Andreza 03/03/2013Tema histórico com carinha de gibi!O livro conta um feito marcante: a chegada no Brasil, em 1927, dos heróis João Ribeiro de Barros, João Negrão, Newton Braga e Vasco Cinqüini. Esses quatro notáveis homens foram os primeiros a fazer uma travessia pelo Oceano Atlântico a bordo de um hidroavião sem contar com a ajuda de barcos ou aparelhos de comunicação.
O grande feito histórico é contado em alguns livros. Porém, um livro em especial usa quadrinhos para contá-la, ele leva o nome de “Jahú – Sonho Com Asas” (ISBN 978-85-88948-81-5), lançado em 2009 pela Editora Panda Books. Ivan Jaf foi o responsável por romantizar a história de João Ribeiro de Barros e ficou a cargo de Ronaldo Barata transformá-la em imagens. O livro é lindo, parece mais uma revista em quadrinhos de luxo.
A história toma como base fatos reais, porém, é contada de uma forma nova, como se fosse um sonho de um garoto que acaba por conhecer o próprio João Ribeiro de Barros e ouvir dele – ou melhor, de sua estátua – sua história.
Aliás, a história começa com Almir, um menino engraxate. Embora seja pobre e passe por necessidades junto de sua família, ele se recusa a pedir dinheiro e prefere trabalhar para assim mostrar que é digno de receber as moedas que consegue para ajudar em casa.
Porém, o menino de 14 anos tem apenas R$ 3,20 no bolso e precisa tomar uma decisão as 9 horas da noite: comprar mais uma lata de graxa para poder trabalhar no dia seguinte ou pegar o ônibus para casa.
Ele acaba optando por comprar seu material de trabalho e caso não consiga nenhum outro cliente dormiria ali mesmo, o que não seria a primeira vez. Começa a chover e o garoto tenta se proteger como pode, é nesse momento que ele lê uma revista em quadrinhos que guardava em sua caixa de engraxate para tentar esquecer do frio.
Um senhor desce do ônibus com um sapato sujo, o menino se anima, apenas um cliente e ele voltaria para casa, porém sua lata de graxa cai de seu bolso e rola pela rua até um bueiro. Ele queria chorar, mas não pediria dinheiro para voltar para casa.
Desconsolado, ele decidiu dormir para a noite passar mais rápido. Porém, no meio da noite, Almir é acordado por um segurança que lhe expulsa do local.
Sem ter para onde ir, ele desce a rua Edgard Ferraz (que realmente existe) a procura de um canto coberto para passar o resto da noite chuvosa. É assim que ele chega a igreja Matriz. Em frente a uma grande porta de madeira, com o piso úmido devido a chuva, ele pega sua revista e forra o local para tentar dormir um pouco mais, pobremente protegido da chuva que ainda cai.
Porém, não demora para que seja acordado por outro segurança e colocado para correr novamente. Foi assim que desceu a escadaria e seguiu para a praça, do outro lado da rua, a frente da igreja. Lá ele senta em um banco e observa uma estátua em bronze, feita em tamanho real, de alguma figura importante. Ele se sentia sozinho e ao olhar para a estatua era como se ela sorrisse para ele.
Almir notou que aquela estatua era diferente de todas a que já havia visto, os olhos do moço ali retratados demonstravam cansaço, suas roubas estavam amarrotadas e ele segurava um óculos de trabalho, como o usado por seu pai para trabalhar com solda na fábrica. Aquele senhor pareceu se mexer e falar com ele.
O garoto se assusta a princípio, mas tenta manter a calma quando a estátua puxa papo com ele. A estátua pergunta o nome do garoto, que diz chamar-se Almir de Oliveira, e se apresenta posteriormente como o comandante João Ribeiro de Barros e que desde que virou estátua aproveita as noites desertas e chuvosas para se espreguiçar.
Almir aponta que ele deve ter sido importante, afinal, virou estátua. João lhe diz que é porque fez algo importante quando tinha 27 anos. Assim, a estátua começa a contar a saga de João Ribeiro de Barros e seus amigos. Alguns pontos, obviamente são romantizados e não são apegados a fatos totalmente reais (como a traição de Arthur Cunha é contada de forma sutil), outros ficam um pouco falhos (como Gago Coutinho e Sacadura Cabral são apontados como os primeiros a fazer a travessia e não é explicado que eles a fizeram com ajuda de comboio marítimo, e o feito dos brasileiros – e do italiano de coração brasileiro, Vasco Cinqüini – foi justamente o de serem os primeiros a atravessar o oceano sem esse apoio).
Durante a narração, João conta a Almir todos os percalços que enfrentaram, desde a dificuldade para se comprar um hidroavião, a sabotagens que sofreram, a descreça que sofreram do próprio presidente Brasileiro (então Whasigton Luís), entre outros.
Almir também conta sobre sua vida a João, e o aviador o incentiva a lutar por seu sonho, a estudar e se tornar um advogado, como ele deseja. O livro trás uma história romantizada em cima de um feito histórico marcante e com toda certeza poderia ser adotado como material de estudo por escolas na cidade de Jaú e em todo o país sem problema algum.
Ao final da história, ainda é possível encontrar fotos reais dos aviadores, além de um resumo de fatos históricos marcantes até 2007. Um presente para quem ama história, quadrinhos, personalidades e, é claro, um bom livro!