Nada me faltará

Nada me faltará Lourenço Mutarelli




Resenhas - Nada Me Faltará


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Alê | @alexandrejjr 14/04/2022

Limite tênue

“A loucura, como você sabe, é que nem a gravidade: precisa apenas de um empurrãozinho”. A frase, imortalizada na interpretação de Heath Ledger como Coringa em “Batman - o cavaleiro das trevas", resume bem a experiência de ler esta novelinha de Lourenço Mutarelli.

De inspiração kafkiana mas com parentesco machadiano, “Nada me faltará” traz à tona o sedutor drama de Paulo, um homem que desaparece com a esposa e a filha e reaparece sozinho após um ano. Mas, alto lá. Ao longo da narrativa, magistralmente realizada apenas através de diálogos, a verdade do desaparecimento é colocada em xeque: seria um devaneio de Paulo ou ele desapareceu realmente? Por que só ele “voltou à realidade”? Onde estão a sua esposa e filha? Várias perguntas e nenhuma resposta. Aliás, não esperem respostas.

Entre as poucas personagens que aparecem durante a história, uma ganha relevo especial e concentra as mais inspiradas páginas da novela: o psicanalista que atende Paulo. É na troca de questionamentos e entendimentos entre Paulo e o psicanalista que nós, leitores, talvez possamos imaginar o que ocorreu. Lourenço Mutarelli, conhecido pelo bem sucedido “O cheiro do ralo”, romance de cunho niilista, continua a explorar aqui a falta de esperança das pessoas umas nas outras e aborda a insensatez da percepção racional total do mundo, dialogando de maneira tímida com a grande novela de Machado de Assis, “O alienista”.

No fim, o que fica é a dúvida (sempre ela!!): seria a loucura o limite tênue da razão?
JurúMontalvao 14/04/2022minha estante
?gosto muito desse tema da loucura e pretendo ler "O alienista" esse ano. vlw pela lembrança da frase e do Coringa de Heath Ledger?


Joao 14/04/2022minha estante
Caraca, inspiração Kafkiana com toques machadianos. Sensacional.
E ótima resenha, Alexandre.


Alê | @alexandrejjr 17/04/2022minha estante
Ju, "O alienista" é uma novela fantástica! Fizeste uma ótima escolha, ainda mais a respeito desse tema que te interessa que é a loucura. Com certeza a novela do Bruxo do Cosme Velho é uma das ficções mais interessantes a respeito do assunto. Espero que gostes;

Tentador, né, Joao?! Agradeço pelo comentário!




maria 10/07/2020

Eu particularmente gostei, estranhei muito no início por ser um livro com apenas fala, mas logo me acostumei.

A premissa sem dúvida é algo que nos faz querer ler, nos deixa intrigados e curiosos para saber o que aconteceu. Durante o decorrer do livro nos vem a questão "Onde ele estava durante esse um ano?" e as outras dúvidas, mas por mim isso não é saciado.

O livro parece que é apenas um rascunho, ou que a obra não está completa, em fim... Acho que esse era um dos objetivos, nos fazer pensar e refletir. Só dei 3 estrelas por essa questão mesmo.
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Tito 22/05/2011

Um homem que volta sem ter ido numa história que não vai a lugar nenhum.
yzak 23/12/2011minha estante
Belo resumo!


Ana Ramos 30/05/2016minha estante
O melhor comentário, diz TUDO sobre o livro :)


MarcosZ 31/08/2018minha estante
Eu não teria feito uma resenha tão direta!!! :)


a antirrosa atômica 19/04/2020minha estante
EXATAMENTE. não há climax, prometeu muito, e pareceu um projeto não finalizado. Como quem só queria testar uma técnica.


Luana.Brandao 22/04/2020minha estante
Quis terminar o livro por uma questão de honra... Realmente, parece um livro inacabado. Rascunho, apenas.


Will 26/05/2020minha estante
Muito interessante a trama ser toda em diálogos, isso deixa um ritmo mais dinâmico. Sobre o final achei que fica bem sub entendido o que ele fez.




su fern@ndes 08/11/2010

Lourenço Mutarelli & eu
Não, eu não falaria pra ninguém que o Mutarelli é um grande autor. Talvez nem mesmo bom. Não indicaria seus livros, nem tentaria colocar seu nome entre os mais-mais da Prosa Contemporânea. Mutarelli é meu! Seus livros são meus! Só isso. O homem que fala de loucura e sanidade olhando no fundo dos meus olhos. Sempre e sempre e sempre.
Diogo Madeira 11/01/2011minha estante
Concordo plenamente contigo que o Mutarelli é um grande autor. Vou ter que corrigi-la: seus livros são NOSSOS. :)

Heheheehe!

Fora isso, gostei da sua resenha (apesar de me parecer um comentário).


