Fê Gaia 15/02/2011A criatividade do cinema posta no papelGostei muito da proposta do livro. Além de contribuir para uma boa causa, nós dá a oportunidade de conhecer um pouco mais dos principais ícones do cinema brasileiro, não só por seus textos, como através de uma curta biografia que antecede cada um dos escritos. Fiz breves comentários sobre cada um deles, então lá vai:
O livro é estreado por Arnaldo Jabor, num texto q mostra toda a hipocrisia e covardia da elite brasileira, que se mostra indignada quando se vê obrigada a olhar de frente a miséria, observando de cima o abismo social q a separa da massa que sobrevive na total ausência de perspectivas.
Seria Bruno Barreto um músico que tropeçou e caiu de cara no cinema? é essa a pergunta que fica quando passamos a conhecer seu processo criativo.
Cacá Diegues incita a sociedade a dar a palavra à favela, para que os moradores possam de livrar de seus estereótipos, mostrando a rotina e os sonhos reais da comunidade. Depoimento direto e realista que põe em cheque nossos juízos de valores.
Claudio Torres faz uma ode à sétima arte e questiona a crítica cinematográfica que faz uma dissociação quase obrigatória entre indústria e arte no cinema, sendo que esta não consegue se manter sem aquela e vice-versa.
Daniel Filho escolheu neste livro enaltecer a figura de quem ele (e muitos) considera o melhor ator de cinema que já existiu, o desconcertante e inesquecível Marlon Brando.
Esmir Filho tece suas divagações em forma de blog, discursando sobre a vida e sobre o tempo. Como o amadurecimento é triste quando se pensa nele como o momento da perda das ilusões e o auge além do qual só se enxerga a decadência.
O conto de Fellipe Barbosa é uma delícia de ler. Simples, despretensioso e divertido, me ganhou sem fazer nenhum esforço nesse sentido.
José Joffily exibe um apanhado geral do seu "Ano do Boi", fazendo algumas reflexões e contando episódios ocorridos em sua vida a cada mês. Texto sucinto e agradável.
José Padilha discorre em seu artigo sobre a elaboração de um documentário, desmentindo a idéia geral de que os fatos narrados podem perder parte da verdade quando expostos com carga emocional; ao contrário, esse recurso muitas vezes ajuda a despertar nosso interesse pelo conteúdo exposto.
Lírio Ferreira nos apresenta um pré-roteiro de curta muito doido e interessante, um curta que nunca foi filmado, mas deveria ter sido.
Mauro Lima faz uma crítica feroz à supervalorização dos filmes “cult” em relação aos sucessos de bilheteria. é claro que existe muita hipocrisia no meio, mas achei seus comentários um tanto exagerados.
O texto que Murilo Salles escolheu para esse livro é como uma aula de cinema. Nele, o cineasta mostra o passo-a-passo do processo cinematográfico e indica os caminhos que julga mais adequado seguir em cada etapa. Interessante, sobretudo para os que desejam saber o que precede a exposição do filme finalizado.
Roberto Farias faz um relato curioso sobre seu primeiro apartamento pós-casamento, um de quarto e sala conjugados, mas COM cozinha!rs
O moçambicano Ruy Guerra declara todo o seu amor pelo Brasil num texto com o tom da negritude e o cheiro da manga.
Sandra Werneck fala como as portas do cinema se abriram para ela: a necessidade de superar a perda, exorcizando-a através da criação de imagens.
Sergio Rezende faz um comentário espirituoso a respeito de sua memória seletiva, que só registra os anos em que seus filmes são lançados.
Walter Carvalho nos presenteia com o diário de filmagem de Budapeste, filme baseado no livro homônimo de Chico Buarque. Apesar de alguns erros inexplicáveis de concordância e gramática, o texto prende o interesse e nos faz querer conhecer um pouco mais sobre a Hungria, esse país tão misterioso aos brasileiros. Sem contar na vontade que dá de assistir logo ao filme.
Walter Lima Jr. fala um pouco sobre como a união de uma equipe traz a força e a energia necessárias para enfrentar as maiores dificuldades.
Walter Salles escolheu dar uma indicação de filme: “Memórias do Subdesenvolvimento”, que retrata a Cuba do período pós-revolução pelos olhos de um jovem burguês que decidiu não abandar a ilha junto com sua família. Boa dica, pretendo assisti-lo.
Zelito Viana faz um discurso que, entre outras coisas, condena a supervalorização da “cultura” estrangeira em detrimento da cultura nacional. Discordo de algumas de suas opiniões, mas ele tem meu apoio entusiástico em duas colocações:
1- A cultura é o único poder realmente eficaz para retirar jovens de periferia da criminalidade
2- “A arte é o pão da alma”