spoiler visualizarTati 04/01/2012
Suspiros poéticos e saudades
Em sua obra, Suspiros poéticos e saudades, publicada em 1836 o autor Gonçalves de Magalhães procurou criar uma literatura nacional, a qual dividiu em duas partes “suspiros poéticos” e “saudades”, esta obra foi considera a inaugural do Romantismo no Brasil.
A primeira parte é dividida em 43 poemas sobre os mais diversos temas, relacionando os diversos países em que o poeta já esteve. Entretanto a segunda parte apenas com 12 poemas relata às saudades do poeta por pessoas, fatos e lugares os quais fizeram parte da vida do poeta.
Magalhães em seu livro fazia um diálogo com alguns poemas, como por exemplo, o poema A meu amigo D. J. G. de Magalhães, o que provavelmente não tenha sido feito por ele, pois o poema seguinte Em resposta a meu amigo M. de Araújo Porto Alegre, é feito como resposta ao anterior. O que nos leva a crer que o primeiro poema tenha sido feito por Manuel de Araújo Porto Alegre, já que nessa época os poetas tinham o habito de trocarem “correspondências” poéticas nas próprias obras.
O seu livro expressava um contato direto com a cultura erudita européia, sacralizada aos olhos dos românticos brasileiros. O Prólogo de Suspiros poéticos e saudades foi o primeiro manifesto teórico do romantismo brasileiro.
Segundo o autor, o Prólogo tem a função de designar o caráter da obra, e também fazer desaparecer os preconceitos que venham a reduzir a obra. É um Livro de Poesias escritas segundo as impressões dos lugares, são poesias de um peregrino, variadas como as cenas da Natureza, diversas como as fases da vida, mas que se harmonizam pela unidade do pensamento, e se ligam como os anéis de uma cadeia; poesias d'alma, e do coração, e que só pela alma e o coração devem ser julgadas.
Em seguida, o autor discute sobre quem ao menos uma vez se separou de seus pais, chorou por um amigo, vagou de cidade em cidade, quem chorou pelas injustiças, pela miséria, de maneira a abordar os temas tratados em seu livro e diz necessário para avaliar esta obra, três coisas relevam notar: o fim, o gênero, e a forma.
Consoante o autor, o fim deste livro, tem por função elevar a Poesia à sublime fonte donde ela nasce, indicando no Brasil uma nova estrada aos futuros engenhos. Gonçalves trata a poesia como aroma d’alma, religião e moral como “aquela que nos ensinou o Filho de Deus, aquela que civilizou o mundo moderno, aquela que ilumina a Europa, e a América e só este bálsamo sagrado devem verter os cânticos dos poetas brasileiros”.
Depois de determinado e conhecido o fim, o gênero se apresenta naturalmente, pois fazer uma obra de arte era imitar a já existente. Quanto à forma, é exprimir as idéias como elas se apresentaram.
O autor finaliza, tratando que o livro é uma tentativa, é um ensaio, que basta satisfazer o público para continuar a escrever novas obras. Na reta final de seu texto, o poeta expõe que esta obra é fruto “tributo que pagamos à Pátria, enquanto lhe não oferecemos coisa de maior valia; é o resultado de algumas horas de repouso, em que a imaginação se dilata, e a atenção descansa, fatigada pela seriedade da ciência”. Esta que ele transmite cheio de amor pela Pátria e de esperanças em Deus, e no futuro.