Blog MVL - Nina 14/05/2012
Em “You against me” milhares de emoções são enredadas junto ao conflito moral vivenciado pelos protagonistas. Em essência uma estória de primeiro amor, mas com um enredo que certamente nos faz refletir.
A sinopse já prepara o leitor para uma leitura controversa, que promete e cumpre o objetivo de criar calorosos debates sobre quem é o verdadeiro culpado , e se o estupro foi real ou não. Mickey é um canalha com C maiúsculo. Ele não se compromete com garotas e as trata com grande indiferença, não por ser uma pessoa naturalmente cruel, mas por que ele realmente não sabe como lidar com emoções, e como oferecer afeto. Vindo de uma família pobre e disfuncional, com uma mãe irresponsável e duas irmãs mais jovens, ele está acostumada a apenas ocupar o papel de provedor e nada mais. Ao descobrir que a irmã foi estuprada, ele sabe exatamente o que deve fazer. Seu primeiro impulso é o de acertar suas contas com o culpado de uma forma violenta, mas as coisas acabam se complicando quando ele conhece Ellie. A irmã caçula do rapaz acusado de assaltar sexualmente sua própria irmã. Ellie vive em uma família de classe alta onde o irmão primogênito é considerado o "garoto de ouro", futuro brilhante, personalidade cativante e um irmão maravilhoso e cuidadoso. Ela é relegada ao papel de coadjuvante até que se torna importante no álibi que provará(ou não) a inocência dele.
O livro mostra como duas famílias diametralmente diferentes lidam com a tragédia de ter dois adolescentes arrastados em um complicado caso criminal. Tanto Mickey quanto Ellie acreditam na idoneidade de seus irmãos, a lealdade de ambos é posta a prova ao decorrer do enredo, e conforme o envolvimento de ambos se aprofunda. Instintivamente a pergunta surge: Como você se sentiria? Quero dizer, nós gostamos de acreditar que conhecemos tudo o que é relevante sobre nossos entes queridos. Especialmente na relação entre irmãos. Mas até onde nós realmente sabemos do quê as pessoas são capazes? E mesmo sabendo, você colocaria seu irmão na cadeia? Entre a lealdade e o certo e o errado, a única coisa que resta é a empatia, é entender que escolhas erradas tem consequências. A autora consegue transmitir toda angústia e sofrimento que a escolha de fazer o que é certo traz para um dos protagonistas. E no fim, felizmente, a justiça é feita.
A narrativa de Jane Downham tem um poder distinto, a voz de suas protagonistas é tão forte e marcante que desde o primeiro contato o leitor estará comprometido com a trama. A autora traz qualidades intrínsecas a uma boa obra contemporânea para jovens. Ela sabe para qual público escreve e como interagir com o mesmo por meio de suas reflexões e diálogos. O livro possui conteúdo forte como sexo, estupro, drogas e eu não indicaria para menores de dezesseis anos.
Marina Moura | www.minhavidaporumlivro.com.br