ka mcd 21/03/2013
Clockwork Princess
Eu resolvi fazer essa resenha mais cedo do que de costume por que pela primeira vez acredito que deixar meus sentimentos pelo livro falarem por mim seja a melhor opção - melhor até do que esperar eles baixarem para que eu possa ser mais crítica e menos apaixonada. Mas não quero ser crítica, quero mostrar a vocês o amor que esse livro despertou em mim (o que vai fazer essa resenha ser bem grande).
Eu estava com meu coração batendo à mil quando peguei o ebook de Clockwork Princess na mão. E, verdade seja dita: eu não sabia que a Árvore Genealógica dos Castairs, Herondales e Lightwoods estaria na primeira página e, no segundo que demorei para descobrir o que aquela imagem amarelada era, eu já sabia mais do que deveria. Então não me importei em olha-la de vez e ver quem terminou com quem, quem teve filhos, quem morreu e quem descendeu de quem. E, ainda assim, eu passei dois dias colada no meu e-reader, incapaz de soltá-lo antes de descobrir como tudo aquilo acontecia.
Eu simplesmente não soube como ler rápido o suficiente pra saciar a minha curiosidade à tempo e, nas poucas horas que dormi, foi com o livro que sonhei. Ele não me deixou em paz antes de lê-lo, enquanto o estava lendo e ainda não me deixa em paz. Eu estou saturada, expelindo por todos os meus poros os sentimentos que ele deixou em mim.
É um livro que eu chamaria de bittersweet. Não agridoce como falamos aqui no Brasil, mas bittersweet, algo doce e amargo ao mesmo tempo. Que te deixa um gosto bom e um ruim – não abominável, mas sem ser delicioso também.
“ - For what it's worth, I don't think Will could fight in that dress either.
- Perhaps not. – Said Will, who had ears like a bat's. – But I would make a radiant bride. ”
Ele começou como todos os outros: com uma missão imediata: Gabriel Lightwood está ensanguentado, amedrontado e chamando por seu irmão (agora um morador do Instituto), dizendo coisas sem sentido sobre seu pai e logo reparando na belíssima irmã de Will (também uma nova moradora). E depois disso se seguem acontecimentos além da minha capacidade narrativa para expor aqui. Jem tendo, talvez, a pior crise de sua vida, um Cônsul raivoso com uma mulher que se destaca mais que ele, autômatos atacando o Instituto (de novo), brigas de irmãos, Irmãos do Silêncio, brigas de casais, propostas de casamento, bruxaria, raptos, mortes, sexo, lutas, declarações, confissões, imprevistos, descobertas, reconciliações, e mil outras coisas que nunca caberão aqui. E isso não chega nem perto de tudo que realmente acontece nesse livro.
Por que fora esses acontecimentos, digamos, físicos, existem também os sentimentais, que são ainda mais reais. Como pode?, vocês me perguntam, e eu digo: pode quando é Cassandra Clare a autora.
É difícil encontrar alguém que crie emoções e conflitos internos tão reais e compreensíveis quanto ela. E nesse livro esse dom é ainda mais evidente do que em qualquer um dos outros. Há uma aura de desespero tangível e agonizante que o envolve de uma maneira fascinante. Desespero por Jem, pelos planos de Mortmain, pela tristeza de Will, pelo medo de Tessa e pela ameaça de alguém que está entre eles.
Mas, claro, não é só isso, temos os sentimentos individuais de cada um, regados pelos anteriormente citados. E o mais forte de todos é o amor.
Eu tinha certeza que nunca entenderia como Tessa poderia amar Jem e Will da mesma forma, na mesma intensidade e sem dúvida nenhuma. Como Will pôde abrir mão da mulher que amava para o homem que também amava. Como eles poderiam, os três, se amarem igualmente. Mas eu finalmente entendi, eu finalmente vi o amor pelos olhos de cada um, como ele é exatamente igual e na mesma proporção quando olhavam uns para os outros. É lindo, na verdade. Não enervante como me pareceu antes. É só... bittersweet, como eu já disse. Vai trazer lágrimas aos seus olhos, tanto de felicidade, quanto de tristeza ou simples emoção.
Eu não sei muito bem o que tinha esperado para este livro - além de muitas lágrimas e mortes - mas ele foi completamente diferente de qualquer coisa que eu tenha imaginado.
Foi estranho ver como, de repente, haviam muitas outras histórias se desenrolando no Instituto, não apenas a dos nossos três protagonistas - apesar de apenas considerar Tessa e Will protagonistas, Jem é uma parte crucial que não pode ser deixada de lado apesar de não ser tão central quanto eles -, mas as dos novos moradores também. Gabriel e Cecily narraram bastante, mais do que eu havia esperado. Cecily principalmente. Desde o momento que ela apareceu na porta da sala de jantar ficou óbvio que ela teria um papel importante, mas achei que seria de um modo diferente, não como uma narradora presente que nos mostrou o que não enxergaríamos sem seus olhos inteligentes. É lindo ver como ela faz evidente, pouco a pouco, o lado bom de Will. Como ela se mostra tão forte e inteligente quanto seu irmão. Ela vem com uma opinião formada e muda muito ao longo do livro. Ela foi uma personagem que eu lamentei não ter conhecido antes.
E eu simplesmente não tenho como falar de Will, Tessa e Jem individualmente sem soltar spoilers. A situação deles é tão delicada e complexa que requer um estudo particular para ser colocada em pauta, então deixarei isso para um tópico futuro onde possa ser o único tema a ser debatido. Mas basta dizer, por enquanto, que Cassandra Clare deu um final que deixará todos satisfeitos.
"How could three people who cared for one another so much cause one another so much pain?"
O que não será satisfatório, pelo menos para mim, é o fato de nunca mais acompanhar a história dessas pessoas que conhecemos nestes três livros, elas deixarão uma saudade real em mim e, quando ela ficar forte demais, terei que me contentar em reler suas aventuras de novo, de novo e de novo.
Se na resenha de Clockwork Prince eu disse que seu coração seria partido em pedacinhos, digo nesta que ele será partido um pouquinho mais antes de ser preenchido com as peças de Clockwork Princess, o que deixará as marcas dele para sempre cravadas em sua memória.
http://blogminha-bagunca.blogspot.com.br/2013/03/resenha-clockwork-princess.html