O Livro do Travesseiro

O Livro do Travesseiro Sei Shônagon




Resenhas - O Livro de Travesseiro


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Lude 19/10/2013

Okashi
Este não é um livro para aqueles que se irritam com notas de rodapé. Afinal, ele não foi escrito nem para mim nem para você que me lê. Sei Shonagon viveu num mundo muito distante do nosso, tanto no espaço como no tempo, e seus textos tinham inicialmente por público pessoas semelhantes a ela, palacianos japoneses da era Heian. Lamentavelmente, a não ser que você seja um dos tais (impossível) ou um grande especialista em Japão medieval (improvável, sejamos realistas), você estará condenado a boiar completamente em boa parte do livro sem ajuda das notas.

Alguém pode se perguntar: por que ler um livro que tem tão pouco a ver conosco? Bem, talvez porque não é só porque um livro é antigo, distante ou mesmo difícil que ele não tem nada a nos dizer. Ademais, "O Livro do Travesseiro" é simplesmente encantador. Trata-se de uma obra delicada, graciosa, contemplativa e mesmo divertida (do tipo que leva a sorrisos, não a gargalhadas). Passem longe dele os que buscam fortes emoções! Leiam-no aqueles que buscam refinar sua capacidade de observar a vida ao seu redor. Eu mesmo posso testemunhar a transformação que "O Livro do Travesseiro" operou na minha forma de enxergar o que se passa ao meu redor. Embora nem eu nem o ambiente onde vivo tenhamos nem um terço do refinamento de Sei Shonagon ou da corte Heian, vi-me capaz de enxergar com mais clareza a poesia, as ironias, a graça e os prazeres fugazes que atravessam o quotidiano. Seria exagero dizer que este livro fez de mim uma pessoa melhor? Provavelmente. Mas tudo bem, sejamos exagerados: este livro fez de mim uma pessoa melhor.
Filipe 21/02/2014minha estante
É verdade. Esse livro traz uma narrativa tão refinada e delicada que pode, com pouco esforço, nos fazer enxergar as pequenas poesias do dia a dia. É uma obra que para mim, brasileiro, trouxe um pouco mais de sensibilidade às pequenas coisas e admiração por uma cultura tão distante e diferente.


Paulo 12/12/2016minha estante
Parabéns pelo seu comentário, Okashi; sua nota faz jus à beleza e à delicadeza dessa obra notável. Ainda estou no terço inicial do livro, mas já estou encantado. A obra da escritora Sei Shônagon traz-nos a rara oportunidade de nos deslocarmos para a intimidade da vida na corte japonesa há mil anos atrás. Não encontro outra palavra para definir aquilo que vemos, sentimos e conhecemos, por meio das palavras da autora: que cultura refinada! É um mundo perdido, diante do qual só podemos suspirar, com profundo sentimento de nostalgia.


CarolineSeco Revisora 29/06/2018minha estante
Gostei da sinopse, mas fiquei em dúvida se devia marcar como "quero ler", porém sua resenha me convenceu. Ótima escrita. Obrigada por compartilhar suas impressões sobre a obra.


Juliana 02/01/2019minha estante
Senti exatamente isso em relação a esse livro. A gente passa a prestar mais atenção aos pequenos aspectos da vida depois de ler... Isso sem falar na escrita primorosa de Sei Shonagon, e na própria pessoa dela, que permanece sendo interessante, espirituosa e inteligente, mesmo depois de tanto tempo. Acho que a previsão de Murasaki Shikibu falhou, Sei Shonagon nem de longe é lembrada como a mulher mais fútil que já existiu.


mariabotelhods 20/10/2020minha estante
que resenha maravilhosa, já quero ler.




