O mal-estar na civilização, Novas conferências introdutórias e outros textos (1930-1936)

O mal-estar na civilização, Novas conferências introdutórias e outros textos (1930-1936) Sigmund Freud




Resenhas - FREUD (1930-1936) O MAL-ESTAR NA CIVILIZAÇÃO E OUTROS TEXTOS


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13marcioricardo 21/02/2024

Fundamental
Que prazer ler esse O mal-estar da civilização. Todo o mundo devia ler. É o que tenho a dizer, leiam, só leiam. Quanto ao resto são conferências, cartas e outras palavras de Freud. Grande autor, escreve muito bem.
Roberta 24/02/2024minha estante
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Marc 18/12/2012

Um fato incontornável
Um dos textos mais influentes de toda a história. Freud viveu um período extremamente conturbado e, como se não bastasse, ainda tentava fundar uma nova ciência, separá-la no campo do saber, em especial da medicina psiquiátrica, que via a correspondência entre certos estados da consciência e a produção de determinadas substâncias e processos pelo corpo. Trata-se de uma grande extrapolação da psicanálise, uma tentativa de responder a questões que eram pungentes na época, como as guerras e toda a miséria e violência que tomava conta do mundo civilizado. A sociedade é uma grande realização do homem, mas lhe toma muito mais energia e faz com que suspenda satisfações instintuais que lhe são muito caras.

Os homens enfrentam uma curiosa necessidade de se unirem em sociedade, mas para isso renunciam às satisfações instintuais. Mas deve-se lembrar que se, por um lado é o aspecto biológico que faz com que os homens se unam (proteção contra a natureza, maior facilidade de encontrar alimento e parceiros sexuais), é essa mesma civilização que o faz sofrer por não poder satisfazer suas necessidades básicas. Mas Freud sempre trabalha com as duas coisas ao mesmo tempo. O homem não é natureza até certo ponto e depois cultura, dali em diante. Natureza e cultura sempre aparecem como fazendo parte do mesmo todo, os homens. Isso quer dizer que Freud tinha plena consciência de que o campo psicológico ultrapassava em muito o determinismo biológico. Falar em natureza é um equívoco, porque os dados naturais são elaborados ao mesmo tempo em que acontecem por todo o aparato psicológico

O mal-estar é provocado pela necessária renúncia aos instintos em nome da sociedade. A lei (ou seja, aquilo que impede a realização dos instintos, entre eles o desejo pela mãe), primeiro representada pelo pai que mostra que a mãe do menino é interditada para ele e depois introjectada pela criança e que vai se tornar o super-eu, é a grande fonte de infelicidade. Esse mecanismo aparece bem explicado no texto, mas de modo geral, o raciocínio é esse. Mas a civilização é uma grande conquista da humanidade, e essa angústia (que é a manifestação do desejo não realizado e que ainda sobrevive, tentando se realizar) acompanha a todos porque aquilo que precisamos renunciar é sentido como maior do que aquilo que recebemos em troca.

Não à toa, alguns psicanalistas seguem esse caminho para tentar explicar a origem de tamanha violência em nossa sociedade. Para eles, ao renunciar à mãe o indivíduo faz um pacto com a sociedade, o pacto edipiano, para receber mais tarde uma parcela das conquistas dessa sociedade e ter direito a uma mulher. No caso de países como o Brasil, onde a miséria é grande e opressiva, fica claro desde a juventude que o sujeito não vai receber sua parcela por contribuir; assim, de maneira inconsciente se volta contra ela e dá livre vazão a seus impulsos violentos, a sua pulsão de morte. Freud abriu,com esse texto, uma longa tradição de estudos sobre a violência, suas causas e possíveis “tratamentos”. Dificilmente se pode exagerar a importância desse texto, pois ele nos coloca diante de uma delicada equação: aquilo que mais prezamos e nos orgulhamos, os bens culturais, são, na verdade, uma conquista frágil diante do vigor da violência que carregamos dentro de nós. E há pouco a ser feito nesse sentido, pois cada um de nós sofre os efeitos dessa ininterrupta batalha, vacilando por alguns momentos.

