Shirley

Shirley Charlotte Brontë




Resenhas - Shirley


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Claire Scorzi 09/02/2009

Uma faceta menos conhecida de Charlotte Brontë
A escritora enfrenta bem esse "tema masculino" e pode haver um problema nisso, aquele que outra escritora inglesa, Virginia Woolf, apontou como um defeito de Charlotte: o "ruído" que seu feminismo faz no que escreveu. Teria afinal a mais velha das Brontë optado por esse tema por desejo de provar que 'era tão boa quanto um homem'? Ela não faz feio ao tratá-lo; porém a suspeita da sua razão em fazê-lo me incomoda.
Em Shirley , esse "ruído", ou seja, a indignação contra o sexismo, mostra-se com freqüência: está presente nos diálogos entre as heroínas Shirley e Caroline explicitando a injustiça contra as mulheres; há observações da própria escritora enquanto narradora da história, ora mais sutis, ora menos - e é nestas últimas que o dito ruído atrapalha, deixa de ser convicção íntima da escritora e passa a ser ressentimento, prejudicando o romance como obra de arte. Felizmente, Charlotte nunca "prega" feminismo; um ponto para ela. Pode ter sido tentada, porém resistiu à tentação. Mas permitiu que sua revolta aparecesse em excesso.
O maior dom da escritora é a sua capacidade de criar personagens: mesmo aos secundários Charlotte Brontë consegue dar vida, os faz desfilar diante de nós como pessoas reais, convincentes. Shirley, Caroline, Robert, Louis, a sra. Pryor, o sr. York, Martin, o pr. Helstone são provas desse dom maravilhoso, porque ela me parece traçar retratos vívidos tanto dos homens quanto das mulheres, dando a cada um sua individualidade. Resta a paixão que Charlotte transmite em tudo que escreve, a forma como nos envolve com sua trama e suas figuras humanas. Esta é uma qualidade que Dickens também possuía, e que prezo muito.
Freezerburn 27/12/2023minha estante
Valeu pelo aviso, não gosto de histórias com viés feminista nem dessa enorme reclamação de que a sociedade oprime as mulheres. Prefiro crer na frase do filme Casamento Grego "Homem é a cabeça da casa, mas a mulher é o pescoço, e o pescoço vira a cabeça para aonde ele quiser"




Carol 19/05/2021

Impressões da Carol
Livro: Shirley {1849}
Autora: Charlotte Brontë {Inglaterra, 1816-1855}
Tradução: Solange Pinheiro
Editora: Martin Claret
912p.

Shirley é o segundo romance publicado por Charlotte Brontë e, antes de entramos no enredo em si, vamos contextualizar alguns pontos:

1. O livro foi publicado em 3 volumes, entre os anos de 1848 e 1849. Durante a escrita de Shirley, Chatlotte sofreu a perda de seus irmãos Branwell, Emily e Anne, todos para a tuberculose, num intervalo de 9 meses.

2. Muito suscetível a críticas recebidas por Jane Eyre, Charlotte faz algumas experimentações em Shirley, como o narrador em terceira pessoa, a contextualização histórica do romance, os conflitos sociais abordados e os questionamentos acerca da condição da mulher.

Estamos na Inglaterra, 1811-1812, auge do Bloqueio Continental, imposto por Napoleão, que impedia o comércio inglês com países sob o jugo francês. Em Yorkshire, ao Norte, vê-se, claramente, as consequências do conflito.

Robert Moore é dono da tecelagem do condado. Abalado financeiramente, ele adquire maquinário para tentar se reerguer, o que aumenta a animosidade dos trabalhadores locais, que estão na miséria. A vida de Moore corre riscos.

Para sofrimento de Caroline Helstone, sua prima, que o ama em segredo. Uma moça doce, encantadora e órfã, que vive com o tio, o rigoroso pastor Sr. Helstone.? Pobre, Caroline não ousa pensar em casamento, deseja apenas um trabalho como preceptora.

