Henri B. Neto 12/08/2015Resenha: RaptureGeralmente, se despedir de uma série é um momento agridoce: Ficamos realizados por finalmente completar um ciclo, e tristes por ter que quebrar o vínculo que criamos com os personagens no decorrer de cada volume. Com "Fallen", da americana Lauren Kate, a situação não poderia ter sido mais diferente. A única coisa que senti ao chegar na página final de "Rapture" - o quinto e último episódio da saga sobrenatural - foi uma poderosa sensação de alívio... Alívio por finalmente ter lido um livro que estava preso na minha estante à uns três anos, e alívio por ter dado oportunidade, episódio a episódio, da autora me mostrar de verdade para o quê veio. De ter feito de tudo ao meu alcance para tentar gostar da história (mesmo que, no final, o saldo tenha sido mais negativo do que positivo).
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Vejam bem, se eu pudesse comparar a série "Fallen" com alguma analogia, esta seria: Uma montanha russa que só cai. E não estou dizendo isto no bom sentido, acreditem em mim. O primeiro, "Fallen", foi uma incógnita. Eu terminei o romance não sabendo se havia gostado ou se havia odiado. Com "Tormenta", a situação já foi melhor: Foi o volume que li mais rápido, e a história que mais me prendeu. Entretanto, a partir de "Paixão", a coisa degringolou de vez. A história começou a se arrastar, a narrativa começou a se tornar cansativa e os personagens não evoluíam - apenas se tornavam cada vez mais insuportáveis. Sem sombra de dúvidas, Luce foi uma das protagonistas que mais odiei em toda a minha vida. A verdade pode estar na cara dela, mas a garota faz questão de ser obtusa. Sem falar que, no decorrer de todos os romances, a função dela para a trama no geral pode ser comparada à de uma porta.
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Mesmo tendo expectativas abaixo de zero com o desfecho que Lauren Kate daria para a sua história, eu esperava que - ao menos - o último volume fosse mais agitado. Afinal, o terceiro livro dá a brecha, e ela poderia ter feito TANTA coisa em "Rapture" a partir daquele ponto. Pelos primeiros capítulos, eu acreditei de verdade que pelo menos a série iria terminar de forma digna... Mas não poderia estar mais enganado. Depois de boas sacadas, a autora abraça mais uma vez a sua pretensiosa narrativa poética e mergulha a sua trama em um estado de letargia que dura até os últimos momentos.
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Entretanto, talvez esta "regressão" com relação ao ritmo da história talvez não tivesse me afetado tanto se não fosse pela construção nada elaborada que a autora deu à sua protagonista e ao seu desfecho. Como disse algumas linhas acima, durante quatro livros conhecemos uma Luce dependente, que não se movimenta, passiva a tudo o que acontece com ela e com as pessoas que ela conhece, apenas aceitando as decisões que todos tomam por ela. Esta foi uma constante do primeiro ao último - pois é lógico que em "Rapture" o caso não seria diferente. Porém, quando chegamos ao final da história, a Lauren Kate simplesmente estala os dedos e transforma a personagem mais fraca de seu universo na heroína do Mundo. De um extremo ao outro, e de um capítulo para o outro - literalmente. Sem pista nenhuma no decorrer da narrativa, sem preparação, sem nada. E o mesmo ocorre com algumas soluções que ela apresenta para alcançar a sua conclusão. Em vários momentos de perigo ou de busca, e até mesmo de respostas, a solução perfeita para o momento surgia de repente, jogado nas nossas caras, como se tirada de uma cartola mágica.
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E, mesmo usando"truques" para amarrar as suas pontas soltas, o livro consegue ainda deixar rombos tão simplórios e fáceis em questões de rápida conclusão - como "O que acontece com personagem X, que apareceu no capítulo Y" - que chega a ser vergonhoso perceber que a autora (e seus editores) simplesmente se esqueceram dos mesmos.
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Enfim, ao chegarmos ao final da série "Fallen", percebemos que a Lauren Kate queria nos contar a maior história de amor de todos os tempos... Mas ela mesma acabou se perdendo na própria pretensão. Muita coisa desnecessária deveria ter sido cortada dos livros, e a saga sem sombra de dúvidas deveria ter tido menos volumes. Mesmo sento arrastado, com personagens que não cativaram e com tramas que mais me desagradaram do que me satisfizeram, eu reconheço que a autora teve uma boa ideia. O grande problema da questão? Ela não soube desenvolver. E isto fez toda a diferença.
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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