TADEU CASTRO 21/09/2013minha estante
Entendo seu sentimento e até aplaudo, mas o meu é meio contrario, mesmo sendo o mesmo. Gostaria de encontrar mais pessoas com quem brigar pela posse de Mutarelli. O Azrael esta certo, os seus livros são nossos!




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Nara 27/03/2020

Aquele final em aberto me deixou frustrada. Tudo bem, o autor quer q imaginemos o que aconteceu. Mas eu queria mesmo era saber o q aconteceu. Fiquei frustrada, mesmo que normalmente eu não ligo muito para finais. Gosto mesmo é de meios.
José 17/02/2024minha estante
Dei 3 estrelas por isso...Estava lendo furiosamente para saber o final....E aquele balde de água fria...




Henrique_ 10/02/2022

Morno
A forma e o tema do livro despertam a atenção do leitor. Sem narrador, construído somente nos diálogos curtos, logo pegamos o jeito e vamos acompanhando a história de Paulo que negava acreditar que estava desaparecido e sequer havia casado e tido uma filha. Contudo, há muitos furos na história. O que salta aos olhos é: como a mãe de Paulo/amigos simplesmente não mostraram fotos/vídeos e documentos dele com a esposa e a filha? Só isso bastaria para evitar capítulos com terapeuta para quem ele dizia que passou a fingir que tinha família só para o deixarem em paz. A leitura é boa e dinâmica. O mistério nos aguça a curiosidade, mas o desfecho não foi condizente com esse mistério todo. Final morno. Uma pena.
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Bruno 02/08/2020

Assustador e Genial
O livro é genial por sua construção toda em diálogos do início ao fim. Mesmo que não haja descrição das cenas, das ações, a gente consegue visualizar e não há confusão na leitura para saber quem está falando ou não, de tão bem escrito que está.

A história é intrigante e há um tempo eu buscava por um livro que abordasse essa questão que, para mim, é assustadora.

É o segundo livro de Lourenço Mutarelli que leio e já o tenho como um dos meus escritores favoritos. Leitura rápida demais e que mantém a gente preso do início ao fim. Indico.
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Dani Favalli 11/06/2021

Não sei o que estou sentindo, estou impactada
Sério, esse é daqueles livros que você ama ou odeia. Estou sem palavras.
Paulo desapareceu por um ano (é o que contam pra ele) junto com sua esposa e filha. Mas só ele volta (seja lá de onde). Ele não lembra de nada. E o mais interessante, não sente falta das duas. O que antes era sua vida cotidiana já não lhe basta. Tudo parece ser uma cobrança. Agir de tal forma, reagir com mais vontade.
O livro acaba DO NADA! O que deixa ele ainda mais incrível (ou péssimo). Infinitas possibilidades. Todos os dias. E eu quero resumir tudo em um único fim?
Foi ele quem matou elas? E quem disse que elas morreram? Que elas se quer existiram?
Em certo momento eu pensei que poderia se tratar de um experimento, onde todos contam essa versão da realidade a Paulo para ver como ele reage.
Incrível!
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Vanessa 04/07/2020

suspense decepcionante
não posso crer que o livro terminou desse jeito
sem condições
a premissa era tão boa e a história tava tão bem contada
pro autor ir lá e terminar o livro como se estivesse faltando texto pra história
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douglaseralldo 10/06/2020

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE NADA ME FALTARÁ, DE LOURENÇO MUTARELLI OU SOBRE ACONTECIMENTOS QUE TALVEZ NEM TENHAM ACONTECIDO
1 - Esta é minha terceira leitura de Mutarelli, e posso dizer uma coisa: embora tenhamos temáticas que se congregam e somem, são narrativas marcadas distintamente pela estética, pela forma. O grifo de abdera, por exemplo, um quadrinhos inserido no livro, já O filho mais velho de Deus, três partições de uma narrativa absurda. Neste Nada me faltará (2010) a arriscada escolha de nos entregar uma novela rápida constituída apenas por diálogos. Coisa que só autores como Mutarelli são capazes de fazer sem ataques vorazes da crítica ou leitores;

2 - Ainda que um pequeno recorte da obra do autor, nestas três leituras, por exemplo, é possível dizer que Mutarelli não apenas procura demarcar diferentes atuações estéticas, como joga intensamente com os limites dos gêneros literários. Caso de Nada me faltará. Só o fato de constituir a novela [ou será conto?] através de diálogos já o insere numa parcela muito, mas muito restrita da literatura. A bem da verdade haverá quem questione tal escolha com pertencente ao gênero narrativo, inclusive. São diálogos, apenas diálogos, o que já coloca o leitor num grande labirinto, afinal, cada voz ali está impregnada pela suspeição. Ademais, o diálogo se dá vida a uma oralidade palpável, o extrapolar de uma realidade, por outro fragmenta um bocado o texto de modo que cada interação é como se fosse um pedaço de um mosaico a ser composto;