Mas para nós hoje, o que Freud pode ainda dizer? Em uma sociedade que avançou em conquistar prêmios de satisfação, onde o trabalho (grande fonte de desprazer) vai se tornando cada vez mais livre das imposições rigorosas e a velocidade das relações nos impedem de sentir por muito tempo as perdas que sofremos, fica até difícil acreditar que Freud possa ter alguma razão. Mas a atualidade desse texto sempre pode ser percebida pela própria maneira que o autor buscou trabalhar o tema: era necessário primeiro mostrar que o homem era mais que um mero animal, que as questões que enfrenta atravessam o campo biológico e ganham uma dimensão inédita para outros animais, que existe o simbólico. Ou seja, ao mostrar que havia algo mais, que nossa estrutura psíquica cria toda uma realidade que se confunde com a mera realidade objetiva, e que nós reagimos a realidade construída e não ao mundo dado, Freud foi muito longe. Basta pensar na equação inicial de formação do indivíduo para perceber isso, afinal se cada um de nós deseja em primeiro lugar a mãe (e gosto de discutir até que ponto essa limitação do universo infantil que Freud imaginou é verdadeira, mas aqui não vamos entrar nesse ponto) e se defronta com a figura do pai, austera, que vai nos interditar de maneira inexplicável esse objeto primeiro, gerando uma série de explicações as mais elaboradas, é impressionante que algo tão banal possa ser a base de nossas maiores conquistas sociais.
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Rafaela 22/10/2023

É uma das obras fundamentais que está servindo de base para o meu TCC sobre o "Bolsonarismo Sob a Ótica da Psicanálise". É surpreendente como um texto escrito em 1930 continua mantendo sua importância nos tempos atuais.

"Sempre é possível ligar um grande número de pessoas pelo amor, desde que restem outras para que se exteriorize a agressividade" (FREUD, 1930/2010, p. 80-81).
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Paulo Silas 11/04/2024

O 18º volume das "Obras Completas" de Freud - publicado pela editora Companhia das Letras - reúne importantes trabalhos de parte dos últimos anos de produção e vida do autor, compreendendo as publicações dos anos de 1930 a 1936. Essa edição contempla um dos mais notórios trabalhos de Freud, "O Mal-Estar na Civilização", oriundo da segunda tópica de sua psicanálise, onde se realiza uma considerável abordagem acerca dos paradoxos que a busca pela satisfação do prazer e da felicidade acarretam ao sujeito que convive com outros tantos em sociedade, tratando-se de um estudo psicanalítico sobre as relações humanas e o convívio social.

Outro trabalho que merece destaque - destaque esse recebido inclusive pela própria editora que o faz constar no titulo desse volume - é o intitulado "Novas conferências introdutórias à psicanálise", no qual Freud retoma as conferências que elaborou e publicou em 1916/1917, mas agora sob um prisma mais aprimorado, embasando-se nos avanços e mudanças que a psicanálise teve desde então, construindo assim uma série de textos (com o fito de funcionarem como base para uma conferência) que apresentam e explicam resumidamente diversos conceitos fundamentais para se compreender esse saber.

O volume conta ainda com outros sete trabalhos de Freud - sem contar os prefácios e outros textos breves que ocupam a última parte do livro: "O premio Goethe", de 1930, "Tipos libidinais", de 1931, "Sobre a sexualidade feminina", de 1931, "A conquista do fogo", de 1932, "Meu contato com Josef Popper-Lynkeus", de 1932, "Por que a guerra"?, de 1932 e "Um distúrbio de memória na Acrópole", de 1936. Desses, o texto de maior notoriedade é o bastante difundido "Por que a guerra?", tratando-se de carta de correspondência com Einstein tendo a guerra como tema debatido. Tem-se assim aqui mais uma edição fundamental para se estudar o pensamento psicanalítico de Freud.
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gabriel.bdine 23/08/2020

Freud
A leitura de Sigmund Freud sempre vale à pena. O pai da psicanálise e seus textos, uma leitura que é válida para ler e reler.
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Igor 08/12/2021

Uma ótima edição
Aqui podemos ter o texto de Freud e outros ensaios, sendo um livro bem completo no que diz respeito à sua intenção. Para quem estuda psicologia, assim como eu, é um livro indispensável para entender os sofrimentos humanos nas suas relações com os semelhantes e o conjunto da obra: a civilização.
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Monique | @moniqueeoslivros 23/12/2022

O mal-estar na civilização
{Leitura 51/2022 - ?? Áustria}
O mal-estar na civilização e outros textos - Sigmund Freud
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Esse foi o meu Freud de 2022. Foi uma leitura um pouco mais longa, li durante o último semestre, no curso do prof. Alexandre Patrício.
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Nesse livro, Freud discorre sobre a cultura, os sonhos, a feminilidade, a guerra, e sobre a própria Psicanálise. Faz apontamentos no que já tinha publicado, e abre ainda mais pontos de reflexão e debate.
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O texto mais "famoso" desse volume é O mal-estar na civilização, mas há outros textos que merecem também ser lidos, como a carta escrita a Albert Einstein, intitulada "Por que a guerra?".
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Quem tem curiosidade na área psicanalítica, ler Freud é praticamente uma obrigação. Mas, muito além disso, com uma didática invejável, ler Freud é sempre um prazer.
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Fran 11/08/2023

Freud já sabia de tudo!
?Atualmente os seres humanos atingiram um tal controle das forças da natureza, que não lhes é difícil recorrer a elas para se exterminarem até o último homem.?

