Sagas Vol. 1 Espada e Magia

Sagas Vol. 1 Espada e Magia Rober Pinheiro
Georgette Silen
Cesar Alcázar
Duda Falcão




Resenhas - Sagas Vol. 1 Espada e Magia


14 encontrados | exibindo 1 a 14


Ricardo Santos 09/06/2016

Espada e magia nacional
Prefiro ler mais fantasia heroica do que épica, por ser mais focada em um ou poucos protagonistas, num recorte mais limitado, mais concentrado, de uma aventura fantástica. Lembra muito a maneira de contar histórias do gênero policial, com personagens durões e solitários, num ambiente corrompido. Outro aspecto que me agrada em Espada e Magia é a valorização do conto, da noveleta e da novela, do texto mais curto e intenso. No caso da antologia Sagas, temos contos de autores brasileiros que se inspiraram em mestres do passado para criar suas próprias versões de fantasia heroica. Cesar Alcázar, em Lágrimas do Anjo da Morte, traz ao leitor o que podemos chamar de "fantasia histórica", tendo como cenário a Irlanda medieval. Considero este o melhor conto da coletânea, com o ponto de vista do anti-herói, Anrath, o Cão Negro, bem desenvolvido e envolvente. O texto mostra elegância, força e boas soluções de enredo. A Cidadela de Elan, de Georgette Silen, representa bem as mulheres com sua Kira, uma guerreira totalmente capaz, lembrando Red Sonja e Jirel of Jory. O único porém do conto é seu desfecho decepcionante, ao utilizar o recurso do deus ex machina, uma solução preguiçosa tirada da cartola. Em A Dama da Casa de Wassir, Rober Pinheiro apresenta o conto mais próximo do Conan, de Robert E. Howard, com guerreiros bárbaros, feiticeiros malignos e bestas sobrenaturais. Sua trama é dinâmica, o texto é fluido, mas os personagens não têm muito carisma e a figura feminina é vista de forma depreciativa, que não merece confiança, mesmo com capacidade de luta. O livro fecha com Sem Lembranças daquele Inverno, de Duda Falcão. Lembra um pouco o clima da série Lankhmar, de Fritz Leiber. O conto tem uma estrutura interessante, variando pontos de vista. Pena que o potencial da trama não é melhor explorado. O desfecho tinha tudo para ter a reviravolta mais criativa e com o subtexto mais relevante da antologia, envolvendo a feiticeira ladra, mas acabou sendo mais convencional. A edição da editora Argonautas está caprichada. Em formato de bolso, o projeto gráfico é simples sem deixar de ser bonito, a tipografia escolhida é agradável de ler e a composição da capa é uma bela homenagem a títulos do passado.
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rafael 11/11/2015

Ótimo começo!
"òtimo começo" por este ter sido meu primeiro livro nacional do gênero. Amo "espada e magia", e fiquei muito contente em ter adquirido este volume (em especial, autografado por um dos autores!).

Bom, no inicio, identifiquei um ponto que discordo da introdução: o personagem não seria um "herói", mas sim, um "aventureiro", um "mercenário", ou seja o que fosse. Mas "herói" implica alguns valores morais que não são características do S&W (sword & sorcery), apesar de serem possíveis de existirem.

O primeiro conto é muito interessante, e já te coloca direto no clima da obra. É possível sentir os golpes duros de espada, os cortes e o cansaço do protagonista em sua missão, ilustrada na capa do livro. Um toque sobrenatural, comum ao S&W, completa a história da aventura do Cão Negro, o mercenário.

A segunda história parece destoar do resto. Adorei o fato de ter uma personagem feminina forte, capaz de cortar cabeças quase que apenas com o olhar! Contudo, os elementos mágicos pouco sombrios e talvez, um tanto de "alta magia" e a narrativa um tanto quanto figurativa parecem mais um conto de fantasia heróica. Um elemento comum aos outros três contos, que nao limitam o genero mas que dão força a este, é a presença de feiticeiros nefastos, e neste conto, apesar de fatal, a magia parece apenas "poderosa", e não algo sombrio, quase maléfico.

O terceiro conto é muito interessante pelo mundo que vai se construindo na medida que a história é contada. Porém, a quantidade de nomes estranhos (próprios do mundo apresentado) e cenas deveras ritualisticas fazem com que o leitor possa se desinteressar um pouco, por sentir que talvez esteja perdendo algo no meio. De onde vieram os termos? O que significa o termo "X" ou "Y" mesmo? Contudo, a cena de confronto final é muito empolgante, e vale por sí só.

O conto final parece seguir um pouco mais o tradicional S&W, e de longe, é meu favorito (sem tirar o mérito dos demais). O personagem é interessante e nem um pouco autruista, pensando mais em seus ganhos do que em "ser um herói". Bem narrado e estruturado, deixa no gostinho de querer ler mais um pouco.


O livro como um todo é muito bom. Minha nota menor se deve ao fato de que, como "Espada e Magia", sinto que ele não cumpre 100% a proposta, mesmo apresentando contos interessantíssimos.
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Noris 02/07/2014

Primeiro volume da série Sagas começa com o pé direito
Comecei no mês passado a saga de ler a coleção Sagas da editora Argonautas. Atualmente são 5 volumes, pequenos e baratos, todos com temas fantásticos e contendo 4 a 5 contos de autores diferentes. O volume 1 trata de Espada e Magia, e foi o primeiro livro lançado pela editora. Aliás, ela conta com textos de seus 2 fundadores, Cesar Alcázar e Duda Falcão, além de Georgette Silen e Rober Pinheiro.

A capa tem uma ilustração muito boa do americano Nathan Milliner, que possui no currículo várias criações ligadas ao horror. A ilustração faz referência ao conto de Cesar Alcázar, que já falarei a respeito.

Antes dos contos, Roberto de Sousa Causo traz informações interessantes sobre literatura fantástica, comentando a ascensão do gênero no Brasil e a origem das histórias de espada e feitiçaria, preparando nós leitores para as histórias que seguirão:

Lágrimas do Anjo da Morte, de Cesar Alcázar. O mercenário Anrath, conhecido como Cão Negro, é contratado pelo rei da Irlanda para acabar com os vikings que armaram uma invasão. Quando ele vence a batalha, descobre por uma Banshee que os planos do rei eram outros. O conto usa muito bem eventos históricos e mitologias célticas, me prendeu do começo ao fim e, quando acabou, meu consolo foi saber que há mais histórias do Cão Negro espalhadas por esse mundão. Meu conto favorito da antologia.

"Os soldados que cercavam Anrath não conseguiam esconder o seu terror. Ainda assim, alguns deles tentaram barrar a saída do mercenário. Impassível, ele disse:
- Não tenho nada contra vocês. Mas se alguém estiver disposto a morrer primeiro, então não saia de minha frente."