A vida de todos muda quando Shirley Keeldar, a herdeira e proprietária do terreno onde a tecelagem de Moore está instalada, retorna à cidade natal.?? Shirley é impetuosa, decidida, justa. E, por ser rica, Shirley tem a liberdade que a Caroline é negada.

O livro é um calhamaço, um romanção, recheado de personagens marcantes e passagens memoráveis, e muito divertido. A amizade das duas protagonistas, os discursos da Sra. Pryor, os monólogos de Shirley, fazem desse, o livro mais feminista de Charlotte Brontë.

Vale muito a leitura! Se você quiser saber um pouco mais sobre Shirley, participei de uma live no projeto #lendoasbrontetudo, que ficou gravada lá no perfil do instagram da @lilieolivro.
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Viviane.Fonseca 29/05/2021

Um romance bom mas...
...muito longo! Shirley é um romance narrado em terceira pessoa, diferentemente de Jane Eyre, outro romance que já havia lido da Charlotte. Essa questão parece ter sido um desafio para a autora, uma vez que são narradas muitas e muitas páginas que desfocam um pouco do eixo principal, o qual é bastante interessante. Em partes a narrativa se tornou cansativa por isso. Em geral podemos centrar o livro em duas mulheres, Shirley e Caroline, que apesar de muito diferentes, se tornam grandes amigas. Shirley tem um temperamento mais forte, tem grandes convicções e não se deixa moldar pelos outros, já Caroline é mais tímida, muitas vezes anulando seus sentimentos e desejos. Apesar dos pontos negativos (ser enrolado), gostei bastante da história e do final. Percebo que as irmãs Bronte tinham uma grande capacidade de criar ótimos personagens, complexos e que nos levam à curiosidade de saber como a história de cada um vai terminar.
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Jess 23/08/2021

O que dizer de Charlotte...
... se não que me apaixono mais a cada página lida?

Shirley conta a história de um condado, por mais que foque suas atenções principais na amizade entre Caroline e Shirley; é recheada de personagens marcantes, com vidas reais, sentimentos e detalhes minuciosos, mesmo aqueles que tão pouco aparecem. Os cenários e suas descrições nos fazem parecer viver dentro de Fieldhead, ou da fábrica, ou da igreja, e tantos outros espaços. É a Inglaterra de 1811-1812, onde a guerra napoleônica está em seu auge e essa confusão política é facilmente vista durante o percurso do livro. O bloqueio continental prejudica a todos, inclusive Robert Moore, dono de fábrica afundado nas dúvidas do pai e lutando para reconquistar seu espaço na burguesia. Sem mesmo se dar conta que Caroline, sua prima, sofre de amor por ele.

As coisas mudam quando aparece Shirley Keeldar, uma herdeira órfã e dona do terreno onde está situada a fábrica de Robert. Ela e Caroline rapidamente se engajam numa amizade forte, ainda que turbulenta no começo, mas que promete perdurar por gerações. O livro apresenta discussões históricas, feministas, reflexões religiosas e sociais que não se costuma conseguir com tantos detalhes. De forma alguma achei a leitura arrastada, considerando a riqueza de detalhes. 'Shirley' é mais que um livro sobre romances e casamentos; é um livro sobre amizade e liberdade feminina, e por isso esteve tão a frente do tempo em que foi publicado.
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Shirley.Peixe 22/08/2021

Um bom livro...
"Shirley" continua apresentando o selo de qualidade das obras das irmãs Brontë, com suas críticas e personagens femininas de grandes qualidades.
De tudo, achei mais curioso o título, pois essa história, na verdade, tem o protagonismo compartilhado e todos estes me agradaram, inclusive.
É o mais fraquinho da Charlotte, pra mim, até agora, mas ainda assim, muito envolvente.
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NaiaraAimee 06/11/2014

O outro lado de Charlotte
''O amor pode desculpar qualquer coisa, exceto a maldade. A maldade mata o amor, aleija a afeição natural e, sem estima, o amor verdadeiro não pode existir. (Pág. 95)'' Shirley - Charlotte Brontë

Pelo que sabemos, Shirley foi escrito num determinado momento da vida em que Charlotte havia perdido os irmãos: Branwell (Setembro de 1848), Emily (Dezembro de 1848) e Anne (Maio de 1849). Shirley nada mais é que o retrato da sociedade do século XIX, representando a desigualdade entre os sexos e as classes.

