Naty__ 26/05/2014O livro trata de abordar sobre as injustiças aplicadas pela justiça penal e sobre a importância que o direito tem para diminuir essas irregularidades.
A autora menciona 22 casos, relatando crimes, o descaso aplicado pelo sistema penal, através das autoridades, de forma escabrosa. Advogados, desinteressados, que abandonam seus clientes, seja por não ter condições de pagar ou simplesmente por ser do Estado e não se interessar em solucionar a causa. Ainda, juízes que humilham o réu como se ele fosse um animal da pior espécie. É nesse teor do descaso que surge a advogada Alexandra. Através do livro é possível desvendar uma profissional cheia de talento e dedicação, uma advogada que se preocupa e sente amor pelo próximo, não pelo fim monetário.
Crimes cometidos em legítima defesa, como no caso de Rosalina, em que a autora comenta, são assustadores. Rosalina, a ré, foi humilhada no tribunal, em frente aos filhos, por ter assassinado seu marido quando estava sendo violentada. O promotor a insultou na frente de todos ao falar de sua doença e declarando que a pena dela deveria ser mais branda, que 12 anos prisão era muito. Ele declarou: “uma aidética morrendo na cadeia seria um desperdício; custaria muito caro aos cofres públicos e a nós, contribuintes”. Indignada com a tese defendida pelo promotor, Alexandra relata com detalhes a reação da ré:
“A ré estava ao meu lado. Olhei para ela e a vi de perfil, a cabeça baixa e as lágrimas de vergonha e tristeza caindo no seu colo, enquanto o promotor lhe apontava o dedo acusador diante de todos, inclusive de seus filhos. Pedi para retirá-la da sala, o que foi prontamente autorizado pelo juiz. Fiz a defesa, procurando mostrar aos jurados quão profundamente injusta seria a pena de doze anos de prisão, considerada adequada pelo promotor. E, por unanimidade, eles concordaram comigo” (SZAFIR, 2010, p.17).
Mais do que um livro sobre casos, ou melhor, descasos do direito dos excluídos, o livro é praticamente uma autoajuda. Além de mostrar e instruir os atuais advogados e futuros aos procedimentos certos, os orienta a se preocupar com a pessoa que está para ser defendida, não com seus bolsos. O importante é o bem estar do próximo e a defesa do inocente. É disso que trata Alexandra. Ela dedicou parte da sua vida tirando pessoas da prisão, muitas delas que estavam ali sem ter motivo algum, apenas não possuíam condições para contratar um advogado e mostrar sua inocência.
Além disso, a autora confessa sofrer de uma doença chamada “esclerose lateral amiotrófica”. Em decorrência da doença, ela teve suas pernas, mãos, braços e costas afetadas. Por fim, a deglutição e a fala impediram-na de escrever e ditar para que alguém fizesse em seu lugar. O livro é comovente e mostra que, mesmo sem os movimentos, ela não desistiu e continuou firme. Conseguiu concluir seu livro com a ajuda de uma fonoaudióloga que instalou alguns programas em seu computador, possibilitando que ela digitasse com o nariz. Enquanto muitas pessoas não tem nenhuma deficiência física e podem fazer inúmeras coisas para ajudar o próximo, fazem o oposto.