A leste do Éden

A leste do Éden John Steinbeck




Resenhas - A Leste do Éden


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Fabio 05/03/2024

"Os sentimentos indizíveis do coração"
"A Leste do Éden" (John Steinbeck), Obra-Prima da literatura americana, laureado com o Nobel em 1962, é motivo de controversas críticas até os dias atuais, porém é indiscutível, que se trata de uma obra de altíssima qualidade literária, e que por muitos é considerado o "vade-mécum" americano, que figura constantemente em listas de obras mais influentes do século XX.

Steinbeck, narra em "A Leste do Éden", os remansos e intempéries de duas famílias americanas, e nos conta através das figuras míticas, a epopéica saga de duas famílias do campo em busca de paz e redenção, sobretudo, a incansável escrutínio em busca da fé em Deus e no próprio homem.

Embora alguns capítulos sejam ambientados em outros estados americanos, o cenário principal de "A Leste do Éden", é o famigerado Vale de Salinas, na Califórnia, e o enredo transcorre entre a Guerra Civil Americana até o fim da primeira guerra mundial.

Alternando entre primeira e terceira pessoa, através do olhar das gerações de "Trasks e Hamiltons", e sob perspectiva do próprio Steinbeck (que era neto de Samuel Hamilton), somos abarcados em uma transposição moderna do Livro de Gênesis, no reconto da aparição da "serpente", da Queda de Adão e Eva, e da funesta rivalidade entre Caim e Abel. O destino entrelaçado das duas famílias, culminará no apogeu simbólico de uma narrativa real recôndita no ficcional.

"A Leste do Éden" adentra e nos mostra inicialmente a chegada dos imigrantes irlandeses, Samuel e Liza Hamilton a um pedaço de terra infértil do Vale de Salinas, e descreve de forma fugaz, desde o período da posse à criação de seus nove filhos, percorrendo cada um deles, num elencar dos principais atributos e os acontecimentos que moldaram a personalidade de cada um. Após, somos conduzidos pela a odisseia dos Trask, através do patriarca Cyrius, e dos filhos Adam e Charles, que, de mães diferentes, convivem em uma fazenda árida e pedregosa em Connecticut, regidos sempre pelo olhar severo do pai, o homem cruel que cometeu o fatídico "pecado original" determinante para todo o desenrolar da crônica.

Paralelamente ao enredo principal, Steinbeck, nos conta a história de Cathy Ames, uma mulher sem escrúpulos, fria e calculista, que, desde criança, utiliza de sua sexualidade para controlar e manipular os desafortunados homens que passam pelo seu caminho, e que ao desenvolver a sua capacidade natural de não manifestar suas emoções, disfarçando-as a seu bel prazer, acaba por distorcer tudo a sua volta, enredando a todos em suas teias de mentira e enganação. A "Serpente", após uma série de infortúnios, entrelaça seu destino aos dos jovens, Adam e Charles.

A maior parte de "A Leste do Éden" é contada através dos olhares do sábio e caloroso, Samuel Hamilton, e do benevolente e sonhador, Adam Trask, e o desenrolar dessa relação. A partir desse ponto, somos lançados ao enlace de ambas as histórias, e acompanhamos resultado de uma profunda e verdadeira amizade, entre os dois protagonistas e a prole dessa amizade, é o que determina os rumos futuros da fabula. Durante esse período, nos deparamos com Lee, um ecônomo de origem chinesa. Apesar de inicialmente parecer se encaixar no estereótipo do empregado das famílias abastadas da Califórnia, se revela, na realidade, um indivíduo sábio e sofisticado, que demonstra um genuíno compromisso com os protagonistas e, que por meio de sua amizade verdadeira, torna-se o elo que conecta a todos.

John Steinbeck, nos entrega um livro cíclico, em que os personagens estão em constante evolução e desenvolvimento dentro da própria narrativa, como em um romance de formação, entretanto, com uma distinção, os personagens de "A Leste do Éden", não são capazes de aprender com os erros do passado, permanecendo no lapso, persistindo nos mesmos padrões, típico dos indivíduos narcisistas.

De caráter realista, embebecido em nuances existencialistas, "A Leste do Éden", a priori, é um livro insultuoso, que ecoa e estronda e nos remete a olhar para o nosso interior. Olhar para as nossas misérias, as nossas inquietações, as nossas frustações. Nos incita a olhar, principalmente para os vícios que nos corroem, o egoísmo, o orgulho e a arrogância, e tudo mais que nos arruína. Nos faz enxergar nos personagens o que é intrínseco da natureza humana universal, e que foi maculada com o pecado original, mas que ao depreender aquilo que nos everte, também nos faz assumir aquilo que no eleva e no torna melhores. E somente quando nos desvencilhamos dessa cortina perniciosa, que podemos enxergar a caridade, a paciência, a tolerância e tudo mais que é inerente a criação original.

"A Leste do Éden" é um livro de composição requintada e lírica, escrita inexorável, que não possui falhas ou incongruências, tanto de estilo, quanto de estética, visto que, é extremamente uníssono, fluido e preciso. Steinbeck, nos entrega um belíssimo texto repleto de alegorias bíblias e idiossincrasias, que cunhado em tons melancólicos nossa remete a reflexão interior em busca da tradução dos sentimentos indizíveis do coração.

