Resenhas - As Palavras


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Pedro Matias 28/12/2023

As palavras de Sartre
É um livro de memórias. Entre uma autobiografia e uma autojustificativa, o livro começa na infância, indicando que aspectos formaram a subjetividade do autor, levando a como ele se tornou quem ele é. Muito interessante, sobretudo pelas considerações de que ele refaz as memórias e cria um sentido ao escrevê-las.
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Romeu Felix 11/03/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"As Palavras" é uma obra autobiográfica escrita por Jean-Paul Sartre, publicada originalmente em 1964 e lançada em edição brasileira pela editora Nova Fronteira em 2005. Com 176 páginas, o livro narra a infância e adolescência do autor, mostrando como sua experiência de vida influenciou sua formação intelectual e filosófica.

A narrativa começa com Sartre descrevendo sua infância em uma família burguesa parisiense, marcada pela ausência de sua mãe e pela presença dominante de seu avô. Sartre revela como a literatura e a escrita se tornaram importantes para ele desde cedo, como uma forma de escapar da rigidez e opressão da vida familiar.

A história continua com a adolescência de Sartre, período em que ele se apaixona por Simone de Beauvoir e começa a se interessar pela filosofia e política. Sartre relata suas experiências na escola e na universidade, descrevendo como ele e seus amigos formaram um grupo de intelectuais engajados, que se reuniam para discutir ideias e conceitos.

Ao longo da narrativa, Sartre explora as conexões entre sua vida pessoal e sua formação filosófica, mostrando como suas experiências influenciaram suas ideias sobre a existência humana, a liberdade e a responsabilidade. Ele também reflete sobre a natureza da escrita e da literatura, mostrando como a escrita pode ser uma forma de autoexpressão e de conexão com o mundo.

"As Palavras" é uma obra importante para entender a trajetória intelectual e filosófica de Sartre, bem como suas influências pessoais e experiências de vida. Ao mesmo tempo, o livro oferece uma visão interessante sobre a sociedade francesa do início do século XX, mostrando as tensões e conflitos que moldaram a cultura e a política da época.

Em resumo, "As Palavras" é uma obra autobiográfica de Jean-Paul Sartre, que narra sua infância e adolescência, mostrando como suas experiências pessoais influenciaram sua formação filosófica e intelectual. A obra é uma reflexão sobre a natureza da escrita, da literatura e da existência humana, oferecendo uma visão única sobre a vida e o pensamento de um dos mais importantes filósofos e escritores do século XX.
Por: Romeu Felix Menin Junior.
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Giovanna 21/01/2022

A máxima instância da perfeição
Ao fiel leitor de resenhas, tenho um aviso: não espere encontrar, em "As palavras", uma leitura chata ou mais uma biografia seca e robótica.

Confesso que nunca havia lido algo que não encontrasse, ao longo da narrativa, um trecho ou alguns capítulos de menor qualidade em relação ao todo da obra - até encontrar "As palavras".

Minha sensação ao ler este livro foi a sensação de estar em casa, com um pijama macio assistindo a um filme de conforto. Pensei que Sartre mais uma vez me faria pensar sobre existir, como fez em "A náusea", mas esse safado foi mais longe do que isso: com as palavras mais bem escolhidas e as disposições de frases e eventos mais milimetricamente colocados, provocou em mim uma colorida explosão de enlevo literário.

Em alguns momentos aconteceu de eu me perder no encanto das palavras e me surpreender devaneando entre as imagens formadas por minha imaginação. Que ser, o Sartre! Uma criança comum, mas ao mesmo tempo obstinadamente incomum. Descobri tanto em comum com esse homem que parece até brincadeira.

Agora que concluí a leitura destas - poucas - páginas, posso fechar a admiração pela obra, favoritar o livro e pensar mais sobre ele; pois ao ler não pensei, apenas senti, sonhei e me enxerguei.
Xande 21/01/2022minha estante
Me interessei em ler esse livro depois dessa sua resenha. Quando eu acabar meus livros que estão pendentes, me empresta por favor??




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jota 03/08/2021

ÓTIMO: segunda vez que leio; agora parece outro livro, mas uma coisa é certa: Sartre fascina o leitor do começo ao fim
Lido entre 29/07 e 03/08/2021

As Palavras é um livro curto que pode muito bem servir de introdução para a literatura e a filosofia do chamado pai do existencialismo (desse modo a mãe foi Simone de Beauvoir), esse patrimônio da cultura francesa que é Jean-Paul Sartre (1904-1980). Lançado em 1963, quando ele tinha quase sessenta anos, Les Mots não é exatamente uma autobiografia tradicional, mas uma obra em que Sartre trata da profunda relação que desde a tenra infância teve com as palavras.

