A Revolta de Atlas

A Revolta de Atlas Ayn Rand




Resenhas - A Revolta de Atlas


53 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Carol 24/12/2011

A revolta de Atlas ensina: o problema não é o sistema de produção
A série "A Revolta de Altlas" tem como cenário de fundo uma distopia, um mundo no qual a ideia de coletivismo imperou. Para a sociedade ali descrita o individuo deveria ser suprimido em prol do interesse público. Algumas ao longo da narrativa, algumas pessoas discordaram disso e são esses os nossos "heróis", os capitalistas produtores.

As ideias dispostas pela autora, em defesa do individualismo e do racionalismo e contra qualquer tipo de ideologia coletivista, são interessantes, porquanto, o caminhar da humanidade, tem como centro o "eu". Lembra-se que as maiores inovações da sociedade civilizada são desenvolvidas a partir de talentos individuais somados ao longo de um período de tempo.

A série é sedutora, os personagens são bem construídos e a história é envolvente. Vemos passo a passo o retroceder a sociedade civilizada e nós, leitores onipresentes, sabemos que isso é inevitável e a partir daí refletimos a nossa sociedade atual, na qual muitos que nada produzem utilizam-se da desculpa do bem público para saquear o fruto do nosso trabalho.

E enfim sabemos que o problema não é o capitalismo, o socialismo, o comunismo ou o anarquismo, e sim as pessoas; pessoas lamuriosas que sempre lamentam a vida que tem sem nada construir por si mesmo.

São os sanguessugas, esses especuladores que lucram, fazendo do sistema de produção um grande cassino, onde jogam tentando quebrar a banca, mas esquecem que a banca somos todos nós.

Então deixo o lema, o lema daqueles que escolheram não reclamar, nem saquear, mas sim, seguir trabalhando por uma vida melhor:
"Juro por minha vida e por meu amor à vida que jamais viverei por outro homem, nem pedirei a outro homem que viva por mim"
- A Revolta de Atlas,vol. III, A = A, pp. 40
comentários(0)comente



Letícia 22/01/2021

Dystopia
Devo começar mencionando que, apesar das críticas que farei, o livro em sua totalidade cumpre seus objetivos: apresentar a filosofia objetivista e mostrar ao mundo as consequências finais de uma continuidade de atos irracionais.
Na terceira e última parte de A revolta de Atlas, descobrimos quem é John Galt, o que ele representa, e o que acontece quando todas as mentes brilhantes o mundo – industriais, cientistas, professores, artistas – se recusam a usar suas habilidades em um sistema que irá destruí-los. No todo, temos quatro personagens principais que descrevem os mesmos princípios objetivistas, belamente exemplificados aplicados às suas histórias de vida. Minha parte favorita foi a amizade dos três alunos de filosofia e física e suas carreiras, que me inspiraram muito. Os casos amorosos entre eles (ao melhor estilo novela das nove) me incomodaram bastante, mas este não é o foco da narrativa.
Os principais pontos negativos foram a constante repetição de diálogos longos a partir do ponto de vista dos saqueadores (que podem até mesmo ser entendidos como necessários para o ritmo e a entonação da narrativa) e, pessoalmente, as explicações sobre os “místicos do espírito” (as religiões) que, sob o ponto de vista da autora, ateia, não são todos apenas perda de tempo, mas também a encarnação da destruição do corpo, da felicidade e da racionalidade. Com isso, ela consegue misturar todas as religiões em um pacote universal extremamente confuso e impreciso (mas, novamente, entendo por que pode parecer lógico para um ateu que vê charlatões a cada esquina).
A filosofia objetivista, em si, é extremamente interessante. O egoísmo (colocado aqui como aquele que age segundo interesse próprio) é colocado como princípio máximo a ser seguido; assim, o individualismo e a racionalidade necessária à sobrevivência da espécie podem ser desenvolvidos de modo a construir uma sociedade de contratos. Em oposição, é apresentado o coletivismo, e os exemplos dados são tão parecidos com o nosso mundo que, de certo modo, não é possível determinar onde, de fato, começa ser uma ficção. Entre os coletivismos estão a publicação de best sellers ruins, intelectuais “verificadores de fatos” que não estudaram nada, burocracias, nacionalizações, princípios de igualdade (cada um trabalha conforme capacidade e ganha conforme necessidade), entre outros. Sabemos aonde isso chega.
comentários(0)comente