A Cidadela de Elan, de Georgette Silen. Em busca de uma gema poderosa, Kira vai ao encontro de Baltazar, o líder de Elan, uma cidade de ladrões. A princesa de Hisipan não é bem recebida pelos habitantes, e seu treinamento como guerreira precisará ser usado para que sua missão se complete. Georgette conta uma história que gostei muito, mas me incomodaram trechos com muitas metáforas e outras figuras de linguagem. Eu gosto de textos mais diretos, mas acho que isso vai de leitor.

"- Ninguém vem a Elan procurar o refúgio dos ladrões se não for um condenado, um foragido, ou alguém que deseje uma aliança e que precise de nossos préstimos. E que parece ser esse o caso aqui - olhou rapidamente para Kira, encarando os homens como se pudesse rasgar-lhes as carnes com palavras."


A Dama da Casa de Wassir, de Rober Pinheiro. O príncipe-guerreiro Atha'ny precisa passar por várias provações para que seu casamento se realize. O casamento que unirá dois Clãs e trará esperança ao seu povo que vem sofrendo com uma longa guerra. No entanto, traições acontecem :-) Achei que a história começou confusa, pois apresenta um universo complexo logo de cara, mas quando me acostumei com os nomes dos clãs, das pessoas e das entidades, a leitura ficou mais fácil e se mostrou muito empolgante.

"- Crês que esta criatura vai respeitar tuas horas de devaneio?
Ele permaneceu calado. Aprendera nesses longos dias de convívio forçado que não era de bom agouro iniciar uma contenda, mesmo que verbal, com aquela mulher. Sua língua mostrava-se mais afiada que as garras da criatura que ora enfrentavam."


Sem Lembranças Daquele Inverno, de Duda Falcão. O feiticeiro Gimedjin teve uma pedra poderosa roubada por uma de suas escravas-aprendizes e precisa recuperá-la. Para isso, manda seu anão encontrar Atreil, um famoso mercenário, para que possa fazer sua oferta e mandá-lo a Floresta dos Desejos para reaver sua gema. Achei o conto divertido, cínico, principalmente o final (que mais do que tudo é surpreendente). A narrativa é bem dinâmica, fluída e direta, do jeito que gosto.

"- Estou com pressa em concluir essa conversa, Gimedjin. Tenho mulheres e cálices de vinho me esperando em uma taberna não muito longe daqui. Aceite logo minha oferta. Se demorar, posso desistir de ajudá-lo."


O livro Sagas volume 1: Espada e Magia possui 144 páginas e é do tamanho de um palmo (do meu palmo pelo menos). Ele está a venda por apenas R$22: http://bit.ly/espadaemagia

Agora o próximo livro de Sagas que vou ler tem como tema Estranho Oeste. Assim que acabar volto aqui com nova resenha :-)

site: http://www.coisashorrorosas.com.br/2014/07/resenha-sagas-espada-e-magia.html
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Marcos Pinto 24/06/2014

Sangue, mortes e magia
No livro Sagas – Espada e Magia, encontramos contos do gênero Sword and Sorcery, também chamado de fantasia épica. No total, são quatro contos onde o real – a luta, o sangue, as mortes – e a fantasia – deuses, monstros, magia – se misturam, formando um livro interessante e que prende o leitor do começo ao fim.

O primeiro conto, Lágrimas do Anjo da Morte, de Cesar Alcázar, se passa na Irlanda antiga. Lá, Anrath, também conhecido como Cão Negro, um guerreiro mercenário, conhecerá a morte de mais perto do que imagina. Porém, uma estranha figura mítica salva a sua vida, destinando-lhe uma missão.

Misturando fatos históricos – invasões dos bárbaros na Irlanda – com fantasia, Alcázar tece um conto surpreendente e que prende o leitor. A narrativa é mais do que um mero relato de uma batalha; com a presença do sobrenatural, ela se torna contagiante e surpreendente. Sem falar que o autor trabalha muito bem o folclore da região, o que traz um gosto a mais para a leitura.

“Um vento frio e melancólico soprava a desolação do campo de batalha. Não havia um único movimento entre as numerosas pilhas de cadáveres. Não havia um único sinal de vida. Homens reduzidos a animais pelas ambições de sua raça. Vidas perdidas de maneira brutal na areia da praia, por motivos há muito esquecidos pelo tempo” (p. 14).

No segundo conto, A Cidadela de Elan, da Georgette Silen, encontramos a saga da guerreira Kira, princesa de Hisipan. Ela, desde pequena, foi criada para ser uma guerreira implacável e guarda um enorme segredo. Certo dia, ela é incumbida de ir até Elan, a fim de falar com o chefe da cidade, porém, nem tudo sai como esperado.

Este conto, que foi o meu preferido do livro, assim como o primeiro, trabalha tanto o real quanto a fantasia. Porém, ele se diferencia do anterior pela linguagem empregada. Com uma escrita rica e quase poética, a autora encanta o leitor do começo ao fim, além de prendê-lo através do mistério criado. Sem falar do fim que foi, no mínimo, inesperado.

“Captou os detalhes da faca de barba feita que a encarava, olhos escuros emoldurados por sobrancelhas claras, como os cabelos presos na nuca, a pele igualmente clara. Alto, imponente, ombros e membros talhados em uma vida de lideranças e saques, que o fizeram também ser igualmente conhecido por ela, assim como por suas irmãs em Hisipan” (p. 56).

O terceiro conto, A Dama da Casa Wassir, de Robert Pinheiro, nos leva a guerra entre duas aldeias guerreiras. Uma delas, com numerosas baixas, tenta se aliar com uma cidade, a fim de conquistar a vitória esperada. A aliança proposta será firmada através do casamento dos príncipes da cidade e da aldeia. Porém, o que era para ser união quase chega ao conflito. Atha’ny – príncipe da aldeia – terá que enfrentar perigos inimagináveis.

Neste conto, Robert Pinheiro nos surpreende com as reviravoltas do enredo, além das traições inesperadas. Com um toque de fantasia e muitas batalhas épicas, o autor traça um conto incrível. Outro ponto forte na escrita do autor é a qualidade de suas descrições, nos arrastando para dentro do universo literário criado por ele.

“Levantou-se devagar, os olhos fixos em seu oponente, as espadas descansadas sobre os ombros, e retornou para o combate. Porém, dessa vez, Atha’ny estava preparado, seu espírito finalmente imergira na alma da batalha e seu corpo agia apenas em respostas aos desígnios desse espírito” (p. 84).

