Vitória 29/08/2022
Esse livro teve um hype gigantesco lá por 2011, 2012, quando eu tinha acabado de descobrir o booktube. Na mesma época, foi lançado o filme baseado nessa obra, e eu lembro de pensar que esse era o tipo de história que tinha tudo que eu gostava, mas por algum motivo fui adiando a leitura, até acabar por esquecê-la. Não lembro o que fez esse livro voltar pro meu radar, mas do fim do ano passado pra cá a vontade de lê-lo voltou com força, e eu só fico grata por isso, porque essa história é incrível.
Nem sei por onde começar a falar desse livro, mas tenho que dizer que é uma narrativa muito impactante. A gente começa o livro acompanhando a história da Aibileen, que por si só já é fortíssima mas, quando eu pensava que íamos ficar só nisso, a autora chegou com outras perspectivas que só fizeram tudo se tornar ainda maior ao meu ver. Pela Aibileen temos a empregada negra que cuida de crianças brancas, que entende que essas crianças ainda não têm o pensamento racista dos pais dentro delas, mas que a chance disso acontecer mais cedo ou mais tarde é gigantesca. Ainda assim, ela ama esses bebês e faz de tudo pra que eles se tornem pessoas boas no futuro, apesar do ambiente em que são criados. A relação dela com a Mae Mobley é linda, ao mesmo tempo em que é dolorosa e real pro contexto da época.
A Minny talvez seja a minha personagem favorita do livro. Ela é uma mulher fortíssima, mas que é tolhida tanto no trabalho quanto em casa, por causa das relações abusivas às quais ela é submetida. Os capítulos dela com a Celia foram aqueles pelos quais eu mais esperei. Achei importante a autora ter colocado outro contraponto à Hilly e às outras mulheres da época, até mesmo porque a Skeeter é um tipo diferente de protagonista. A Celia não é daquele jeito por ter tido acesso à informação, mas sim por ter crescido em uma realidade diferente, e só por isso ela também é renegada pelas mulheres da cidade. Amei a amizade que as duas constroem aqui, e o papel importante que a Celia tem no processo de libertação da Minny do marido abusivo.
A Skeeter foi de longe aquela com quem mais eu me identifiquei. Eu tenho hoje a mesma idade que ela tem no livro e, mesmo que 60 anos nos separem na história, eu sinto muitas coisas que ela diz sentir aqui, como o sentimento de não saber direito quem você é, de tentar encontrar seu lugar no mundo e não conseguir, e de achar que não vai ser aceita do jeito que é por ninguém. Eu sabia desde o início que o Stuart era um boy lixo, mas foi impossível não torcer pelos dois, porque eu me apaixonei junto com ela. Sofri com o término, principalmente pelo jeito que aconteceu, mas entendo que isso era necessário. A autora escreve uma história extremamente real, e ela não deixa de ser assim sequer no final. Eu cheguei a pensar que teríamos um final com todas felizes e bem, mas se fosse assim a gente não estaria falando dos EUA da década de 60.
O filme é muito fiel e maravilhoso, mas eu ainda prefiro o livro. Muita coisa que acontece com personagens secundários é cortada, até porque o livro é muito longo, mas isso acabou tirando um pouco do sentimento de terror que foi tomando conta de mim conforme eu ia avançando na leitura. Mesmo quando as protagonistas estão bem, sempre tem algo de horrível acontecendo com aqueles que estão à volta delas, e isso faz com que o leitor tenha medo do que pode vir na página seguinte. Ainda fico chocada de pensar que esse foi o romance de estreia da autora, e queria ter outras coisas dela pra ler. Agora só me resta aguardar.