Manu 01/10/2022

discurso excessivo
Estava empolgada no começo, achei a proposta bem interessante, mas no decorrer na leitura ela fica maçante e repetitiva. É onde o meio termo não tem vez. As ideias de Rand são muito extremistas, e como todo mundo bem sabe, o extremo nunca é bom. Não consegui me afeiçoar a nenhum personagem, tão sem carisma, parecem autômatos, completamente rasos e desprovidos de sentimentos. Além de haver apenas dois lados: os gênios (aqueles das quais todos dependem) e os ignorantes (que escolheram não seguir os pensadores). Ela generaliza em todos os aspectos apenas para firmar a sua opinião e esse último grupo é retratado como seres incompetentes e sem dignidade.
Fiquei incomodada em vários pontos, mas acredito que esses excessos serviram para fortalecer a doutrina objetivista que norteiam os livros de Rand e mostrar com as utopias movem boa parte dos pensamentos humanos.
comentários(0)comente



Dois 04/12/2012

Ótima idéia, péssima escrita.
Com uma excelente idéia sobre socialismo X capitalismo, mostrando pontos interessantes (apesar de extremamente tendenciosos ao capitalismo) de ambos sistemas econômicos. Se caracteriza por enfatizar o liberalismo econômico assim como também a capacidade do individuo e não sua necessidade. Porém peca muito na escrita que se torna extremamente repetitiva em suas idéias, com personagens fracos e em alguns casos até desconexos com seus ideais, com monólogos entediantes que tornam o livro muitas vezes maçante. Enfim, uma ótima idéia porém péssima escrita.
comentários(0)comente



Rafael.Giuliano 29/10/2012

O final de uma verdadeira saga...
Quando encontrei este livro, em novembro de 2009, imaginei que seria uma leitura voltada para meu entretenimento, algo para não pensar no trabalho ou na minha realidade cotidiana.
Entretanto, a "Revolta de Atlas" se tornou um dos livros mais importantes na minha vida, provocando reflexões e entendimentos sobre minha própria maneira de ver o mundo como poucos livros o fizeram.
Num universo em que cada personagem parece ser protagonista de sua própria história, que converse com todas as outas, pude me identificar com tantas facetas e dimensões de uma batalha travada por todo àquele que acredita no poder do trabalho e no significado de construir algo... sua própria obra.
Virei a última página com vontade de gritar: "saiam do caminho"!
Fico imaginando todas as pessoas que tiveram a oportunidade de lê-lo... de como se transformaram e, se tiverem assumido para si a promessa feita pelos dignatários do vale, do potencial que tem para mudar o mundo ao seu redor!
Faço minha a mesma promessa:
"Juro por minha vida... e pelo amor a ela, que jamais viverei a vida de outro homem, ou pedirei que ele viva a minha!"

Um livro EXTRAordinário e fascinante! Uma lição sobre o trabalho e nosso próprio potencial, tudo descrito num romance ficcional...

RG
Edméia 04/03/2018minha estante
*Você disse tudo ! Parabéns , RG !!! Boas leituras pra ti ! Um abraço.




Marco Maia 04/08/2013

Desnecessário
O terceiro volume é totalmente desnecessário. A autora não precisava ser tão cristalina em sua apologia ao individualismo. Trata-se de um romance, então, porque 100 páginas de conceitos filosóficos? E a trama, fica ridícula, sem nexo. Chato demais e com final de conto de fadas.
comentários(0)comente



moacircaetano 04/12/2023

O primeiro livro da trilogia é espetacular,o segundo meio modorrento, o terceiro é bem enfadonho.
A trilogia toda poderia ser um livro só, de umas 500 páginas, que estaria de bom tamanho.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
Ju 19/11/2018minha estante
Maçante*, perdão




