Andréa Bistafa 17/05/2011Essa e outras resenhas em www.fundofalso.comJoel vem de uma família pobre, porém muito feliz, com pais atenciosos que cuidam e cultivam os sonhos dos filhos. Bernardo, o pai de Joel, é um simples trabalhador em uma fábrica de tijolos, que vem a ser substituído pelos avanços da tecnologia. Desempregado e temendo o futuro, vem a falecer por negligenciar a própria saúde. Agora os filhos sem seu herói, caem no mundo em busca de suas próprias realizações.
Anos se passam e Joel hoje trabalha para o mesmo homem que causou indiretamente a morte de seu pai. Se torna um escritor frustrado diante das inúmeras rejeições de seu livro pela editora mas ainda sonha em coloca nas mãos de sua mãe o exemplar publicado.
Sob o anseio de rever sua esquecida mãe, deixa tudo de lado e viaja ao seu reencontro. Infelizmente, abandonada pelos filhos, sem querer atrapalhar a vida dos mesmos, sofre calada com uma doença terminal.
No leito de morte de sua mãe, Joel reconhece que errou em ter fugido de seu passado, reaproxima-se de uma de suas irmãs e vem a descobrir que a outra irmã perdeu-se no mundo das drogas.
Logo surge uma oportunidade a Joel: viajar para capital à trabalho. Juntando o útil ao agradável parte em busca da irmã.
Paralelamente, Joel faz visitas ao orfanato local, a fim de fazer supostas doações em nome da empresa em que trabalha, conhecendo a pequena Brunella, por quem vai desenvolver afinidade e afeto. O que ele não esperava era pelo rapto da menina e descobrir que muitas outras já haviam sido raptadas e ainda estavam desaparecidas.
Hospedado em um hotel barato, Joel assusta-se e sofre durante as noites onde ouve gritos e lamurias. Não podendo mais suportar aquela agonia, parte em busca da origem das gritos e acaba ligando os pontos entre os raptos.
O escritor nos emociona em vários trechos desse belo livro, sua escrita leve e de fácil entendimento ajuda a leitura fluir com rapidez pelas suas breves 156 páginas. Repleto de passagens bonitas e tocantes, com mensagens que trazem muito a nos acrescentar.
"(...) - As pessoas não aprendem nada minha irmã. As pessoas desaprendem as coisas à medida que crescem. Por que todos acham engraçado tudo que uma criança faz? Porque crianças são puras. Crianças não tem maldade no coração, não invejam, não desejam coisas fúteis(...) Mas ai o tempo passa e o que acontece? Elas vão crescendo e desaprendendo a dar valor ao que realmente importa."
Darlan peca na objetividade, explorando muito poucos os personagens e a estória. Deixa várias falhas, onde não explica alguns fatos. Essa trama poderia ser muito mais desenvolvida, pois a idéia é excelente e original.
Também não gostei dos diálogos que em certos momentos, vai contra a escrita contemporânea. Muito certinha e até mesmo quadrada, muitas vezes acaba tirando a vida e a espontaneidade dos personagens.
No geral é um ótimo livro, com uma bela mensagem. Nos deixa algumas coisas a desejar, mas não comprometem o prazer de sua leitura.