No último conto, Sem Lembranças Daquele Inverno, Duda Pinheiro começa narrando a busca de um anão, servo de Gimedjin, por Atreil, um guerreiro muito conhecido por suas batalhas travadas. Gimedjin precisava que tal guerreiro recuperasse uma pedra mística que foi roubada de si. Porém, não seria uma tarefa tão simples, pois tal pedra havia sido furtada por uma poderosa bruxa.

Duda Falcão fecha muito bem o primeiro volume da série Sagas, apresentando-nos o conto mais voltado para o fantástico do livro. Novamente, encontramos um final inesperado e algumas reviravoltas. Outro ponto positivo foi os poderes da bruxa que são bem incomuns e pouco explorados em outras narrativas do gênero. Para quem gosta de enredos com bruxas, esse conto é uma boa pedida.

“O homenzarrão, de barbas longas, velho e repleto de tatuagens, não teve resposta para aquela pergunta. Ofereceu mais uma bebida para o anão, com aquela moeda de ouro compraria mais meia dúzia daquelas garrafas. O servo de Gimedjin recusou” (p. 118).

Sagas foi um livro que me surpreendeu positivamente. Eu esperava boas narrativas, mas elas foram muito superiores a isso. O gênero também ajuda no sucesso da obra, visto que é um campo vasto e com várias perspectivas para exploração. Sem dúvidas, eu indico a obra para todos aqueles que desejam uma leitura boa e rápida. Tenho certeza que vocês não irão se arrepender.

site: http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2014/06/sagas-espada-e-magia.html
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Dudu 25/02/2012

[Resenha] Sagas Vol. 1 Espada e Magia - Lágrimas do Anjo da Morte
Bom dessa vez decidi fazer uma resenha um pouco diferente. Como o livro é um livro de contos resolvi fazer a resenha de cada conto separada, assim posso me concentrar apenas em cada conto separado e não correr o risco de prejudicar algum =D


Lágrimas do Anjo da Morte
Cesar Alcázar
O Conto é sobre um guerreiro: Anrath. Conhecido por ter matado, sozinho, em uma batalha mais de cem homens. Anrath é contratado por um rei traiçoeiro, Domnall mac Ferchair, para proteger Eaglach de uma invasão Vicking. Anrath vence a batalha, mas juntamente com os Vickings seus companheiros de batalha morrem.
Anrath só sobrevive por ajuda de Banshee, figura do folclore irlandês que anuncia a morte. É então que Banshee revela os planos de Domnall e usa Anrath através de uma suposta dívida por tê-lo salvo da morte. É ai que a trama começa em uma aventura em busca dos desejos de Banshee.
O conto mostra uma riqueza muito grande nos detalhes, que é clássico dos livros de fantasia. A escrita do autor é nada mais nada menos que impecável.
Lembrou-me muito um livro-jogo que li uma vez e que gostei muito =D

“Cenas do massacre ainda podiam ser visualizadas nos destroços da batalha. Cada cadáver e cada arma contam uma história diferente de Sangue e ganância. Cada vida ceifada é um prêmio incalculável.”

A Resenha do livro vai ser feita em partes. Cada conto terá sua resenha própria e na resenha do último conto farei um “apanhado” de todos e minhas considerações finais. Espero que tenham gostado e obrigado por comentar.


Esse livro foi uma cortesia em parceria com a Editora Argonautas. Para mais informações sobre o livro e os outros livros publicados pela editora clique aqui: http://argonautaseditora.wordpress.com


http://morthanwords.blogspot.com/
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Leitora Viciada 16/02/2012

Espada e Magia, o primeiro volume da série Sagas da editora Argonautas surpreende o leitor. Primeiramente a arte do quadrinista estadunidense Nate Milliner. Representa a primeira história (Lágrimas do Anjo da Morte), é detalhada e lembra as capas de histórias em quadrinhos fantásticos. E essa é a ideia deste volume de Sagas: homenagear as antigas revistas pulps que mais tarde originaram a literatura intitulada Sword and Sorcery.
Roberto de Sousa Causo explica tudo isso num resumo de alta qualidade no prefácio. Mesmo quem não conhece esse estilo de história é bem situado no assunto. O prefácio por si só já é valioso.
Eu, particularmente amo o gênero e sempre fui uma menina apaixonada por quadrinhos, inclusive leitora de Conan - talvez o herói mais famoso na área e uma das inspirações para este livro, como consta na dedicatória de Duda Falcão no meu exemplar: "Muito deste livro foi inspirado na Espada Selvagem de Conan!". (citação também presente no prefácio).
Existe uma mini biografia de cada um dos responsáveis de Espada e Magia, além de pequenas notas no rodapé para explicar determinadas palavras.
O livro é em formato de bolso, leve e prático para ser lido em qualquer lugar. Porém, não menospreze o livro por seu tamanho. As histórias são grandiosas.

O livro é dividido em quatro noveletas (eu não poderia caracterizar os textos como contos, não sei se estou certa) muito bem escritas e apesar de terem sido compostas por escritores diferentes, existe uma coesão no estilo que é totalmente fiel à fantasia heroica. Apesar de semelhantes, possuem suas peculiaridades, personagens distintos e mundos próprios. Nem chega perto de ser repetitivo. Todas as histórias são excelentes. Cada autor conseguiu criar um mundo completo e rico, sem deixar o leitor se perder. Cada uma das histórias poderia originar várias outras dentro deste mesmo cenário, com as mesmas ou novas personagens.

Os detalhes do gênero estão todos presentes. A magia e feitiçaria predominam com magos e feiticeiros como seus representantes fiéis. Os ambientes são exóticos e curiosos, abrigando locais muito interessantes, como uma cidade de ladrões, por exemplo.
Os guerreiros e heróis (ou heroínas!) possuem espírito aventureiro e coragem, e portam espadas, machados e outras armas medievais. Objetos e artefatos poderosos estão na mira da cobiça e trazem perigo. E até mesmo os animais são afetados pela força sobrenatural que vive nos mundos da fantasia épica, que abriga feras terríveis e assustadoras.
A qualquer momento um ser obscuro ou sobrenatural pode surgir nas páginas dessas histórias. Os guerreiros possuem sempre uma missão quase impossível a ser concretizada, com muitos obstáculos no caminho, sejam outros habilidosos lutadores manejando o aço afiado, bruxos dotados das mais inacreditáveis magias, monstros malignos ou seres sombrios inomináveis. Piratas, mercenários, encantamentos, fortalezas impenetráveis, tesouros, traições, reviravoltas e muito, muito sangue.
Batalhas fantásticas e arrepiantes. Membros amputados e feras destruídas sob espadas incansáveis. Forças ocultas contra força bruta, experiência e sagacidade.

