso herói duplicado cai em um estado de catatonia diante desse evento horrendo.

Dostoiévski, além de criar uma das histórias mais nefastas, nos brinda com uma aula de elegância. Como construir uma história fantástica sem cair em questionamentos insípidos diante do próprio evento narrado? Eis uma receita simples: tirar o evento da categoria surreal e lança-lo, de forma veloz, no campo das coisas possíveis, criando assim um efeito singular, dos mais atrozes.

Fugindo de uma patologização medíocre, correndo longe de um cientificismo barato sobre o cérebro humano, o que existe aqui é a arte, arte como sonda, arte que penetra os meandros humanos para investigar não a doença individual, mas a doença coletiva de uma sociedade extremamente perversa, movimentada por engrenagens sombrias que levam um indivíduo a loucura em caso de não adaptação a esses ideais obscuros de convivência.

Uma obra-prima!
Tuzin 07/07/2014minha estante
um outro pensamento para a constante utilização do termo "herói" seria assumi-la literalmente. ora, um homem nas condições da personagem principal que, mesmo assim, mantém sempre uma fagulha de esperança consigo é digníssimo de tal caracterização, sem ironias. ainda há o ponto de vista mitológico, como se o recorrente uso das expressões fosse um alerta para o fim trágico que, no fundo, nosso herói já estaria destinado a cumprir (e, por diversas vezes na narrativa, externou tal pressentimento).




LidoLendo 27/03/2018

Comeu 1 ou 11 pasteis?
Simplesmente AMEI O Duplo! Comparando com Gente Pobre, ambos abordam , no fundo, a mesma coisa: o homem pressionado pelas amarras sociais.

E aqui n'O Duplo, essa pressão é tão grande que Golyadkin literalmente surta!

Não quero dar spoiler... mas posso dizer que Dostô coloca a gente numa sinuca de bico o tempo todo!

Leitura para ser fazer sem pressa, com atenção! E depois de ler, procure alguém pra conversar sobre o livro. CERTEZA que vc vai precisar!

Lendo Dostoievski em ordem Cronológica
#dostôesselindo
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Lucas Lobo 24/11/2021

Confusão
Esse foi meu primeiro livro de Dostoievski, confesso que foi uma leitura bem difícil e confusa. Mas a mensagem do livro é bem interessante.
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Reader Za 28/05/2022

A solidão enlouquecedora
Um funcionário público, sem amigos, vivendo uma vida muito simples e sem grandes felicidades é o personagem principal de o Duplo, ou herói, como o próprio Dostoievski denomina.

Essa pessoa, em um esforço desesperado para ?melhorar de vida? e alcançar certa posição social, que no seu entendimento trariam para si felicidade e e bons relacionamentos, mete os pés pelas mãos diversas vezes de maneira cômica e em muitas outras triste.

E então a doença psicológica se revela, após um encontro com um potencial amigo misterioso, e o personagem vai ficando cada vez mais desnorteado, confuso, acoado por inimigos ( imaginários) e mais solitário e atrapalhado.

Como minha segunda obra de Dostoiévski, confesso que achei a leitura difícil, pois a escrita remete a confusão mental do personagem e de sua vida no geral.
Mas no geral gostei do livro exatamente por sair totalmente da zona de conforto dos romances tradicionais.
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joaoggur 12/08/2023

Pô, Dostô?
O Duplo fora o segundo romance de Dostoiévski, lançado pouco depois de ?Gente Pobre?. Tive uma excelente experiência com o primeiro; já com este, admito que as coisas não foram muito boas.

Acompanhamos a história do Senhor Guliadykim, um funcionário público tímido, retraído e completamente deslocado de seu meio social. Depois de ir embora de uma fracassada festa (da qual ele nunca fora, definitivamente, convidado), ao andar pelas ruas se depara com uma cópia sua; um homem de mesma aparência, nome e história de vida. Encontra seu duplo.

A narrativa de Dostoiévski é confusa, e creio que este é o ponto mais baixo da obra. A parte do fluxo de consciência, sem dúvida, eh o ponto alto; adentramos cada vez mais na mente perturbada (e insana?) do protagonista, e cada vez mais descremos de suas próprias palavras. Em contrapartida ao apelo psicológico, tudo é revestido com uma tintura monótona e nada convidativa a prosseguir. Ao mesmo tempo que é interessante fazermos esta ?apneia? na alma do protagonista, pouco nos importamos, realmente, com ele.