Diferente de todos os outros romances, Shirley é narrado em terceira pessoa e tem um ar menos dramático, posso dizer que achei até um pouco cômico a maneira como ela descreve algumas situações. Vemos isso logo no início do livro, nas primeiras linhas: Nos últimos anos, uma chuva abundante de vigários caiu sobre o Norte da Inglaterra. Em qualquer colina se pode deparar com um deles e cada paróquia tem mais de um. Embora os jovens não sejam muito ativos, são, contudo, prestativos. (pág. 9). Esse humor a acompanha durante todo o romance, contudo, como é característico de Charlotte Brontë, o drama também está ali presente.
A história se passa nas épocas das Guerras Napoleônicas e Revolução industrial. Por conta dessas guerras aumenta-se a dificuldade dos comerciantes e a Revolução industrial traz consigo a miséria dos trabalhadores que são substituídos por maquinários e veem seus empregos perdidos. Isso, claro, gera muita revolta por parte deles.


Robert Moore, um personagem peculiar, dono de uma fábrica, se mostra a favor do progresso e defende com afinco suas ideias, chegando ás vezes a parecer grosso, contudo, é um homem bonito, culto e, de certa forma, romântico. Tem dois irmãos: Hortense, que vive com ele e Louis que é professor, porém vive longe.

Shirley, a personagem principal, aparece praticamente no segundo volume da obra. Órfã e herdeira, Shirley Keeldar se mostra uma mulher de fortes opiniões, quase um homem de saias. É uma mulher que toma partido em muitos assuntos e tem uma voz forte, se fazendo ouvir por todos ao seu redor.

Podemos ver claramente em Caroline, apesar de seu jeito meigo, que ela também é uma mulher a procura de mais, podemos sentir seu desejo de liberdade quando ela diz que não quer apenas viver em casa sem ocupações, deseja ardentemente poder fazer algo na vida, ter funções assim como os homens.

Charlotte Brontë era uma feminista, é impossível não sentir a sua indignação sobre as injustiças cometidas pela sociedade com as mulheres, os menos afortunados, em como coisas fúteis e mesquinhas eram valorizadas. Em Jane Eyre Virginia Woolf diz: Nós abrimos Jane Eyre e somos envolvidos pela genialidade, veemência e indignação de Charlotte Brontë. É o intenso brilho vermelho do fogo do coração que ilumina suas páginas. Eu digo que em Shirley esse brilho vermelho não se apagou, pois ainda podemos sentir esse brilho intenso incendiar suas páginas, cada uma delas.

Shirley é um livro que vale a pena ser lido e relido, pois além do romance maravilhoso entre os personagens, ele nos transporta para outra época onde ficamos conhecendo verdadeiramente sua história. Com essa obra, Charlotte Brontë conseguiu mais uma vez provar sua genialidade e posso dizer que esse livro entrou na minha lista de prediletos ocupando um lugar especial no meu coração.


site: http://escritorasinglesas.com/shirley-charlotte-bronte/
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ioko 01/05/2021

Lhe rogo, leia ESSA resenha
"- A mudança é necessária para a felicidade?
- Sim
- É um sinônimo para ela?
- Não sei, mas acho que monotonia e morte são quase a mesma coisa."

