Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos

Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos Lima Barreto




Resenhas - Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos


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Arsenio Meira 22/07/2013

A LUCIDEZ DE UM ESCRITOR INJUSTIÇADO


Publicados pela primeira vez na década de 1950, mais de 30 anos depois da morte do escritor carioca, os textos deste caprichado volume são complementares.

O "Diário do Hospício" contêm a íntegra das anotações feitas por Barreto em pequenos pedaços de papel durante os dois meses de sua segunda internação no antigo Hospício Nacional.

Esse material é o ponto de partida para "O Cemitério dos vivos", romance inacabado que completa o núcleo dessa primorosa edição da CosacNaify (vai virar pleonasmo associar a palavra primor aos livros editados pela citada editora.)

A leitura dos dois textos, antecedida ou mediada pelo excelente prefácio do crítico Alfredo Bosi, reserva lições para leitores de todos os naipes.

Os vários trechos do "Diário do Hospício" aproveitados quase integralmente nos primeiros capítulos do romance apenas rascunhado, revelam como Barreto transportava à ficção as situações que havia testemunhado ou personagens com quem conviveu no hospital psiquiátrico. Diálogos inteiros saem dos registros e vão parar na ficção.

No prefácio (publicado em papel jornal, contrastando com o branco do núcleo do volume), o crítico Alfredo Bosi chama a atenção para alguns trechos das anotações nos quais o escritor parecia estar confuso, trocando seu próprio nome ou fatos da sua vida.

Nesses parágrafos, Lima Barreto parece saltar das páginas em carne e osso, explicando o nome do protagonista ou registrando seu cotidiano. Em meio ao tropel de suas próprias dores, ele já pensava em dar um novo significado àquela amarga experiência entre os loucos.

Algumas passagens que parecem se repetir ao longo de "O cemitério dos vivos" são, na verdade, pistas reveladoras das hesitações ou experimentações do autor, ainda em dúvida como inserir determinadas informações sobre este ou aquele personagem, este ou aquele episódio.

Na ficção ou em suas anotações, Lima desnuda-se em uma auto-análise lúcida e corajosa. A razões do alcoolismo, que causaram seus delírios; seu sentimento de não pertencer a uma sociedade que valorizava pistolões e acadêmicos pedantes, cheios de pra-quê-isso e nenhuma capacidade de refletir a respeito do conhecimento construído por terceiros.

Foi um baita escritor e um homem sem ambições materiais. Um escritor destemido, porém inseguro e acuado pelo racismo e pelas inúmeras provações que a vida lhe reservou.

Entre loucos, o escritor não se deixou tomar pelo sofrimento e humilhação, conseguindo a proeza de estabelecer alguma distância para conseguir se ver melhor.

Há outras leituras possíveis. "O Diário do Hospício" é um registro rico em detalhes do que era o “tratamento” psiquiátrico no início do século XX. Às anotações de Lima, juntam-se crônicas de as própria autoria, Machado de Assis e Olavo Bilac sobre o mesmo hospital na praia Vermelha, próximo ao bairro de Botafogo.

Bilac comemora a reinauguração do hospício, em 1905, e registra que a grande reforma coincide com o fim do tratamento brutal destinado aos loucos. Aqui, vale registrar que a evolução constatada pelo poeta e cronista não teve sequência ao longo das décadas seguintes, com o surgimento dos hospitais psiquiátricos particulares que se transformaram Brasil adentro em depósitos de gente espancada ou sedada, abandonadas ao deus-dará, com sequelas indeléveis.

A crônica de Bilac sobre o novo modo de tratar e educar as crianças doentes mentais guarda uma espantosa semelhança com o estilo de João do Rio.

O escritor João do Rio, uma espécie de dândi da nossa Belle Époque, fazia enorme sucesso entre os leitores cariocas com suas incursões pelos subterrâneos da então capital federal. Seus escritos sempre geravam crônicas repletas de informações do bas-fond, de onde que João do Rio produziu verdadeiras reportagens sobre assuntos temerários para o pudor da época.

Já as duas crônicas de Machado de Assis não são lá essas coisas. E Machado é Machado, ou seja, não adianta por em discussão sua genialidade; mas aqui, os seus textos são medianos.