Em Lágrimas do Anjo da Morte acompanhamos o mercenário assassino Anrath, o Cão Negro, nascido gaélico e criado por vikings numa jornada para cumprir uma promessa feita a um estranho ser. César Alcázar traz uma história intensa e instigante, dotada de ótima mitologia. Gostei muito do Poço de Cíocal.

Depois com A Cidadela de Elan, Georgette Silen cria uma aventura misteriosa da guerreira e princesa Kira, uma personagem feminina muito forte e inabalável. Ela precisa penetrar e sobreviver em meio a uma cidade de ladrões. Confesso que descobri o segredo rapidamente, mas em nada isso afetou minha leitura. Me lembrei de algumas histórias antigas de Marion Zimmer Bradley, estilo semelhante.

Rober Pinheiro é o próximo autor com sua história A Dama da Casa de Wassir, a mais detalhada do livro. Um universo ficcional incrivelmente bem construído, não apenas em personagens e cenários, mas também em suas tradições na cultura e religião. Atha'ny precisa encarar e vencer uma série de desafios para se casar com uma princesa e garantir assim uma aliança fundamental para sua tribo. Aysha me surpreendeu.

Por último vem Sem Lembranças Daquele Inverno, de Duda Falcão. Atreil é um mercenário digno de inúmeras e surpreendentes vitórias - tudo por um grandioso pagamento, claro. Nas Terras de Lhu ele precisa completar mais uma missão. Esta aventura faz o leitor perder o fôlego perante às etapas ultrapassadas pelo protagonista. O poder principal da feiticeira é ótimo!

Resumindo, o livro é perfeito para quem gosta de fantasia heroica! Um orgulho ler litfan nacional de alta qualidade.

Trechos:
"Anrath girou o corpo e cortou um deles ao meio. Com o mesmo golpe que liquidara o primeiro oponente, defendeu o ataque do segundo. Sangue jorrava outra vez sobre a areia úmida, e apenas quatro soldados restavam de pé." Lágrimas do Anjo da Morte, César Alcázar.

"Olhos curiosos e temerosos observavam, ainda com maior atenção, a guerreira das terras verdes, comose enxergassem algo além das curvas sob o manto." A Cidadela de Elan, Georgetter Silen.

"Como ditava o Código da Espada, aquela última luta, como as seis que a precederam, era somente sua e, como tal, ele se despediu dos seis guerreiros que formavam sua escolta e aguardou no centro do salão." A Dama da Casa de Wassir, Rober Pinheiro.

"Atreil sentia aquele bafo tão próximo que se fosse uma pessoa qualquer não teria coragem suficiente para o movimento suicida que estava pronto para realizar." Sem Lembranças Daquele Inverno, Duda Falcão.
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Pat Kovacs 13/02/2012

Meu Achismo:
Sagas, volume 1 - Espada e Magia, é um pequeno livro de grandes histórias, noveletas com a riqueza de um romance. São quatro os Contadores de Histórias cuja qualidade dispensa apresentações: Cesar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro.

A série Sagas, composta até agora de 3 livros, veio inspirada nos pulp-fictions dos anos 60 e 70. Lançado no final de 2010 pela recém criada Argonautas Editora, Espada e Magia é também inspirada nos quadrinhos "A Espada Selvagem de Conan", criados em 1974 e publicados no Brasil entre 1984 a 2001. E, ao se deparar pela primeira vez com a capa, é essa mesma impressão que se tem.

Meu Achismo:

O formato pocketbook, contendo 142 páginas, ficou compacto e elegante, podendo ser carregado tranquilamente na bolsa ou mesmo no bolso (como se propõe tal formato), sem atrapalhar em nada, para ser sacado a qualquer momento e lido nas conduções, filas ou enquanto espera por algum compromisso (e, nos dias de hoje, são esses lugares a nossa "sala de leitura", afinal). Com esse formatinho, até mesmo dentro do transporte público cheio, em pé, tá valendo.

Recebi o livro pelos Correios e assim que o retirei do envelope senti uma certa nostalgia ao ver a capa ao vivo. Não consumi Comics, mas suas capas povoavam as bancas de jornais na época em que eu vivia de Turma da Mônica e Disney. E foi a lembrança dessas bancas cheias de Comics diversas que vieram à mente naquele instante. Realmente, para essa geração atual de escritores, são os Quadrinhos e o Cinema suas grandes influências depois da Literatura propriamente dita.

A capa, densa e bela, foi desenhada por Nathan Milliner, quadrinista e ilustrador, e retrata o primeiro conto de Sagas 1 - Lágrimas do Anjo da Morte.

Lágrimas do Anjo da Morte
Cesar Alcázar

O conto tem uma beleza impressionante. Diante de um cenário tétrico de corpos dilacerados estendidos na areia da praia, em que ocorreu uma terrível batalha entre Vikings e mercenários contratados pelo rei local, Cesar Alcázar descreve a cena com certo lirismo que empresta suavidade aquilo que seria uma cena grotesca. O protagonista Anrath, O Cão Negro, é o único sobrevivente do massacre e é salvo pela criatura mais improvável a esse fim: a Banshee, uma anunciadora da morte no folclore irlandês.

A trama se passa na Irlanda do início do século 11. Diante da iminente invasão Viking a Eaglach, o traiçoeiro rei Domnall mac Ferchair contrata Anrath, guerreiro mercenário famoso por matar mais de cem homens na Batalha de Clontarf, para defender suas terras. O mercenário montou um pequeno exército com outros mercenários contratados por ele, mas todos pereceram juntamente com os invasores.

Salvo pela Banshee, esta revela a ele o plano sórdido de Domnall. Em troca, Anrath terá de ajudá-la a se livrar da maldição que a mantém presa ao mundo dos vivos. Começa aí uma pequena jornada em busca dos elementos que servirão de libertação e vingança contra o rei covarde. Bruxa, feiticeiros, Homens do Mar e até cristãos entram no caminho de Anrath em sua busca por reparação.

O que mais gostei nesse conto foi a subjetividade do protagonista, um guerreiro sanguinário que jamais conheceu outra coisa na vida do que matar para sobreviver, mas que além de não sentir exatamente orgulho naquilo que faz, sente o peso de cada vida que ceifa, fazendo dele um personagem intimamente rico e muito honrado, embora mercenário. O fim terminou manso e selvagem com o início =)

A Cidadela de Elan
Georgette Silen

Uma grande história de fantasia épica há nas entrelinhas do conto de Georgette Silen, que poderá ser lida em seu novo livro solo, "As Crônicas de Kira", a ser lançado pela Giz Editorial. Nesta noveleta, porém, se passa apenas um episódio, em que a protagonista deve recuperar um artefato muito precioso e perigoso, guardado na cidade dos ladrões, Elan. O ponto alto está na revelação ao leitor da ligação entre Kira e Baltazar, o Rei dos Ladrões, que, aliás, é um personagem que parece ter uma grande riqueza de história pessoal e realmente gostaria de ler mais sobre ele.