Tão profunda que ele registrou em certa altura: "Comecei minha vida como hei de acabá-la, sem dúvida: no meio dos livros.” Como diz a Nova Fronteira na sua sinopse, o que Sartre pretende “é desvendar as raízes de sua vocação de escritor e descobrir o sentido moral e social de seu ofício.” A narrativa se concentra nos primeiros anos de sua vida, no tempo em que morou com a mãe viúva na casa do avô materno. Que tinha uma biblioteca povoada de clássicos, o lugar da casa preferido do menino.

Dividido em duas partes, Ler e Escrever, o livro traz as memórias de um adulto sobre o comportamento de uma criança fascinada primeiro pela leitura, depois pela escrita. Mas não se trata de um registro contido desse tempo, trazendo apenas nomes, pessoas, lugares, coisas, livros, autores etc., mas uma elaboração que vai muito além desses elementos, em que ideias, preconceitos, sonhos, fantasias, digressões etc., são agora examinados com lucidez e rigor. Conhecemos o homem também através da criança que foi, não somente por suas obras da maturidade.
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georgia.aliperti 08/06/2021

Sartre ??
Feliz por conhecer um pouco mais da história e construção desse filósofo e escritor brilhante. Principalmente por ver, no fim das contas, que até pessoas geniais têm famílias normais hahaha.
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Augustus 05/04/2021

Ok
Bom livro. Sartre conta a história de sua infância e juventude, com relatos claros, precisos e bem interessantes dos acontecimentos de sua vida. Mas chega um ponto em que o livro se torna maçante, cansativo e longo. Vale à pena conferir.
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Edson Silva 13/06/2020

"Comecei minha vida como hei de acabá-la, sem dúvida: no meio dos livros"
As palavras não é uma autobiografia comum, no sentido de uma história linear dos acontecimentos mais importantes ou mais interessantes da vida de um autor segundo ele próprio. Sartre tem em vista um tema que conduz a sua narrativa, e ela se dá em volta desse ponto central, que se trata da sua relação com a literatura. Esse tema é o critério que Sartre usa ao dividir a obra em “Ler” e “Escrever”, dividindo sua vida entre o período de descoberta da leitura e as primeiras práticas na escrita. Tudo o mais aparece em segundo plano, como os detalhes sobre sua filosofia, sua vida política ou suas relações pessoais.

Sartre não esconde: o livro é um romance. Não se trata de uma questão de localiza-lo entre a ficção de um romance a realidade esperada de uma biografia, pois a linha divisória entre as duas quase desaparece se tratando de uma autobiografia. Seymour-Jones diz que as Memórias de Simone de Beauvoir são suas obras mais ficcionais, enquanto que em seus romances ela revela suas mais marcantes experiências.

Outras características do texto de Sartre são a ironia e autocrítica. Desde de o começo da obra quando Sartre apresenta sua “árvore genealógica” o faz de uma forma irônica. A relação de sua família com a política e a religião são as maiores vítimas de Sartre, mas nada supera o modo como Sartre trata a morte prematura do pai. O pai que soube morrer na hora certa, que morreu junto com a autoridade e o deixou com um complexo de Édipo desbalanceado.

Sartre parte dos aspectos de sua infância que acabaram por influenciar o adulto que se tornaria, uma espécie de psicanálise que, aqui também, é bastante irônica. Dentre eles, vale destacar as relações familiares com seu avô, que o criou, e com sua mãe. Por perder tão cedo a figura do pai, Sartre acabou muito apegado a mãe; e por perder muito cedo o marido, sua mãe teve que voltar para casa dos pais. Em consequência, Sartre é criado por um pai/avô do século XIX de duas gerações atrás e por uma mãe/irmã que é tratada como criança na mesma posição que ele, logo, deverá desposá-la quando crescer. A figura de sua mãe irá causar no pequeno Sartre uma necessidade eterna dessa figura feminina ambígua, e ao mesmo tempo um desprezo à figura masculina que a roubará, e desviará o olhar ao lembrar que também é homem.