O mais importante escritor brasileiro usa o pretexto da loucura para abrir seus textos e, sem mais nem porque, escorrega para outros assuntos sem qualquer transição, dando a maior pinta que estava enchendo lingüiça para preencher a página do periódico que o remunerava.

Mas Lima Barreto também merece um busto. E bem defronte da ABL.

Alcoólatra, negro e pobre, Lima não fazia esforço nenhum para circular entre os esnobes intelectuais da capital da República das duas primeiras décadas do século XX.

Ele extraía sua literatura da vida, sua e dos seus iguais. É um autor que o Brasil precisa ler mais, afinal ele foi capaz de escrever, há 93 anos, que um “dos males da nossa época é essa pregação do trabalho intenso, que tira o ócio do espírito e nos afasta a todo momento da nossa alma imortal e não nos deixa ouvi-la a todo o momento”. Profético e imortal.
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Gabriel.Juca 24/07/2021

Um dos maiores escritores brasileiro, apesar da pouca valorização, Lima Barreto foi um um homem negro, neto de escravos, que foi atormentado pelos alcoolismo. Foi internado duas vezes em um hospital psiquiátrico, chamado de Hospício Nacional dos Alienados do Rio de Janeiro, por conta das crises, o que originou o Diário do Hospício e, posteriormente, a novela Cemitério dos Vivos, que é quase uma autobiografia fictícia. Na obra, Lima Barreto fala das suas experiências durante as internações, assim como observa a crueldade dos médicos para com os pacientes; a influência europeia nos tratamentos, visivelmente ineficazes para a realidade brasileira; e a desigualdade e racismo que aquele ambiente transparecia, sendo quase um espelho da realidade fora dos muros do hospital.
O Cemitério dos Vivos nunca foi terminada, pois Lima Barreto faleceu antes de finalizá-lo. O livro foi uma publicação póstuma.
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Surrender_Nih 17/01/2022

"I'm too consumed with my own life"
Eu FINALMENTE terminei o último livro da lista do vestibular da UFSC (e em tempo!). Dos três que precisei ler, esse foi o que menos gostei e o que mais enrolei para ler (levando em conta que comecei em maio do ano passado).

Essa obra é maçante e cansativa. Compreendo toda a importância histórica e social por trás da obra e do próprio Lima Barreto (e espero que ele não esteja se revirando no túmulo), além de achar incrível toda a situação dele sendo um homem são preso em um hospício, mas eu esperava algo diferente?

Na minha opinião, ele enrola muito em descrições desnecessárias e deixa passar detalhes mais interessantes. Quando li a sinopse pela primeira vez, despertou um interesse profundo sobre como devem ser as descrições que o autor faria do lugar, mas não foi tudo o que eu achava.

As partes sobre a sua vida no personagem do romance são muito bem escritas. Eu me senti mal por toda a situação com a Efigênia (quem parecia ser incrível, mas não recebeu seu devido valor e não acho que exista realmente um culpado) e quanto ao filho. Algumas descrições sobre os momentos do hospício são muito instigantes, só quando ele não se perde nos pensamentos e cita frases de livros sem ligação alguma com os acontecimentos.

Essa edição que li tinha um Anexo com uns textos muito nada a ver, eu fiquei literalmente perdida nesse momento. Já na parte dos outros autores houve relatos interessantes. Para aquele texto que diz que deveríamos deixar loucos governarem o país: está acontecendo nesse momento... E deu tudo errado!

Acredito que seja isso! Agora e fé no vestibular e repassar todas as anotações. Me desejem sorte :)

. Quotes:

"Decididamente, a mocidade acadêmica, de que fiz parte, cada vez mais fica mais presunçosa e oca."

"Mais do que os grandes
acontecimentos, na nossa vida, são os mínimos que decidem o nosso
destino; e esses pequenos fatos encadeados, aparentemente insignificantes,
vieram influir na minha existência, para a satisfação e para o desgosto."

"não
era bem a morte que eu queria, não era o aniquilamento da minha pessoa, a
sua fragmentação até o infinito, nas coisas e nos seres, era outra vida, mais
cheia de amor, de crença, de ilusão, sem nenhum poder de análise e isenta
de toda e qualquer capacidade de exame sobre mim mesmo."
sthesthe 17/01/2022minha estante
boa sorteeee :)


Surrender_Nih 18/01/2022minha estante
Obrigada ?