Há muita violência desnecessária e bombástica, bem ao estilo Comics, do qual não sou fã. A protagonista é perfeita demais, "complicada e perfeitinha", e há muitas frases que apenas floreiam o conto.

A Dama da Casa de Wassir
Rober Pinheiro

Este conto é um paralelo ao universo criado por Rober Pinheiro em seu livro "Lordes de Thargor, o Vale de Eldor". Apesar de muito ter "ouvido falar", ainda não li o livro, então ficou complicado entender o contexto das palavras próprias do universo do livro. Mas isso não atrapalha em nada a leitura se você resolver ignorá-las. São nomenclaturas, então não são decisivas à trama.

Uma guerra entre tribos durava já há muito tempo, consumindo recursos e sem nada resolver, restando ao Clã Shoar'ym estabelecer uma aliança com a Cidade-Império de Wassir En Nash. Porém, a única aliança que poderia se firmar ali era a do casamento, e Atha'ny, o protagonista, valoroso guerreiro da tribo, se vê na constrangedora situação de enfrentar provas e longos cerimoniais para se mostrar digno de receber Aysha como sua consorte, selando o pacto entre as duas nações. O jovem vence com maestria todas as provas que lhe foram impostas, mas Aysha tinha outra opinião sobre tal aliança.

A princesa, não concordando em ser usada como elo para alianças, cria uma situação em que envolverá Atha'ny e até ela própria na perigosa busca pelo "Olho de Saavish", artefato que está em posse de um poderoso feiticeiro, ao qual eles terão de tomar à força dentro do próprio covil do inimigo, custando um alto preço a todos, fazendo jus ao que Aysha propôs: "Primeiro Sacrifício". Entretanto, a tolice de Aysha custará muito mais a ela do que a todos os outros.

Neste conto, a nostalgia voltou, desta vez daqueles antigos filmes sobre as "1001 noites", povoados de magia, feiticeiros e muitas lutas pelas areias do deserto contra vilões ou criaturas fantásticas. Um épico medieval diferente ao costumeiro tolkiniano, que é repleto de paisagens verdejantes de florestas intocadas ou montanhas colossais, ou ainda de invernos tão terríveis que se tornam os verdadeiros inimigos de mocinhos e vilões. E, sim, deu muita vontade de conhecer Lordes de Thargor ;)

Sem Lembranças Daquele Inverno
Duda Falcão

Eu aprecio muito histórias com personagens "errados": anti-heróis, mocinhos imperfeitos, vilões sensatos e moralizados, enfim, personagens que não costumamos ver por aí, mas que trazem alguma identificação com o leitor. Afinal, todos somos mais ou menos anti-heróis, imperfeitos e possuímos alguma sensatez em meio a nossa insanidade diária.

Esta noveleta começa com "o servo de Gimedjin", um anão escravo e capacho de um bruxo poderoso que precisa dos serviços de Atreil, um assassino de aluguel. Bastou algumas linhas para criar simpatia pelo pequeno.E Atreil não fica atrás: o próprio anti-herói-anti-vilão, rs.

O serviço de Atreil era bastante simples: invadir a casa da ex-aprendiz de Gimedjin, o feiticeiro, e recuperar uma preciosa pedra que ele diz ter sido roubada pela garota. Serviço aceito, o mercenário parte para sua missão, mas até chegar ao tal artefato mágico, ele terá que enfrentar muitos obstáculos.

A ex-aprendiz, que se tornou uma poderosa feiticeira, tinha como principal manifestação de poder a manipulação e o controle de animais, então Atreil enfrentará desde lobos famintos até monstros metamorfoseados. Apesar de ele lutar magistralmente e vencer a todos, o final é totalmente surpreendente.

O conto me lembrou um game, especialmente tipo RPG, em que o herói tem que ir vencendo obstáculos cada vez mais difíceis, subindo de fase até chegar ao prêmio, que deverá conseguir enfrentando o mestre final, que, neste caso, se trata da feiticeira. Achei muito divertido. E algo que percebo nas obras de Duda Falcão é um humor sarcástico velado, como alguém que leva a sério a sua brincadeira.

"Sem lembranças daquele inverno" é um conto paralelo à obra "Hylana nas Terras de Lhu", uma web novela publicada no blog de mesmo nome entre 2008 e 2010, que bem poderia ganhar sua versão impressa...

Pat.
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Nery 13/07/2011

Sagas vol. 1: Eu recomendo
O livro é composto por 4 contos independentes. Pode ler a resenha sem sustos, nao tem spoilers ;-)

1° - "Lágrimas do Anjo da Morte" (Cesar Alcazar): é sensacional. Um mix de Northlanders e Conan, com todos os elementos clássicos de espada e magia combinados de forma muito interessante e que prende o leitor. (5 estrelas)

2° - "A Cidade de Elan" (Georgette Silen): teve um começo misterioso, mas não me prendeu tanto pois percebi o "segredo" da trama em poucos instantes. (3 estrelas)

3° - "A Dama da casa de Wassir" (Rober Pinheiro): o texto é o mais complexo de todos, pois o autor criou um mundo cheio de detalhes, condiderando desde a religião até rituais sociais. Em alguns momentos os termos novos me deixaram perdido na trama mas, passada a estranheza, a trama corre muito bem e tem reviravoltas muito interessantes. (4 estrelas)

4º - "Sem lembranças daquele inverno" (Duda Falcão): Narrativa ágil mas sem perder os detalhes. A trama parece simples, mas tem um desenvolvimento que prende e um final muito bom. Mais um conto no estilo Conan, com uma pitada de inovação no final. (5 estrelas)
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Tibor Moricz 29/06/2011

Lido e comentado!
Li recentemente o volume 2 dessa coleção e agora termino a leitura do volume 1. Trata-se da Série Sagas organizada por Duda Falcão e Cesar Alcázar e editado pela Argonautas (2011). Esse volume de fantasia heroica é composto pelos seguintes autores: Cesar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro. Formato de bolso, 12×18 e 140 páginas.

