Laury 30/07/2012
A Bandeja – Qual pecado te seduz? – Lycia Barros
Na nossa vida, passamos por uma infinidade de coisas, acontecimentos, sentimentos. Temos dúvidas, certezas, ressentimentos, magoas, e às vezes com sorte, alegria e felicidade. Todos passamos por dificuldades em busca do aclamado final feliz, mas o que vem antes? Fazemos por merecer o “felizes para sempre”? E as pessoas que escolhemos para ficar ao nosso lado? É sobre tudo isso que se trata A Bandeja.
A leitura foi rápida, mas ao mesmo tempo longa, fácil, mas ao mesmo tempo difícil. Antes que comecem a achar que não gostei do livro ou não sei o que achar dele, já vou adiantar que sim, eu gostei, talvez até mais do que gostei, mas isso a gente deixa pro final, vamos “analisar” o livro.
A Bandeja conta a história de Angelina, mas parece contar a história de todos. É fácil se identificar. Somos apresentados a ela durante sua mudança Petrópolis – Rio, onde ela vai fazer faculdade. Devido a distancia, passa a morar em uma republica, dividindo o quarto com uma conhecida da sua cidade natal. Quando ela começa as aulas, senti como se eu estivesse começando também, porque tive o mesmo baque, porque para quem não sabe, faculdade é total e completamente diferente de ensino médio e muitas vezes, não de uma forma positiva. E em pouco tempo ela começa um relacionamento com Rico, um de seus professores (não é spoiler, tem na sinopse). Lindo, rico, charmoso, educado, inteligente.
Bem, eu sempre leio anotando coisas para não esquecer de falar na resenha e dessa vez não foi diferente, anotei muitas coisas, principalmente de Rico. No inicio coisas boas, mas parei quando percebi que eu estava com uma sensação ruim. Sabe aquela sensação de “tem alguma coisa errada”? Estava tudo indo muito bem, apesar do meu sentimento de desconforto quando… PAM! Tudo mudou. Eu estava preparada para tudo, TUDO mesmo, menos para o que aconteceu. Me chocou de um modo que não tem como explicar.
Era meio obvio que Angelina estava se “desviando do caminho”, e não falo só no sentido religioso, mas também no sentido sensato. No momento que o relacionamento começou, Angelina morreu, assim como tudo no que ela acreditava, só existia Rico. Ela ficou total e completamente cega. Sem família, amigos, faculdade, religião, Deus.
Ok, eu vou parar aqui. Não falarei mais sobre os acontecimentos, pois sinto que a qualquer momento falarei de mais, vou passar para o outro ponto importante, talvez o mais importante de todos, a essência do livro.
Não sou a pessoa mais religiosa do mundo, não sou de freqüentar igreja periodicamente, sei pouquíssimas passagens da bíblia e apesar de batizada católica, já fui em encontros de todas as religiões. Por que eu disse tudo isso? Para dizer que sou imparcial, da mesma forma que o livro, não importa sua religião ou falta dela, o importante é acreditar em Deus. O livro mostra que quando se acredita Nele, tudo é possível, que Nele está o caminho certo. E Angelina passa por poucas e boas para entender isso.
O subtítulo “Qual pecado te seduz?” já diz muito, afinal, encarar o pecado todos os dias é normal, o importante é saber a qual deles você cederá. E acredite, ao menos uma vez na vida você cederá. Cobiça, vaidade, luxuria, ira, orgulho, gula, inveja, preguiça e tantos outros. A tentação é infinita. No livro, Angelina se desvia por acreditar de forma erronia ter encontrado a felicidade, quando na verdade tal felicidade a estava matando, assim como a tudo no que ela acreditava. Somos apresentados a perspectiva de que tudo pode mudar quando se acredita em Deus, e para “provar” isso, vários personagens se transformam, até os mais improváveis.
Talvez a leitura tenha sido tão contraditória para mim por puro reconhecimento. Não nas atitudes da personagem, mas o livro em si, que é maravilhoso. E não falo apenas de escrita, criatividade e afins, apesar dessa parte também ser fantástica – principalmente os sonhos de Angelina, que são impecavelmente criados, descritos e narrador pela Lycia. O fato é que o livro tem um propósito, não foi escrito a esmo. E quem lê tem facilidade para identificá-lo, entender o amor/poder de Deus. Li o livro com a sensação de que ele havia sido escrito pra mim, como se eu não estivesse lendo um livro, mas como se o livro falasse comigo (parece idiota, mas é verdade).
Ler a bandeja foi como ir à igreja, da forma mais prazerosa possível. Foi conhecer pessoas interessantes, me decepcionar, ser surpreendida positivamente e negativamente com outras, vê-las crescer. Me apaixonei pelo Dante, afinal, quem não se apaixona por alguém como ele? Seu ato final foi idiota e louvável, o fazendo merecer ainda mais meu respeito. Fiquei feliz por Michele e adorei conhecer Raimunda e sua família. Algumas pessoas eu não fazia questão de conhecer, mas às vezes na vida é necessário.
Segui com o livro até a madrugada sem conseguir parar. Sempre que eu achava que as coisas iriam se ajeitar, eu descobria ser uma ilusão. A Lycia conseguiu me segurar até a ultima linha, me virando de cabeça para baixo sempre que podia. Você tem idéia de o que é faltar cinco paginas para o livro acabar e tudo estar desmoronando? Eu tenho. E quase morri por isso, aflição com desespero. Mas no final tudo valeu a pena, superou todas as minhas expectativas. Foi divertido e educativo, fazendo você refletir e sendo capaz de fazer qualquer um encontrar seu caminho novamente. Recomendadíssimo.
É isso, a resenha foi grandinha, mas acho que falei tudo que eu queria.
Beijos para vocês,
Laury.
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