Minmin 09/04/2021Marciano Luther King"Ninguém da minha família jamais perguntou a Demetrie como era ser negra no Mississippi e trabalhar para a nossa família branca. Nunca ocorreu perguntar. (...)Durante muitos anos desejei ter tido idade e consideração suficientes para ter feito a Demetrie tal pergunta (...) Passei muito tempo imaginando como seria a sua resposta. E essa é a razão que escrevi este livro".
Primeiro de tudo, gostaria de dizer que esse livro começa lentamente, como uma massinha de pão no forno, a cada capítulo, o pão vai aumentando, ganhando forma, exalando cheiro e então, de repente, ele está pronto. Foi assim que me senti lendo, muitos momentos tive vontade de chorar porque, por mais que seja um ficção como a autora disse, não é assim tão impossível que as histórias contadas fossem absurdas demais para não serem nem que seja um pouquinho próximas da realidade. Mas também quis abraçar cada uma das personagens, até às que falavam besteira. Não consegui evitar pensar no quanto é errado assumirmos que alguém é inteiramente mal ou bom. Um exemplo é Hilly, a pior personagem que já li, mas me vi desejando segurar sua mão e explicar porque seus pensamentos são tão tortos, queria apontar para ela os momentos de sua incoerência, de seu preconceito velado a uma falsa necessidade de controle e ajuda.
Segundo, não gosta muito de ler os agradecimentos, mas o de Kathryn Stockett me surpreendeu. Além de explicar algumas coisas sobre Mississipi, também falar um pouquinho do que influenciou esse livro tão apaixonante.
Vale muito a pena, eu mesma ao longo da leitura tive vários questionamentos. Como podem todas essas empregadas negras criarem bebês brancos e esses bebês crescerem tão cheios de preconceito com outras empresas negras??? Minha mente deu milhões de voltas. Mas o final enche tanto o coração.
Aibee foi livre, Minny foi livre. E espero do fundo do meu coração que muitas mulheres negras que passaram por isso, e que passam por isso até hoje em várias partes do mundo, sejam livres também.
Ah, e sobre o Marciano Luther King? a nenezinha da Aibee sabe contar essa história muito bem. Mas é segredo. Você precisa ler para descobrir.
Ps.: O livro se passa nos anos de 1963/64, em torno disso.
"Todas as pessoas de cor de Jackson se enfiam na frente da teve para ver Martin Luther King na capital do país falando que tem um sonho (...) Não posso acreditar que tantas pessoas lá ? 250 mil. E o mais curioso é: 60 mil delas são brancas".