Em suma, "A Leste do Éden" é um livro tocante, que nos emociona, nos encanta, mas que também nos estarrece e nos convida o tempo todo a nos colocar na pele dos personagens, e a sentir os receios, os temores, as alegrias e tristezas, e que de forma tácita nos suplica a olhar para o próximo como gostaríamos de ser olhados. Livro que impacta, arrebata, exalta e enaltece o leitor com simples parágrafos de pura sinceridade real e palpável.

O quadro inicialmente era branco, e nos primórdios, pintado em tons de cinza, e que aos poucos vai ganhando cor e tonalidade claras e brilhantes durante o trajeto, mas que, por vezes a paleta escura, irredutível, obscurece, entalha e oprime, levando tristeza e dor, onde deveria haver alegria, mas aos poucos podemos sentir a mão forte, a destra do Amor inefável segurando o pincel , levando intensidade ao matizar aquilo que era cinza, mas que originalmente era somente alvo, sem maculas, e nada mais.
Mel 05/03/2024minha estante
De fato são os sentimentos indizíveis do coração, sua resenha!
Que texto maravilhoso, cheio de sentimentos e sensibilidade. Te disse agora pouco e volto a dizer: Sua escrita me deixa sem palavras para expressar minha admiração!! É de uma sensibilidade sem igual, meu lindo!!
PARABÉNS!!! ??


Fabio 05/03/2024minha estante
Ahh minha linda, querida!
Eu fico sem palavras ao ler as suas!???
Obrigado pelo carinho minha linda, você2 é incrível!!!??


amandaleu 05/03/2024minha estante
Que resenha incrível! Fiquei até com vontade de ler o livro, muito bom!!!!


Regis 05/03/2024minha estante
A sensibilidade e fluidez de suas palavras me deixaram estarrecida com a perfeição de sua resenha, Fábio!
Sua descrição do livro foi sublime e me despertou o desejo de conhecer a escrita de Steinbeck, com a qual ainda não tive contato direto.
Parabéns por esse primor de resenha!!! ???


Duda.bae 05/03/2024minha estante
Quando falam vade mecum me lembro dos meus anos cursando Direito, o tanto que estudei o dito cujo não tá escrito, também já li todo o velho testamento da Bíblia, achei bem interessante hein pela sua resenha hein, Fabio!! Resenha perfeita aliás, muito bem descrita, como sempre!!! ??????


Fabio.Nunes 05/03/2024minha estante
Esse é o estilo de resenha crítica que cobiço pra mim e fico feliz de poder me espelhar em você cara. Tomara que seja virtude que acompanha o prenome rsrs. Esse aí já estava na minha fila, com suas 5* então, ganha mais importância. Parabéns meu amigo.


Yanne0 05/03/2024minha estante
Texto impecável, amigo!
Do Steinbeck, quero mto ler "As Vinhas da Ira", mas tbm vou colocar "A Leste do Éden" na minha lista!


Fabio 05/03/2024minha estante
Amanda, muito obrigado pelo carinho!?
Fico feliz que tenha te incentivado a ler essa obra prima, que acabou de entrar no rol de livros favoritos da vida!


Elton.Oliveira 05/03/2024minha estante
Parabéns pela resenha, grande Fábio!! Suas resenhas atiçam nossa curiosidade.... Vc é um perigo para as listas de leituras do ano !!! ???


Fabio 05/03/2024minha estante
Regis, minha querida, muito obrigado pelo carinho e pela presença de sempre!?
Estou lisonjeado com as palavras, ainda mais por vir de uma resenhista como você!
Eu sou seu fã!?
Espero que leia logo, para podermos debater sobre a obra!?


Fabio 05/03/2024minha estante
Dudinha, nem me fala em Vade-Mecum... Durante os estudos, muitas vezes eu quis jogar pela janela kkk
Brincadeiras à parte, muito obrigado minha querida!
Obrigado pelo carinho, pela presença e pelo companheirismo !???


Fabio 05/03/2024minha estante
Fabão, meu amigo, me deixou sem palavras aqui!
Sou fã das suas resenhas, então estou lisonjeado com suas palavras!
Sobre o prenome, oq eu posso dizer é: "Existem mais coisas entre o seu e a terra do que pode crer nossa vá filosofia"???
Fabão, leia esse livro sem medo, e verá que não se consegue largar!


Fabio 05/03/2024minha estante
Yanne, minha querida, muito obrigado!???
Eu já li o Vinhas, e está na minha lista de melhores livros que já li, porém, para mim o A Leste do Éden, está num patamar acima!
Depois da leitura volte aqui pra gente debater!??


Fabio 05/03/2024minha estante
Elton, meu amigo, muito obrigado!?
Fico feliz que tenha gostado da resenha e ainda mais feliz por ajudar a aumentar as listas de leitura! ???


Mariana 05/03/2024minha estante
Eu voltarei daqui a algum tempo para relê-la. ??. Parabéns por essa obra maravilhosa, sensível, de uma sagacidade intelectual fantástica e tão cheia de vida! Se eu não estivesse lendo-o, leria o mais breve, pois sua narrativa sobre ele é impressionantemente maravilhosa! ?????????


Fabio 05/03/2024minha estante
Mari, minha querida, obrigado por essas palavras!???
Fiquei aqui sem jeito!?
Obrigado por tudo minha amiga querida. Sabe que sua opinião é muito importante para mim!?


Mariana 05/03/2024minha estante
Amigo, você arrasa! ?


Fabio 06/03/2024minha estante
Mari???