Imagino que deve ser um dos mais fracos livros deste grande escritor. Para aqueles que querem conhecê-lo, não recomendo: Fiódor Dostoiévski é muito mais que isso.
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Erika 24/07/2020

"Nunca dei uma contribuição mais séria para a literatura do que essa."
Golyádkin é um cara solitário que passa a conviver com seu duplo, idêntico em quase todos os aspectos, com apenas uma exceção: a personalidade.

Segundo livro publicado por Dostoiévski, O Duplo, ao contrário de Gente Pobre, não foi bem aceito pela crítica. Porém, é o marco inicial dos personagens que tanto caracterizam a escrita do autor: os "homens do subsolo", de personalidade distorcida, tomados por conflitos interiores e socialmente excluídos.

No caso de Golyádkin, senti muita pena do seu sofrimento com o isolamento social e da necessidade que ele sentia em ser aceito pelas pessoas ao seu redor. Rolou uma reflexão aqui sobre essas pessoas (não são poucas, viu?) que precisam se sentir populares, estar sempre no centro de tudo e o quão frustrante deve ser não atingir esse objetivo.
Douglas 15/09/2020minha estante
Mais uma ótima resenha, Erika. Pretendo ler após terminar Gente Pobre.


Erika 15/09/2020minha estante
Está lendo em ordem cronológica?




Edna 01/09/2021

Imaginação
A melhor definição para esse livro é o tempo, o nosso presente que quando se caracterizou e tornou-se vital, o isolamento, provocado pelo distanciamento social, produziu sentimento que já existia mas foi liberado falar sobre ele, e a solitude de muitos tornou-se solidão, aumentando o grau característico de pessoa que necessita ser aceita como parte de uma sociedade que não a vê de forma de igualdade.
E o nosso herói Golyádkin, como vários personagens de Dostô, criado à mercê da pobreza,  humilhados e ofendidos, dos miseráveis sem perspectiva melhor, mas todos com uma grandeza superior às mediocridades;   Golyádkin é  excluído do círculo no trabalho e de tão carente, cria o seu duplo e com ele interage de uma forma imaginária, intensa e dependente.

"Não, agora não é o caso de escadas forradas de seda (...) e o melhor é eu ficar por aqui, isolado e às escondidas..."

Dostoiévski via o dinheiro como uma força despótica que destrói o psiquismo humano, cria a fantasia de maior igualdade e permite ao indivíduo enfrentar e vencer o próprio destino.
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Nathalia 28/08/2023

O que é real?
O Sr. Golyadkin é aquele tipo de personagem que nos faz refletir sobre o que estamos fazendo com a nossa vida. Estamos vivendo pautados na realidade ou simplesmente nos deixando levar e influenciar pela sociedade e pelos nossos pensamentos distorcidos sobre nós mesmos?
Toda a confusão mental de Golyadkin, suas ações controversas são registradas pela narrativa majestosa de Dostoiévski.
Incrível do início ao fim.
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Erudito Principiante 30/10/2020

Primeiro contato
Esta foi minha primeira leitura de Dostoiévski e confesso que não foi de ?fácil digestão?. A obra é complexa, a forma como o personagem principal, Yákov Pietróvitch Golyádkin, se expressa chega a ser por vezes cansativa pois ele é confuso, relutante, indeciso e seu pensamento é expresso exatamente assim pelo autor. Em vários momentos nos pegamos em dúvida se o duplo de Golyádkin é mesmo real ou se é um delírio do personagem, que apresenta certo desequilíbrio emocional/mental. Dostoiévski nos apresenta um pouco do serviço burocrático público da Rússia tzarista e a sociedade em torno desse serviço, que é o ambiente no qual o pobre Golyádkin, funcionário de baixo escalão, vive. Seu duplo é aquilo que ele deseja ser, sociável e amado por todos, mas ao mesmo tempo apresenta um comportamento que lhe parece reprovável. Mas depois de ?digerido?, confesso que gostei do livro e estou curioso (e porque não dizer ansioso) para ler outras obras de Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski.
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Rhuan Maciel 23/03/2022

