O lobo da estepe

O lobo da estepe Hermann Hesse




Resenhas - O Lobo da Estepe


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Guilherme Duarte 20/04/2024

O Lobo da Estepe
Vamos lá, nos últimos anos eu tenho relido algumas obras de Hesse; meu primeiro contato com o autor deve ter sido há uns 10-12 anos. Obviamente não li tudo, mas (re)passei por Demian, Sidarta, Com a maturidade fica-se mais jovem, Francisco de Assis, Quem pode amor é feliz, mas sempre empacava no Lobo da Estepe.
Dessa vez, decidi seguir a leitura, e sinto que fascinação que Hesse exercia outrora em mim não ocorre mais. A obra do autor é complexa de fato, mas o Lobo da Estepe flerta tanto com a complexidade como com a chatice, e muitas vezes pendia para a segunda.
A personagem principal, Harry Haller é um cinquentão, recluso e que nutre um asco por relações sociais; logo no começo é possível notar que a personagem é atormentada pelo o que parece ser uma depressão diante da condição dele e do mundo (aquela coisa de insatisfação burguesa, descrédito em instituições, só faltou falar 'da decadência da civilização ocidental'). Cabe ressaltar que o livro é de 1927, a primeira guerra ainda era recente e a segunda já começava a dar as caras nos anos seguintes. Tudo isso traz uma certa carga emocional, mas que cara chato foi Harry Haller. Nos momentos em que ele se sente superior aos que estão com ele ou nos que tenta impor seus desejos, eu via uma pessoa egocêntrica -- e pior, parecia ver a mim mesmo em alguns momentos, que hoje entendo serem frutos de pura bobeira da minha parte. Enfim, precisava protestar porque isso me atormetou durante o livro todo, ainda mais por causa da idade de Harry.
No mais, ele conhece uma mulher e depois outras pessoas, e aí o nosso cinquentão dá uma melhorada, e se torna mais tolável e tolerante -- embora, não sei até que ponto de forma genuína. Aí no final rola uma rendeção (?) em um processo extremamente confuso, tal qual a mente do personagem. Ao terminar, me vem o questionamento do quanto daquilo tudo não era o lobo realmente ou o Harry, um tipo de embate entre físico x fantastia, utopia x realidade.
A tradução que li foi a do Ivo Barroso, já renomada. Não leio alemão então não sei o grau de complexidade da escrita original (parece ser bem alta até), mas no português as coisas não fluíram tão bem em alguns pontos. Talvez valesse a pena uma nova tradução? Não sei e tanto faz, porque temos um trabalho primoroso.
Por fim, depois desse desabafo à lá lobo da estepe/Harry Haller, acho que me aposento de Hermann Hesse para os próximos anos. Acho que O Lobo da Estepe foi suficiente; a sensação enfadonha durante e a de alívio ao fim das leituras ligaram um alerta. Obviamente que essa resenha cheia de incoerências e reclamações não dimimuem a obra e nem o autor, mas vale a leitura para aqueles que entendem a obra no seu contexto histórico e o que ela permeia.
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Mari 12/04/2024

Uma leitura que me deixou de ressaca literária, mas que me despertou diversas reflexões. Sobre quem sou, como me vejo e como permito que as outras pessoas me vejam. Até que ponto somos nós mesmos diante de cenários distintos, ou melhor... até que ponto um "eu" existente deixa de agir para que outro possa entrar em cena? Psicose? Não.. não é exatamente disso que se trata a obra. A leitura é uma provocação filosófica dessas que todo indivíduo deve passar em algum momento na vida... bom mesmo que seja em vários. De qualquer forma, o personagem principal, Harry Haller, nos faz mergulhar em seu autodescobrimento e nos permite aprofundar em seu outro eu, o lobo da estepe. Ao longo da obra podemos perceber que na verdade quem está se desnudando é o próprio leitor. Por fim, deixo como sugestão que se entenda mais sobre a vida do autor antes de iniciar a leitura, pois se observa notável influência pessoal na obra. Obrigada, Harry.
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Day Mannrich 10/04/2024

Gostei muito desse livro. Fui profundamente impactada por ele e pelos dilemas do personagem. Profundo e melancólico.
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Diacrônico 29/03/2024

O lobo da estepe
Existem muitas formas de se contar uma história, e sob o ponto de vista do leitor, digo isso sob minha modesta opinião, que não basta apenas contar uma história, a narrativa precisa trazer o leitor para a jornada e assim fazer com que participe e seja carregado pela imersão.

Não se conta uma boa história, apenas quando o enredo é bem amarrado e a narrativa seja fluída , a leitura transmite sensações, e em ? o lobo da estepe ? isso é definitivamente posto à prova.