Diego 16/10/2021

Interessante relato
Embora tenha um perfil mais filosófico, este livro, incompleto, é como uma versão diferente do que li anteriormente, Diário do Hospício, com muitas partes claramente repetidas.
Parece ser uma tentativa de reescrita do outro, mais em forma literária.
Além disso, incompleto que é, dá a clara impressão de ser um rascunho, contendo algumas repetições internas da história em si mesmo.
É interessante de ler, ainda assim.
Diego 16/10/2021minha estante
Apenas complementando: as duas obras fazem parte deste mesmo volume.
A rigor, são uma só obra, escrita de duas formas diferentes.




Lu Frade 26/02/2022

Lima tem grande importância para minha vida como leitora , e este livro me deixou ainda mais próxima dele.
Muito interessante notar como o relato pessoal do diário foi ficcionalizado em Cemitério dos Vivos, inclusive com repetições de trechos. Observar este processo criativo é realmente incrível.
No mais, a edição é muito completa, inclusive trazendo textos sobre a "casa dos alienados" na perspectiva de outros autores, como Machado de Assis e Raul Pompeia.
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Patrick 21/03/2022

Lima Barreto
Há muitos anos, Lima Barreto me emocionou com o seu "Triste Fim de Policarpo Quaresma".
"Diário do Hospício" e "O Cemitério dos Vivos", também mexeram com minhas emoções.
Comove sentir, em cada linha, as angústias, tristezas, medos e esperanças que acompanham o autor, durante seu período de internação no Hospício Nacional de Alienados.
Imagino o quanto a escrita desse diário e dessa autobiografia, o auxiliaram na busca por momentos de paz e sanidade, meio ao caos, meio a tantas mentes perturbadas, meio a tanta solidão.
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Tatiane 26/09/2021

Ainda não sei explicar, mas essa obra mexeu comigo. As descrições das ações e reações dos doentes com que convivia e as suas angústias e perturbações relatadas no "Diário do hospício", assim como a mistura de ficção e realidade em "Cemitério dos vivos" (que por si só já tem um nome impactante) me deixaram ora angustiada, ora ansiosa para dar conta da leitura.
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Rayan GQR 05/08/2020

Um relato muito interessante que traz à luz problemas que poderiam ser muito desconsiderados se não fosse a visão de um autor que passou pelo manicômio e vivenciou a experiência, mantendo a sanidade para documentar essa história.
É realmente uma pena que "O Cemitério dos Vivos" não tenha sido terminado, a história tinha bastante potencial, e mesmo incompletos seus relatos ainda são interessantes de ler e são um retrato de uma face obscura da história brasileira.
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Kennya 19/01/2021

Vida de Lima Barreto
Diário do Hospício - Cemitério dos Vivos.

Autor: Lima Barreto
Publicação: 1951

O livro excepcional. Retrata a trajetória de Lima Barreto em meio aos seus problemas familiares, com o alcoolismo e frustrações literárias. Ele, negro e podre, enfrentou inúmeras dificuldades para se colocar no rool literário de sua época. Após inúmeros problemas pessoais e o consequente agravamento do seu problema com alcoolismo, passou por diversas internações psiquiátricas. O seu pai sofreu de transtornos mentais e também teve experiências em manicômios. A sua esposa morreu com pouco mais de cinco anos de casados e, seu filho, segundo relato do livro, tinha dificuldades escolares. O que mais me chamou atenção no livro é que o autor se envereda por reflexões existências acerca da sua condição de vício e retrata o estigma, a humilhação e o constrangimento o qual foi submetido. Super indico o livro. Acho, inclusive, que seria uma mega argumento para abordar o ?estigma? em saúde mental, que foi tema do ENEM 2021.
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Quel Heloise 07/07/2023