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Luis Netto 02/01/2011

A Revolta de Atlas

O livro escrito pela autora Ayn Rand, conta que através de um castigo da mitologia grega, Zeus manda Atlas carregar em seus ombros o peso dos céus. Assim começa o incrível suspense de “A Revolta de Atlas”.
A história se passa em uma época onde os EUA é o ultimo pais que ainda adotava a política do absolutismo. O governo americano resolve aplicar um método de administração onde pretendia acabar com a desigualdade dos EUA, pois o governo obrigava as grandes empresas a dividir todo lucro que ganhasse com a venda de seus produtos com as empresas menores, para que todas tivessem força no mercado americano.
Logo após esta nova forma de governo, começa a surgir nos EUA a corrupção e burocracia, transformando o comércio americano em um verdadeiro caos. Juntamente com tal fato, começam a desaparecer os maiores empresários e os grandes pensadores americanos da atualidade. Ninguém tem nenhuma pista de onde eles poderiam estar.
Na tentativa de sair daquele caos econômico o governo resolve tomar posse de algumas propriedades e de algumas invenções. Mesmo com esta tentativa os americanos não conseguem manter o lucro que estavam conseguindo anteriormente.
O que estaria acontecendo com os EUA? Qual seria o verdadeiro motivo de tanta desorganização? Quem estaria por trás de tudo isto? Será John Galt? Mas quem é John Galt realmente? Será Atlas se vingando de Zeus?
Foram essas perguntas que durante os três volumes da obra, não saíram dos meus pensamentos. Atormentaram-me. Queria descobrir logo quem era este tal de John Galt, que tanto aparece na obra sem revelar sua verdadeira face, sua história.
É para que vocês, meus amigos, leiam esta obra fascinante da autora Ayn Rand que deixou estas perguntas sem respostas.

Vale a pena.
comentários(0)comente



luke2109 09/08/2012

Hino ao liberalismo
Essa obra é um verdadeiro hino ao liberalismo econômico. É uma leitura que soa como música aos adeptos desse sistema. Por conseguinte, quem é adepto do socialismo, ou mesmo do keynesianismo, talvez não goste muito do livro.
Porém, independente da ideologia do leitor, o que realmente impressiona é a capacidade da autora colocar sua filosofia de vida em forma de romance. O que não é tarefa fácil para ninguém. Mesmo para escritores talentosos.
Outro aspecto que deve ser considerado é que o livro foi publicado em 1957. Portanto, os relacionamentos entre os personagens é dado dentro desse contexto cronológico. O que pode ser um pouco estranho para o leitor do século XXI.
Any Rand nasceu na Rússia e lá viveu até 1926. Portanto, sobreviveu ao início da Revolução Bolchevique e suas consequências. Deve ter sido uma experiência traumática para ela, pois dá para perceber o ódio que seus personagens principais tem ao Estado onipresente na vida das pessoas.
Concordo com vários dos seus pontos de vista, mas não sou tão radical quanto ela. Talvez por não ter morado na URSS :)
De qualquer modo, recomendo. É uma leitura interessante para todas as pessoas. Agora vou ler Marx para fazer o contraponto :)))
comentários(0)comente



Silvio 26/06/2013

O livro é muito bom, mas é de leitura difícil. Há trechos - muito grandes - de muito tédio e monotonia; o discurso de John Galt foi fod**, me senti tentado a pular aquilo tudo (mas li, uff...). Ele mistura psicologia, sociologia, política, corrupção, economia, romance (Dagny transa com 3 caras e não decide quem!). É o precursor de muitos outros livros; seu precursor é "1.984" de George Wells.
Quando estava na metade do vol. II, comecei a ter pesadelos, que não pararam até agora. Foi o 2º livro que levou a isso; o 1º (e até então único) foi "1.984".
Um livro que o leva a ter pesadelos tem, no mínimo, algum significado real.
Edméia 04/03/2018minha estante
*Sílvio , eu não consegui ler na íntegra o Capítulo 7 ! Teve uma hora que comecei a pular as páginas !!! Ayn Rand pegou pesado neste momento deste livro ! Deus me livre !!! Pensei que a minha cabeça fosse explodir ! Pulei - sem medo de continuar sendo feliz ! - algumas páginas !!! *Boas leituras pra você , garoto ! Fiques com Deus. Um abraço.