A leitura de um livro tão complexo, rico em alegorias, sensações, poderia dizer inclusive, que possui várias camadas, mas não, esse livro não tem simetria, ele não traz conforto, base sólida em sua estrutura, ele mais parece um delírio, uma sufocante é proposital exibição de guerra que acontece dentro de nós, algo que a psicanálise trata como depressão, forte crise existencial, monotonia, inconformidade cultural e suas novas tecnologias, dificuldades de lidar com o novo e com as mudanças, insociabilidade, uma fase turva e que mergulhamos juntos na narrativa. É insalubre, sufocante e totalmente proposital, temos ali uma dualidade permanente que envolve a trama, do início ao fim, e seu desfecho traz uma mensagem de esperança.

Esse livro requer tato, sensibilidade e muita, muita paciência, pois a narrativa sucumbe em pensamentos tão pesados, em declive, em queda livre para alguém que não enxerga plenitude, não vê esperanças nas pessoas, em seu modo de vida, em seu aspecto social, em sua forma de enxergar a beleza ou a ausência dela.

Flerta com o caos, traz uma vasta e sinuosa transição ao mundo novo encontrado através do uso de drogas, da libertinagem e da entrega, algo bem incorporado também por Huxley em suas obras como admirável mundo novo e portas da percepção, e é evidenciado também pelos modelos sociais que em 1927 estava justamente, se preparando para uma nova onda de guerra, afinal , estamos falando de uma obra escrita na Alemanha no período entre I e II guerra mundial.

Esse livro me desafiou, demorei pra pegar seu ritmo, mas com certeza, foi uma experiência incrível ler um livro tão atual é que daqui a poucos anos terá seu aniversário centenário.

Uma obra que fala, que tem corpo e é completa para todos nós, que possui o pensamento livre da mudança a partir da crise, da insanidade, do tempo e da fortaleza que criamos em volta de nossas rasas percepções do que é a vida em sua forma mais completa.

Espetacular.
JULIANA_PFRANCO 06/04/2024minha estante
Realmente, acertou já no início da resenha: ?parece um delírio!?
E em vários adjetivos que veio a citar.




Luisa876 26/03/2024

Então...
Li o livro, mas sinto que ainda preciso de muita releitura e reflexão para compreender e avaliar este livro adequadamente, portanto, avaliei de maneira mediana. Mas com certeza, conforme as releituras, a nota irá certamente mudar.
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Isabela.Tonial 23/03/2024

O Lobo da Espete acompanha a vida de Harry Haller, um homem de 50 anos que tem uma vida solitária, e após conhece uma mulher, Hermínia, que ajuda-o a sair da depressão.
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Tulio.Gama 21/03/2024

Maturidade em questão
Eu não teria apreciado esta obra em algum outro momento da minha vida. A absorção das ideias e a assimilação dificilmente teria efeito pleno se o leitor não tiver passado por alguns dos apuros existenciais do personagem central. Pois uma das crises do livro discute sobre a maturidade no auge da "maturidade", o que isso significa em termos espirituais - sem dogmas religiosos em si envolvidos. Além disso, desenvolve-se pensamentos sobre construção de personalidade e relevância humana individual. Exceto por uma passagem textual filosófica e prolixa, tudo é baseado numa história simples e envolvente que move o personagem nas suas questões. É uma belo clássico (escrito nos anos 1920) que surpreendentemente tem impactos fortes ainda para os tempos atuais.
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Renato 17/03/2024

Citação
O "burguês, como um estado sempre presente da vida humana, não é outra coisa senão a tentativa de uma transigência, a tentativa de um equilibrado meio termo entre os inumeráveis extremos e pares opostos da conduta humana. Tomemos, por exemplo, qualquer dessas dualidades, como o santo e o libertino, e nossa comparação se esclarecerá em seguida. O homem tem a possibilidade de entregar-se por completo ao espiritual, à tentativa de aproximar-se de Deus, ao ideal de santidade. Também tem, por outro lado, a possibilidade de entregar-se inteiramente à vida dos instintos, aos anseios da carne, e dirigir seus esforços no sentido de satisfazer seus prazeres momentâneos. Um dos caminhos conduz à santidade, ao martírio do espírito, à entrega a Deus. O outro caminho conduz à libertinagem, ao martírio da carne, à entrega, à corrupção. O burguês tentará caminhar entre ambos, no meio do caminho. Nunca se entregará nem se abandonará à embriaguez ou ao asceticismo; nunca será mártir nem consentirá em sua destruição, mas, ao contrário, seu ideal não é a entrega, mas a conservação de seu eu, seu esforço não significa nem santidade nem libertinagem, o absoluto lhe é insuportável, quer certamente servir a Deus, mas também entregar-se ao êxtase, quer ser virtuoso, mas quer igualmente passar bem e viver comodamente sobre a terra.
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Rfgaugustin 15/03/2024