Seu avô, Sartre denuncia, será aquele que anunciará o seu destino como escritor. Sartre não tem pai, não tem herança, não tem fortuna, não tem casa... e ao mesmo tempo tem uma vida condicionada pela classe burguesa. A consequência disso é que, não sendo pobre, não tem o impulso de sobrevivência daqueles que pretendem ganhar a vida, não sendo proprietário não reconhece nada como seu, inclusive seu lugar no mundo. Isso desperta no garoto o desejo de ser esperado e de ser necessário. Crescendo entre os livros e vendo os escritores como heróis, decide: será escritor.

Um escritor cuja obra tem seu lugar garantido na história, viveria para realizá-la, morreria ao terminá-la, nem antes nem depois. Era escolhido, por Deus ou qualquer coisa, mas não seria um gênio, as grandes obras não vêm daqueles que tem facilidade, precisaria de esforço, de superação, mas a obra era necessária, assim, com um só golpe, o jovem escritor conquistava a liberdade da contingência e garantia da necessidade.

A sentença final viria de seu avô: poderá ser escritor, mas a literatura não dá de comer, terá que ter um outro emprego, professor talvez. A fala desencorajadora de seu avô foi o que impulsionou Sartre, se tivesse dito que seria um novo Shakespeare, o resultado seria o oposto. O futuro estava garantido: perderia noites de sonos enchendo páginas para agradar seu avô. Mas faltava uma coisa, Sartre pensara em escrever para tudo, menos para uma coisa: ser lido. Que conteúdo seus livros teriam? Escrever para quem e contra quem? Os heróis do passado tinham vilões. Voltaire escrevera contra tiranos. Mas o que sobra para um republicano que tem a sorte de viver em uma república? A cultura, Sartre descobrirá, não salvará ninguém, mas é indispensável por que é o único espelho crítico do homem: o único que lhe oferecerá a própria imagem.
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Nádia 02/05/2017

#resenhapomarliterario As palavras
"Eu me dizia: tudo pode acontecer!, e isso significava: posso imaginar tudo.
Mas a imaginação não estava em causa: eu não inventava aqueles horrores, eu os encontrava, como o restante, em minha memória." Eu achei simplesmente deliciosa a leitura de Sartre. Fui surpreendida positivamente, já que achava que seria algo cansativo e chato. Essa segunda obra que li dele (a primeira foi A Náusea) é autobiográfica e é dividida em duas partes: a primeira -Ler- que é quando ele, ainda bem criança, aprende a ler. Nessa parte ele decorre bastante acerca da família, do pai, da mãe. A segunda -Escrever-, onde ele começa a produzir a escrita e nesse ponto do livro ele fala assim que "nunca me ocorreu a ideia de que eu pudesse escrever para ser lido." ♥ Eu gosto da realidade crua dele e acho sua escrita fascinante, a escolha das palavras (não sei se isso seria mérito do tradutor) faz com que o texto me pareça poético. E essa obra em especial, não tinha como eu não gostar. Super me identifiquei com ele, ali com +- 4 anos, aprendendo a ler e desde então mergulhando no mundo literário, escrevendo pra mim, sem nunca cogitar ser lida... A única dificuldade que tive em determinados momentos, foi em distinguir de cara, quando ele falava da vida e quando da literatura lida.

site: https://www.instagram.com/p/6a3wTZmv3f/?taken-by=pomarliterario
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Arsenio Meira 05/02/2014

“Cada um escolhe o quanto de verdade é capaz de suportar” - Friedrich Nietzsche

A infância de Sartre, dos seis aos dez anos de idade, narrada em primeira pessoa e as reflexões de adulto sobre este período norteiam o livro e seus itens: as relações familiares; experiências de leitura; (o amor dedicado a Flaubert, Hugo, Goethe e Baudelaire), e revelam o escritor tentando compreender seu ofício e os motivos que o trouxeram até ali, deixando claro que “foi nos livros que encontrei o universo”. As cerimônias de apropriação cultural mediante o teatro, cinema e literatura, processos de construção da própria identidade, olhar do adulto que reelabora o passado vivido, são alguns dos temas centrais que são esmiuçados e tensionados uns com os outros constantemente. A obra divide-se em dois capítulos, que se entrecruzam constantemente: “Ler”e “Escrever”, que exigem a presença um do outro de maneira indissociável.