Edméia 04/03/2018minha estante
*Sílvio , realmente , o Capítulo 7 que traz o discurso de John Galt é um porre ! Confesso que pulei mesmo algumas páginas ! Não tive paciência para ler tudo aquilo ! Deus do céu ! Agora ... falando da Dagny ... ela não quer ficar com ninguém , nenhum homem ! Ela é casada com ferrovia dela , a TT , Tagggart Transcontinental !!! (rs).




Nany.Barth 17/02/2020

Que é John Galt?
Acredito que por mais que eu tente traduzir em palavras, só quem leu a Revolta de Atlas terá uma noção real da grandiosidade desse livro. E não falo apenas das 1.227 páginas, falo da grandeza de conteúdo e aprendizado que é absorvido.
Impossível não se questionar sobre inúmeras coisas, impossível não sair da sua zona de conforto, impossível não sentir os personagens impregnados na sua mente.
Pode parecer um tanto exagerado, não me importo, mas há uma linha nítida para mim,onde divide minha mente em: "antes de Ayn Rand" e "depois de Ayn Rand". Essa divisão já começou após a leitura do livro "As Breves Lições -Ayn Rand e os devaneios do coletivismo", aumentou depois de ler "Cântico", e criou raízes profundas depois de "A Revolta de Atlas".
Eu poderia transcrever inúmeras partes do livro aqui, e irei citar algumas. Mas, ainda assim, é superficial demais para definir o que é RAND.
A Revolta de Atlas é, sem dúvidas, um dos livros mais incríveis que eu já li, um dos livros que mais mexeu comigo, que mais me desafiou e me ganhou. Leiam, é incrível!!
.
"Quando um homem pensa, há uma luz acesa em sua mente."(Pág.70 -vol.1).
"Nada pode tornar moral a destruição dos melhores. Não se pode ser punido por ser bom. Ou pagar por ter sido hábil."(pág. 87 -vol.1)
.
"Quando há comércio não por consentimento, mas por compulsão, quando para produzir é necessário pedir permissão a homens que nada produzem -quando o dinheiro flui para aqueles que não vendem produtos, mas têm influência -, quando os homens enriquecem mais pelo suborno e pelos favores do que pelo trabalho, e as leis não protegem quem produz de quem rouba, mas quem rouba de quem produz- quando a corrupção é recompensada e a honestidade vira um sacrifício -,pode ter certeza de que a sociedade está condenada!"(pág. 86 - vol.2)
.
"Não existe trabalho miserável, apenas homens miseráveis que não se dispõem a trabalhar."(pág 29 - vol.3)
"Cada homem é um fim em si, não um meio para outros atingirem seus fins." (pág. 50 - vol.3)
.
"Juro por minha vida e por meu amor à vida que jamais viverei por outro homem, nem pedirei a outro homem que viva por mim." ?
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



fabio.ribas.7 17/04/2020

O outro evangelho de Ayn Rand
Durante toda a leitura do livro de Jeffrey Tucker, autor de “Coletivismo de direita”, eu pensava em Ayn Rand. Pensava em como o libertarianismo dos dois era tão diferente um do outro não apenas no aspecto do capítulo de Tucker sobre o “Q.I.” (teste de inteligência), mas, fundamentalmente, no quesito do “culto ao herói”. E é muito interessante que no “culto ao herói”, que Tucker tanto execra, esteja uma das chaves para se compreender o pensamento de Ayn Rand e também o seu livro “A revolta de Atlas”.