"Alcoolismo, Loucura e Genialidade
Nesse relato autobiográfico que é um verdadeiro documento da psiquiatria brasileira, Lima Barreto expõe honestamente os dias vividos por ele durante sua segunda internação no Hospital Nacional de Alienados. Dotado de uma genialidade literária e de uma lucidez impressionantes, o escritor descreverá em detalhes as humilhações,amarguras e o isolamento intelectual de sua experiência no hospício. Mesclando habilmente descrições detalhadas do ambiente e dos companheiros de internação com reflexões filosóficas, políticas e sociais , Lima Barreto descortina a hipocrisia política e científica de seu tempo somada à desilusão com a doutrina positivista prevalente na época. Ao refletir sobre sua luta contra o alcoolismo que acabou por rebaixá-lo àquela condição de reclusão, o escritor humildemente reconhece sua incapacidade em lidar com as desilusões da vida, com a desesperança frente a um futuro incerto e à fragilidade de suas relações afetivas e sociais. Refugiando-se na literatura e recheando o texto com citações e referências a grandes escritores que o inspiravam, Lima Barreto nos faz pensar sobre o mito da meritocracia e nos leva a refletir sobre quantos outros gênios como ele tiveram seu potencial sufocado pelas contingências sociais. Certamente, uma leitura indispensável para quem se interessa pelo tema da saúde mental e do adoecimento da alma humana com todas as suas nuances e implicações!
P.S: Os textos de apoio desta edição são fantásticos ,enriquecem muito a leitura e merecem ser lidos por quiser entender melhor o contexto sócio-histórico e literário da época.
Afra Mary 07/07/2023minha estante
Interessante ?




Natália 25/05/2022

Leitura para vestibular
Li, achei interessante mas poderia ter gastado o tempo melhor assistindo análises e exercícios.
Achei algumas partes complicadinhas de entender, não entendi o final, foi mais um relato mesmo do que acontece no hospício.
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fev 13/01/2021

4,5

É a primeira obra do Lima Barreto que leio. Essa edição da Cosac Naify é simplesmente incrível. O trabalho e os textos de apoio são primorosos e nos ajudam a conhecer não só um pouco do autor, mas também a conhecer um pouco mais sobre as suas intenções.

Diário de Hospício abre o conjunto dessa edição. É uma coletânea de escritos que Barreto escreveu no período em que esteve internado em um Hospital para Alienados. São relatos sobre o funcionamento dos alojamentos, dos tratamentos que recebia e como os outros internos eram tratados. Também há descrições sobre os que ali conviviam com ele não só pacientes, mas também enfermeiros, médicos e ajudantes. Lima Barreto inúmeras vezes compara o manicômio como uma prisão. Ali funciona como uma prisão por muitas vezes privar os pacientes de serem tratados como seres humanos. Apesar disso há também informações sobre como alguns médicos e enfermeiros faziam de tudo para que os internos fossem bem tratados.

Toda essa escrita me cativou bastante. É uma escrita que inspira, mas também nos faz juntamente com o que ele expõe questionar inúmeros problemas de uma sociedade problemática. Já naquele tempo ele questionava a violência policial, o desinteresse da sociedade sobre as questões humanas, os maus tratos as pessoas com problemas mentais e a exclusão delas. Um livro que foi escrito há quase cem anos ainda consegue conversar com o Brasil atual. Sinal de que estamos caminhando a passos lentos ou o pouco que conquistamos está sendo tirado da população que precisa. Prova disso é que o campo da saúde brasileira ligada a psicologia está sendo desmontada pelo governo Bolsonaro. É lamentável que mudanças positivas foram conquistadas pós-escrita de Lima Barreto esteja sofrendo com uma ingovernabilidade ignorante e com o intuito real de destruição.

Para além disso, há em Diário de Hospício, inúmeras reflexões existenciais. Barreto narra e questiona o amor quase inexistente pela mulher, a tristeza de não conseguir viver plenamente daquilo que gostava de fazer (escrever suas ficções e refletir sobre a humanidade), o medo de não seguir outro caminho mais promissor, não acreditar no seu potencial como alguém criativo. Esses questionamentos que nos é tão presente e pulsante já eram retratados há anos. Isso só me dá a certeza de que os problemas ainda são os mesmo só a sociedade e a tecnologia que muda de tempos em tempos.

