Flah 30/01/2014Sete Selos - Luiza SalazarBom. Acho que não é segredo para ninguém o quanto eu torço o nariz para qualquer obra brasileira – o que é um verdadeiro pecado, já que eu sou uma escritora frustrada e sei bem qual é a sensação -, mas... Depois de ler esse livro, eu juro que aprendi direitinho a lição de que não se deve julgar um livro pela sua origem. Eu já vinha trabalhando isso na minha cabeça há um tempo, escolhendo obras dos mais diversos lugares para a minha estante, mas no fundo sempre fica aquele sentimento de que o livro possa não ser tão bom. O estrangeirismo é a pior doença que aflige mundo literário, e, infelizmente, é disseminada por uma boa dose de falta de apoio aos autores nacionais, mas vamos deixar isso para algum literando pertinente. O que eu quis dizer aqui foi: Luiza Salazar tem talento.
Sete Selos é um livro bem trabalhado. Apesar dos eventuais erros de revisão, que infelizmente ainda são o único defeito da Underworld, todos os errinhos são anulados pela excelente desenvoltura da autora. Luiza tem um ritmo muito bom e leva a história inteira sem em momento algum deixá-la monótona ou chata. Há certos problemas de coerência, já que o assunto principal do livro é trabalhado em volta da Bíblia e isso ainda é um tanto quanto delicado, mas eu não considero isso como um defeito, já que como se trata de uma ficção, a autora tem todo o direito de modificar e adaptar tudo aquilo que deseja de forma a fazer com que a história fique coerente.
Lara Carver, uma garota de 23 anos – e aqui eu tenho que abrir um espaço para comentar o problema com a idade da protagonista. No resumo, afirma-se que ela tem 21 anos, mas durante o livro é comentado que ela tem 23, sem contar que outros fatores levam a crer que esta é a idade mais pertinente para ela. Acho que li em algum lugar que a Luiza já tinha pedido para concertar o erro, mas não tenho certeza. Enfim, para efeito de resenha, considerarei Lara com 23 anos. – que trabalha para uma Agência de controle de entidades sobrenaturais. Porém, algo muito poderoso acontece, algo que foge até mesmo dos poderes da Agência, forçando-os a pedir ajuda para a última pessoa que poderia ajudá-los em uma situação como essa e, desta forma, acabam por montar um time um tanto quanto incomum para descobrir o que esta acontecendo. Entretanto, no meio dessa aventura, descobre-se muito mais do que apenas uma entidade tentando destruir o mundo. Pois, com essa missão, Lara descobre também que havia muita coisa sobre ela mesma que permanecia obscura em seus anos de Agência. De repente, o que ela é vem à tona e a obriga a fazer importantes decisões.
A história é em terceira pessoa, muito bem narrada e, obviamente, focada na protagonista, Lara. Apesar de nenhum personagem realmente chamar a minha atenção para merecer se tornar favorito, tive um interesse um pouco maior em Jason, o amigo debochado e rebelde. Ele é o tipo de personagem que eu gosto e que acaba chamando a minha atenção. Mas achei que ele foi um pouco mal explorado, já que o tempo que ele passou longe de Lara não foi devidamente esclarecido, o que fez com que ele se tornasse incerto demais para o meu gosto. Em geral, os personagens foram bem explorados – com exceção de Jason – e não tiveram grandes contradições, como muitas vezes acontece nos livros. Ponto positivo para “Sete Selos”.
Sobre a história em si... Olha, tenho que admitir que me surpreendeu. Quando comecei o livro, fiz várias teorias do que poderia acontecer, ou como aconteceria, mas, com o desenrolar da história, me peguei seguindo um caminho completamente diferente daquele que imaginei. É divertido ver até onde vai a cabeça de um escritor. Nesse caso, foi divertido e valeu a pena. Aliás, não só digo isso sobre a história em si, mas também com relação à descrição. Luiza Salazar, além de um ritmo delicioso em sua escrita, também descreve maravilhosamente bem, sem deixar o leitor ficar cansado ou perder algum detalhe da cena. Fiquei encantada com a sua visão do Céu e do Inferno e a forma como ela desenvolveu tudo isso em sua história.
Resumindo – tenho que parar por aqui porque a resenha ficou realmente grande -; apesar dos eventuais erros, que, diga-se de passagem, acabam quebrando um pouco o encanto da leitura; a história mereceu os seus elogios. Eu a recomendo para qualquer pessoa que goste de uma literatura fantástica.