Esse livro me impressionou de todas as maneiras possíveis.
Eu já havia lido Jane Eyre e me encantado profundamente com Charlotte, mas foi Shirley que me mostrou a verdadeira capacidade dessa magnífica autora.
Shirley consegue abrir a sua cabeça, agora no século 21, mesmo sendo um livro escrito no século 19. Ele surpreende com idéias modernas e corretas, com um alicerce ético impressionante.
Os personagens são belamente construídos, acho que nunca me apeguei tanto a personagens literários, como me apeguei aos presentes em Shirley. Eles são bem descritos e, quando a autora decide não descreve-los ela os apresenta ao longo da estória, de modo com que eles fiquem tão gravados na mente do leitor como os minuciosamente apresentados.
C.B tem um jeito de nos inserir na cena, de nos colocar ao lado do personagem, espiando suas ações diárias.
Os personagens são fantásticos, reais, humanos, e fortes. Shirley e Caroline, as protagonistas desta obra prima literária, são mulheres excepcionais. Cada uma apresenta uma personalidade diferente, e traz ao leitor um novo nível de autoconhecimento e reflexão para com a vida. Shirley é, como disse sua amiga Caroline, forte como a morte. Ela é a própria centelha de vida, tocando e mudando todos os que a conhecem. Ela é um fogo que não pode ser contido, e que absolutamente ninguém quer viver sem. Ela é forte, independente, livre, engraçada, mais inteligente que a maior parte da população e um deleite de se observar. É quase impossível descrever Shirley, mas tenho enorme prazer em observa-la, até mesmo em seus atos mais corriqueiros.
Caroline é doce, meiga, sensata, um sopro de ar fresco. Ela traz uma calma sensata ao ambiente. Tão inteligente quanto Shirley, suas reflexões são silenciosas e observadoras. Aproveita as sutilezas da vida como ninguém, é a melhor pessoa que você pode conhecer.
A amizade das duas foi simplesmente mágica! esplendorosa! Elas quebram totalmente os paradigmas da sociedade de uma maneira forte e sútil, sem deixar arestas e controlada. Ver essas duas almas se encontrando foi um presente divino.
Tanto elas, como o resto dos personagens, Robert e Louis Moore, Hortense, Sr. Yorke (com seus fantásticos pontos de vista), Sr Hall, Martin, Henry, enfim, todos eles, todos tem um lugar especial no meu coração e jamais os esquecerei.
Shirley é uma obra sobre a força de vontade, o amor, a esperança, a tentativa, o fracasso, a resignação e a paz. Tudo é perfeito nesse livro, as discussões, os debates, as opiniões trocadas, as relações formadas, o amor, tudo! Essa obra marcou minha vida para sempre! Charlotte Brontë sou-lhe eternamente grata.
Obrigada por me tirar do ennui de uma maneira tão gloriosa. Aos romances - que ocorreram de maneira maravilhosa - e as reflexões - políticas, religiosas, estruturais e etc - desse livro, só posso agradecer.
Recomendo a todos e a qualquer um. O que Shirley tem a apresentar, ninguém mais pode dar.

"Ela se parecia, eu pensei, com uma entidade sobrenatural - algo feito de um dos elementos, a progênie da brisa e das chamas, a filha do raio e das gotas de chuva - algo que jamais pode ser alcançado, aprisionado, fixado."

"Sra. Moore, devo conduzi-la para casa."
elisarss 01/05/2021minha estante
uau, amei sua resenha!! ?


ioko 01/05/2021minha estante
owwwwnn obrigadaaa ???