CPF1964 06/03/2024minha estante
Não li sua resenha, Fábio. Pretendo ler este livro este ano. Porém tenho certeza que ficou incrível. Caso contrário depois de ler eu espinafro...???


Flavia_Lo 06/03/2024minha estante
Como não querer ler um livro, depois de uma resenha como essa tão bem escrita? ?
Quero aprender a ser poética assim também kkkkkkkkkk


Fabio 06/03/2024minha estante
Cassius, meu amigo, eu entendo... kkkk
Pode vir espinafrar, se necessário kkkkkk
Obs. eu detesto spoilers, então eu tomo muito cuidado, com isso. Se quiser ler, fique a vontade, que não há nada ali, que não estaria num prefacio ou numa propaganda de um livro.


Fabio 06/03/2024minha estante
Flavinha, minha querida, fico extremamente feliz com suas palavras, tão carinhosas!?
Obrigado por estar sempre por aqui minha querida!??
Sou fã da sua escrita, e você já é poética, pode acreditar!!!


Giih 06/03/2024minha estante
ótima resenha!! ??


Fabio 06/03/2024minha estante
Muito obrigado, Gihh!?


Ellen Seokjin 06/03/2024minha estante
Superou David Copperfield?


Fabio 06/03/2024minha estante
Superou, Ellen, e muito!!!
Esse livro, impactou de uma forma, que entrou para o rol de melhores livros que já li, E digo mais, desbancou alguns russos, um ou dois americanos e uma penca de europeus kkkkk


Ellen Seokjin 06/03/2024minha estante
Expectativas a mil pra esse livro agora haha


Ivone. 06/03/2024minha estante
Parabéns Fabio! ?
Você tem o dom da escrita, muito bom ler suas resenhas elas transmitem muito sentimento.
Sempre fico curiosa para ler o livro ?


Fabio 06/03/2024minha estante
Ellen, pode entrar na leitura sem medo, e com altas expectativas, porque o Steinbeck não vai te decepcionar!!!?


Fabio 06/03/2024minha estante
Ivone, minha querida, muito obrigado!?? pelo carinho e presença de sempre!
Fico muito feliz em saber que consegui passar os sentimentos da leitura na resenha, e ainda mais que você tenha captado esses sentimentos!?
Espero que leia essa obra prima para eu poder ver suas impressões!


Peter.Molina 07/03/2024minha estante
Excelente resenha Fábio. Um texto forte, instigante e poderoso. Já li As vinhas da Ira e esse livro me marcou muito. A leste do Éden já está na minha lista infinita.


Fabio 07/03/2024minha estante
Peter, meu amigo, muito obrigado!
Extremamente feliz com suas palavras, serio, cara, valeu demais!!!
Eu gostei de As Vinhas da Ira, mas esse, para mim é a obra prima do Steinbeck!


Marcelly.Foureaux 07/03/2024minha estante
Parabéns, Fabio!
Mais uma resenha impecável. ????????


Fabio 07/03/2024minha estante
Marcelly, minha querida, muito obrigado pelo carinho e pala presença de sempre!
Fico feliz que tenha gostado dessa resenha (textão) kkkk


Léo 07/03/2024minha estante
A resenha está excelente, Fábio! ???


Léo 07/03/2024minha estante
A resenha está excelente, Fábio! ???


Fabio 07/03/2024minha estante
Obrigado, Léo!!!
Contente que tenha gostado!




Flávia Menezes 05/02/2024

A LESTE DO ÉDEN NÃO HÁ SÓ O BEM E MAL. MAS NOSSA HUMANIDADE.
?A Leste do Éden? foi publicado em 19 de setembro de 1952, e é o romance mais importante de toda a carreira do americano John Steinbeck, cuja ideia surgiu como uma necessidade do autor em deixar por escrito para os seus dois filhos, Thorn e John, a história familiar dos Steinbeck (alguns fatos neste livro são autobiográficos), e também importantes ensinamentos que os ajudariam a amadurecer e criar valores essenciais, ao lhes contar a história por trás de todas as histórias: a da humanidade.

Mas a verdade é que escrever esse romance não significou apenas uma forma de fazer com que seus filhos tivessem acesso à história dos seus ancestrais. Ao longo do processo, escrever este livro acabou se tornando um bom exercício terapêutico para Steinbeck, ou uma forma de ressignificar os momentos difíceis pelos quais ele enfrentava, já que nesta época ele enfrentava o luto pela morte de um grande amigo, e um doloroso pedido de divórcio, após ter sido traído pela esposa.

Cada um desses elementos tão carregados de memórias e emoções, podem ser sentidos em cada uma dessas 685 páginas que se seguem, e dão vida a um dos maiores clássicos já escrito em todos os tempos, e que deveria ser lido por todos os amantes da leitura, mesmo aqueles que não estão familiarizados com os clássicos, já que neste, Steinbeck emprega uma linguagem bem simples, que acaba por nos atingir mesmo sem percebermos.

Nesta ambiciosa saga que se passa no Vale dos Salinas, o autor nos traz de um lado a família dos Hamiltons (que é o retrato da história da ancestralidade do Steinbeck), e de outro, os Tracks (que são o lado simbólico da sua família), e que ao se encontrar, dão início a uma história repleta de significados e simbolismos, que nos proporcionará uma infinidade de reflexões.