***

Lágrimas do anjo da morte – Cezar Alcázar

Guerreiro nórdico sobrevivente em terrível batalha recebe a visita da morte, ainda no campo de batalha, em meio aos cadáveres, que lhe oferece um trato em troca da vida. Narrativa firme e segura de Cesar Alcázar mostra a luta de um guerreiro que apesar de ansiar mais do que tudo abandonar a espada e as guerras, não consegue se livrar disso. Embora leve, o aprofundamento do personagem, que luta com conflitos internos, deixa o conto ainda melhor.
Encontrei a expressão “bucaneiro viking” e ela me pareceu deslocada, anacrônica. O termo bucaneiro começou a ser usado em princípio do século XV e os Viking atuavam nos séculos VIII ao XI. BOM

A cidade de Elan – Georgette Silen

Guerreira chega à cidadela para resgatar importante artefato. Rebeliões e reviravoltas marcam a narrativa. Esse é um conto que receberia um BOM se a autora não se deixasse perder em exageros, hipérboles elevadas à enésima potência, figuras de linguagem e construções estranhíssimas e até bizarras que em vez de agregarem peso dramático à trama só me fizeram rolar de rir enquanto lia.

“Um imponente corcel que resplandecia seu pelo em reflexos azulados ao luar”.

“… que aplacava a sede do solo árido”.

“… a lâmina refulgia como uma joia em prata”.

“A falta de uma brisa mesmo nesse ponto mais alto, criava concentrações de cheiros e sons presos numa bolha de pedras negras”.

“Mariposas sangrentas ao luar”.

“O sangue era algo que as pupilas desejavam ver correr entre as pedras”.

“Uma turba miscigenada em tipos e motivos bloqueava a passagem”.

“A voz rouca ecoou como um sino tangendo”.

“O resfolegar quente do cavalo negro refletiu suas palavras”.

“Imprecações misturavam-se ao cuspe expelido por bocas desenhadas em esgares diversos”.

“O ar denso eletrificou-se, gerando estática entre os corpos suados, ensebados”.

“Oco sonoro”.

“circulando em gravidade elíptica”. (em vez de órbita elíptica)

“As cabeças rugiram”.

“os passos rasgaram o chão em chiados roucos…”.

“faíscas surgiram do encontro como estrelas expulsas da noite”.

“Esguichando a vida entre jatos aleatórios”.

“contra a luz da lua que chorava prata”.

“olhos gritavam ameaças e lábios retorciam-se em satisfação”.

Esses exemplos são só uma pequena mostra da imensa colcha de estranhezas do conto. Uma pena já que a história “per si” tinha tudo pra ser boa. Mas não vai levar mais que um RUIM

A dama da casa de Wassir – Rober Pinheiro

Duas sociedades guerreiras buscam aliança através do casamento de seus herdeiros, mas para que a união se concretize, devem partir em busca de um artefato que jamais fora resgatado por nenhum outro guerreiro anteriormente. O conto mais bem escrito da coletânea, embora a profusão de nomes estranhos tenha me causado problemas na leitura. A confusão a que me vi, sem conseguir identificar de imediato quem era quem acabou por me fazer ligar a leitura no piloto automático e fui em frente ignorando esses detalhes.
Adianto que o que me foi uma dificuldade pode não ser para mais ninguém, então vou ignorar essa deficiência (que pode ser inteiramente minha) e julgar a obra pelo seu peso dramático e pela sua construção. Rober Pinheiro deu vida a heróis inteiramente humanos. Que cometem erros, que falham, que levam socos e ficam feridos (que morrem!). Isso é uma virtude que muitos autores do gênero desconhecem. BOM

Sem lembranças daquele inverno – Duda Falcão

Sem nenhuma dúvida, o pior conto do livro. Parei a leitura e a reiniciei várias vezes, querendo desistir e me impedindo disso. O conto da Georgette Silen ainda prendeu a minha atenção com o humor totalmente involuntário, mas esse trabalho de Duda Falcão nem isso teve. Narra a aventura de um herói em busca de uma gema, trabalho pelo qual será regiamente pago. Condução terrível, diálogos fracos, personagem estereotipado até a última gota de sangue (que o herói passou a história toda sem verter), passagem inverossímeis, fora descrições de personagem como:

“O homem de cabelos loiros” – “O herói dos cabelos loiros” – “O herói dos olhos azuis” – “O herói dos cabelos dourados”

Só faltava ainda encontrar coisas como: “O homem do peito largo” – “O homem das coxas grossas” – “O homem da força bruta” – “O homem do… Deixa pra lá”.

Graças aos deuses ele nos poupou disso.

Sem contar que Duda Falcão retornou com a expressão “cascos brasis” que parece ter sido cinzelada a fogo em sua memória. ECA!

***

Esse volume 1 da coleção Sagas foi até agora o mais fraco. Decepcionou-me e me mostrou, mais do que tudo, que narrativas épicas e fantasias heroicas não são o meu forte. Não as escrevo (jamais as escreverei) e lê-las me causa certo desconforto só vencido quando tenho pela frente uma narrativa primorosa ou próxima disso.

Ao conjunto um gentil MÉDIO
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Marcelo Augusto 17/06/2011

Quem gosta de histórias de Espada e Feitiçaria – o subgênero da Fantasia que se tornou popular a partir dos pulps dos anos 30 – sabe que ação e aventura são elementos fundamentais numa boa trama do tipo. Neste ponto, "Sagas Volume 1 – Espada e Magia" (Argonautas) não decepciona o leitor.

Lançada no final do ano passado, a antologia reúne quatro noveletas. Cesar Alcázar abre o volume com "Lágrimas do Anjo da Morte", uma história que se passa na Irlanda medieval que, apesar da presença do cristianismo, ainda tem influência da mitologia celta. O personagem principal é Anrath, mercenário perturbado pelo seu passado de lutas e que tem a vida salva por uma banshee, criatura do folclore irlandês, após ser traído pelo seu empregador. Além da instigante ambientação, outro ponto forte do conto é a narrativa movimentada.

"A Cidadela de Elan" conta a aventura de Kira, uma princesa guerreira que deve cumprir uma missão especial em uma cidade dominada por ladrões. A prosa rica em símiles de Georgette Silen ("Lazarus") conduz muito bem a trama, com as cenas intensas de luta garantindo ótima leitura nessa história de segredo e intriga, tornando-a um dos destaques da antologia.

Outro destaque é "A Dama da Casa de Wassir", de Rober Pinheiro. Ambientado no mesmo universo do livro "Lordes de Thargor", a história traz o príncipe Atha’ny que, forçado a se casar para selar uma aliança entre dois clãs, deve agora resgatar um poderoso artefato místico. Apesar da estranheza inicial provocada pelo excesso de palavras da língua do universo de Thargor, o conto é bem desenvolvido e deixa um gancho ao final, despertando a vontade de conhecer novas aventuras naquele mundo.

"Sem Lembranças daquele Inverno" encerra o livro. Escrito por Duda Falcão, o conto mostra um mago contratando os serviços do cínico mercenário Atreil para recuperar uma joia mágica, roubada por uma feiticeira. É um conto ágil, mas que funcionaria melhor se certas cenas tivessem sido mostradas – fosse por pensamentos, sentidos e emoções dos personagens -, e não meramente narradas, o que acabou por enfraquecer a trama.