Na verdade, enquanto eu lia os 3 volumes do romance de Rand, muita coisa passava pela minha mente, e uma das mais insistentes era a pergunta: “Por que o livro de Ayn Rand não conseguiu deter o movimento da Nova Era nos Estados Unidos?”. Depois da Bíblia, “A revolta de Atlas” foi considerado o livro mais influente dos Estados Unidos, segundo a Biblioteca do Congresso Americano. E ele foi lançado em 1957! Eu até entendo que a Bíblia, numa interpretação ecopagã, pudesse ser usada pelo movimento da Nova Era em favor de suas causas e bandeiras, mas, sinceramente, “A revolta de Atlas” é um antídoto implacável contra todo misticismo que originou e deu força aos movimentos sociais ecoesquerdistas dos anos 60. Assim, como que o segundo livro que mais influenciou a sociedade americana não conseguiu deter o desastre do misticismo neopagão, que trouxe tantas mazelas e tristezas ao mundo Ocidental sob o disfarce do “paz e amor”? Por isso, eu indago: influenciou a quem?

Eu teria um milhão de coisas a dizer sobre o livro, coisas que me fascinaram e me instigaram, mas seria uma resenha de um milhão de páginas ou, até mesmo, daria em outro livro. Portanto, irei me ater a 3 pontos específicos: dois positivos e um negativo, a saber, sexo, cristianismo e sacrifício. Na verdade, todos esses 3 pontos estão entrelaçados.

Ayn Rand e o sexo.
Antes de tudo, duas coisas: 1) Rand não faz descrições pornográficas em seu livro; 2) sei que me exponho a pedradas dos libertários de plantão com o comentário a seguir, mas já me acostumei a apanhar… Eita! Esse comentário não pegou nada bem com aquilo que vou dizer a seguir: no primeiro volume da trilogia, saltou-me aos olhos que todas as descrições e pensamentos sexuais da personagem principal — Dagny — são feitos sob uma forte dose de subserviência ao sexo oposto. Todos os pensamentos sexuais da libertária heroína da história de Ayn Rand a colocam num papel de dominada e com tons (não cinquenta!) de masoquismo! Ela apanha e gosta, ela sempre se imagina servil sexualmente. Mas não é só ela! Outra personagem feminina — a Lílian — também se imagina acorrentada e sexualmente dominada. Surpreendente é ver uma filósofa libertária colocar suas personagens femininas totalmente desejosas de homens que as controlem, dominem e subjuguem na cama, enquanto elas assumem posição de comando à frente de empresas e nas demais áreas da vida pública. O que me faz lembrar outro filósofo libertário, à esquerda: Michel Foucault. Este é outro que com sua filosofia quis romper com os grilhões do sistema que, dizia ele, dominavam e oprimiam a sociedade, mas frequentava clubes de sadomasoquismo e satisfazia-se apanhando de outros homens.

Ao fim do segundo volume, eu já havia compreendido a razão de Rand e de suas personagens. E o meu entendimento é uma moeda de dois lados: de um, estou mergulhado num tempo saturado de mulheres obcecadas e atravessadas por ideias feministas, mulheres que se colocaram no extremo oposto do ringue contra tudo aquilo que se chama homem; do outro lado da moeda, está Rand, antes de todos os manifestos e propagandas que, nos anos 60, propagaram pela sociedade Ocidental as teses feministas. Ayn Randt é uma filósofa cuja metafísica é o mundo real, objetivo, tangível e que não separa o corpo da alma. Desta feita, ela admira o homem (no caso, o homem ideal é encarnado por John Galt), o homem que não tem vergonha de ser homem, de ser inteligente, de ser conquistador, dominador e grande empreendedor. A esse homem, Rand se entrega e se deixa sentir no próprio corpo aquilo que ela admira nas virtudes do homem capitalista, cuja moral é a de amar a si mesmo e defender as próprias ideias contra um mundo hipócrita e coletivista!
Resumindo, o meu estranhamento foi diante de uma mulher que gosta de homem, gosta de verdade, deseja mesmo! Não consigo ver isso na maioria das mulheres hoje em dia. Mulheres cheias de “não me toques”, mimimi, muito interessadas em si mesmas e nos seus espelhos de maquiagem ou nas suas lutas de gênero e de semântica. Já no fim do segundo volume da trilogia de Rand, portanto, eu percebi que o meu estranhamento, a minha perplexidade, foi notar que as mulheres mudaram. Ainda que eu não concorde com o prisma de Rand e nem com a aplicação prática de sua filosofia ao universo feminino, ler um texto que de modo algum é pornográfico, mas que derrama admiração feminina por um homem, um texto que extravasa desejo erótico pelas virtudes masculinas, é uma delícia inusitada. Acho que nunca li algo parecido. E tudo isso se deve ao “culto ao herói”, defendido por Rand. Algo que inexiste em boa parte das mulheres nos tempos de hoje também. Rand expressa essa admiração. Ela se apresenta como uma mulher que gosta de homem e não o vê como seu oponente. Faço questão de deixar um texto abaixo para que você tenha uma ideia aproximada do pensamento de Rand sobre o “culto ao herói” (esta passagem não é do livro em questão):

