Tamy 06/02/2011A história de um gênio (quase) do malVocê pode pensar que Bilionários por Acaso é um livro tendencioso e que não retrata a realidade. Não poderia discordar de você. Já que o Todo Poderoso criador do Facebook não quis se manifestar sobre sua maior criação, a única fonte foi seu amigo traído, Eduardo Saverin, um brasileiro que era tão excluído quanto ele em Harvard. Isso não poderia render nada diferente de um livro, um roteiro para o cinema e um processo judicial, né? Espera, não entendeu? Senta que lá vem história...
Se você não conhece o facebook, muito me surpreende que esteja aqui no blog agora, lendo o meu post sobre tal livro. Pior, você é quase um “excluído social” das redes sociais virtuais. Há uma crescente migração de usuários do Orkut para o Facebook por exemplo, mas a história dessa febre começa muito antes, no campus de Harvard, com dois amigos, nerds daquele tipo estereotipado pelos filmes americanos: Eduardo Saverin, um brasileiro que vive com a família em Miami e estuda em Harvard, com uma grande fixação por meteorologia e Mark Zuckenberg, que imagino ser um estadunidense mesmo, e gênio dos computadores. Os dois se conhecem num dos clubes para excluídos dos grandes clubes finais e, à sua própria maneira, começam uma “melhor amizade até que o negócio nos separe”. Sim! Foi a criação do aclamado Facebook que separou os dois. Mas isso eu explico mais pra frente...
Num quarto de alojamento, Mark cria um site semelhante ao Hot or Not, apenas para os alunos do campus, que causa um grande alvoroço por toda a faculdade, já que nem todos ficam satisfeitos com as comparações que o geniozinho faz, ou com seus índices de popularidade. Isso quase o leva à expulsão, mas atrai a atenção de uns veteranos empenhados em um site para conhecer garotas. É, é daí que vem a parte do sexo: os garotos querem, na verdade, fazer desse site um site de encontros para os alunos, para que possam encontrar as garotas com que nunca conversariam na faculdade por falta de tempo ou algo semelhante. Escalaram Mark, que havia ficado “famoso” pelo seu incidente virtual, para fazer a programação e depois de algum tempo, o garoto se distanciou do projeto apresentado pelos veteranos, indo em direção ao sue próprio. É claro, aí começa uma das partes polêmicas, já que duas semanas depois Mark lança na rede o thefacebook.com, o primeiro nome de sua rede social, e os gêmeos vêem no projeto muitas semelhanças com o seu próprio, abandonado por Mark no mesmo período. Coincidências? Não existem coincidências, acredite.
A partir de então, o thefacebook.com se torna uma febre em Harvard, do alojamento para “o mundo”, pelo menos no universo das faculdades. O site se torna tão famoso, que começa a ser expandido para outras universidades e assim ganha muitos e muitos usuários interessados em ter sua rede social também no mundo virtual. Mas a fama cresce e com ela cresce a vontade de Eduardo de ter seu diheiro de volta: ele investe o capital inicial, conquistado com um investimento bem sucedido em petróleo, e quer que o valor gasto com a manutenção retorne, de alguma forma. Isso não é fácil, mas outros olhos do mercado de risco também enxergam no thefacebook.com um potencial grande. É aí que entra o Justin Timberlake, digo, o Sean Parker. Como um jovem (quase) bem sucedido em seus negócios, Sean enxerga que ali pode estar o seu grande salto para o seu primeiro bilhão de dólares e se apresenta aos criadores, como um consultor. O final, bom, pra isso vocês precisam ler não é?
A narrativa realmente lembra um roteiro cinematográfico, sem ser corrido, sem ser chato, é bastante objetivo sem cortar as descrições necessárias com isso. Talvez a história tenha alguns buracos negros, não visíveis a olho nu, só que isso não interfere muito, mas – sempre tem um mas, porém, contudo, todavia... – as partes em que diz estar supondo algo são as que você olha torto. Se nem o próprio Eduardo garante aquilo – por intermédio da escrita clara de Bem -, como alguém pode acreditar no que lê? Essa é a vantagem de ser um livro romanceado, e não uma versão nua e crua dos bastidores da criação da maior rede social da atualidade.
Independente do seu nível de “nerdice”, vale a pena conferir como funciona o mundo corporativo, mesmo de um site que começou informalmente, num alojamento estudantil, sem nenhum pretensão de transformar seu criador num traidor renomado ou num bilionário aos 25. Isso é que é vida. Por outro lado, não se empolgue demais, o livro deixa muito a desejar por sua propaganda de “sexo, dinheiro, genialidade e traição”: o sexo vem só da vontade dos garotos – tanto os veteranos quanto Eduardo e Mark – de conseguir algumas garotas com quem transar, o dinheiro vem, bem, da vontade de Eduardo de ganhar algo com isso e reaver os seus mils dólares investidos a priori e, talvez, da grana que Mark gasta depois de dois processos judiciais (um dos irmãos Winklevoss e outro de Saverin), a genialidade e traição, bom, essas qualidades sim se referem a Zuckenberg, o cara que traiu seus “contratantes” e os amigos, tudo por seu projeto genial, o Facebook foi mesmo seu filho e ele faria de tudo, e acredito que tudo outra vez, para que o site estivesse onde está hoje. E olhar que ele foi capaz de isso tudo sem nem mesmo precisar se formar, ele sempre quis ser e agir como Bill Gates e pensar que Harvard sempre estaria lá pra ele.
Ah, sobre o roteiro, acredito que o livro tenha tido ainda mais destaque com o sucesso de A Rede Social, sua versão cinematogrática, mas quanto à ele, nada posso dizer a não ser que tem o Justin Timberlake no papel de Sean Parker... Assim que tiver assistido, quem sabe não faço um ringue, hein?
Gostou? Faça uma blogueira feliz e comente! -> http://bedshapped.blogspot.com/2010/12/bilionarios-por-acaso.html