Antônio Cândido, sociólogo, crítico literário, professor e pesquisador da literatura brasileira diz que: "O homem tem a necessidade da fabulação, porque ele é um complemento da vida. (...) Ele (o homem), lendo poesia, lendo história de fadas quando é menino, lendo romances quando é grande, aquilo vai se armazenando nele, e vai enriquecendo a maneira dele ver. Sem querer, quando ele vê a realidade, ele está vendo as coisas que ele viu na ficção. A criação ficcional nos integra. Ela passa a ser um componente da nossa visão do mundo, da nossa maneira de ser". E é exatamente o que esse livro faz!

Nesta história ninguém é 100% bom, mas é certo que em alguma medida, todos possuem o mal dentro de si. Mas (para mim), e por todo um discurso do narrador, de que antes de julgar a crueldade e maldade de um personagem devemos nos lembrar do ?quem nunca pecou que atire a primeira pedra?, essa não é uma história apenas para nos lembrar de que todos nós somos maus. Mas ela vem mesmo é para nos lembrar que acima de tudo, somos humanos e sujeitos a falhas, exatamente por não sermos perfeitos, e logo, nunca seremos mesmo 100% bons.

Muito embora eu tenha dito isso, de fato, apenas uma das personagens deste romance tem dentro de si apenas o mal. Mas essa polarização tem uma importante função.

Apesar de representar a face do mal, não podemos atribuir a ela nenhuma culpa por um ato destrutivo cometido por qualquer outro personagem, mesmo que ela exercesse algum tipo de poder sobre eles. Afinal, o fato é que não é porque somos bons que o mal nos corrompe. Mas por conta da nossa inclinação a fazer o mal.

E é exatamente por isso que, por mais cômodo que seja atribuir uma culpa a alguém, a verdade é que só podemos culpar a nós mesmos, porque fazer o mal é uma escolha da qual ninguém deve se isentar da culpa por tê-la feito.

Além do bem e do mal, uma outra dualidade que surge na história é o da religião x capitalismo (dinheiro).

Enquanto os Hamiltons tinham por princípio colocar as suas invenções à serviço de outros fazendeiros, e não unicamente na busca por enriquecer, Charles Trask é um fazendeiro que vive unicamente para o trabalho, apenas para enriquecer cada vez mais, fazendo jus a um ditado que já foi muito atribuído aos agricultores americanos de ?live poor and die rich? (viva pobre, e morra rico).

Aqui, Steinbeck nos apresenta uma nova faceta do mal, quando traz a ganância que se apoderou de Charles. O que é bem diferente da ambição de Caleb, que tem por trás uma intenção mais nobre.

De fato, é muito comum a confusão de achar que ter ambição é ruim. Na verdade, a ambição é uma fonte propulsora para melhorarmos e nos desafiarmos a ir além, e alcançar o sucesso dos nossos projetos. O que é bem diferente da ganância, onde a satisfação não está em alcançar sucesso, mas no quanto mais se tem, mais se quer.

O mal é parte da nossa essência, e ler esse livro nos fará questionar sobre o que temos feito de bom? Será que estamos vivendo uma vida com propósito, ou estamos apenas ficcionados em enriquecer? Qual é o legado que estamos deixando com a vida que vivemos? E é ao final de todas essas belas e profundas reflexões que o autor nos faz, que nos deparamos com a palavra ?timshel?.

Enquanto ouvia a análise crítica do livro feita pelo canal/podcast ?The CodeX Cantina? (formidável a análise desses dois!), compreendi que ?timshel? (?você pode?, ou ?você poderá?) é a saída sábia para o nosso mal do ?e se? que tanto paira na nossa mente. Essa é a típica pergunta errada! Não adianta nada ficar se questionando ?e se eu fosse por ali??, ou ?e se eu fosse por aqui??, ou ainda, ?e se eu tivesse ido por ali??. A vida é feita de escolhas, e o "e se" é uma verdadeira erva daninha que se apodera do nosso coração, no qual timshel é a solução.

E eu confesso que foi aqui que Steinbeck me deixou arrepiada! Ao trazer a questão bíblica das maldições hereditárias que atualmente são levadas tão à sério pelas pesquisas da epigenética, ele nos mostra que existe uma solução possível para a quebra das repetições dessas maldições que tanto assolam as nossas famílias, e que (inclusive!) é um movimento (importantíssimo!) utilizado no processo psicoterapêutico desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger para lidar com muitas questões de entraves e paralisias em nossa vida (quando a vida parece que não anda, e nada dá certo.).

Mas, isso eu não vou te contar. O próprio Steinbeck lhe dirá ao final desse romance. Porque é preciso vivenciá-lo, para compreender a importância desse toque capaz de nos libertar das más inclinações herdadas da nossa ancestralidade, e tentar viver uma vida conscientes do quanto somos maus, mas de que isso não nos impede de sermos melhores.
Emerson Meira 05/02/2024minha estante
Fico feliz que tenha gostado! ?
Parabéns pela resenha! ?


Jacy.Antunes 05/02/2024minha estante
Ótima resenha, você captou a essência do livro. Meu personagem favorito é o empregado chinês que cuidou das crianças. A adaptação para o cinema (Vidas Amargas) foi o último


Jacy.Antunes 05/02/2024minha estante
filme de James Dean


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Muito obrigada, Emerson! ?
Amei o livro. Steinbeck fez um belo trabalho nele!! Que perfeição!


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Jacy, muito obrigada pelas palavras! ?
Eu também gostei muito do Lee. Apesar de ter muito o esteriótipo do ?chinês sábio?, ao estilo do Mestre Myagi, mas a presença dele foi essencial. Um alter ego ali abrir os olhos dos outros personagens e discernir sobre suas atitudes, comportamentos e escolhas. Muito do que o autor queria mesmo deixar para os filhos.
Vou procurar essa adaptação pra ver a última atuação do James Dean. Obrigada pela dica!