Vale destacar também o prefácio de Roberto de Sousa Causo, mostrando a origem do gênero, além da belíssima capa de Nate Milliner e o caprichado projeto gráfico de Roberta Scheffer.

"Sagas Volume 1 – Espada e Magia" mostra que a Argonautas começou com o pé direito no mundo literário.

(resenha originalmente publicada no blog Galvanizado - galvanizado.wordpress.com - em 19/04/2011)
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Tânia Souza 17/06/2011

Sagas – Sempre é tempo de magia... e espadas
Resenha de Sagas - Espada e Magia, V1
Por Tânia Souza


Caminhe por um tempo no qual a espada é a lei. Prepare-se para obstáculos cujo poder vai além do que se acredita ser a realidade: feiticeiras e criaturas de eras inomináveis aguardam. Tem cuidado! Há traições, armadilhas, acordos de honra, calabouços, corredores obscuros e combates sangrentos. Deleite-se com heróis e heroínas cujas mãos são tão perigosas quanto o aço que manejam numa dança macabra. E por fim, saboreie as mais valiosas recompensas: ouro e outros tesouros inigualáveis, pedras sagradas, a honra, a salvação da humanidade, o sabor da vingança e talvez... o direito à própria vida.

Este é o universo de Sagas – Espada e Magia, da Argonautas Editora. Um projeto que retoma a tradição das histórias de espada e magia e amplia este horizonte na LitFan brasileira. Cesar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro são os autores desta aventura literária. Já comentei antes o quanto gosto de prefácios, pois em Sagas, o prefácio de Roberto De Souza Causo merece uma leitura à parte, apresentando, além de um breve histórico, os mais importantes elementos do gênero. A belíssima ilustração de capa é de Nathan Thomas Milliner. Tanto para quem já é fã, quanto para quem não conhece o gênero, o livro é um presente e tanto. Pequeno (144 páginas em formato bolso, ou quase), ótimo para se carregar para todos os lados, narrativas curtas e de qualidade, com preço bem acessível. Poderia ser maior, fica a sensação que termina muito rápido.

Lágrimas do Anjo da Morte, de Cesar Alcázar, é a primeira noveleta. No litoral de Eaglach, quando as espadas já estavam silenciosas na desolação do campo de batalha, e apenas os mortos integravam a paisagem, um guerreiro sombrio está mortalmente ferido. O mercenário Anrath, o Cão Negro de Clontarf encontra-se com uma agente da morte, a belíssima e misteriosa Banshee. Desse encontro, inicia-se a saga de um herói resgatando uma dívida de vida e morte. Entre pântanos, areia coberta por sangue e labirintos sombrios, o mercenário enfrentará magia e criaturas mais antigas que a própria história. Anrath é um personagem que, ainda que letal, apresenta um olhar reflexivo sobre seu lugar em um mundo no qual sua existência sempre fora marcada por batalhas sangrentas. Nessa noveleta, que também apresenta alguns elementos do folclore irlandês, há certa melancolia que gostei muito, claro, sem perder o foco na ação. Ou então, eu que estava melancólica quando li.

A segunda narrativa é de autoria de Georgette Silen, em A Cidadela de Élan, uma guerreira solitária está à procura de um elemento fantástico, cuja importância vai além de qualquer individualidade. A cidade dos ladrões é fascinante e mais ainda o é Baltazar, o Rei Ladrão. Num cenário decadente, onde proscritos e sombras espreitam; antigas promessas, honra, magia, força e traição se entrelaçam quando o que está em jogo é um poder maior que todos. Kira, a princesa de Hisipan, nascida e criada para lutar, precisa superar desafios e fazer escolhas de dimensões inusitadas. Como sempre, a prosa de Georgette nos transporta ao universo literário com facilidade.

Em A Dama da Casa de Wassir, de Rober Pinheiro, Atha’ny, um príncipe guerreiro dos shoar’ym tem em seus caminhos obstáculos inimagináveis. Além de testes de coragem, honra e habilidade, prepara-se para o seu casamento com Aysha, uma guerreira tão poderosa quanto ele. E uma prometida relutante. Um casamento arranjado para selar a aliança entre duas sociedades que têm em comum a valentia, a coragem e a força... Segundo o prefácio, a narrativa se constrói no mesmo universo do romance Lordes de Thargor: o Vale de Eldor. Pois bem, o cenário descrito é fascinante, assim como os clãs, os costumes, a caracterização dos personagens e outros pequenos detalhes que só enriquecem a trama. Do encontro dos protagonistas, surgem desafios inusitados, magia, traição, feitiços e a presença da morte à espreita. Este é um dos meus favoritos no livro.

Tanto A Cidadela de Élan quanto A Dama da Casa de Wassir, trazem em comum uma característica que me inquieta um pouco ( e que nem sempre dá certo): as aventuras têm um fim, mas nem de longe a saga dos personagens parece encerrada, são narrativas que deixam espaço para novas aventuras, mas, principalmente, sobram ao leitor indagações sobre o destino (e o passado) dos personagens. Espero saciar essa curiosidade em breve.

Duda Falcão, em Sem Lembranças Daquele Inverno traz personagens tão sombrios quanto às vielas por onde caminham no Porto de Dartmor. Um servo que teme e sofre com a crueldade de seu senhor procura por Atreil, o mercenário. Por meio das descrições de tabernas, piratas, guerreiros embriagados e prostitutas desnudas, um ambiente decadente se materializa. Feiticeiros disputando uma jóia mística, florestas sombrias, vingança, reviravoltas, magia poderosa, um mercenário destemido e ambicioso, lobos e outros animais ferozes esperam pelo leitor. Algumas cenas de enfrentamento poderiam ter se estendido mais no entanto, o texto mantém um bom ritmo nos eventos narrados. Um elemento interessante nessa narrativa é a ótima caracterização dos personagens, indo além do protagonista; o anão, servo de Gimedjin, por exemplo, tem personalidade marcante.

São quatro narrativas nas quais que o gênero é explorado com todos os seus elementos básicos: muitas batalhas, ação, magia, buscas por artefatos fantásticos e criaturas terríveis. Clichê? De maneira alguma, é o que mais se espera de uma história de espada e magia. Guerreiros e guerreiras praticamente invencíveis, que seguem seu próprio código de honra ou de sobrevivência. Cenários fantásticos, decadentes ou sombrios; sentimentos comuns ao ser humano como a ambição, traição, paixão, ódio e medo, entre outros, dão um tom a mais aos contos e, por fim, ainda que sejam contos de um mesmo gênero, o estilo único de cada autor oferece ao leitor atmosferas diferenciadas e uma leitura que não cansa.