Ogaiht 02/08/2022

Um Livro Poético e Sensível
Escrito há mais de 1000, este livro surgiu quando a Consorte Imperial do Japão ganha como presente vários papéis para escrever, um item muito raro na época. Ao indagar a suas damas de companhia o que fazer com tais papéis, uma delas, Sei Shônagon, lhe responde que deveria fazer um travesseiro (um livro). A consorte então a presenteia com os papéis e lhe ordena para que escreva um livro. A obra é um verdadeiro inventário de costumes do Japão feudal. Composta por diversos textos, alguns variando de uma única a linha até várias páginas, a autora constrói um verdadeiro relato de uma época, descrevendo a rotina da vida da corte, sua moda, costumes, visões de mundo, estética, etc. São textos escritos com muito sensibilidade, bem poéticos e contemplativos, podendo ser lidos em sequência ou até mesmo aleatoriamente. Acredito que ideal seria ler o texto no original, pois a autora faz uso frequente de homofonia e jogos de semelhança entre os ideogramas. O livro é cheio de notas de rodapé, já que vários textos fazem alusão a poemas chineses antigos. Aliás, lendo este livro fica bem evidente a influência da cultura chinesa na formação da cultura japonesa. Enfim, este livro é uma experiência bem diferente, agradável, filosófica, sendo recomendado lê-lo em algum lugar bem tranquilo e uma obra diferente de tudo que é escrito atualmente, afinal estamos falando de um livro de mais de 1000 anos.
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Marcos 02/06/2023

Travesseiro de poemas
O travesseiro era um guardador dos utensílios utilizados pela Sei Shônagon. Seu manuscrito estava incluso nesse travesseiro, seu nome vem desse fato.
Os manuscritos relatam as perspectivas de Sei, seu dia a dia na corte, suas preferências, valores, virtudes, suas crenças; as pessoas ao seu redor, a organização social da sociedade da época, as exigências de cada membro da sociedade (homem, mulher e monge); a geografia, fauna, flora, climas e leitura do céu; e, não menos importante, sua literatura, poesia e comunicação.
Alguns textos dependem de conhecimento sobre o Japão para conseguir saber os reais significados de cada símbolo. Outros, intencionalmente, possuem uma profundidade dúbia. Não se sabe direito o que a autora quis dizer, como no caso do texto sobre a montanha de gelo.
De qualquer maneira, esse livro é fundamental para compreender a cultura japonesa e sua formação. Seu nível de conhecimento, para mim, está equiparado ao mangá Os Lendários Guerreiros de Satsuma.
Recomendo para quem gosta de cultura japonesa e busca se aprofundar.
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Higor 04/02/2024

"1001 LIVROS PARA LER ANTES DE MORRER": LIVRO 13
Cultuado entre os grandes círculos literários, "O livro do travesseiro" é, acima de tudo, um potente registro histórico da cultura, pensamento, política e costumes do Japão dos anos 900 a 1000. Foi neste período que se deu o Período Heian, em que a poesia e arte eram parte importante da corte imperial, da qual Shōnagon fazia parte como dama da corte da Imperatriz Consorte Teishi.

As pessoas na corte imperial, inclusive, eram bem educadas na escrita e a literatura era vista como uma parte fundamental na interação social, logo, todo o contexto e ambiente na qual Shōnagon está inserida influencia diretamente na importância que o livro tem até os dias de hoje.

Então, além de observações e reflexões da autora sobre os mais variados assuntos, embora de maneira simplista e até mesmo aparentemente sem propósito, como listas de plantas, animais, rios, montes e etc., há relatos muito contundentes sobre eventos interessantes na corte, poesia e algumas opiniões sobre seus contemporâneos, e é por isso, graças a escrita e a habilidade poética de Shōnagon, que o livro deixe de ser apenas um diário ou um documento histórico e o catapulte para um registro literário.

Além da habilidade poética de Shōnagon, onde a mesma expõe diversos versos, provando sua superioridade ante outras poetas da época, "O livro do travesseiro" se prova como um livro importante por não apenas romper a barreira de ser um livro produzido por uma mulher, mas por inspirar diversos homens e criar um novo subgênero, o "zuihitsu".

No entanto, mesmo com sua tamanha importância, tanto que não foi aleatória sua presença na lista de 1001 livros para ler antes de morrer, o livro pode se tornar enfadonho na maior parte do seu tempo para quem quer encará-lo para algo além de um registro histórico ou com uma leitura fluida.

Muitas são as listas de locais e nomes que pouco agregam ao leitor pouco interessado em cultura japonesa ou em um período não específico. Isso porque os nomes são mencionados. É como se alguém nomeasse, por exemplo, capitais do centro-oeste brasileiro: Brasília. Goiânia. Campo Grande. Cuiabá. E para o leitor não ficar confuso, as notas de rodapé esmiúçam cada capital, mas de maneira que o leitor certamente não vai se interessar tanto e que tal informação logo vai se esquecer.