Camila Felicio 24/12/2023

O livro mais diferente das Brontë
Quem for achando que vai ler algo estilo Jane Eyre, A Inquilina, Agnes Grey, Villette e inclusive o Morro dos Ventos Uivantes vai cair do cavalo!!
A narrativa aborda a Inglaterra durante o período inicial da Rev. Industrial e Guerras Napoleônicas, com trechos de explicações históricas em forma de digressões (a la Victor Hugo), muitas discussões sociológicas acerca da luta de classes vivida durante o período, o aumento de miseráveis e a hipocrisia das classe média e alta industrial!
Ademais de trechos sobre a mulher e a sua luta por espaço, gerando discussões acerca dos papeis dos gêneros, vemos discussões sobre o papel feminino principalmente durante a participação de Shirley, a jovem herdeira rica que com seu nome masculino (Até 1849 Shirley era nome de homem, a realidade alterou-se graças ao livro da Charlotte) manda e desmanda em Yorkshire!

Sobre o enredo trata-se da história da amizade e amores de Caroline e Shirley, a primeira mais tímida e amorosa e a última dura e espirituosa, ainda que Caroline seja a personagem mais importante não me assombra que o livro chame-se Shirley pois em sua participação vemos o livro tornar-se mais fluído e divertido, seu romance a la megera domada é encantador!

Recomendo muitooo, e com certeza vou reler o grande romance da Gaskell, a grande amiga da Charlotte, pois é nítido que Norte e Sul bebeu muuuito de Shirley, quem compara a obra a Orgulho e Preconceito precisa conhecer Shirley para ver que tem muito mais influência!!
Só não dou 5 estrelas pois creio que o ritmo do início do livro, os padres e todo o início da história de Caroline não foram interessantes!

Aos futuros leitores, cuidado com a ed. da Pedrazul, iniciei por ela e tive que abandonar, o texto está totalmente picado e adaptado (sem que eu tivesse sido informada...), optei por seguir pela Martin Claret onde está com uma tradução bacana e texto INTEGRAL, pois acho essencial! A Pedrazul cortou digressões interessantes da Charlotte, o uso dos vocativo para chamar o leitor pra obra, não contou o final de personagens dando a entender que a Charlotte simplesmente os abandonou a própria sorte quando não é a verdade, cortou discussões bacanas da Shirley sobre o papel da mulher. No entanto, na edição integral vemos o desenvolvimento de todos!! Aviso pois fiquei bem chateada -eu e minha amiga pois foi uma LC pela mesma edição-, e fiquei com receio de assinar o clube com medo de que volte a ocorrer o problema, espero que não pois adoro o trabalho da editora.
Fabio 27/12/2023minha estante
Ainda não li essa, Camila, mas depois da sua resenha, com toda certeza, entrou na minha lista de 2024!
Parabéns pela resenha, muit bem escrita e sintetizada!?


Camila Felicio 28/12/2023minha estante
Vale muitoo a pena, é parado no começo e o final é a cara do romanticismo, mas vale a pena a jornada porque enriquece pra caramba os debates históricos e a questão sociológica das fábricas vs pobreza e o papel da mulher! A Shirley é encantadora kkkk


Fabio 29/12/2023minha estante
Obrigado pelo feeedback, já entrou para a lista!




Shirlei | @pazliteraria 30/03/2020

Enfim conheci Charlotte!
Minha história com esse livro e essa autora tem tantos capítulos que não conseguirei escrever todos aqui, e nem sei por onde começar os poucos que irei relatar.