Logo após os relatos da sua existência em mais de uma vez no hospital para alienados chegamos a obra ficcional inacabada baseada nesses momentos: O Cemitério dos Vivos. Preciso dizer que essa parte não me apeteceu muito por conter praticamente a mesma coisa o livro anterior. Há pouquíssimas diferenciações. Existe ali somente o necessário para introduzir os principais personagens e os seus relacionamentos. Quando Barreto começa a parte em que o personagem vai para o hospício as descrições são praticamente as mesas das suas anotações. Para mim, o Diário cumpriu o papel denunciante e questionador de toda a situação das pessoas que viviam em manicômios. Mas ali e nos textos seguintes crônicas e contos é possível captar o poder da sua escrita mesmo que tenha soado extremamente repetitivo.

Barreto é um homem instigante. Essa obra fez com que eu me interessasse mais por ele. O Barreto escritor e o Barreto homem. Tanto que irei atrás de aluma biografia que possa me mostrar mais quem foi este homem. Por fim, indico esse livro para todo mundo.
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Kiki25 15/12/2021

Fui ler sem pretensão e terminei admirada. Tinha vontade de anotar cada citação pra não esquecer. Lia alguns trechos duas vezes só pq eram bons pra caramba.
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Carol 29/09/2020

Eu achei esse livro meio cansativo e a leitura é meio técnica, apesar de já ter lido outras obras desse autor e ter gostado. Acredito que o problema do livro seja talvez uma falta de organização, perfeitamente entendível, visto que o autor se encontrava no hospício e carecia de material.
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bella 30/04/2021

Cemitério de dentro e de fora
insta: @atocadaraposa

O livro "Cemitério dos Vivos", do jornalista e escritor Lima Barreto, é uma história que até pode ser considerada autobriográfica. O livro começa contando sobre o, personagem principal, Vicente Mascarenhas que, na primeira página, já revela que sua mulher está morta. A sra. Efigênia, como ele mesmo diz, moribunda prestes a morrer, lhe disse: "Vicente, você deve desenvolver aquela história da rapariga, num livro". Este é o ponto quando Mascarenhas volta no tempo para explicar o sentido da frase, como também, a história com seu amor inusitado.

​Mas antes de se ater ao dito casamento e a história do livro ele conta como foi difícil para ele, jovem pobre, ir para a grande Rio de Janeiro para estudar "pra ser doutor". Ele passa a frequentar a pensão de dona Clementina, mãe de Efigênia, seu ainda não tão grande amor. Ao pensar que poderia se apaixonar pela jovem, evita ir à pensão e conversar com ela, o que acaba por ser inevitável, ela rompe a timidez e começa a conversar. Os meses passam até que dona Clementina fica doente, quase a falecer, e, num dia de visita à senhora, Efigênia pede Mascarenhas em casamento, que aceita surpreso.

Vicente, jovem e inteligente, começa a trabalhar num jornal, por mais que não gostasse e por mais que escrevesse coisas de que não gostava, apenas para conseguir dinheiro para se sustentar. Então, após 5 anos de casamento e 1 filho de 4 anos no colo, sua mulher morre, de uma doença súbita.

Ele se vê sem caminho, sua esposa que tanto amava havia ido embora, sua sogra que não morrera estava viva para atormentá-lo, seu filho já crescido mostrava-se ainda analfabeto e sem vontade de estudar, seu emprego não lhe era satisfatório. Cansado, Mascarenhas se vê alcóolotra e, após um episódio triste, acaba sendo acometido em um hospício, onde passa a maior parte do livro. Convivendo com outros "loucos" e "alienados", ele descobre um pouco da personalidade de cada um, dentro daquele local com condições insalúbres para viver, um são em meio à loucos num verdadeiro cemitério dos vivos.

O livro pode ser considerado como uma autobiografia de Lima Barreto, visto que este foi internado em um hospício por alcolismo. Também, muito me lembrou as histórias contadas por Daniela Arbex em "Holocausto Brasileiro", livro que conta a realidade dos hospícios brasileiros com superlotação, maus-cuidados, entre outros problemas.

Apesar de tocante, em certas partes, o livro não muito me interessou. Admito que não gostei deste, talvez eu tenha que relê-lo mais pra frente mas, por enquanto, esta é minha opinião. Por mais que eu goste desse tipo de história, como gostei de Holocausto Brasileiro, não gostei da história do Dr. Vicente Mascarenhas e não recomendo. Lima Barreto, não foi dessa vez.

site: https://www.instagram.com/atocadaraposa/
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