Solar

Solar Ian McEwan




Resenhas - Solar


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Isabel 23/06/2012

genial!
Vão por mim: esse cara ainda ganhará o Nobel!

A história é ótima, o texto é muitíssimo bem escrito, a edição é impecável [revisão incluída], o tema é atual, o livro é repleto de tiradas geniais e bem-humoradas...
Enfim, leiam!
Vale cada centavo!
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Zé Pedro 09/05/2011

Estilo!
Ian McEwan tem um estilo pessoal inconfundível. Alia uma técnica narrativa que prende a atenção do leitor, hipnotizando e convidando-o a se embrenhar cada vez mais nas suas histórias. Tudo com um jeito fino e elegante, um texto excelente e fácil de assimilar.
Desde que li "Reparação" virei fã do autor e já estou com vários títulos em minha estante.
Em "Solar" temos a figura de Michael Beard, este anti herói dos nossos tempos, mulherengo, alcoólatra, glutão e com um desapego às pessoas que é um caso à parte. Não ama ninguem, se apega a um Nobel que em idos tempos o fez famoso e agora sentou em cima desse premio prá se aproveitar de várias situações, inclusive de cargos honorários em que ele só usa o seu prestígio.
Tudo tem como pano de fundo as mudanças climáticas e a necessidade de novos hábitos das pessoas prá mudar o futuro. McEwan conta a história com o seu domínio narrativo costumeiro e um fato inovador, que é o humor, muito humor em torno deste anti herói obeso e egoísta.
Um livro importante para os nossos tempos.
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jackguedes 04/01/2011

Uma catástrofe humana
Às vezes penso que chegamos ao fim ou muito perto dele; nós humanos recebemos o que merecemos e não me refiro apenas ao clima ou ao meio ambiente. O pensamento de que o fim é inevitável me é confortável de certa forma. Entretanto, meu lado mais obscuro este sim, o mais otimista às vezes dá as caras para fazer o deixa disso: ainda dá tempo de mudar e precisamos fazer algo para evitar o fim.

Isso tem acontecido com muita frequência ultimamente, tenho estado otimista, mesmo com uma série de conjunturas depondo contra.

O que explica então o fato de eu ter lido um livro chamado Solar que trata, quase diretamente, do assunto? Ian McEwan explica. O autor realmente participou de uma expedição ao Ártico que serviu de base para esse último livro, lançado agora no país, pouco depois de sua publicação no Reino Unido (muito bem editado e traduzido, diga-se). Seu envolvimento com o universo científico foi enorme e conforme já foi dito, McEwan fala de física como um físico, de forma muito acurada como um conhecedor do assunto.

Mas esse é só um detalhe. O grande pulo do gato de Solar é ser uma comédia. McEwan foi genial em determinar um tom humorístico ao romance, afinal, quem aguentaria um livro sério sobre um tema sério como o aquecimento global? Não eu.

Dessa forma temos Michael Beard, o cientista ganhador do Prêmio Nobel no final da década de 60 que desde então não tem feito nada de significativo a não ser arruinar cinco casamentos e colecionar um sem número de amantes (isso até o primeiro capítulo). Beard é certamente o maior anti-herói criado pelo autor inglês, o mais canalha, o mais detestável, ainda assim o protagonista que em determinado momento da trama vai ganhar a simpatia do leitor.

Beard é diferente, por exemplo, da virginal Florence Ponting, uma das protagonistas de Na Praia, romance anterior de McEwan. Em nenhum momento a personagem, que desempenha um papel importante para a intensificação do clima denso dessa breve novela, capta a simpatia do leitor. Já Beard, mesmo digno de pena, é uma perfeita representação do homem neste início de século; se não existe identificação leitor-protagonista pelo menos também não há estranhamento.

É interessante notar que o autor vem intercalando romances atuais com outros ditos de época: Reparação (2001), cuja trama se passa no período entre guerras, foi seguido por Sábado (2006), cujo enredo aborda a Guerra do Iraque, em meados de 2003. Na Praia, livro de 2007, se passa no começo da década de 1960 e Solar, que não poderia ser mais atual, tem seu enredo divido entre 2001, 2005 e 2009, ano de seu lançamento.

Durante os nove anos que abrangem a narrativa de Solar, Michael Beard vai se comprovar o anti-herói apresentado na primeira página, sem dar chance a reparações; vai empreender uma jornada por uma espiral descendente com algumas poucas pausas para um alívio cômico; Beard vai galopar para a própria ruína. Tudo isso enquanto tenta salvar o mundo do aquecimento global (e também sua carreira do esquecimento) de uma forma bastante oportunista.

Mas que não se engane quem acha que essa trama pode reservar alguma semelhança com a de Reparação. As possíveis comparações se restringem unicamente à estrutura narrativa, à forma como uma ou mais ações impensadas trazem consequências imprevisíveis futuramente. Mas o que era elegante e dramático em Reparação, é tragicômico e quase vulgar em Solar. Essas qualidades são meramente reflexos dos personagens.