Ganhei essa edição, com essa capa belíssima, de um sorteio Literário, o primeiro que eu ganhei! Fiquei muito feliz, pois além do livro ter o mesmo nome que o meu, sempre tive uma enorme vontade de ler e conhecer de perto as obras das irmãs Brontë.
.
O romance ??????? é maravilhoso, mesmo eu sendo muito suspeita em falar, o enredo é cercado de bons , e muitos, personagens, sendo dois deles as protagonistas, Caroline Helstone e Shirley Keldar, a segunda aparecendo somente depois de quase um terço da leitura, antes disso conhecemos Caroline e sua paixão platônica pelo seu primo Gerard Moore. A construção da amizade entre Shirley e Caroline é bem construída ao longo do romance, apesar de ambas terem personalidades tão diferentes; Enquanto a Srtª Keldar parece dona de uma personalidade forte e decidida, porém espirituosa , Caroline é tímida, sentimental e caridosa.
.
Tendo o livro mais de 900 páginas, ele traz também muitas emoções e diálogos consideráveis e bem construídos;
Me identifiquei muito com as protagonista, pois são muito reais e profundas.
Me deixaram ansiosa e tensa os fatos de (até a metade da leitura), não saber claramente dos pensamentos e sentimentos que cercam o coração de Shirley, e de Caroline ser sentimental demais em algumas partes da leitura.
.
Os momentos em que o narrador se comunica (por vezes se queixa), diretamente com quem lê, são bem escritos e deixam o leitor totalmente inserido na história.
O único defeito do romance é a grande quantidade de personagens, em certos pontos isso deixa a leitura "quase" um pouco cansativa.
.
O livro tem também momentos bem denso, poético, cômico, introspectivo, de tristeza, reflexão e angustia. E a angustia pelo destino dos personagens principais é algo que vai até bem no finalzinho do livro. E o final é digno de um belo e bem escrito romance. Me senti muito identificada com as protagonista de Charlotte e maravilhada com a leitura!
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Coruja 16/02/2016

É curioso como esse livro, a princípio, fazia perder-me em comparações. As primeiras 50 páginas, que contam dos esforços de Robert Moore com sua fábrica, imediatamente me lembraram a incansável dedicação de Mr. Thornton, de Norte e Sul. Quando surge em cena Miss Caroline Helstone (e esse sobrenome também é familiar para quem leu o romance de Gaskell), sua imagem de quase perfeição me remeteu para Evelina. Caroline, contudo, destaca-se lá pela página 100, quando demostra admirável autoconhecimento e dá os primeiros passos para escapar do que enxerga como perigoso sentimentalismo e um amor fadado a partir seu coração. A suposta real protagonista, que dá seu nome ao título, só surge na página 138.

É engraçado: demorei a começar a ler Shirley, em parte por compromissos da ‘vida real’ (dezembro e janeiro foram massacrantes...) e em parte porque Villette, da mesma autora, deixou-me emocionalmente exausta. A intensidade de Lucy Snowe é fascinante, mas pode sua jornada pode ser bastante dolorosa, inclusive pelo final em aberto que deixa implícito apenas tristezas.

Uma vez tendo começado, contudo, foi difícil separar-me do livro para banalidades como comer ou dormir. Shirley é um romance folhetinesco vira-páginas, daqueles em que você anseia desesperadamente em saber o que vai acontecer a seguir. Foi por muito pouco que não virei uma noite às voltas com ele – ao final, terminei-o em dois dias e ao chegar ao final, descobri que não me importaria se pudesse passar mais tempo na companhia daqueles personagens.

Em Villette e Jane Eyre (em menor medida nesse último), Charlotte nos apresenta a protagonistas introspectivas, que, embora passionais sob a superfície, se fazem invisíveis na aparência para poder sobreviver. Por mais que Lucy e Jane perambulem pelo mundo, suas histórias não me parecem ter o mesmo tipo de constante movimento que nos é passado em Shirley. Talvez porque temos o industrial Mr. Moore indo de um lado para o outro tentando resolver o problema das máquinas e dos operários revoltados; pela necessidade que Caroline tem de se ocupar, de se perder em outras preocupações para não pensar em sua própria dor; ou mesmo pela vivacidade por vezes delirante da jovem Shirley. O fato é que tudo acontece rápido, o passo é ligeiro, como o progresso que Moore deseja trazer ao condado.

Ao terminar e refletir com mais vagar sobre o que lera, percebi também que era um livro cheio de raiva e raiva era muito do que estava por debaixo do ardor de Shirley. Raiva da hipocrisia, da necessidade de aparências, do tratamento dado a mulher... Essa sensação de injustiça, contra a qual Shirley por vezes tenta lutar, é um grito da própria Charlotte e permeia boa parte de suas obras.

