Literalmente eu acabei de terminar a leitura e corri para escrever essa resenha. Não era ela que ia ao ar hoje, mas eu preciso falar sobre esse livro. Quando o comprei não acreditava muito na história tanto é que ele está na estante tem muito tempo. Mas hoje posso dizer que nunca estive tão enganada na minha curta vida literária. É emocionante, é sensível e é corajoso. Retratar uma época que muitos gostam de fingir que não aconteceu. É um livro que deveria ser lido por todos.
O Mississipi de 1960 era o inferno na terra para um negro. A luta pelos direitos civis estava varrendo os Estados Unidos. Martin Luther King marchava pelos direitos dos negros, James Meredith se tornava o primeiro negro admitido em uma universidade, Rosa Parks se recusava a ceder seu lugar no ônibus a um branco. Negros eram espancados todo dia. Mercados, bibliotecas, escolas, banheiros, tudo era separado. No meio dessa guerra irracional encontravam-se as empregadas domésticas, mulheres criadas desde cedo para trabalharem na casa de patroas brancas. Educadas para aceitar tudo. Mulheres que criavam os filhos das patroas como se fossem seus, tratavam suas febres, cuidavam de sua comida. Crianças que inevitavelmente cresciam para se tornar os novos patrões. Tão doentes de preconceito quanto. Crianças que viviam no colo das "negras", que amavam aquelas mulheres, às vezes mais do que as próprias mães, mas que a sociedade se incumbia distorcer e na maioria das vezes vencia aquele amor.
A vida de três mulheres tão diferentes, mas tão iguais. Conhecemos Aibileen, a empregada que já está em sua 18ª criança. Perdeu o filho que sonhava em ser escritor e atualmente trabalha para os Leefolt. Está decidida a não deixar Mae Mobley crescer racista. Minny que tem o pavio curto e foi difamada pela cidade inteira pela racista-mor Hilly Holbrook. Por esse motivo só consegue trabalhar para Celia, mulher de origem pobre que casou bem e não é aceita pelas mulheres da cidade. E por último Skeeter, uma moça que por ser alta demais, inteligente demais e diferente ainda não casou. Ela foi criada por uma negra e pouco a pouco vai ficando enojada com os projetos racistas de Hilly, começando a ter uma inquietação dentro si. Através disso ela começa a trabalhar no jornal da cidade, uma coluna sobre cuidados domésticos, porém por não saber nada sobre o assunto ela se aproxima de Aibileen. A partir daí os diversos acontecimentos trágicos e inaceitáveis culminam na ideia do livro e em uma amizade lenta e desconfiada entre as duas.
A história flui tão bem e a narração da autora é tão sincera que as páginas foram passando sem eu notar. É uma narrativa com detalhes sutis que fazem muita diferença. Como o primeiro encontro de Skeeter na casa de Aibileen. Todo o medo de ser descoberta, o medo de estar fazendo a coisa errada. É nesse cenário que acompanhamos o desabafar de uma vida, histórias tristes, humilhantes e até felizes. Minny, Aibileen e outras empregadas constroem aos poucos a história do livro que uma vez publicado destrói o mito que o sul americano construiu de amor e afeição entre patroas brancas e empregadas negras.
É um livro de sensações, você fica revoltado, triste, feliz, você ri e fica sem palavras durante a leitura. É um tema forte, e que até hoje é incomodo, escrito de maneira única. A autora soube mesclar sentimentos sem parecer falso e sem ser pretensiosa. É um livro que por causa do tema foi recusado 50 vezes antes de ser publicado e que recebeu críticas dura e ignorantes. Um livro que entrou na minha lista de favoritos por ser duramente belo e triste. Fico imaginando se tivesse existido uma Skeeter naquela época com seu livro se teria valido de alguma ajuda.
Último parágrafo em: http://cultivandoaleitura.blogspot.com/2012/02/resenha-resposta.html