“Para uma mulher enquanto mulher, a essência da feminilidade é o culto ao herói — o desejo de reverenciar o homem. ‘Reverenciar’ não significa dependência, obediência ou qualquer coisa que implique inferioridade. Significa um tipo intenso de admiração; e admiração é uma emoção que só pode ser experimentada por uma pessoa de caráter forte e juízos de valor independentes. Um tipo dependente de mulher não é uma admiradora, mas uma exploradora de homens. O culto ao herói é uma virtude exigente: a mulher tem que ser digna disso e do herói que ela cultua. Intelectualmente e moralmente, isto é, enquanto um ser humano, ela tem que ser sua igual; assim, o objeto do seu culto é especificamente a masculinidade dele, não uma virtude humana que possa faltar a ela.

“Isso não significa que uma mulher feminina sinta ou projete o culto ao herói para qualquer e todo homem individual; enquanto seres humanos, muitos deles podem, de fato, ser inferiores a ela. O seu culto é uma emoção abstrata ao conceito metafísico de masculinidade enquanto tal — a qual ela experimenta completamente e concretamente apenas com o homem que ela ama, mas que colore a sua atitude em direção a todos os homens. Isso não significa que há uma intenção romântica ou sexual na atitude dela para com todos os homens; muito pelo contrário: quanto maior a sua visão da masculinidade, mais severamente exigente serão os seus padrões. Isso significa que ela nunca perde a consciência da sua verdadeira identidade sexual e da identidade sexual deles. Significa que uma mulher adequadamente feminina não trata os homens como se ela fosse sua camarada, irmã, mãe — ou líder.”

Ayn Rand e a manipulação do cristianismo.
O segundo tema que me tomou a atenção durante a leitura do livro foi o do misticismo, da religião, da fé, qualquer que seja ela, usados para manipular o indivíduo contra si mesmo. O que, inevitavelmente, nos faz pensar em Karl Marx, ainda que Rand seja uma filósofa do capitalismo, pois a tese dela ecoa aquela de que a religião é o ópio do povo. Compreendo Rand como uma “neoiluminista”, porque a base de toda sua filosofia está na razão. O homem é um animal diferenciado dos demais por causa da razão e, dessa maneira, ele em nada difere de outros animais se não usa sua razão, não pensa por si mesmo, não defende seus valores individuais e objetivos contra os canibais do coletivismo e contra os dogmas esquerdistas ou irracionais. Neste ponto, assim como também é para Tucker, qualquer expressão de fé é um irracionalismo. E especialmente o cristianismo é um sistema para o controle e manipulação da sociedade. Por que isso me chamou a atenção? Porque isso não deixa de ser verdade. Explico-me. Nestes tantos anos de caminhada cristã, vi o cristianismo ser usado por grupos, igrejas, instituições e governos para o controle de indivíduos e minorias. Um exemplo mais propício são frases como “não toque no ungido de Deus”, “você não pode questionar o seu pastor”, “você tem que instaurar o paraíso na terra por meio da revolução”, “justiça social”, “reforma do sistema”, “a igreja primitiva era socialista”, “redenção da cultura” são exemplos de ênfases usadas para manipular a tantos desavisados. Isso é um fato! Eu vi isso! Eu já vi muitas coisas. Muitas coisas que não poderia ter visto. Muitas coisas que não gostaria de ter visto. O cristianismo usado para anular e massacrar o indivíduo para que uma elite, uma instituição, um corporativismo, uma aristocracia, enfim, um grupo permaneça com suas garantias sobre outros. Infelizmente, ao contrário do que eu pensava há anos atrás, conheci muitos que estão brincando nos campos do Senhor. “Forças ocultas” que aproveitam de ideias muito próprias do cristianismo para controlar a vida dos indivíduos e usar a massa como instrumento para combates ideológicos. Vi igrejas e denominações cristãs serem usadas para ajuntamentos revolucionários sob a desculpa do Evangelho e da tão propalada “justiça social”. Nisso, então, Rand está certa. Ela está falando do que a própria história testemunha.

