thamirisdondossola 14/07/2016
Zezinho, o Dono da Porquinha Preta
Zezinho, o Dono da Porquinha Preta é mais um dos livros que eu li para as postagens especiais em homenagem a série Vaga-Lume. Nesse caso, não se trata de uma releitura, é a primeira vez que estou lendo o livro de Jair Vitória. Confesso, inicialmente, que fiquei surpresa com a história. É claro que eu sei que os acontecimentos se passam em um tempo passado, que naquela época as coisas funcionavam daquele jeito mesmo e ninguém contestava. Mas, eu não seria sincera se não trouxesse para vocês nessa resenha, as minhas reais impressões.
O pai de Zezinho, um homem antiquado e agressivo, que não pensa duas vezes antes de dar uma surra no filho e explorá-lo com trabalhos que uma criança não deveria fazer, decide, como se já não bastasse, vender Maninha, a porquinha de estimação de seu filho. Maninha foi criada dentro de casa quando pequena, mas assim que se tornou adulta, começou a dar trabalho e foi colocada para fora. E tem mais: Segundo o pai de Zezinho, a porca é muito pequena e não serve para nada. Portanto, ele decidiu vendê-la prenha para poder comprar duas ou três porcas maiores.
Zezinho, por sua vez, decide que Maninha não vai ser vendida de jeito nenhum. Ele cuidou da porquinha e tem um afeto enorme por ela. Opa, calma aí! Será que ele tem mesmo? Bem, inicialmente é o que parece. Mas logo nas primeiras páginas nos deparamos com isso:
“Mas a Maninha ele não vende. Se ele vender, eu mato ela. Dou veneno para ela.”
E essa vontade se repetiu em diversas situações. Isso e outras coisas me fizeram ficar com um pé atrás em relação ao menino. Não, não devemos dar um desconto por se tratar de uma criança. Cheguei à conclusão de que o comportamento do pai para com o filho influenciou suas ideias e pensamentos. Porém, como se explica o fato de Zezinho sentir prazer ao matar um pobre passarinho? “Ai, Thamiris! Deixa disso... Antigamente era assim mesmo.” Eu sei disso, mas se não destacasse tais fatores não estaria sendo sincera. Esses fatos me incomodaram muito.
“Zezinho se entusiasmou. A alegria dele era a morte do outro.”
Talvez agora eu possa retomar a questão da surpresa. Falei, no começo da resenha que tinha me surpreendido com o livro. A história tem tudo para ser algo bastante simples e tocante, mas para mim o que aconteceu foi o contrário. Logo de cara me deparei com pessoas desprezíveis, como vocês podem perceber, uma delas é o pai de Zezinho. E o próprio Zezinho, mesmo sendo uma criança, tem o egoísmo nas veias.
Para finalizar, ao concluir a leitura fiquei pensando em repensando sobre algo: Zezinho, o Dono da Porquinha Preta pode ser um livro inofensivo e bonitinho, dependendo da época em que é lido e da visão de quem lê. A minha visão me fez sofrer pela Maninha e pelos inhambus. Apesar de ser um infanto-juvenil, é possível trabalhar em cima dele com temas bastante atuais e sérios.
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