Kel Costa 06/06/2011Daqueles que deixam um nó na gargantaCaramba, esse é aquele tipo de livro que deixa um nó na garganta quando viramos a última página. Fiquei dias pensando nessa história e espero conseguir retratá-la da melhor forma.
Brian Blue é um rock star dos anos 90 (bem no início) que sempre esteve na mídia, seja por brigas, drogas, orgias… enfim, o típico roqueiro doido e cheio da grana das décadas de 80 e 90. Sua vida decadente mudou um pouco depois que ele decidiu tentar consertar o casamento e salvar a vida da esposa (que também se afundava nas drogas), mas uma traição o fez perder totalmente o rumo e cometer uma grande loucura.
Um tempo depois, já separado da esposa, ele viaja ao Brasil em turnê com a sua banda Fears e é lá que por uma obra do destino, conhece Vicky. Ao contrário da sua melhor amiga que adora uma diversão, Vicky é completamente sossegada, considerada careta. Raramente sai para festa, não namora e só escuta MPB. Ela nem sequer sabe quem é Brian Blue e não se importa com o fato dele ser um dos vocalistas mais desejados pelas mulheres do planeta.
Quando o caminho dos dois se cruza, acaba sendo de uma forma nada convencional. Vicky ajuda Brian num momento peculiar e ele fica intrigado por uma garota ajudá-lo sem tentar tirar uma casquinha dele. Seu interesse está no auge, já que é questão de honra para ele conseguir a atenção de uma adolescente que se esquiva tanto de suas jogadas. Com o tempo que acabam passando juntos, Vicky inevitavelmente se apaixona por aquele lindo roqueiro conquistador que parece só ter olhos para ela.
Depois que a turnê do Brasil acaba e ele precisa voltar para os EUA, o romance precisa permanecer forte por causa da distância, mas o casal consegue manter a chama da paixão acesa e se esforça para estarem sempre juntos, mas então, a loucura que Brian cometeu no passado chega como uma bomba para atormentar o casal. Nada nunca mais poderá ser como antes e de uma hora para outra eles vêem todos os seus planos ruírem. Vicky precisará ser muito forte para encarar o que ele tem para contá-la e levar esse amor adiante.
Paixão, Drogas & Rock’n’Roll arrasou meu coração. Peguei para ler sabendo que parecia ter uma boa história e como ainda não tinha lido nenhuma resenha do livro, não sabia o que me esperava. É um livro fino, de menos de 200 páginas e que passa voando por nossos olhos. Eu pelo menos não consegui largar, principalmente quando me aproximei do meio da história.
Daniela Niziotek não usa de muitos detalhes na narrativa, daqueles onde o autor fica meia hora descrevendo o ambiente e por isso acho que tudo flui muito rápido. Ela escreveu sobre uma época onde tinha muita coisa acontecendo e a liberdade era superestimada. As drogas no meio musical rolavam solta e descaradamente e o rock estava com tudo (na verdade ele passou as décadas anteriores com tudo e meio que ressurgiu num estrondo em 90). Não pude deixar de comparar Brian Blue a Axl Rose e gostaria de saber se Daniela se inspirou em algum roqueiro famoso para compor o personagem de Brian.
Foi emocionante acompanhar a paixão que esses dois sentiam e que tentavam a todo custo salvar. A situação pela qual eles passaram foi algo bem comum naquela época e achei muito interessante o livro mostrar um pouco como era a situação real e o medo que enchia a cabeça das pessoas.
Depois de terminar a leitura, fui procurar outras resenhas para ler e me surpreendi com algumas opiniões um pouco negativas sobre o livro falar sobre “drogas”. Me pergunto como, no mundo em que vivemos, uma pessoa se incomoda em ler sobre drogas, mas pode acabar gostando de um que fale sobre prostituição ou serial-killers. Enfim, não julguem o livro pelo primeiro capítulo, onde mostra um pouco da vida desenfreada de Brian Blue. Ou você, que é fã de qualquer banda de rock que começou a carreira nos anos 80/90 acha mesmo que o seu ídolo nunca se drogou, baby?
Confesso que em algumas partes do livro eu tive raiva e condenei a forma rude como Brian acabava tratando Vicky, mas nunca poderia julgá-lo sem me colocar em seu lugar e às vezes o compreendia. Tudo que ele fez ou deixou de fazer, foi sempre pelo amor que sentia por Vicky. Ela também sofreu muito, mas no final das contas era a adolescente da relação e agia muitas vezes por impulso.
Se você só gosta de ler romances felizes onde o arco-íris brilha no céu, o gramado é preenchido com pôneis saltitantes e coloridos e que de sofrimento já basta a sua vida… esse livro talvez não seja para você. Mas se você é que nem eu, que prefere sofrer com uma leitura que balança o nosso coração dentro do peito e sabe que a vida nem sempre é justa, mas que o que vale são aqueles momentos felizes guardados para sempre conosco… então leia sem medo.
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