Projeto Jari - A Invasão Americana

Projeto Jari - A Invasão Americana Jaime Sautchuk...



Resenhas - Projeto Jari


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z..... 19/08/2017

Essa obra foi publicada no período da ditadura militar, em 1979, voltando a atenção para o Projeto Jari em exemplificação à uma crítica alarmante e de denúncia à ação de grandes empreendimentos estrangeiros na Amazônia. A visão é nacionalista, justificando-se em autores militantes da causa, com uma abordagem que em certos momentos radicaliza, instigando percepção de vilania e exploração indiscriminada de nosso patrimônio, como se tudo se resumisse a isso.

Interessante que a publicação coincide com o momento em que a Jari tomava novo fôlego em seus projetos, devido a recente instalação da fábrica de celulose no final da década de 1970. A vinda desta se deu em uma jornada épica e lendária, despertando entusiasmo ao progresso pelos vários desdobramentos associados. Coisa ainda não experimentada em uma região secularmente marcada por riquezas naturais em paralelo à exploração do homem.

Os autores situam a questão do beneficiamento se direcionar, sobretudo, aos megaempreendimentos estrangeiros, representantes do imperialismo americano. Essa compreensão, em linhas gerais, está nos incentivos fiscais que recebiam do governo. Financiamentos que minimizam os custos, potencializando maior lucro na exploração das riquezas e da mão de obra local - o que restava para a sociedade brasileira. A caracterização é de entreguismo e uma maquiada exploração, como fora em outros tempos, nas fases do coronel Zé Júlio e dos portugueses.

Há radicalização nesse contexto, a começar na primeira parte, em que o empresário Ludwig é apresentado em uma biografia excêntrica, tendenciosa à percepção de riqueza associada à exploração de países subdesenvolvidos, contando com aliados corruptos (citando-se gângsteres e ditadores) em governos subservientes ao imperialismo americano, dispostos à arranjos favoráveis. Na política de entreguismo do governo ditador, foi citado um tal projeto de formação de grandes lagos, que inundariam boa parte das comunidades ribeirinhas para facilitar a entrada de meganavios no escoamento das riquezas. Creio que algumas coisas em que os autores se apoiam parecem exageros também.

A abordagem dos trabalhadores e cotidiano na Jari é o segundo aspecto tratado, em prol do entendimento da visão exploratória. Citam-se privilégios aos cargos mais elevados de forma sensacionalista, como exclusividade para comprar bebidas e frequentar o mais famoso clube - a Jariloca. As condições de vários trabalhadores também é apresentada, destacando-se a exploração e condições precárias em alguns cotidianos, como o fornecimento de alimento aos trabalhadores da mina de caulim. A realidade do Beiradão também é mostrada em seu desenvolvimento associado à exploração comercial e sexual. Acredite, os autores registraram até o preço do programa com as prostitutas. Novamente, acredito que muita coisa foi generalizada e fatos isolados supervalorizados para ressaltar o cenário de exploração do homem.

A obra finaliza instigando a percepção dos empreendimentos estrangeiros na caracterização de proteção pelo governo, com mão de obra explorada, instalação em grandes latifúndios sem o devido reconhecimento do tamanho real (para a fuga dos impostos), tendo política contra a reforma agrária, degradação ambiental, prejuízo aos povos da floresta e recebimento de financiamentos governamentais que nem sempre resultavam em beneficiamentos à região. Nesse último aspecto o livro cita a história de um empresário estrangeiro no Pará, que recebia incentivos da SUDAM, usou técnicas de guerra para desocupar a região em posse e nela desenvolveu apenas atividade madeireira, não planejada no incentivo governamental que recebia. Essa é a Amazônia vista na abordagem do livro sob ação estrangeira.

Acho que rolou muito exagero sensacionalista. O Projeto Jari teve uma sucessão de fracassos que não foram abordados (que estavam em andamento).

Não se resume a isso, mas foi o que entendi.
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><'',º> 22/08/2017

"Os autores desse livro estudam e documentam uma das mais típicas manifestações da economia política da ditadura militar instalada no Brasil desde 1964. Sob vários aspectos, os dados e as análises apresentados aqui mostram como o estado foi levado a atuar em contradição com os interesses da maioria da população do país.
O Projeto Jari é bem uma expressão dessas iniciativas. Mostra, de forma bastante clara, vários aspectos muito importantes do modo pelo qual a ditadura foi levada a interferir na vida econômica e política do país, prejudicando interesses presentes e futuros da sociedade."

OCTÁVIO IANNI (Trecho da apresentação do livro)
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