O lobo da estepe foi um livro maçante pra mim.
Ele foi escrito há mais ou menos 100 anos e conta a história de uma crise de meia idade de um homem q reconhece um lado mais selvagem livre, animalesco, indomado da sua personalidade, que ele chama de lobo da estepe.
O livro é considerado moderno pela sua estrutura, que é o livro dentro do livro ( o Prefácio é escrito por um dos personagens e o livro teria sido escrito pelo protagonista).
O início do tratado do lobo da estepe é bem pessimista, amargurado e apresenta o lado lobo pro leitor, abordando inclusive os prós do suicídio (temática bastante abordada no livro).
Aí acontecem algumas coisas, ele toma umas drogas e adentravo Teatro Mágico, uma instituição da proprua mente dele onde tudi é possível e permitido, exceto viver amargurado como ele vive. Todos os personagens apresentados são versões do protagonista, inclusive as mulheres. Nesse teatro várias "aventuras" sao experimentadas e o propósito disso é ensinar o cara a levar a vida mais tranquilamente, ser alegre, ter humor, ser feliz com o q se tem, encarar as coisas de outro modo.
É meio conhece-te e aceita-te, o texto tem um viés meio psicanalítico, meio enfadonho mas tem seu público...
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Carol 14/03/2024

Der Steppenwolf
O lobo da estepe é dividido em 3 partes.

A primeira parte, introdutória do livro, é o ponto de vista de um rapaz burguês, sobrinho da locatária do protagonista. Nessa parte, são expostas suas impressões do personagem Harry Haller, auto intitulado lobo da estepe, evidenciando a estranheza que o estilo de vida e personalidade de Harry, muito diferentes do tradicional, causam nas pessoas ao redor. A segunda parte é um manuscrito do próprio protagonista, não ficando claro se tem cunho ficcional ou biográfico.

Harry haller, protagonista do livro seria um alter ego do escritor Hermann Hesse. Inclusive, o protagonista tem 50 anos, mesma idade do escritor quando escreve o livro. Alguns paralelos entre a vida do autor e do personagem podem ser observador, como por exemplo, Harry em uma passagem fala que recebeu uma educação que visava "quebrar a personalidade dele" e, da biografia do escritor, sabemos que Hermann era filho de monge pietista e foi criado para seguir a mesma carreira do pai.

Harry está em crise existencial no livro, em busca de sentido, não consegue se conectar a vida burguesa que o rodeia, não por desprezar o estilo de vida, em algumas passagens até conseguimos sentir sua admiração, e sim por estar completamente alheio a ele. Se sente sozinho, desconectado do mundo - sem mulher, filhos e até trabalho tradicional. Sempre foi muito introspectivo, dedicado às atividades intelectuais, o personagem cita inúmeras vezes seu gosto pela alta cultura alemã, Wagner, Goethe, Nietzsche, entre outros.

Por um lado o personagem deseja estar sozinho, principalmente devido ao sentimento de superioridade de sua parte, uma vez que sente ter mais cultura do que os seus pares. Por outro, se sente sozinho e carente de conexões humanas. É nisso que consiste a dicotomia homem-lobo trabalhada na obra. O lobo representa o desejo de solidão e o homem o desejo de viver em sociedade. E o personagem Harry em crise no meio, vítima de dois instintos opostos. No entanto, como deixado bem claro no tratado do lobo das estepes, essa dicotomia é apenas uma simplificação uma vez que há "inúmeras almas" em cada um.

"O peito, o corpo, é sempre uno, mas as almas que nele residem não são nem duas, nem cinco, mas incontáveis; o homem é um bulbo formado por cem folhas, um tecido urdido com muitos fios"

O tema do suicídio é abordado levemente na obra, de forma coerente com o tema de sentido da vida (considerando o suicídio a ausência de sentido total. E, nesse sentido, a obra dialoga com o Mito de Sísifo de Camus: "Só há uma questão Filosófica verdadeiramente séria: o suicídio". Uma definição bem interessante do que seria um suicida consta na obra "Para nós, entretanto, são, apesar disso, suicidas, pois veem a redenção na morte e não na vida; estão dispostos a eliminar-se e a entregar-se, a extinguir-se e a voltar ao princípio."