O texto é totalmente atual, suas reflexões e hipóteses são tão contemporâneos hoje como eram quando Freud escreveu, em 1930.

A leitura exigiu bastante atenção, tive que reler praticamente todas as páginas, afim de acompanhar a linha de pensamento e chegar no final com o mínimo de entendimento.

Mesmo assim, é um esforço que vale a pena, pois Freud ao refletir sobre o mau estar na civilização ele está falando de mim e de você.

É impossível acabar o texto sem querer falar com alguém sobre tudo que aprendi!

?? de saber apenas uma coisa com certeza: que os juízos de valor dos homens são inevitavelmente governados por seus desejos de felicidade, e que, portanto, são uma tentativa de escorar suas ilusões com argumentos.?
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Pri 11/01/2024

Livro interessante
Os parágrafos iniciais do livro, Freud descreve a sua pouca apreciação da religião, não apenas como algo ilusório, mas também sendo esta necessária e fonte de extrema necessidade a todos, que buscam a religiosidade.
Com o máximo de respeito e pedindo licença para expressar diante do meu entender o sentimento peculiar a qual Freud detinha diante da religiosidade presente em milhões de pessoas quando cita em sua obra o seguinte trecho: “Um sentimento que ele [indivíduo] gostaria de denominar a sensação de “eternidade”, um sentimento de algo ilimitado, sem barreira, como que “oceânico”, à qual estariam subjetivado a importância da religião, ainda que o mesmo rejeitasse toda a sua fé, quero citar o texto de Dostoiévski, através de Kirilov, em ‘Os Demônios’:
“Há momentos – duram cinco ou seis segundos – em que a gente sente de súbito a presença da harmonia eterna. É um sentimento claro, indiscutível, absoluto. De repente apanhamos a natureza inteira e dizemos: ‘É exatamente assim!’ Quando Deus criou o mundo, declarou ao cabo de um dia: ‘Sim, está bem, é verdade’. Não é enternecimento... é outra coisa. E é superior ao amor. É uma alegria tão grande que, se durasse mais de cinco segundos, a alma não suportaria e teria que desaparecer. Nesses cinco segundos vivo uma existência inteira, e por eles daria toda a minha, pois eles bem o valem.”
O texto citado à cima, converge numa linha perpendicular quando nos questionamos o porquê de sermos infelizes. Embora, Freud trata com muito pessimismo a infelicidade existente em nossa vida, o ato extremo de acreditar que os indivíduos tendem a buscar a religião como um conforto e resposta para as fases das quais a infelicidade tende a imperar, acaba por ser a forma com a qual comumente aceitamos para lidar com o mal-estar do momento presente.
Sendo assim, é possível analisar com mais facilidade a relação entre o Eu e o Id. Pois compreendemos que o Eu corresponde a ligação entre si e o mundo externo e que este, nos concede ápices de atenção, diante do um impulso instintual ou libidinal. Posto isso, fica fácil analisar os instintos libidinais diante da agressão para que se possa aplicar de forma assertiva a lida com as energias, poupando-nos das neuroses naturalmente estudadas pelo autor.
Dessa forma, o texto nos esclarece sobre o sentimento de culpa, onde neste existe a ideia de repressão, em que se cria o Super-Eu em retalho ao conter a culpa que só pudera existir em alguém quando outrora tivesse feito algo.
Me recordo de uma história antiga contada por meus avós que mais tarde compreendi que se tratava de necroforia. Era basicamente uma forma que antigos lidavam com a culpa, pois ao cometer um homicídio, era um suplício inexorável que carregassem o cadáver em decomposição, embora o carregante inevitavelmente começasse a apodrecer, porém caso sobrevivesse, a sua culpa dizimaria. Com isso, podemos compreender que é necessário que o Super-eu seja como diz Freud “(...) uma instância explorada por nós; (sendo) a consciência uma das funções que a ele atribuímos, a de vigiar os atos e intenções do Eu e de julgar, exercendo uma atividade censória.”
Ainda existe para a Freud, diante do texto estudado a necessidade de subscrever a importância e a presença da ética na sociedade que é voltado ao homem comum e à sua religião. E para falar sobre, Freud faz bom uso de obras literárias em que é através dela que embarcamos de forma um pouco menos complexas a análise quanto à civilização, bem como, à sua socialização.
Embora o livro tenha sido escrito na década de 30, impressiona-me o quanto Freud estava à frente do seu tempo quando compreende que embora, já naquela época existia a dúvida em que homens sentissem, às épocas anteriores, mais felizes e mesmo sabendo com o seu estudo trazido para o momento presente que a felicidade ainda continua sendo algo efêmero, finito, momentâneo é possível inferir o quanto a civilização não precisaria retirar a energia da sua sexualidade, sendo seu estudo de muito valia para a atualidade.
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