3 - Todavia há de se ressaltar que o fato de termos apenas diálogos, não considero de modo algum que se extirpa ou se mate o autor do texto. O autor nesse caso é que escolheu quais diálogos nos deixar ver e como autores são ladinos em seus jogos com os leitores, por óbvio, sempre procuram causar algum efeito. Nos conduzir quem sabe por alguma trilha. Há nisso, portanto, a intenção nem que seja mínima, de nos dar peças a elaborar uma narrativa. No caso do romance uma narrativa sobre Paulo Maturello que retorna depois de desaparecido há mais de um ano, sem lembrar de nada, muito menos de onde estão a filha e esposa desaparecidas;

site: http://www.listasliterarias.com/2020/06/10-consideracoes-sobre-nada-me-faltara.html
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Dudu Menezes 16/12/2022

Genial!
A premissa parece simples. Mas não se engane!

Neste livro ficamos sabendo que Paulo, sua esposa e sua filha desapareceram por um ano. Certo dia ele volta, mas elas não! Ele diz não lembrar de nada do que aconteceu, durante todo esse tempo, e não fazer ideia de onde elas podem estar. A partir daí, precisa conviver com as dúvidas da mãe e dos amigos sobre o que realmente aconteceu, além de ser investigado pela polícia e buscar respostas por meio da psicanálise!

Bom, e daí? Daí que muitas possibilidades se abrem...

Então, resumindo, esse livro é foda! Ponto! Quem não gostou, obviamente, tem o direito de não gostar. Pode não se sentir confortável em não receber um final fechado, tradicional, entregue de mão beijada.

Mas é aí que reside a genialidade do Mutarelli, ao meu ver. Eu poderia supor pelo menos três desfechos, nessa primeira leitura, que, incrivelmente, não tem narrador, e é toda construída através de diálogos, em um ritmo frenético, nos fazendo devorar as páginas até o "final".

Essa "escrita de reticências" me agrada - e muito. Porque obriga a pensar, desacomoda e causa desconforto ao fechar o livro. Tenho achado isso importante! Principalmente se estamos numa sequência de leituras que não deixam "pontas soltas".

Eu "criei" o meu final. Tive que usar a criatividade para amarrar as últimas conversas de Paulo e Carlos e de Carlos e Cris! Voltei em alguns pontos da trama e, finalmente, "nada me faltou".

O Paulo, que acompanhei durante toda narrativa, foi se construindo bem antes desses últimos diálogos e eu já tinha uma suposição sobre o caso dele, que nem mesmo foi sugerido em nenhum diálogo anterior aos dois últimos!

Aliás, pouco me importa se o final pode pressupor "outros finais". Não é assim, também, com as nossas vidas? Eu posso usar a criatividade para justificar o meu final, ou melhor, "o final deste livro", ou tudo aquilo que convencionamos chamar de "final".
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Juliana 26/10/2016

Camus brasileiro?
A sensação que tive, ao ler Mutarelli foi a mesma de ler Camus. Algumas pessoas se cansam de atender a convenções sociais, ou simplesmente as ignoram. Não há culpas, remorsos, ou adeus. A vida é vivida racionalmente, e sob essa perspectiva podemos tirar algumas conclusões.Se nós pudéssemos fazer tudo aquilo o que gostaríamos de fazer, como seria viver? Cada um responde a essa pergunta de um jeito, ou cria novas perguntas depois dessa.O fato é : não espere a resposta do autor, ele apenas lançou a isca.
Alê | @alexandrejjr 14/03/2022minha estante
Pô, ser comparado ao Camus não é pouca coisa, Juliana...


gabi.rodrigues. 18/05/2022minha estante
Remete Camus quanto a falta de sentido que o personagem vê a vida, um q de nilismo. O personagem é apático, frio.




Bu 29/09/2020

No fim você se pergunta, "e agora?" Em vós alta.
É bastante diferente do que costumo ler, em todas as questões, já o conheço por outras obras como Diomedes que é excepcional, como pelo filme cheiro do ralo uma adaptação de outro livro dele, na leitura desse percebi que não foge muito do esquema do cheiro do ralo, ao menos do filme, tenho que ler o livro também.
Paulo nós é jogado de paraquedas como um devo no tiroteio e com vários agravantes, é interessante esse retrato, realmente se asemelha com a vida real, com nosso cotidiano, de uma leitura rápida e as lacunas deixadas são de propósito para que tiremos nossas próprias decisões do causo, me surpreendeu no fim digo de passagem, pelo fato da conclusão ser tão real que me deu um choque mesmo, não porque foi fim apreçado longe disso, tenho certeza de que fora muito bem calculado por Lorenço, pra te pegar com as calças na mão. Altamente indicado me diverti bastante nessa leitura.
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