Ao conhecer Hermínia, sua vida começa a mudar. É o ponto de virada da obra, pois o personagem começa a aprender a ter uma vida comum. Hermínia o ensina a dançar, ouvir músicas populares e a ir em eventos populares. Tem até um diálogo interessante no livro em que Harry pergunta a ela "por que você escuta músicas populares quando existe Wagner?", evidenciando o quanto Harry estava desconectado da realidade mundana. Só depois que o personagem começa a tolerar o "normal" que sua solidão começa a ser mitigada e ele consegue aos poucos "matar" o lobo das estepes.

"o senhor tem de viver e aprender a rir. Tem de aprender a escutar a maldita música de rádio da vida, tem de reverenciar o espírito que existe por trás dela e rir-se da algaravia que há na frente."
"aprenda a levar a sério o que merece ser levado a sério, e a rir de tudo mais"

Essa obra, talvez, evidencie o caminho percorrido pelo personagem ao lidar com sua crise. Caminho este que não é claro, e nem se pretende a ser, de forma que o fim da obra se torna um pouco enigmático, sombrio e obtuso a maioria.
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legolas_ 12/03/2024

Hermann Hesse com 50 anos saindo do armário péla ducentésima vez em Lobo da Estepe. Eu comecei esse livro não esperando nada dele pq o último que tentei ler desse autor (sidarta) deu um nó no meu cérebro, mas a escrita eh bem menos densa e no geral é muito interessante de se ler. Percebi muitas referências psicanalistas e como estudante de psicologia isso me deixou verdadeiramente feliz. Pra mim o Harry é uma alegoria da frustração e da contenção do Hermann Hesse, e a Herminia uma caricatura romântica do lado ?feminino? do autor.

Riscando hétero e cis da fichinha do Hermann Hesse.
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13marcioricardo 11/03/2024

Um lobo perdido.
O Lobo da Estepe foi o livro que capturou Clarice Lispector para a literatura, segundo ela mesma. Realmente, é um livro diferenciado. Existencialista, surrealista, pessimista e algo mais. Um livro sem capítulos que pode tornar a leitura exaustiva. Não é difícil, mas é denso. Vale muitas reflexões.
Regis 12/03/2024minha estante
Vou ler ele antes de começar Clarice. Obrigada pela dica. ??




Marina 09/03/2024

Hm
Ta na minha lista há anos porque sempre achei o título interessante.

O livro é uma coletânea de divagações e relatos de Harry, um homem de em torno de 50 anos, intelectual e excêntrico, que vive em um quarto alugado em um bairro burguês europeu.

Harry acredita ter em si um pouco do super homem de Nietzsche, ser parte lobo, feroz, contra o status quo da burguesia padrão. Ele se orgulha de ter escrito textos contra a guerra, o patriotismo e o nacionalismo e vive de forma desregrada e boêmia.

Ao longo do livro, ele revisita vários conceitos e vai se reabrindo para o mundo e para novas experiências - essa parte da narrativa traz várias referências à psicanálise.

Até aí ok, mas a forma de fazer isso me pareceu forçada e clichê.

Os pensamentos de Harry demonstram múltiplas formas de racismo e sexismo. As personagens femininas na história são rasas e / ou pontes emocionais para ele e predomina uma crença na superioridade da arte e cultura brancas.

Achei o livro razoável, mas não recomendo.
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Tiago830 22/02/2024

?Ah, é difícil achar essa trilha de Deus em meio à vida que levamos, na embrutecida monotonia de uma era de cegueira espiritual, com sua arquitetura, seus negócios, sua política e seus homens!?

É com esse sentimento que se inicia ?O Lobo da Estepe?, romance publicado em 1927 pelo alemão Hermann Hesse.
Em suas pouco mais de 200 páginas, a obra nos descortina o percurso realizado por Harry Haller em busca de respostas que esse ainda não encontrou à altura de seus 50 anos. Suas inquietações, comuns a sua época, muito se estendem até hoje, e parecem ter prevalecido no ocidente desde o fim dos novecentos, a saber, a incompreensão, a angústia diante da matéria da vida que parece superar o etéreo, o sublime.
Se isso é verdade, então, o que antes era a música norte-americana que se injetava no mundo através de uma forte propaganda, hoje é? Poupo-me de dar exemplos: Hesse os pode sugerir. E, talvez, seu grande feito em ?O Lobo da Estepe? seja afirmar que o mundo é o mundo, e que as pessoas continuarão sendo pessoas, tendo de se manifestar de diferentes formas, como julgam ser o certo em determinada época.
Aprenda-mos, então, ?a escutar a maldita música de rádio da vida? e a ?reverenciar o espírito que existe por trás dela?. Por fim, que a compreendamos ou dela riamos, se não nos considerarmos capazes de dançá-la.
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