Há uma miríade de personagens, com suas próprias agendas e interesses e não podemos classificá-los em heróis e vilões – o contexto social da guerra e da revolução industrial nunca é esquecido e está constantemente no centro das motivações dos personagens. Do ponto de vista humano, é um livro muito real, muito crível pela forma como todos eles se movimentam na história (exceto por algumas coincidências folhetinescas, mas não posso falar muito delas sem entregar spoilers).

Concordo com a defesa da editora ao colocar Caroline junto a Shirley no subtítulo. Embora muitos dos temas defendidos ao longo do livro sejam masculinos – no sentido de serem preocupações da esfera masculina à época – a história nos é apresentada principalmente pelos olhos dessas duas mulheres, e sob o prisma da amizade que as une (amizade essa, aliás, que foi um dos meus pontos favoritos do enredo).

Em resumo, um excelente livro, daqueles que não apenas nos brindam com excelentes romances, mas que também nos fazem refletir. Já deixou saudades...

site: http://www.owlsroof.blogspot.com.br/2016/02/para-ler-shirley.html
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Tuca 26/12/2022

Charlotte Brontë é mais conhecida por sua obra-prima “Jane Eyre”. Ao contrário do que muitos pensam aqui no Brasil, ela não foi uma mulher de um livro só. Charlotte publicou também Villete, Shirley, O professor, além dos seus trabalhos de juvenília. “Shirley”, o romance do qual vou falar, é uma narrativa tão boa quanto “Jane Eyre”, apesar de não ter sido recepcionada da mesma forma pelo público à época, e que traz mais liames políticos e uma maior variedade de personagens, além de mocinhos mais suaves do que Rochester.

“Shirley” é uma história de amor e acima de tudo de amizade. Caroline Hesltone e Shirley Keeldar seriam duas amigas improváveis. Shirley uma herdeira orfã que se porta perante a sociedade como um homem. Ela gerencia seus próprios negócios com seu sócio Robert Moore, ela se impõe diante das tentativas do tio de casá-la com um homem rico, ela decide com o que gastar seu dinheiro, quais caridades ajudar, e ela coloca sobre suas asas a sobrinha do clérigo Helstone, senhorita Caroline Helstone, seu quase exato oposto. O que Shirley tinha de razão, Caroline era pura emoção, porém com um grande entendimento do funcionamento da sociedade. Uma jovenzinha completamente apaixonada pelo primo Robert Moore, homem cujo único amor parecia ser sua fábrica.

Na representação dessa mulher forte e determinada, mas também apaixonada e amorosa em sua própria medida em Shirley, Charlotte faz um tributo à sua irmã, Emily, que havia falecido no período de escritura do romance (assim como morrem também nessa época seu irmão Branwell, e depois sua irmã Anne). E dizem que a doce Caroline seria baseada na própria autora.

Em meio à revolução industrial e às guerras napoleônicas, a Inglaterra está uma frenesi. Essas duas mulheres e seus respectivos terão que não apenas lidar com os próprios sentimentos, mas com as dificuldades práticas da sobrevivência de um matrimônio, e os questionamentos sociais das diferenças de classes. A discussão acerca do progressismo e da modernidade social embebida no conservadorismo dos costumes e da opressão feminina. Eu que pensei que iria encarar mais um mocinho meio dúbio depois de Rochester em “Jane Eyre”, ainda mais pelo início de Robert Moore, me surpreendi com dois homens dignos e apaixonantes, e com a amizade encantadora dessas duas mulheres que realmente pareciam irmãs.