Emblemático e psicológico, nesse livro, diferente de seu primeiro, Dostoiévski adentra muito mais na mente de seu protagonista, esboçando seus conflitos internos e devaneios. Desde o início fica-se com um pé atrás quanto às experiências de Golyádkin, não sabemos o que de fato realmente aconteceu. Além da personagem ser extremamente inseguro e indeciso. Pois suas tomadas de decisões mudam muito rapidamente e inúmeras vezes ele possui a necessidade de justificar-se internamente quando toma alguma ação. Já no começo da história presenciamos isso quando, destinado a ir para o janta, (onde não foi convidado), decide-se mudar de rota em direção a seu médico. Também notamos um certo nervosismo nas diversas vezes em que repete o nome do interlocutor e quando gagueja. Por esses motivos sentimos pena e uma certa vergonha alheia, uma vez que essas características o fazem passar por constrangimentos enormes. Quando seu duplo aparece, de início, acha-se que terão uma amizade forte e duradoura, o que transparece pela solidão do protagonista que finalmente encontra alguém que o entende. No entanto, no decorrer da obra, seu duplicado revela a si próprio como "pérfido", "traiçoeiro" e "não confiável". Coloco entre aspas porque Golyádkin adquire uma certa inveja acerca das qualidades de um homem idêntico fisicamente a ele. Apesar de em alguns momentos Golyádkin segundo demonstrar essa sua verdadeira face. Portanto a história gira de acordo com a psique desse funcionário público, obviamente perturbado, com várias narrativas criadas em sua cabeça. Dostoiévski desenvolve um livro muito interessante, o qual é capaz de aflorar muitos sentimentos diferentes nos leitores. Absolutamente é um livro que vale demais ser lido, apesar de muita gente achá-lo cansativo, ele justifica-se por si próprio.
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Stefanie Oliveira 23/04/2014

