Ju 09/04/2014O Lobo de Wall StreetO Lobo de Wall Street é a primeira parte da autobiografia de Jordan Belfort. O autor já começa deixando claro que não se orgulha dos fatos que divide com o leitor. Ele quer mostrar que, ao contrário do que muitos podem pensar, dinheiro não é garantia de felicidade.
"Às vezes fico me perguntando se você se deixa dominar pelo dinheiro (...). Sei que usa o dinheiro para controlar pessoas, e não há nada de errado nisso. É assim que funciona o mundo (...). Mas estou preocupada com a possibilidade de você permitir que o dinheiro o controle, o que não é nada bom. Dinheiro é a ferramenta, (...), não a construção; pode ajudar a se fazer conhecidos, mas não amigos verdadeiros; pode lhe comprar uma vida de prazer, mas não uma vida de paz."
Jordan tem uma empresa de corretagem (na verdade, um banco de investimentos). Ou seja, ganha dinheiro através da especulação. Nunca teve problemas em enganar ou trair alguém, muito pelo contrário, isso faz parte de sua vida. Emprega jovens que sonham em ter seu padrão de vida. Dois de seus funcionários, inclusive, já tiveram sua ajuda para abrir as próprias empresas e se tornaram verdadeiramente milionários. Mas ele não pretende fazer isso pela maior parte dos strattonistas, como chama as pessoas que trabalham para ele. Pelo contrário. Paga-lhes o suficiente para que se mantenham gratos, felizes e leais, mas nunca o necessário para que consigam se desligar dele. Esses jovens querem ter o mesmo padrão de vida que seu chefe, e o que ganham nunca é o suficiente para isso. Tudo bem pensado, como todo o resto na vida do lobo de Wall Street.
Achei muito cansativo tudo o que ele precisa fazer para manter seu império. O cara não pode se permitir ter uma atitude espontânea em nenhum momento. Precisa tomar cuidado com todos os outros seres humanos, viver cercado de seguranças, procurar constantemente por escutas em sua casa e em seu local de trabalho, uma vez que sabe que faz muitas coisas ilegais. Tanto ele quanto seus funcionários dependem de drogas para aguentar a pressão (e a consciência). Só dorme direito a base de medicamentos - e isso quando não abusou da cocaína a ponto de ficar acordado por vários dias. Sinceramente, isso não é vida. Tanto não é que vários de seus empregados já optaram pelo suicídio.
"Qual a parcela de culpa das drogas para eu ter esta vida sombria? (...) Tenho de admitir que era fácil colocar toda a culpa nas drogas, mas, é lógico, eu ainda era responsável pelas minhas ações."
Não pensem que essa é uma leitura fácil. Não me entendam mal, eu amei esse livro! Amei demais. É uma autobiografia, mas tem a fluidez de um livro de ficção. Em nenhum momento a história se torna chata ou desinteressante. O ritmo do livro é fantástico. Mas não é nada agradável acompanhar tudo de ruim que o Jordan faz. No início da narrativa, ele consegue se convencer de que todos os seus abusos são justificados por seu dinheiro e pelo dinheiro que permite que outras pessoas tenham também. Por exemplo, que mal há em estar sempre com prostitutas se a esposa dele tem todo aquele dinheiro à disposição para satisfazer suas vontades? Que mal há em não pagar o que seria realmente justo a seus empregados, uma vez que eles já ganham mais que a média de mercado?
"Culpa e remorso eram emoções desprezíveis, não? Bem, sabia que não, mas não tinha tempo para elas. Seguir em frente; esse era o segredo. Corra o máximo que puder e não olhe para trás."
Também achei a letra menor que o que eu considero adequado, acho que isso é culpa do kindle, estou cada vez mais adaptada a ele e amo a possibilidade que ele dá de escolher o tamanho da fonte. Aí quando pego um livro físico e não posso fazer isso, fico meio decepcionada... rs...
Esses dois fatores, o fato dos acontecimentos não serem nem um pouco agradáveis de testemunhar e a fonte pequena, me fizeram demorar bastante para terminar a leitura. Lia normalmente 30 páginas de cada vez, o que para mim é bem pouco... Mas já estou sentindo falta da história, agora que finalmente a terminei.
No fim, Jordan faz um pequeno resumo de tudo o que aconteceu depois que o período descrito em O Lobo de Wall Street chegou ao fim. Acredito que tudo o que foi citado será detalhado no próximo volume de sua autobiografia, então espero conseguir ler logo a continuação, A Caçada ao Lobo de Wall Street. Na verdade, à primeira vista ele me atraiu bem mais que esse primeiro livro, mas considero essencial ler na ordem. Não dá para entrar na história sem conhecer tudo o que o Jordan viveu. Leitura recomendada, mas preparem-se para querer esganar o protagonista.
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