AndrAa58 06/02/2024minha estante
????? amei a sua resenha!
Acabei de comentar com um amigo sobre como podemos conhecer um pouco mais as pessoas sabendo o que lêem, o que percebem e tiram das suas leituras, como as sentem e que reflexões afloram. Estou adorando te conhecer, Flávia ? você é uma pessoa especial.
Sou fã de carteirinha das suas resenhas ?


Craotchky 06/02/2024minha estante
Excepcional texto. Gostei sobretudo da reflexão que orbita o "e se".


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Amiga, Andrea!!! Muito obrigada!! Fiquei emocionada agora com as suas palavras. ?
Eu amo saber (e até ler) livros que as pessoas que eu gosto leram e tem como favoritos exatamente por isso. Porque vemos muito do que existe dentro delas, e da sua essência. Por isso acho importante que a leitura venha mais do que extraímos durante nossa ?leitura subjetiva?, do que o que interpretamos na ?leitura analítica?. É gostoso ver a forma como a pessoa percebe o mundo e a sua capacidade de nos mostrar seus conhecimentos, mas sentir suas emoções e saber o que as move?.aaah isso não tem preço mesmo. E esse é exatamente esse tipi de livro. Porque foi exatamente com as emoções e memórias que o Steinbeck o escreveu. Então, ele conquistou facilmente um lugar previlegiado no meu coração.
Andrea, está sendo ótimao te conhecer também. Ver a forma como você mergulha nos livros, é muito interessante porque mostra a pessoa dedicada e compromissada que você é. Além disso, pelo que já me contou, você tem uma qualidade que é meu ponto mais fraco e que preciso exercitar. Então, falar com você me faz pensar em formas de fazê-lo. Gratidão pelas trocas, minha amigga! Como enriquecem a vida da gente! Penso que é o que mais vale nesse mundo, de onde nada se leva. Mas o que fazemos e as vidas que tocamos, isso não tenho dúvidas que levaremos sim! ???


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Filipe, muito obrigada mesmo! Essa parte do ?e se? é algo que vem sendo muito trabalhada em psicoterapia, porque é um mal que precisamos evitar a todo custo. E esse canal do YouTube (que também tem podcast no Spotify), o The CodeX Cantina, eles são fantásticos!!! Cada análise que fazem do Faulkner (o queridinho deles!) que é de deixar de queixo caído! ???


Wesley - @quemleganhamais 06/02/2024minha estante
Já queria muito ler, com essa resenha não penso em outra coisa a não ser concluir essa obra. Muito bom o texto e obrigado por compartilhar essa indicação.


Flávia Menezes 06/02/2024minha estante
Wesley, eu que agradeço aqui não só pelas palavras como pela confiança da indicação! ??
Mas esse eu posso dizer sem medo o quanto vale a indicação. O trabalho que ele fez aqui é pra levar pra vida, especialmente depois que descobrimos o que tanto o moveu. Esse é mais do que 5 estrelas de olhos vendados! ???????????


Cleber 07/02/2024minha estante
Adorei a resenha! Todas vezes que leio suas indicações a pilha de livros só aumenta :)


Flávia Menezes 07/02/2024minha estante
Cleber, muito obrigada! ?
Eu fico muito feliz em ver esse livro aumentar sua lista de leitura, porque ele vale muito! Você não vai se arrepender! E eu vou ficar ansiosa esperando pra ver suas impressões.


Hiamara.Hespanhol 08/02/2024minha estante
Depois de uma resenha dessa.. lá vai eu aumentar minha lista..?parabéns ????


Flávia Menezes 08/02/2024minha estante
Hiamara querida, muito obrigada pelas palavras. ? E esse aumenta sua lista sem culpa, porque é uma leitura para marcar para toda a vida! ?




Matildes 29/01/2021

Simplesmente incrivel
Essa não é uma história de coisas ruins que acontecem com pessoas boas. É uma história de sentimentos ruins, de inveja, de ódio, solidão, injustiças.

É a historia de Caim e Abel se repetindo em círculo sem fim, através dos tempos. É o aprendizado bíblico que não foi assimilado.

Enfim, é a saga de uma família que ultrapassa gerações. 40 anos de história na virada do século XX, permeada pela guerra. Iniciando pela guerra contra os povos indígenas na expansão do território americano, na anexação da Califórnia e do Arizona e terminando com a participação dos Estodos Unidos na segunda Guerra mundial.

Uma obra belíssima!
Raquel.Santos 12/11/2021minha estante
Obrigada. Tenho ele, vou ler.