Como é difícil falar de Dostoiévski.
Sinceramente? Não por conta do autor em si, mas sim por causa de um bando de chatos que se acham cultos por pensar que se você está falando sobre o escritor em questão, automaticamente você tem de falar bem. Automaticamente você precisa fechar os olhos para o que te desagrada e aceitar tudo como se estivesse perante uma perfeita genialidade. Será?
Não pra mim.
“Você tem cacife pra falar de Dostoiévski?” já cansei de ouvir. Quem sou eu? Uma garota de 22 anos de idade que já leu incontáveis títulos ao ponto de gostar de analisá-los, criticá-los. Sou uma leitora. Mas, aos olhos de alguns, alguém que ainda não pode abrir a boca para falar de Dostoiévski se não for falar somente bem. Sinceramente? O mundo vai ser bem melhor quando pessoas pararem de se ser totalmente cegas por determinado autor. Não é porque fulano escreveu um livro bom que todos os outros automaticamente são indiscutivelmente bons também.
Mas voltemos à resenha e continuo com o assunto mais adiante.
Em “O Duplo” nos é apresentado Golyádkin, um funcionário público russo como outro qualquer. Isso, claro, se não fosse a maneira com que, certo dia, passasse a conviver com seu próprio duplo. Ou seja, uma espécie de segunda personalidade materializada em uma segunda pessoa que, ao menos fisicamente, é idêntica ao homem, de modo a até confundir aqueles que vivem ao seu redor.
Golyádkin primeiro é o que chamamos de um fracassado. Sim, tem emprego, um lar, mas não é algum tipo de exemplo de vida social. As pessoas a todo o tempo o desprezam, caçoam de sua condição e, como se não bastasse, ainda fazem piada de sua personalidade. Golyádkin é a chacota do meio, e mesmo assim, a todo tempo, tenta agradar as mesmas pessoas que o apedrejam. Por quê? É então que surge a parte genial de Dostoiévski.
Sinceramente, para mim, a genialidade do autor não está na literatura propriamente dita; mas, sim, na psicologia. O modo com que o escritor, em suas obras, aborda a mente humana é onde se pode encontrar sua maestria. Honestamente? Como escritor, vejo Dostoiévski sentado em uma mesa e escrevendo... Escrevendo sem parar. Até que, ao chegar à última página, vira para a pessoa que vai publicar seus livros e diz: “Pronto, acabei. Pode publicar”.
“Ah, mas isso é estilo russo de escrever, mimimi”, sim, eu sei que russos escrevem de um modo mais robusto, mas ainda é demais para mim.
Sobretudo porque, qualquer um que lê, vai notar que há certo atropelamento de palavras. Como se a afobação em escrever fosse tanta que ele mal pudesse respirar. Isso é um defeito? Jamais. Acho brilhante uma pessoa que tem uma espécie de surto literário e escreve obras magníficas... Como a exemplo do grandioso Kafka e seus livros de sentada, como é o caso de “A Metamorfose”. Mas, ainda assim, acredito que o livro seria bem melhor caso Dostoiévski, ao terminar a obra, a relesse e revisasse não o enredo... Não a história, não suas ideias. Mas sim a maneira com que ele colocou as palavras. Como formou as frases. Como desenvolveu certos pensamentos.
Vejo Dostoiévski também como um gênio. Mas lá para a área de Freud. Justamente porque seus personagens parecem terem sido totalmente pensados como exemplificações de onde a mente humana pode chegar. Justamente porque, após a leitura e certa reflexão, vejo o Senhor Golyádkin segundo como se realmente fosse aquela atitude que todos nós tomamos, ao menos uma vez na vida, quando queremos ser agráveis. Sabe quando você não diz algo que sente vontade... Quando toma certo cuidado para agir por saber que vai atingir e machucar uma terceira pessoa?
Eis o duplo.
Através dessa obra, Dostoiévski tenta mostrar a nós, leitores, até que ponto podemos ir na tentativa de sermos agráveis, aceitos. Justamente porque, com o decorrer do livro (isso não é spoiler!) a segunda personalidade do funcionário público passa a tomar conta de sua vida. Por quê? Porque está sendo vantajoso. Porque agora as pessoas gostam “dele”. De modo a fazer com que se sinta pena desse personagem que era para ser o protagonista, o qual abaixa a cabeça tão facilmente a qualquer tipo de afronta que, na minha opinião, beira à humilhação. É humilhação.
Quanto ao desfecho da obra... Sinceramente é como um tapa. O enredo todo em si é muito inteligente, mas o clímax... Ah sim, esse soa como um murro na cara da sociedade que quer tanto caminhar ao encontro do outro... Que acaba se distanciando de si mesmo. De modo a ainda mais nos deixar impressionados com como um homem em 1846 já compreendia a mente humana em seus cantos mais obscuros. Devidamente naqueles lugares mais imersos que tantos tentam ignorar. Seja por medo, por covardia, ou simplesmente por não terem certeza se conseguem encontrar o caminho de volta.
A história é boa. Os personagens são brilhantemente criados, mas a escrita do autor poderia, e muito, ser melhor. Sinceramente foi o que prejudicou o livro, aos meus olhos. Foi o que o deixou cansativo e arrastado. Principalmente com uma série de repetições de palavras desnecessárias, como o uso de “segundo” incontáveis vezes no mesmo parágrafo sendo que já sabíamos que estava sendo descrito os atos do duplo de Golyádkin e não dele mesmo. Nós já sabíamos, tio Dostoiévski! Viu? Não precisa repetir dez mil vezes no mesmo parágrafo! Nós conseguimos entender de quem o senhor estava falando!
Ah tá duvidando? Me achando louca? Então vou colocar aqui um trechinho para você de outro momento:




“ – o que foi mais ofensivo para o senhor Golyádkin –, alguns dos funcionários jovens, ainda sem qualificação funcional, rapazes que, segundo justa referência do senhor Golyádkin, só sabem jogar eventualmente cara ou coroa e bater pernas por aí – pouco a pouco cercaram o senhor Golyádkin, agruparam-se para ele com uma curiosidade um tanto ofensiva. Era um mau sinal. O senhor Golyádkin o percebia e de sua parte se dispunha a ignorar tudo. Súbito uma circunstância totalmente inesperada liquidou e, como se diz, deu cabo do senhor Golyádkin.”