Assim como tais listas, tantas outras são as listas de coisas que a autora gosta, detesta, que causa algum tipo de sentimento, bom ou ruim, e ela vai se desdobrar em relatá-las brevemente.

O que traz interesse ao livro, ou assim me pareceu, foram, de fato, os eventos da corte, como eles se comportavam, como era o dia-a-dia de cada um, e o que faziam para se entreter, resolver problemas, assistir seu povo, coisas do tipo. Era nesses momentos que eu me via, de fato, do Japão daquela dinastia, e me questionava como as coisas deram certo até determinado momento e como as dinastias começaram a ruir. Mas para me deliciar com tais divagações, eu precisava encarar as diversas listas que pouco me atraiam.

O principal relato histórico do período mais importante da literatura japonesa em seus dois milênios, "O livro do travesseiro" é importante por seu relato franco e preciso do período em que foi escrito, além de ser um franco relato sobre as percepções de uma mulher dentro de uma corte imperial, embora, para se desfrutar seu conteúdo, tenha que percorrer trajetos bastante árduos, e que, analisando friamente, pode não compensar.

LIVRO 01 - A epopeia de Gilgamesh
LIVRO 02 - Ilíada
LIVRO 03 - Odisseia
LIVRO 04 - Fábulas de Esopo
LIVRO 05 - Teatro Grego
LIVRO 06 - Dao De Jing
LIVRO 07 - Eneida
LIVRO 08 - Quéreas e Calírroe
LIVRO 09 - O asno de ouro
LIVRO 10 - Metamorfoses
LIVRO 11 - Antologia poética clássica chinesa
LIVRO 12 - As mil e uma noites

Este livro faz parte do projeto "1001 para ler antes de morrer".
edu basílio 04/02/2024minha estante
eu aplaudo ?????? sua tenacidade aos projetos, mesmo quando a obra da vez te exige paciência ou até mesmo algum sacrifício.


Higor 05/02/2024minha estante
meu caro, eu queria ser menos metódico e complexo com leituras, mas as listas e minha curiosidade não me permitem, mesmo que eu tenha de encarar, vez ou outra, apatias literárias.




isabelhias 16/09/2023

Interessante e cansativo.
A riqueza dos detalhes da época e a visão feminina a respeito de tudo torna a leitura muito interessante, mas a enorme quantidade de notas de rodapé faz com se canse um pouco. Entendo que sem elas a compreensão ficaria muito prejudicada e o anacronismo poderia atrapalhar o entendimento do que a autora quis relatar sobre sua vida e costume cotidianos, mas não deixa de ser meio tedioso ter que ficar toda hora remetendo às páginas e páginas de explicação.
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Mariane 26/12/2021

Esse livro é incrível! Cheio de detalhes sobre o Japão medieval e essa edição tem notas maravilhosas de tudo! Realmente muito bom! Editora 34 tá de parabéns, como sempre!
Fernanda DCM 02/01/2022minha estante
Vc comprou o livro físico?


Mariane 02/01/2022minha estante
Sim




Dani 16/10/2020

A edição da editora 34 é linda e as notas são fundamentais para compreender os escritos da autora, já que se trata de uma realidade do Japão no período Heian, cheio de nomes e fatos difíceis. Porém, além desse livro do travesseiro trazer as notas dos tradutores na mesma página (o que facilita muito a leitura) e ter uma linguagem extremamente poética, Sei Shônagon aborda assuntos de uma forma que, as vezes, se aproximam muito com nossos pensamentos cotidianos (listas de coisas que não gostamos, que gostamos, lugares preferidos) e isso faz com que o interesse pelos fatos, pela época e por questões relacionadas a ela, o interesse no livro, aumente. É bonito a forma como ela escreve sobre o cotidiano, o enxergar a sutileza dos momentos, os detalhes.
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iara 19/11/2023