DIRCE 07/05/2016

Vida pregressa e atual marcaram presença na leitura desse romance
Um prêmio Nobel de Literatura ( 1962) , inúmeras resenhas apaixonantes, 11 anos de preparo para produzir a obra de 641 páginas , foram nada mais nada menos que um “afrodisíaco” para um ávido mergulho no À leste do Éden “, um mergulho que trouxe à tona a minha vida pregressa de leitora, mais precisamente as décadas de 70, 80 e 90, ocasião em que eu era uma leitora compulsiva de Sidney Sheldon. Décadas das vacas magras, na quais a duras penas, eu conseguia , poupando tostão por tostão, ou melhor, poupando cada cruzeiro, cada cruzado, cada cruzado novo, cada cruzeiro ( de novo) , cada cruzeiro real, cada real ( ufa!!!!) para no final de cada ano me presentear com o livro do Sidney Sheldon ( os livros do S. Sheldon eram como os show do Roberto Carlos – todo final de ano tinha um ) livro que eu “devorava” num piscar de olhos.
Mas o que tem a ver tudo isso com o A leste do Éden? Vamos lá. Embora , para a criação do À leste do Éden, Steinbeck tenha se inspirado em seus antecedentes e na Bíblia , as personagens por ele criadas ( aqui enfatizo a personagem Cathy ) e algumas ocorrências no enredo são tão mirabolantes como as dos romances do S. Sheldon. E isso é algo negativo? Hoje considero que sim, mas se esse livro tivesse caído nas minhas mãos nos tempos que eu me deliciava com os livros de S.Sheldon, eu teria me apaixonado por ele. Hoje não. Embora a leitura tenha fluído assustadoramente, embora eu tenha gostado muito de algumas personagens como Samuel Hamilton, Lee e a adorável beata Liza, esse foi mais um daqueles livros que não me acrescentou nada. Ainda que Steinbeck tenha intencionado conferir uma abordagem filosófica ao narrar a saga dos Hamiltom e dos Trask, ela se mostrou, para mim, muito mais como moralista, tampouco me comoveu a redenção imbuída no final do romance.
Se por ventura, algum colega leitor se deparar com esse meu comentário ,certamente concluíra que ele foi feito por uma leitora insensível, Mas não, não mesmo. É que a leitura que fiz de alguns livros do Albert Camus abalou minhas estruturas mesmo ele não querendo, com sua filosofia do Absurdo , doutrinar qualquer pessoa . As palavras de Camus soam como um mantra contínuo e , ao me deparar com o confronto entre o Bem e o Mal analisado no À leste do Éden”, elas se fizeram presentes na frase do jornalista Rambert “ - Sim, mas pode haver vergonha em ser feliz sozinho.” ( A Peste) , fazendo com que palavra Timshel , que permeia o romance do Steinbeck, soasse simplista não causando em mim impacto algum.
Por essa muito mais que àquela: 3 estrelas.
Marta Skoober 14/05/2016minha estante
Não sei se teria/terei as mesmas impressões, mas posso dizer que adorei a sua resenha.


DIRCE 14/05/2016minha estante
Eu penso que você irá gostar , Marta.


Marta Skoober 14/05/2016minha estante
Por que?


DIRCE 15/05/2016minha estante
Só um palpite.




Paula 27/02/2024

Tinshel
"Não há ninguém que não possua um cofre onde encerra as suas dores e cuja chave não confia a ninguém."


Já nas primeiras páginas sabia que esse livro seria um favorito, e agora que eu terminei, posso afirmar que foi um dos melhores livros que eu li nos últimos tempos e que, com certeza, foi um dos que mais me marcou na vida.
Aqui acompanhamos três gerações de uma família, e suas lutas entre o bem e o mal, seus erros e seus acertos e suas lutas internas.
Me apeguei demais aos personagens, principalmente ao Lee e ao Samuel, e vou levar muito das sua reflexões comigo.
Uma verdadeira obra prima.
Regis 27/02/2024minha estante
Adorei a resenha e é ótima dica, Paula! ?????




Carla.Ligia 15/08/2021

Um livro pra vida
Que livro maravilhoso. Uma saga familiar intensa, cheia de sofrimento e alegrias. Quando terminou eu precisava mais páginas, porque ainda queria estar com aqueles personagens mais um pouquinho. Superrecomendo.
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otxjunior 16/08/2022

A Leste do Éden, John Steinbeck
O Tempo e o Vento deles. Para se terminar no dia dos pais (ou quase), ou com o relacionamento com seu pai de vez. O que vier primeiro. A trope enfant terrible tem que acabar na literatura mds, deus do antigo testamento! #TeamVerissimo
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Fulana Leitora 23/04/2013

http://fulanaleitora.blogspot.com.br/2012/09/resenha-leste-do-eden-john-steinbeck.html
A Leste do Éden é um dos maiores clássicos da literatura americana. John Steinbeck detalha minuciosamente a bela paisagem, o clima e estrutura geográfica do Vale de Salinas, na Califórnia. Em sua narrativa Steinbeck mostra a sua preocupação em nos descrever um cenário que, em poucas páginas, já nos encontramos inseridos e completamente deslumbrados.
A história começa com duas famílias, os Trask e os Hamilton. De inicio não se vê qualquer ligação entre as famílias, cada qual com sua história. Os Trask formados pelo patriarca Cyrus e seus filhos Adam e Charles. E os Hamilton com Samuel e sua mulher Liza e seus nove filhos George, Will, Tom, Joe, Lizzie, Una, Dessie, Olive, Mollie. No decorrer da história chegamos a tal ponto de deslumbramento que não percebemos quando a vida das duas famílias se cruzam.

Adam Trask, filho de Cyrus Trask, era um jovem bondoso e amável. Perdeu a mãe ainda bebê e o seu pai se casou novamente com uma jovenzinha com a qual teve um filho, Charles. De temperamento arisco, Charles, é o completo oposto do irmão.
Ao decorrer da história Adam e Charles crescem, assim como seus conflitos, disputando o amor do pai. Quando adolescente Adam é enviado para o exército por seu pai, contra a sua vontade. Anos depois Adam decide voltar para morar com seu irmão Charles. Após a morte dos pais, Adam e Charles passam a viver sozinhos, até que um dia uma jovem gravemente ferida lhes bate a porta.

