Vilamarc 21/10/2021Abrindo a enferrujada arca da famíliaJá disse Tolstoi: As famílias infelizes são infelizes cada uma a sua maneira.
Primeira leitura de Ronaldo Correia Brito, sempre muito elogiado, e fico profundamente satisfeito de ser Galileia, um misto pulsante de tragédias familiares gregas ou de quaisquer lugares, e de histórias bíblicas, muito presente nos nomes dos personagens e situações criadas, remetendo as tragédias rurais do imenso Nordeste.
Que família não tem seus causos quase míticos?
Aqui 3 primos regressam a fazenda Galileia em Arneiroz, Sertão dos Inhamuns, região super seca e pouco povoada do Ceará, mas cheia de tradições populares. O objetivo, o aniversário ou velório do patriarca Raimundo Caetano, o único da família sem nome bíblico.
Já na viagem saindo de Recife, as tensões familiares começam a ser relembradas e o regresso a fazenda, traz consigo, muitos segredos e revelações que evidenciam os destinos que levamos inconscientes pela vida toda.
Leitura muito fluída e, para mim, cheio de boas recordações de uma infância bucólica vivida nesses interiores rústicos, de açudes, cercas e veredas, riachos secos, casas de alpendre, vaquejadas, fogão a lenha, banhos de chuva, frutas no pé... e muitas histórias contadas ao cair da noitinha.
Um livro especial e repleto de poéticas do sertão nordestino.