Sobre as notas de rodapé
Sobre as notas de rodapé, elas são numerosas na obra. Acho que é importante começar pontuando isso porque, se você se incomoda com muitas notas de rodapé, esse livro definitivamente não é para você. Por ser uma obra de um lugar longínquo e de um tempo mais longínquo ainda, sem as notas seria impossível entender as diversas nuances e referencias que Sei Shonagon se utiliza na obra.
Durante toda a leitura, me senti lendo um diário de uma amiga distante, que eu não encontro a muito tempo. É uma experiência maravilhosa ler todos os poemas que ela recita em momentos oportunos, a inteligência e capacidade de memorização chega assustar.
Para nós que estudamos a literatura e cultura japonesa, isso aqui é um tesouro. Entender como era a rotina nos ambientes nobres, na Corte Imperial, aprender um pouco mais sobre as relações de hierarquia, sobre os membros do tão famoso clã Fujiwara, O Livro do Travesseiro é de um valor inestimável.
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J^! 05/11/2023

Um retrato do Japão 1000
Sensacional ser transportado para o Japão no ano 1000 por meio de impressões claras e bem descritas.
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Elton 09/11/2020

Curiosamente Relacionável
Sei Shônagon, que viveu há mais de mil anos no Japão durante o chamado período Heian e era dama da corte da Consorte imperial (esposa do imperador) Teishi, expõe, em mais de 300 textos curtos, parte da vida palaciana dos nobres. Mas em meio a tantas descrições longas de belas vestimentas, rituais, e costumes e referências à poemas (que podem parecer maçantes para alguns perfis de leitores não muito interessados na cultura descrita), há momentos curiosamente relacionáveis, mesmo com o distanciamento cultural e histórico, o que, na verdade, só torna a identificação mais intrigante ainda.
A obra pode ser lida tanto como um documento histórico de uma época remota quanto como uma coletânea de crônicas e listas de gostos divertidos. São alegrias e dramas de uma mulher perspicaz que, à época da escrita do livro, tinha visto muito pouco do mundo fora da vida palaciana. É uma leitura bastante recomendada para alguém que deseja mergulhar, por um momento breve ou até mesmo profundamente, em outro tempo, em outra cultura.
PS: Percebe-se, pela introdução, pelas notas e pelos anexos, que o trabalho de estudo e tradução das cinco tradutoras é primoroso, digno de todos os elogios. E a edição da 34 comporta tudo isso muito bem.
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@Estantedelivrosdamylla 24/07/2019

Deve-se ler com calma
Um livro denso e belo, muito bem escrito porém as vezes confuso. Bem, durante a leitura pode-se observar quão rica era e é a cultura japonesa, me impressionei com o fato deles utilizarem a cultura chinesa como base para muitas coisas.

O livro é rico em detalhes, fala sobre plantas, insetos, vestes, cores, festivais, comportamentos, e principalmente poemas, dessa forma, se o leitor não gosta de ler notas de rodapé, esse livro definitivamente terá uma leitura muito maçante, pois ele é basicamente composto de notas de rodapé.

Outro detalhe que me impressiona é a sabedoria expressa pela autora, como é bela. Impressionante ver que as figuras dessa obra eram extremamente dedicadas às artes e aos detalhes.

Por fim, gostei bastante do livro e como diz no título da minha resenha: leia com calma. Cada palavra deve ser absorvida da melhor forma possível para uma compreensão completa.
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felipe feng 13/08/2020

Me deparei com esta obra, pela primeira vez, na Feira do Livro da USP em 2019. Estava no estande da Editora 34 , passando os olhos de forma rápida e metodicamente, a procura de livros interessantes. Eis que, vejo essa capa, cuja qualidade e beleza da arte, me obrigaram a ignorar tudo ao meu redor por um momento. Peguei o livro, e fiquei admirado com o excelente trabalho feito. Li a sinopse, e acabei me interessando em adquirir um exemplar.

O “Livro do Travesseiro” é considerado uma das obras mais representativas da literatura clássica japonesa - se não a mais. Foi escrito no final do século X, em Kyoto, por Sei Shonagon - dama da corte imperial. De acordo com a autora, a idéia surgiu em um certo dia, onde o Casal Imperial foi presenteado com pacotes preciosos de papéis. A Imperatriz - ou Consorte Teishi -, sem saber o que fazer com o presente, perguntou à Sei Shonagon o que poderia ser feito. Ela, por sua vez, respondeu: “Um Travesseiro”. A imperatriz Teishi aceitou a sugestão, e disse: “Os papéis são vossos. Escrevei o que vos convier.”