Cathy, uma jovem de passado obscuro e mente maligna. Mas, aos olhos de Adam, ela é apenas uma adorável jovem que lhe conquista o coração. Já Charles, ele sim vê o que Cathy realmente é. É como dizem, os iguais se conhecem.
Adam e Cathy se casam e vão morar no belo Vale de Salinas, deixando Charles sozinho na fazenda. Após se casarem Cathy engravida. Logo após o nascimento dos filhos, os gêmeos Aaron e Caleb, Cathy foge. E a partir dai é que a história “central” começa.

Até agora você pode não ter reconhecido a história, mas vamos entrar na parte que lhe é familiar. A Leste do Éden foi adaptado para o cinema em 1955 com o título de Vidas Amargas no Brasil. O filme retrata apenas a vida de Cal e Aron com James Dean interpretando o papel de Cal.
Os nomes dos gêmeos foram escolhidos em uma tarde de muita inspiração a base de Ng-ka-py. Lee, Samuel e Adam ao lerem a bíblia, mais especificamente Gênesis 4, decidem pelos nomes Aron e Caleb, inspirados na história de Caim e Abel. E ao acompanhar a história você percebe que os nomes não são as únicas coisas que eles tem em comum. Aron, assim como Abel, é manso e bondoso de coração. Já Cal é invejoso e de índole violenta, como Caim.

No restante da história vemos Cal e Aron crescerem e desenvolverem sua personalidade e caráter. Sempre disputando o amor do pai, assim como Adam e Charles faziam. Sempre contando com a ajuda e conselhos de Lee, a pessoa mais sábia, sóbria e sensata que já se viu.
A Leste do Éden mostra, em seus personagens, todas as faces da personalidade humana. Cal, Lee e Samuel, são de longe os meus personagens favoritos. Cal por seu temperamento e complexidade, Lee por sua lealdade e sabedoria, e Samuel por sua determinação e bondade.

Muitos dizem a respeito da obra de Steinbeck, que ele fez sua própria versão da bíblia. Eu não fico tão longe dessa opinião. Steinbeck nos apresenta personagens ricos em detalhes, bem estruturados e com as mais diversas personalidades, virtudes e defeitos. Uma trama que nos mostra que a vida está além destino, maldição ou hereditarismo. Cada escolha que fazemos nos define. E nos temos o poder de fazer essa escolha. Que a maior dádiva do ser humano, tanto para salvação como para perdição, é o livre arbítrio.

A banda Mumford and Sons, que é uma das minhas preferidas *-*, fez uma música inspirada em A Leste do Éden. O título da música é a palavra chave desse livro, Timshel.

"And you have your choices
And these are what make man great
His ladder to the stars"

Timshel!
Tu Poderás!
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helena 10/01/2022

poderás
cara?. que livro. eu acho que nunca vou superar esses personagens, essa história, as coisas que são debatidas. se você me dissesse antes que eu ia amar tanto esse calhamaço, clássico, que fala sobre preconceito, rejeição, a alma humana, conhecimento, oportunidades, e que tem personagens como a cathy e o lee eu provavelmente riria de você. mas é verdade, esse livro tem tudo isso

eu fiquei mais do que surpresa, pq você não espera que um livro tão antigo como esse tenha um personagem como a cathy, aka amy dunne dos anos 1900, ou o lee, que é literalmente uma das pessoas mais inteligentes do livro, que debate tanto sobre preconceito racial, ele sendo chinês-americano. e o que falar sobre samuel hamilton?? assim como o adam e o lee foram impactados com ele, eu fui também, ele tem uma alma tão boa, as coisas que ele fala são tão geniais. (como já disse o lee, ?Talvez nós dois tenhamos ficado com um pedaço dele ? disse Lee. ? Talvez a imortalidade seja isso?)

esse livro é genial.

foi muito divertido ler ele, foi muito rápido também, eu não esperava. achei o final meio abrupto, podia ter demorado um pouco mais (o que é meio irônico, pq o livro tem +600 páginas, mas enfim kkk) mas não deixa de ser impactante.

sério, eu acho que eu nunca vou conseguir calar a boca sobre esses personagens. todos eles. eles são tão bem desenvolvidos, criados, explorados, EU TÔ BERRANDO ESSE LIVRO É MUITO BOM.

agora falando dele talvez eu aumente a nota dele. só talvez rs

?Mas tenho um novo amor por esse instrumento, a alma humana. É uma coisa adorável e única no universo. Sempre é atacada mas nunca destruída, porque existe o ?poderás??
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Matheus 02/02/2024

