Flávio Café 22/03/2010
O outro lado da moeda para o teatro europeu
Alfred Jarry conseguiu, com o seu Ubu Rei, trazer o outro lado da moeda do teatro europeu psicológico da época. Com seu carismático glutão chamado de Pai Ubu e a sua inseparável e maldita mulher Mãe Ubu, personagens no extremo da estilização física, ele nos faz imergir no universo cômico e infantil das lutas pelo poder e pelo dinheiro. Contudo, como quase a totalidade das peças de teatro, mas sobretudo Ubu rei, não foi feita para ser lida, mas para ser encenada. Como obra literária este livro não é das melhores, nem das mais bem escritas, em realidade a sua escrita é infantil e simplória, mas isso é exatamente o que faz a sua força como texto dramatúrgico. Além do mais as soluções infantis dos personagens constituem o par perfeito para a mesquinha estória da peça e o par perfeito para o Pai Ubu e suas ambições profanas. A leitura é simples. É possível ler a peça toda em menos de uma hora pela fluidez e rapidez dos seus acontecimentos, mas, como já disse, a leitura somente não é suficiente para que se absorva a completa mensagem do autor. Impressiona-me que Jarry não tenha sido mais conhecido, pois esta é realmente uma obra de arte e é muito difícil encontrar personagem mais forte e característico do que Pai Ubu.