A partir de então, a dama da corte, passou os anos de 994-1001, escrevendo uma espécie de diário pessoal. Onde narrou episódios curiosos do cotidiano do Palácio Imperial, como funcionavam as relações sociais, hierarquia, grandes eventos, os códigos de conduta, e faz até mesmo descrições das roupas. A impressão causada no leitor, é de deleite pela ocasião de ser o confidente, de uma mulher com a qual está separado em 1000 anos. Apesar disso, a conversa flui de forma leve, prazerosa, e com muitas fofocas.

Nas palavras de Sei: “Quem se irrita com alguém que fala dos outros é que é inconcebível. Como podemos ficar sem falar dos outros?”

A autora, também escreveu várias “Listas”, nas quais, com muita sensibilidade, narra as suas impressões sobre a natureza e os sentimentos.

É incrível, como de forma espontânea e desinteressada, foi criada uma obra tão importante que transcendeu o tempo, e essencial para a compreensão da cultura japonesa.

“Coisas que não tem nada em comum. O verão e o inverno. A noite e o dia. Um dia de chuva e um dia de sol. Uma pessoa que ri e uma que se enraivece. O velho e o jovem. O branco e o preto. A pessoa amada e a odiada.”
(Sei Shônagon)

site: https://www.instagram.com/fengueiyang/
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Mônica Alves 14/05/2021

Uma visão da corte japonesa
"Esta brochura não foi escrita para as pessoas lerem e eu me propus a nela anotar inclusive as coisas estranhas e detestadas."

Sei Shonagon foi uma dama de acompanhamento da Imperatriz Teishi entre os séculos X e XI. Sendo filha de poeta, era quase esperado que ela conhecesse um pouco de poesia e que fosse capaz de compor seus próprios versos, mas as passagens nesse livro indicam que ela superava essas expectativas e com frequência surpreendia figuras importantes da corte japonesa.

A obra é composta por diversos textos curtos - creio que o mais longo não chegue a 8 páginas - que podem ser narrativas sobre acontecimentos do cotidiano da corte, poemas escritos pela autora ou mesmo lista de montanhas, cidades, templos, rios e qualquer outra ideia que Sei Shonagon tivesse.

É muito tocante percebermos que compartilhamos sentimentos e até experiências parecidas com uma pessoa que viveu tão distante de nós em tempo e espaço. O prazer em sentir o aroma da grama cortada é o mesmo aqui e no Japão, no século XXI e no XI. É possível se divertir também observando que certas coisas que consideramos de agora - por exemplo, crianças "mimadas" - já existiam e causavam desconforto naquela época.

O livro também é um bom complemento para quem conhece um pouco da história japonesa. Mais para o final da obra Sei Shonagon menciona algumas instabilidades políticas, principalmente como elas afetavam Teishi. O Livro do Travesseiro realmente dá vida a personagens e eventos importantes do Japão.

A edição que li é da Editora 34. Ela é muito fluída, acho que o trabalho da tradução e das notas ficou excelente. Conta também com informações sobre profissões e outras coisas da época para ajudar na leitura. Isso é muito importante, porque por ser um livro com muitos poemas e trocadilhos (inclusive com muitas referências a poemas chineses e japoneses), penso que é muito difícil conseguir apreciar a obra tão bem quanto poderíamos apreciar no idioma original, mas com essa boa tradução podemos sentir um gostinho da genialidade dos diálogos da corte do século X-XI.

Seria mentira dizer que aproveitei cada texto desse livro. Para mim não tem serventia ou beleza em uma lista de nomes de lagos ou montanhas que não conheço, nunca ouvi falar e esquecerei logo depois de ler. Foi por isso que disse logo acima que podemos sentir um gostinho; acho que mesmo com a tradução impecável, perdemos muito quando o livro vai para outro idioma. A beleza de alguns textos está na escrita e quando traduzidos parecem perder um pouco do encanto. Felizmente as notas de rodapé ajudam.

Enfim, é uma obra com potencial para agradar diversos grupos de leitores e com grande valor histórico.
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ciliane.ogg 01/06/2023

O livro do travesseiro cobre um período histórico japonês que poderia ficar inacessível.
É um belo complemento, pois sua escrita nos conta sobre personagens que existiram, seu cotidiano, o que era importante para aquela sociedade .
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