Sagas, da editora Argonauta, foi um passo importante para a fantasia heroica, espero com ansiedade para ler Sagas Vol II - Estranho Oeste.
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carlosmrocha 09/06/2011

Um bom começo!
Sagas é uma antologia com textos originais de Cezar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro. O livro tem 144 páginas e tem projeto gráfico de Roberta Scheffer. É uma beleza de se ver, pegar e folhear. Não por coincidência a editora Argonautas nos faz lembrar da Coleção Argonauta da editora Livros do Brasil que publicou centenas de edições nas décadas de 1950 e 60. O prefácio de Roberto de Sousa Causo é agradável e muito instrutivo completando bem a obra.

A bela capa é do estadunidense Nathan Thomas Milliner referencia a primeira noveleta, Lágrimas do Anjo da Morte, de Cezar Alcázar. Nesta, acompanhamos o mercenário Anrath, o Cão Negro, um proscrito, de nascimento gaélico e criado por vikings, considerado traidor por ambos. Anarth ganhou reputação por sua atuação na batalha de Clontarf e foi convocado pelo rei da Irlanda para defendê-la de uma incursão viking. Neste processo, toma contato com uma Banshee, um espírito que anuncia a morte, e recebe uma missão que não pode recusar. É uma aventura tensa e com uma boa dose encontros com criaturas fantásticas da mitologia irlandesa. O que o Cão Negro sabe fazer é matar e mesmo não gostando disto, leva a morte aos oponentes que cruzam seu caminho.

Em A Cidadela de Elan, Georgette Silen nos narra um episódio na vida da guerreira Kira, princesa de Hisipain que tem como missão recuperar um artefato guardado na Cidadelas de Elan, um antro de foras da lei comandados pelo ladrão Baltazar. Uma missão difícil na qual nem tudo corre dentro das expectativas. A noveleta tem uma boa dinâmica e mantem certa tensão, constituindo boa leitura.

Em A Dama da Casa de Wassir, Rober Pinheiro traz uma história que expande o universo ficcional de seu romance Lordes de Thargor: O Vale de Eldor (2008). Nesta, Atha’ny é submetido a uma série de testes para selar a união conjugal com Aysha, filha do senhor da casa Wassir. O teste derradeiro acaba sendo confrontar o temido e poderoso feiticeiro Saavish manipulador as artes negras de Amush’shen. É uma aventura bem compassada e gostosa de acompanhar.

Sem Lembranças daquele Inverno de Duda Falcão, é ambientado no universo ficcional do autor, As Terras de Lhu (cuja romance, Hylana nas Terras de Lhu está disponível para download aqui na Multiversos). Acompanhamos a tarefa do mercenário Atreil de recuperar um objeto roubado pela aprendiz do feiticeiro Gimedjin da cidade portuária de Dartmor. Atreil é bom no que faz e coleciona uma série de feitos de renome e é nele que Gimedjin deposita suas esperanças de recuperar a gema de Gailfenir e vingar-se de sua aprendiza. Direcionado por Gimedjin, ele enfrenta uma série de perigos até o confronto final com a feiticeira, mas deste confronto surgem algumas surpresas de dão um toque especial ao desfecho da noveleta.

Em resumo, a coleção Sagas mostra a que veio, num produto bem acabado, recheado com quatro histórias de boa qualidade que representam do cenário brasileiro de literatura fantástica e mais especificamente de fantasia heróica.
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NUPE 24/03/2011

Qual sua opinião sobre o livro?

Gostei MUITO de “Sagas Vol.1 – Espada e Magia”

Histórias do gênero espada e magia (magia não é obrigatório na minha lista de pré-requisitos de uma boa história, apesar de ser o estilo espada e magia e, acho que já deu para entender) estão entre as minhas favoritas e, mesmo que eu não seja nenhuma especialista quando se trata deste estilo, sou muito chata quando não gosto, o que não aconteceu neste livro.

“Sagas Vol.1 – Espada e Magia” é composto por quatro contos deste gênero (não estão em ordem):

A Dama da Casa de Wassir – Rober Pinheiro
A Cidadela de Elan – Georgette Silen
As Lágrimas do Anjo da Morte – César Alcázar
Sem Lembranças daquele Inverno – Duda Falcão

Os quatro escritores (cada um escreveu um conto) conseguiram colocar em seu próprio conto um mundo inteiro e nenhuma vez me senti completamente perdida ao ler, até porque eles explicavam em uma notinha o que poderia dar dúvida (e no meu caso, todas minhas dúvidas foram respondidas nas notinhas do autor).

Gostei demais da conta do prefácio do Roberto de Souza Causo que citou Conan várias vezes, falando que esta criação de Robert E. Howard foi uma das inspirações para a criação do livro. Se inspirar em Conan foi bárbaro (trocadilho podre, eu sei)! Obviamente, o prefácio do Roberto foi muito mais do que falar de Conan, ele também explicou um pouquinho o que é o gênero de “espada e magia”, citou exemplos (Conan foi um deles e o principal), contou os altos e baixos deste estilo literário e muito mais.

Algo que me agradou horrores foi a proposta de César (Almeida ou Alcázar, vocês podem escolher) e Duda (Falcão) de reintroduzir o gênero, que estava meio que jogado de lado com toda essa moda de vampiros, anjos, lobisomens, enfim, seres sobrenaturais. E na real? Foi uma ótima escolha terem lançado esse livro justamente por agora, porque com todo aquele bafafá sobre o filme “O Hobbit”, esse estilo vai voltar a bombar e rapidinho!

Sinceramente, a editora Argonautas está de parabéns. O César me mandou “Sagas Vol.1 – Espada e Magia” dizendo que era o livro de estreia de sua (e do Duda) editora, e perguntou se eu queria lê-lo para dar meus comentários aqui no blog e aceitei na hora.


Leia o resto da resenha em: http://blog.nemumpoucoepico.com/search/label/Editora%20Argonautas
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danilo_barbosa 02/02/2011

Este livro de quatro contos, assinados por Cesar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro, é um dos poucos livros de contos que li atualmente que posso dizer com toda certeza que é excelente. Formato pequeno, textos não cansativos e histórias envolventes.
Guerreiros, magos poderosos, ladras traidores e criaturas mágicas saem das páginas deste livro, trazendo para nós aquelas histórias de bárbaros e batalhas que parecem fadadas a derrota, mas nos surpreendem com suas reviravoltas mirabulosas.
E os personagens são extremamente bem construídos...

Veja resenha completa no Literatura de Cabeça
http://migre.me/3NyQd
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