Solar (novamente) comprova a hábil versatilidade de McEwan em compor com perfeição tramas e personagens que, analisados mais a fundo, são pequenas alegorias do comportamento humano.

http://jackguedes.wordpress.com/
Léo 02/01/2015minha estante
Texto excelente! Parabéns!




Marselle Urman 22/11/2010

Preciso.
McEwan é minimalista, e isso quase sempre é uma virtude.

Ele sabe conduzir os humores de seu leitor com maestria, nunca se excedendo, nesta obra pelo menos, nunca nos entediando.

O passeio pelo livro é delicioso ao longo de seu trajeto. O tipo de livro que me provocou caras e bocas ao ler no metrô.

Só não dei "4 estrelas" porque o desfecho não me satisfez, mas isso é opinião pessoal minha. Vale muito a pena.
Thali 30/09/2016minha estante
Fiquei desapontada ao terminar o livro.




rafa 05/11/2010

A diferença de Solar em relação a todos os outros começa pelo tom de sátira para tratar de um tema tido como trágico por muitos ecologistas. Outra distinção está na estrutura, solta e desprovida da costura fluente das ações que fez a glória recente de McEwan. Ele se divide em três partes, cada uma correspondente a um ano: 2000, 2005 e 2009. Nesse meio-tempo, o pano de fundo – o aquecimento global – vai piorando, ao passo que a história esmorece. Assim, a primeira seção contém mais reviravoltas e crueldade. As demais trazem desdobramentos dos atos cometidos no início.

O romance pode ser lido tanto como farsa como apólogo moral. Conta as aventuras nada edificantes de Michael Beard, físico de meia-idade que vive da fama passada. Havia 20 anos, ele tinha ganhado o Prêmio Nobel de Física pela formulação de uma lei que mais tarde seria chamada de Conflação Beard-Einstein. Sua contribuição foi ampliar o papel da radiação atômica, mas ficou nisso. Com o passar dos anos, o cientista colecionou honrarias e convites para chefiar departamentos. Mas nada fez de novo. No ano 2000, ele está deitado nas glórias passadas. Trabalha no Centro Nacional de Energia Renovável em Reading, Inglaterra. Ali, comanda o projeto de uma turbina eólica. Não se esforça em progredir na pesquisa: sabe que, quanto mais ela se arrastar, mais poderá estender sua sinecura. Sob seu comando está uma equipe de pós-doutorandos, que ele não distingue muito bem. Para Beard, todos têm entre 25 e 29 anos, são magros e altos e usam rabos de cavalo. Um deles, Tom Aldous, dá-lhe às vezes carona e, no percurso, expõe seus temores quanto ao calor global e às ideias para produzir um gerador à base de fotossíntese artificial. Beard finge interesse. Mas só pensa em sexo. Sua quinta mulher, Patrice, tem um caso com um certo Rodney Tarpin, pedreiro grandalhão que trabalhou na reforma do banheiro da casa em Londres – e deixou ferramentas num quarto da casa. Beard não pode fazer nada, porque a traiu diversas vezes, e ela descobriu. Enquanto Patrice se atira alegremente nos braços de Tarpin, o marido se remói de ciúme e chega ao ridículo de fingir que recebe uma visita feminina à noite, para impressionar a mulher. Tenta até desafiar Tarpin em um encontro, mas leva uma sova.
Nessa altura, recebe um convite para visitar um fiorde no Polo Norte com um grupo de artistas. Ao se imaginar devorado por um urso-polar e “ver o aquecimento global de perto”, percebe quanto as pessoas em geral, e os artistas em particular, são impotentes diante do derretimento das geleiras. Ao desembarcar em Londres, sua degradação moral encontra novo combustível. Surpreende na sala de estar seu orientando, Tom Aldous, estirado negligentemente em seu sofá, vestido com seu roupão, tomando café. O jovem tenta se explicar, se diz vítima das ameaças de Tarpin e propõe que os dois se unam em nome da salvação do planeta. Enquanto pede clemência, Aldous escorrega em uma pele de urso-polar, bate a cabeça na mesa de centro e morre. Em vez de chamar a polícia, Beard simula pistas para incriminar Tarpin – coloca o martelo do pedreiro perto do cadáver – e sai de mansinho, para se enfurnar na Biblioteca Britânica. Lá, recebe o telefonema desesperado de Patrice.

Tudo começa a dar certo para Beard. As circunstâncias enobrecedoras só servem para fomentar a cupidez do anti-herói picaresco. O rival Tarpin é julgado e condenado a apodrecer na prisão – pena que Beard considera leve. Ele rouba a invenção do outro rival, Aldous, patenteia o gerador com fotossíntese artificial e monta uma empresa nos Estados Unidos. Mas a sorte de nosso vilão tem limites. Convém ir até o fim para entender a não moral da história, porque sempre há desforra nas narrativas de McEwan.

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