Viu? Ufa!
Sem contar que, só nessa página, a expressão “Senhor Golyádkin” aparece nada menos, nada mais do que: Dez vezes! É isso mesmo.
Vai dizer que não é desnecessário?
Essa leitora então “sem cacife” para falar do autor russo finaliza a resenha. Mas não sem antes admitir que, se eu tivesse vivido na mesma época de Dostoiévski, faria alguma espécie de convite: “Hey, por que não largar a literatura e esperar alguns anos? O Freud está crescendo e jaja você vai poder trabalhar com ele na psicologia! O que acha? Porque você é muito bom!”.
Nilton 13/08/2014minha estante
Helli! Gostei muito do seu comentário, afinal não é porque se trata do "Grande Dostoiévski" que devemos fechar os olhos e assentir tudo cegamente. A única parte que não apoio é a questão de Dostoiévski largar a literatura, isso realmente foi... como eu poderia dizer... realmente faltam-me palavras! Acredito que você deveria ler obras como Crime e Castigo e Os Irmãos Karamázov (que foram escritas depois de O duplo), largando a literatura, esse livros não existiriam. Se você realmente concorda com isso, chegamos num impasse. É bom lembrar que O Duplo foi escrito no início da carreira de Dostoiévski, contém sim suas falhas, mas o escritor amadureceu muito na evolução de sua carreira.
Por favor, não me interprete mal, não estou querendo ser arrogante, nem defender Dostoiévski cegamente, mas temos que dar a César o que é de César.
Abraços


Stefanie Oliveira 13/08/2014minha estante
Entendo seu comentário, Nilton, e gostaria de explicar melhor esse ponto, acho que não fui muito feliz na escolha das palavras. Não que eu ache que ele devesse largar a Literatura de lado, já que reconheço a importância tremenda dele para a área, mas me referia à maneira como ele me soa bem mais talentoso em entender a mente humana do que propriamente escrever. Afinal, acredito que, quanto à narrativa, existem muitos pontos que ele deveria ter sido mais atento, mas reconheço que nas seguintes obras houve uma melhora. Li "Crime e Castigo", mas ainda pretendo ler "Os Irmãos Karamózov" até com certa curiosidade, provavelmente ele tenha crescido bastante como autor.
Obrigada por comentar.


Nilton 03/09/2014minha estante
Sabe Helli, gosto muito da comunidade Skoob! É tão bom poder compartilhar ideias e pensamentos... Acredito que esse dom que ele tinha de, através da literatura, desvendar a mente humana com tamanha precisão é o que diferencia ele da grande maioria... Eu estou com outros livros dele para ler, como o Idiota, mas tenho que quebrar um pouco a linha para não ficar maluco com Dostoiévski, estou lendo agora O clã dos magos, e depois volto para ele novamente...rsrsr.... abraços e boas leituras :)


Rubio 30/07/2015minha estante
O próprio Dostoievski dizia não ser um bom escritor ... rss


Carlos Patricio 15/08/2016minha estante
Sinceramente, para mim, a genialidade do autor não está na literatura propriamente dita; mas, sim, na psicologia. O modo com que o escritor, em suas obras, aborda a mente humana é onde se pode encontrar sua maestria. Honestamente? Como escritor, vejo Dostoiévski sentado em uma mesa e escrevendo... Escrevendo sem parar. Até que, ao chegar à última página, vira para a pessoa que vai publicar seus livros e diz: ?Pronto, acabei. Pode publicar?.

perfeito


@willian.gram 30/03/2018minha estante
Gostei da sua resenha a princípio, mas depois de de ler O Duplo, passei a discordar completamente dela. Sugiro assistir o vídeo " #Comentando: O duplo (Fiódor Dostoievski)" (https://www.youtube.com/watch?v=c4IzN1vEKW8). Pode ajudar a compreender e rebater suas críticas. ;)


Casa da mãe Joana 15/06/2018minha estante
A melhor resenha que eu já li sobre esse livro!


Stefanie Oliveira 04/07/2018minha estante
Muito obrigada!




João 12/12/2021

O que almejamos?
Francamente foi difícil á beça terminar esse livro; a leitura bem lenta e arrastada, tanto é que eu devia ter terminado em uma semana e que se delongou e foram duas semanas para finaliza-lo, e apesar das circunstâncias digo que não odiei o livro mas que também não amei, achei mediano.

Nesse segundo livro, lançado em 1846. Dostoiévski, conta a história do Sr. Golyádkin, que com o passar da história mostra que tem uma vida muito chata pacata, que tem transtorno de personalidade e que se esquiva anseia por interação social; introvertidos desajeitado, até para conversar com alguém o personagem mostra uma certa dificuldade, ele não consegue se expressar para finalidades de seus objetivos.