Rand e o sacrifício.
E o que disse no parágrafo anterior está relacionado ao dogma central do Evangelho: o sacrifício de Cristo na Cruz! E é a partir dessa reflexão que Rand quer nos incomodar. Para a filósofa, a religião do sacrifício — tanto o esquerdismo como o cristianismo — exige que seus súditos se sacrifiquem pelo próximo, entregando no altar o que há de melhor (a razão) em benefício da sobrevivência dos mais fracos, dos preguiçosos, dos canibais. Nesse altar morre o que temos de melhor: a criatividade, a arte, a vida inteligente. Assim, os produtivos são sacrificados para que as sanguessugas sobrevivam. O discurso é duro. Mas é um fato.
O socialismo exige o sacrifício do indivíduo em nome da redistribuição da riqueza para a massa. O cristianismo exige o sacrifício do lucro aqui em nome de uma vida melhor após a morte. E ambos trabalham com a culpa. Esta é utilizada pela Igreja e pelo Estado para controlar cada vez mais a vida das pessoas. Neste ponto, devemos nos perguntar se é assim mesmo? Que o socialismo é uma religião não há dúvida, por isso Rand consegue tratar ambos — cristianismo e socialismo — tão aproximadamente. Contudo, se o socialismo consegue o controle e o domínio das mentes mediante a culpa, o cristianismo deveria quebrar esse ciclo da culpa em nome da liberdade conquistada por Cristo mediante a fé. Não deveria existir a culpa, a dívida e o encarceramento das consciências no cristianismo, mas há. Por quê? Não há como retirar o “sacrifício” do cristianismo, pois esse é o dogma fundamental — Jesus morreu em nosso lugar! E isso, que é o que deveria nos fazer livres da culpa do pecado contra Deus e contra o nosso próximo, é usado exatamente para nos encarcerar novamente e é a esse cristianismo, a esse outro evangelho, que Paulo grita: “Ó insensatos gálatas! Que vos enfeitiçou?”. O que fizemos do Evangelho? Por que as pessoas se sentem cada vez mais presas, em dívida, culpadas e injustas dentro de nossas igrejas? Só há uma saída ao cristianismo: entender que não há mais espaço para sacrifícios, não há mais espaço para “novas circuncisões”! O Evangelho da graça é a única resposta a esse cristianismo usado, explorado, corrompido desde sua essência. “Não há mais sacrifícios”! Só o amor! Eu não “tenho que”, mas sou convidado pela Graça de um Pai misericordioso. E o amor não é uma abstração, uma ideia, uma causa social, mas é o próprio Jesus das Escrituras! Aqui, exatamente nesse ponto de tensão, Thimoty Keller (ver “Justiça generosa”) e o Evangelho social que solapou e ainda persiste nas veredas latino-americanas estão tão próximos de Rand, pois, indubitavelmente, a mentalidade revolucionária encontra-se tanto à esquerda quanto à direita do espectro político e filosófico. E Rand também a possui. Por isso, por mais que haja pontos de contato entre o cristianismo e Ayn Rand, não há entre Jesus e Atlas.

Quem é John Galt? Um anticristo.

site: https://medium.com/@ribaseribas1
comentários(0)comente



53 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR