Eduarda Graciano do Nascimento 29/01/2018Sensível que dói Oliver é um jovem tímido, reservado, que ama ler mais do que qualquer outra coisa e vive na Riviera Italiana uma vida pacífica com seus pais.
Seu pai, que é professor universitário, recebe todos os anos um estudante estrangeiro para orientar, e é assim que, num verão da década de 80, quando Elio tem 17 anos, sua vida será marcada para sempre pela presença de Oliver, um professor americano de 24 anos que fica hospedado em sua casa, ocupando muito mais espaço em sua mente do que apenas em seu quarto.
Como é que eu começo a dizer que não tem como esse livro não ter sido escrito por alguém que não um adolescente? Aciman nos entrega uma narrativa em primeira pessoa, bastante instropectiva e passional. Em nenhum momento eu duvidei da própria existência do Elio - que sendo um adolescente irritável e cheio de hormônios, tinha horas que me estressava.
Oliver chega e já bagunça totalmente a cabeça do garoto, que se sente extremamente atraído pelo rapaz sete anos mais velho e tenta a todo custo demonstrar o contrário. Depois chuta o balde e resolve ser sincero, depois volta a ignorá-lo...
É mais ou menos assim que se porta o próprio Oliver. Elio fica transtornado por não ter ideia se é correspondido ou não, por não entender as pequenas dicas que Oliver dá (ou seria bom demais pra ser verdade?) e por, às vezes, não entender totalmente o que ele mesmo sente.
"I looked at him. I felt like a child who, despite all manner of indirect pleas and hints, finds himself unable to remind his parents theyd promised to take him to the toy store. No need beating around the bush."
Certo dia o romance finalmente vai dos sonhos de Elio para a vida real. Eles se entregam totalmente, sem pudor, e Elio vive intensamente, tendo certeza que nunca se sentirá novamente como se sentiu naquele verão...
"Something unexpected seemed to clear away between us, and, for a second, it seemed there was absolutely no difference in age between us, just two men kissing, and even this seemed to dissolve, as I began to feel we were not even two men, just two beings."
O Elio é um adolescente mas já contempla a vida como um adulto de meia-idade. Suas reflexões e divagações são nossa forma de conhecer essa linda história de seu amor de verão.
Ele vive num ambiente quase utópico para um adolescente: seus pais simplesmente não dizem não (mas porque o pai dele é o melhor personagem ever vocês terão que ler pra saber). Por conta disso, talvez, de acordo com ele mesmo, Elio nem saiba desobedecer.
Quase sem amigos, apesar da presença constante de várias pessoas em sua casa, o garoto é muito inteligente e prefere a companhia dos livros. Apesar disso tem algumas pessoas com quem se relaciona e que são importantes para ele (inclusive uma namoradinha, Marzia).
Oliver, por outro lado, é mais dado à amizades, agrada a todos e logo se torna inseparável de Vimini, vizinha de Elio de 10 anos que é muito perceptiva e tem leucemia.
Percebemos desde o começo que um Elio mais velho nos relata os acontecimentos. A nostalgia permeia toda a história, assim como a sensualidade, que é descortinada de forma extremamente poética e nos faz sentir como pode ser intenso querer alguém.
Claro que terminei a leitura em lágrimas. Falou "nostalgia", aí estou eu com meus lencinhos.
" [...] As you did back then, look me in the face, hold my gaze, and call me by your name."
O livro acabou de ser lançado no Brasil em português por conta da adaptação cinematográfica (que chegou no país semana passada) estrelada por Timothee Chalamet e Armie Hammer (respectivamente como Elio e Oliver). Eu já assisti ao filme, que foi dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, e está maravilhoso. Mas sim, o livro é ainda melhor.
site:
http://www.cafeidilico.com/2018/01/call-me-by-your-name-andre-aciman.html