Com tudo, Golyádkin, em uma noite encontra um rapaz, incrivelmente igual a ele, que leva até o mesmo nome, que é o duplo, mas que tem as suas diferenças, o duplo de Golyadkin era tudo aquilo que ele almejava, tudo que ele queria ser, uma pessoa com garra, com perseverança e bem sucedido.

Esse livro, tem um fator muito interessante que é a psicanálise o psique do personagem, que é interessante ressaltar que mesmo antes de esse segundo Golyádkin aparecer na narrativa, já existia dois Sr. Golyádkin, o homem que ele é e o homem que ele se esforça para ser, como se ele não gostasse dele mesmo e criasse meio que um ?personagem? perfeito e que agradasse a todos.

Na minha opinião, o último capítulo foi muito bom, porque Dostoiévski não oferece uma resposta definitiva e cabe a cada leitor interpretar a sua explicação da história. Sr. Golyádkin tinha um gêmeo mesmo ou era delírio de sua cabeça?
Karol Alencar 12/12/2021minha estante
??????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Misericórdia, você fez uma reescrita da obra. ??????????????


João 12/12/2021minha estante
??? gostou não?


João 12/12/2021minha estante
Recomendo o livro para vocês duas em ;)


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Li, ótima resenha kkkkk.
Mas pelo tamanho, achei que não iria precisar ler o livro.
??????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
O primeiro comentário, foi antes de lê-la.
Kkkkkkkk.


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
????????


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Tu chama o livro de medíocre e recomenda pra gente ?! Que amigo é tu ?! ?????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Faltou um ponto de interrogação no meu primeiro comentário.?


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Tá vendo aí Michela kkkkkkkkkkkkk


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Eu tô é fora ???


João 12/12/2021minha estante
Medíocre é mediano, vale a pena a leitura, sério, vai por mim.


João 12/12/2021minha estante
Obrigado, Michela :)


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
KkkkkkkKarol, e depois , fica se justificando.


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
A palavra medíocre apesar de significar mediano é mais comumente usada no sentido pejorativo, para designar alguém ou o trabalho de alguém como abaixo da média, ordinário, irrelevante, insignificante, vulgar?.

Mas enfim Obrigada pela indicação, mas não tenho interesse kkkk ???


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Por nada, João!?


João 12/12/2021minha estante
Estou pensando em editar, e trocar a palavra medíocre para mediano, apesar de ambas ter o mesmo significado, mas medíocre é uma palavra muito forte kkk e deixar parecer negativo ?


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Né isso amiga, esse Chicó ????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Talvez soe melhor!?


João 12/12/2021minha estante
Vou editar ???


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
?????


João 12/12/2021minha estante
Ficou melhor agora, apesar de ser um livro mediano, por ser arrastado e lento, vale a pena a leitura, a mensagem que ele passa. Quem não quiser ler não leia, mas eu indico kkk vão querer lacrar em outro lugar ?


Karol Alencar 13/12/2021minha estante
Lacre atrás de lacre, fecho atrás de fecho, eu trabalho destruindo o patriarcado, rompendo barreiras. ???????????????????


João 18/12/2021minha estante
???


DANILÃO1505 20/06/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!




G.L. 25/02/2020

Um livro sobre autoconhecimento
Sem dúvida, foi uma das leituras mais impactantes que já fiz, não é à toa que Dostoiévski considera que essa tenha sido sua obra prima.
O romance conta a história de Golyádkin, um funcionário público que, em um dia comum, depara-se com um homem fisicamente igual a ele mesmo, um clone. Esse clone, Golyádkin II, passa a espoliar o primeiro de todas as suas posições sociais: seu trabalho, seus amigos, seu ambiente familiar, até que não sobre nada. Golyádkin I assiste a tudo isso perplexo, pois considera que o II consiga tais feitos por ser, internamente, tudo o que ele sempre quis ser, mas nunca conseguiu.
Não é uma leitura agradável, é maçante e repetitiva, não dá pra ler por pura diversão, porque não rola. Isso não a faz menos válida, pelo contrário, a forma é muito importante e ajuda a representar as tensões psicológicas e sociais de um indivíduo que se vê perdido em meio aos padrões de conduta da classe média/alta russa.
É lindo, é perturbador, me fez refletir sobre muitas das minhas ansiedades sociais.
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