“Shirley” é um romance que foi escrito na dureza do luto, mas que se aproxima de um refúgio de um mundo que mesmo cruel pode ter seus finais felizes. Ele ainda traz suas semelhanças com o universo industrial de “Norte e Sul” da amiga e também biógrafa de Charlotte, Elizabeth Gaskell, não somente no contexto, mas em um paralelo entre Thorton e Moore.


site: IG: https://www.instagram.com/tracinhadelivros/
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22/02/2023

Apesar do livro chamar-se Shirley ela só aparece no livro depois de uns 35% da história, em alguns momentos achei que o livro devia se chamar Caroline.
Porém, quando começa a falar de Shirley mostra que é uma mulher de personalidade forte, claro que, o que ajudava algumas mulheres a poder ter essa personalidade nessa época era o fato de ser rica, pois a maioria tinha que se submeter.
Shirley e Caroline são amigas e em alguns momentos podemos ver que pode existir alguma rivalidade nessa relação, no decorrer do livro é que vamos entender o que realmente se passa e como Caroline às vezes se confunde frente ao caráter de Shirley e como a vida dos outros personagens se entrelaçam às vidas das nossas heroínas.
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Vitoria 29/07/2022

Muito bom
QUE LIVRO INCRÍVEL. Charlotte arrasou nesse livro.
Desde que li Jane Eyre mantenho uma admiração pelo trabalho da irmã Brontë, e com Shirley não foi diferente, apesar de ser um calhamaço, o livro é tão fluído e coerente que me surpreendeu mais uma vez. A autora é mestre em criar persongens únicos e insubstituíveis, que ganham um lugar no seu coração para o resto da vida. Ao começar por Robert Moore que no começo não me cativou mas que com sua generosidade e sinceridade ganhou meu respeito. Depois temos Caroline, que é uma personagem tão bem construída que me impressiona, sua delicadeza e seu bom coração são tão característicos. E por fim temos Shirley, personagem que leva o nome do livro mas que apesar disso só aparece na metade da obra, Shirley é uma leoa, ela é surpreendente, forte e determinada, o completo oposto de Caroline, mas ambas tão agradáveis e amáveis. Além destas personalidades que citei, temos outras de igual complexidade e importância mas não quero me demorar na resenha.
Charlotte tem em Shirley um livro mais profundo do que aparenta, contando com críticas ao clero e a ?atitudes eclesiásticas? que os pastores têm, critica também a sociedade e sua falta de compreensão às mulheres, contando com falas ousadas para época, e por fim tece comentários sobre a Revolução Industrial e a Guerra.
Em geral, é um livro complexo de entender mas não tão difícil de ler.
Recomendo a todos :)
Aruanito 29/07/2022minha estante
Parabéns pela leitura, 900 páginas não é pra qualquer um


Vitoria 29/07/2022minha estante
Obrigada lindo




Dri 02/04/2022

Romance industrial
A revolução industrial e os levantes ludistas servem de pano de fundo para o desenvolvimento da história das jovens Shirley Keeldar e Caroline Helstone, na Yorkshire de 1811. À princípio opostas em comportamento e posição social, as duas logo se tornam melhores amigas. Na escrita impecável de Charlotte Bronte teremos vislumbres de sua própria personalidade em Caroline e a criação da singular Shirley, uma destemida e independente herdeira, criada em homenagem à Emily Bronte. Vi algumas características de Mr. Thornton em Mr. Moore, o industrial local, à beira da falência em virtude dos embargos comerciais decorrentes das guerras napoleonicas. Dois romances são apresentados ao longo da trama, e ambos são muito bonitos e bem construídos. Próxima parada: Villette, o único romance de Charlotte Bronte que ainda não li.
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Gabi 28/08/2021

Eu estava bem ansiosa para essa leitura, gosto muito da escrita da Charlotte (das três irmãs Brontë, na verdade) e nesse livro não foi diferente. Assim como nas outras obras da autora, Shirley tem muitas críticas à sociedade da época e isso fica evidente principalmente nos diálogos. Confesso que esperava gostar ainda mais, demorei de me envolver na história e de me importar com os personagens, mas é um livro muito bem escrito e que recomendo demais.
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