A Leste do Éden - John Steinbeck
Uau, que livro avassalador! A cada capítulo que lia, era uma enxurrada de emoções. Por várias vezes, me pegava horrorizado com alguns acontecimentos, mas, no fim, sempre chegava à conclusão de que isso era apenas o retrato da história da humanidade: o mal tem perpetrado por gerações. Publicado em 1952, o romance oferece uma exploração multifacetada das complexidades das relações familiares, dos conflitos interiores e da busca pela redenção. Ambientado no fértil Vale de Salinas, na Califórnia, o livro acompanha as vidas entrelaçadas das famílias Trask e Hamilton ao longo de várias gerações. Steinbeck habilmente tece uma tapeçaria narrativa que oscila entre o mitológico e o mundano, entre o épico e o íntimo. Através da história da família Trask, inspirada no relato bíblico de Caim e Abel, o autor explora temas universais como a luta entre o bem e o mal, a busca pela identidade e a redenção através do amor e do perdão. Os personagens de "A Leste do Éden" são meticulosamente construídos, cada um representando uma faceta da complexidade humana. Desde o patriarca idealista, Adam Trask, até seus filhos problemáticos, Cal e Aron, Steinbeck delineia uma galeria de personagens que lutam contra seus demônios internos, moldados pelas circunstâncias de suas vidas e pelas escolhas que fazem. Além disso, "A Leste do Éden" é uma exploração magistral do conceito de hereditariedade do pecado e da possibilidade de redenção. Steinbeck sugere que, embora possamos ser moldados por nossas origens e pelo legado de nossos antepassados, temos o poder de transcender nosso destino através do amor, da compaixão e do perdão. TIMSHEL!
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Donatti 04/02/2022

Eternidade literária
O título da resenha não se resume apenas à quantidade de páginas da obra em si, mas ao tempo que demorei para terminá-la. Comecei em abril de 2021 e finalizei agora em fevereiro de 2022, e o que posso tirar disso é que John Steinbeck traz uma obra que perdura em mim apesar de haver alguns hiatos em sua leitura, o que significa dizer que a narrativa foi muito envolvente.

O leitor é cativado pela curiosidade em saber mais sobre as famílias retratadas neste romance e em como cada núcleo narrativo terminará. Steinbeck traz personagens tão reais que tive dúvidas se não as conhecia pessoalmente, destaco, aqui, as personagens Lee, Adam e Cal, descritas perfeitamente cada um a sua maneira.

Entretanto, "A Leste do Éden" não foi capaz de desbancar "Vinhas da Ira" no posto de obra preferida da vida, apesar de a história ser boa e bem escrita.
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v de vanisse 11/12/2023

TIMSHEL!
John Steinbeck deve ter lido Os irmãos Karamázov e pensado ?eu posso fazer pior? e foi lá e escreveu A leste do Éden que é tipo Os irmãos Karamázov só que versão mommy issues
Mateus 14/12/2023minha estante
Pare conhecer esse autor, seria melhor esse livro ou as vinhas da ira?


v de vanisse 14/12/2023minha estante
Boooa pergunta? eu comecei pelas Vinhas da Ira, foi o livro que fez eu me apaixonar pelo autor. A leste do Éden é tão maravilhoso quanto E EU NÃO CONSEGUI DESGRUDAR DA LEITURA!! Mas eu recomendo As Vinhas da Ira primeiro.




Sylvia76013 20/09/2020

Maravilhoso!
Este é o segundo livro de John Steinbeck que eu leio, o primeiro foi As Vinhas da Ira... Fiquei impressionada com ambas as histórias, estou viciada nesse autor!
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jefftavaresjuni 26/12/2019

"And now that you don't have to be perfect, you can be good."

A leitura mais marcante (e demorada) de 2019 foi sem dúvidas 'East of Eden' (A Leste do Éden), de John Steinbeck, premiado com o Nobel de Literatura em 1962.

Em suas 602 páginas, este livro traça a saga de duas famílias - os Hamilton e os Trask - no Vale do Salinas, na Califórnia (EUA), compreendendo um período que passa pelas últimas décadas do século XIX até o fim da Primeira Guerra Mundial.

Trata-se de um romance clássico, com narrativa linear e um narrador onisciente em terceira pessoa. Sendo assim, o que torna 'East of Eden' memorável obviamente não é um estilo inovador, mas sua linguagem magnífica - admirável tanto estética quanto tecnicamente por sua capacidade de descrever com precisão, detalhes e elegância o ambiente físico onde a história se desenrola e as ações dos personagens - e, sobretudo, as personalidades inesquecíveis de seus personagens.

Steinbeck trabalha com destreza, através da construção de seus personagens, temas e sentimentos profundamente humanos como a moralidade (o bem e o mal), inveja, ciúme, ambição e ganância, além de bondade, altruísmo, desprendimento e sabedoria. Dentre eles, sobressaem Samuel Hamilton e o chinês Lee por seu caráter reflexivo e perceptivo, dotado de uma excepcional capacidade de analisar a alma humana; Adam e Aron Trask por seu carisma e comovente ingenuidade; Caleb Trask (em quem o autor personifica a ambiguidade de caráter tão característica do ser humano, capaz de atos e pensamentos ora esplendidamente generosos e ora abjetamente atrozes); e Catherine 'Kate' Trask, a personagem mais cruel e calculista com a qual já tive contato em qualquer forma de arte, seja literatura, cinema, teatro, roteiro para TV etc.

Este é certamente um livro que eu leria novamente.
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Daniel 28/06/2012

Clássica saga familiar
A história de duas famílias, contadas com maestria por Steinbeck.

Muito interessantes os paralelos com passagens bíblicas (Caim e Abel, etc) e os desbravadores americanos.

Interessante como o famoso filme estrelado por James Dean - que no Brasil recebeu o título "VIDAS AMARGAS" - foi adaptado apenas do 1/3 final livro!

Recomendado para quem gosta de histórias bem contadas, com personagens fortes e marcantes.
Flávio 23/01/2014minha estante
Esse romance - pouco falado aqui - é a pérola do Steinbeck. O filme ficou muito aquém da obra. A personagem Lee é um aceno de esperança...




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