Mas antes de expor este tensionamento, Sartre faz um recuo na história e busca resgatar as suas origens a partir de um quadro genealógico. Neste momento inicial da narrativa, os personagens que protagonizam seu inventário afetivo ganham alguns contornos que serão cristalizados durante a narrativa. Convém resgatar estes primeiros momentos do texto. A narrativa entra de chofre, sem maiores aproximações. Situa a data de 1850 e a partir daí vem discorrendo sobre suas origens. Sobre o nascimento do pai, afirma que foi fruto de uma relação de silêncio entre os avós paternos. O tema do silêncio surge como marca da família paterna. A ausência do pai instaura um silêncio definitivo. Não há ninguém apto a recuperar a memória do pai, que ficará entregue ao esquecimento. Para sempre.

A condição da mãe, Anne-Marie, é colocada sob os humores do destino, em função da ausência do pai, pois esse fato fez com que ela assumisse, no plano das relações familiares, um papel nada confortável, tiranizada e sobrecarregada de tarefas domésticas. A figura do avô materno vai preencher a ausência do pai, e também por isso, a presença do avô é marcadamente forte. Desta ausência do pai decorre uma reflexão mais profunda que traz à tona o problema da morte. Nada há de mais imprevisto que o futuro. Constituído sob as bases do presente, o passado sempre nos escapa em sua totalidade. Esta possibilidade da criação deve ser entendida, no universo do Sartre, que tomara a literatura como um "veneno" escolhido desde a infância, como uma droga a ser inoculada constantemente. A incerteza do futuro, suas imprevisibilidades e, mesmo seus abismos,fornecerão a matéria de seus escritos.

Jean-Paul. Sartre. Que, brilhantemente, manejou o elemento ficcional como recurso para exercitar, plenamente, a sua liberdade. Construiu, assim, um espaço onde as possibilidades são infinitas. Suas memórias suprimem qualquer tipo de restrição ou cerceamento que pudesse tolher o fato de que escrever é única possibilidade privilegiada de tornar-se livre, constituir-se enquanto existência individualizada sem reservas; ensaiar para as inúmeras possibilidades que o homem tem diante de si. Escrever para Sartre vai além do fazer-se humano de forma despretensiosa, pois significa, em última instância, superar os limites do homem situado e transcender. Vencer a morte e instaurar a vida. Negar a finitude e avançar em direção ao futuro. Enfim, imortalizar-se.
Regente Deo 05/02/2014minha estante
A primeira leitura que fiz de Les Mots foi em 1992, releio-o agora, tantos anos depois e percebo que ainda me lembro de muita coisa, muitas passagens. Uma leitura imperdível.


Arsenio Meira 05/02/2014minha estante
É isso, João. Lembro dessas memórias de Sartre com meu pai, e eu à espreita, namorando o livro. Faz tempo... Na época, foi só um flerte. Agora, foi pra sempre. Impressionante como Sartre vai fundo, e ao mesmo tempo reconhece que nem tudo o que ele escreve corresponde ao real. Cabe a nós, decidirmos. Abraços!


thiago_petrucci 29/06/2016minha estante
Eu estou à procura deste livro há muito tempo, sem êxito. Queria esta versão de 2005, somente encontrando as mais antigas - em qualquer dos portais de sebo virtual ou nos físicos também. Caso haja interesse de alguém em vendê-lo, o interesse persiste. Tem muitos que abandonaram a leitura, aqui do Skoob, que me procurem se for o caso.




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thiago_petrucci 29/06/2016minha estante
Eu estou à procura deste livro há muito tempo, sem êxito. Queria esta versão de 2005, somente encontrando as mais antigas - em qualquer dos portais de sebo virtual ou nos físicos também. Caso haja interesse de alguém em vendê-lo, o interesse persiste. Tem muitos que abandonaram a leitura, aqui do Skoob, que me procurem se for o caso.




Priscila S G 26/04/2009

"O inferno são os outros"
Excelente autobiografia de Sartre, localizada na infância e juventude. Gostei muito de ler, não só por ser um ótimo livro, mas também porque me identifiquei muito com a descoberta e o fascínio pelos livros e com a linha de raciocínio de Sartre (o que não significa que eu concorde com ele em tudo). Sempre é bom quando um autor fala a nossa língua.
thiago_petrucci 29/06/2016minha estante
Eu estou à procura deste livro há muito tempo, sem êxito. Queria esta versão de 2005, somente encontrando as mais antigas - em qualquer dos portais de sebo virtual ou nos físicos também. Caso haja interesse de alguém em vendê-lo, o interesse persiste. Tem muitos que abandonaram a leitura, aqui do Skoob, que me procurem se for o caso.




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