Kath 19/03/2023
O Misterioso Caso de Styles
Styles é a primeira aparição de Poirot nos livros da Agatha e, geralmente, em todo livro de apresentação de personagem (nos casos das séries, claro) não é nada extraordinário, apenas o protagonista no meio de uma situação que evidencie quem ele é, do que é capaz e o que procura, apesar de nem todos esses aspectos ficarem claros no caso de Poirot. Alguns estudiosos da literatura de Agatha defendem que ela não construiu um background muito sólido para o seu detetive e, por isso, tantas informações a respeito dele ficam subtendidas ou deduzidas pelo leitor ao longo dos seus livros. E, após ler vários de seus casos, sou obrigada a concordar com eles.
Quando uma velha matrona é envenenada em sua mansão, Hastings, que era hóspede na casa por intermédio do enteado desta que era seu amigo de longa data, acaba encontrando Poirot como um refugiado belga na Inglaterra graças ao apoio financeiro da matrona morta. O pequeno detetive imediatamente aceita o caso e começa sua investigação, apesar de todas as pistas apontarem para o marido da mulher, Poirot não quer que ele seja preso, mas não explica o motivo e começa a juntar as peças que montam o quebra-cabeça dos últimos dias da mulher consciente de que todos na casa podem ser autores do crime.
Mesmo que fique claro desde o começo que Hastings e Poirot se conheciam anteriormente — apesar de não ser explicado como — e por já ter lido vários outros livros com o detetive, inclusive na companhia desta sua versão de Watson, aqui é bem clara a "iniciação" de Hastings como investigador. Em outros casos como Os 4 Grandes, por exemplo, que foi o primeiro livro dela que li, ele está bem mais afiado, fazendo algumas boas observações. Contudo, aqui em Styles ele é ingênuo, não se dá muito ao trabalho de juntar as peças e sempre espera que o detetive esmiúce tudo para ele.
Para um renomado detetive tão exaustivamente louvado nesse livro, Poirot mostra nesse primeiro romance alguns sinais de humildade que não se veem em outros livros, não apenas ao admitir a complexidade das informações que coleta, mas ao se mostrar frustrado com o rumo dos acontecimentos. Contudo, nada disso diminui o brilhantismo de sua investigação que é gloriosamente aprimorado nos demais romances. Para uma primeira aparição, é um bom livro, não o melhor da autora com ele, sem dúvida, mas uma boa introdução ao personagem.
O Caso do Hotel Bertram
É um fato que eu não sou muito chegada nos romances de Miss Marple, acho-os tão enfadonhos! Não me lembrava de já haver lido esse livro dela, tenho esse vira-vira há anos! Como consumo mais as histórias de Poirot, não tenho muito critério para avaliar se é um dos piores casos dela, mas certamente dos que já li foi o que me deu mais sono. Nunca foi tão difícil terminar 198 páginas.
Como presente de uma sobrinha, Miss Marple ganha uma viagem de duas semanas para Londres onde se hospeda, a seu próprio pedido, no Hotel Bertram que frequentou com os pais e uma tia quando criança. De início, o ambiente do hotel é como uma viagem no tempo, mas a velha senhora acaba sentindo uma atmosfera estranha no lugar que não é mais como suas saudosas memórias se lembravam.
Quando, em uma noite, ela é acordada por um barulho, vê no corredor o velho cônego Pennyfather descendo as escadas, mas não acha isso estranho até a polícia ir ao hotel investigar o desaparecimento do clérigo. Conforme a investigação avança, Miss Marple continua seu passeio normalmente escutando coisas aqui e ali (como ela normalmente faz em todo livro), e vai tirando suas conclusões aparentemente sem ligar uma coisa a outra.
O detetive responsável pelo caso está investigando, na verdade, um grande esquema de roubo e acredita que o hotel é o centro de operações, contando com a ajuda da velhinha e suas informações ocasionais, ele vai chegar ao cérebro por trás dos assaltos e desvendar o assassinato do porteiro.
Acho que só não abandonei esse livro porque ele era muito pequeno, mas o sono que me dava enquanto lia quase me fez largar de mão. O protagonismo da história vai mais para o detetive que para a personagem que devia ser a principal. Além do mais, o caso é chato. Apenas. E achei a conclusão ultrajante com aquela fedelha falsa impune.