Daniel432 08/04/2012
Síndrome da Continuidade
Todo autor que se dispõe a escrever dois ou mais livros sobre assuntos correlatos corre o risco de escrever um segundo livro muito menos interesante que o primeiro.
O primeiro livro tem a vantagem do ineditismo do assunto e a criatividade do autor flui mais facilmente. No segundo,às vezes o autor teima em seguir uma linha que demonstrou-se um sucesso no livro anterior e a criatividade muitas vezes se vê tolhida diante desta prática.
Outro fator que, do meu ponto de vista, influencia na qualidade do livro é a quantidade de informações históricas disponíveis, às vezes ao escrever sobre um personagem o autor tem acesso a uma quantidade enorme de informações e quando vai escrever sobre outro, tentando manter o roteiro de sucesso do anterior, a quantidade de informações sobre este novo personagem não é grande e o livro não fica tão atraente.
Esta síndrome não é privilégio de Gavin Menzies, outros autores se enveredaram por esse caminho, tais como Carlos Ruiz Zafón com o excelente policial A Sombra do Vento e a patética continuação de O Jogo do Anjo. Conn Iggulden também pode ser incluído nesta categoria, apesar da sua segunda trilogia O Conquistador que narra a vida de Gêngis Khan poder ser considerada boa, ela não chega perto da qualidade da trilogia anterior, O Imperador, que narra a vida de Júlio César. Por que a primeira ficou melhor?? Para mim, o que mais pesou contra Gêngis Khan foi a dificuldade do autor em obter dados históricos reais, a quantidade de fontes disponíveis sobre Júlio César é muito maior!!
Mas por que 1421 é melhor que 1434?? Somente porque foi escrito e lançado primeiro?? Não somente isso. Para mim também pesou contra 1434 o fato das provas serem menos substânciais, mais díficeis de se comprovar. Em 1421, Gavin Menzies mostra inúmeras provas físicas (destroços de barcos, pedras com inscrições, estatuetas e até mesmo remanescentes de povos de língua chinesa) que tornam o livro 1421 mais interessante do que este.
De qualquer forma, este é um livro interessante que merece ser lido, mas vou aguardar ansioso a publicação de algum artigo ou outro livro que procure confirmar ou contestar as afirmações deste livro bem como de 1421.