A Queda de Bagdá

A Queda de Bagdá Jon Lee Anderson




Resenhas - A Queda de Bagdá


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Albert 20/10/2014

Livro regular
A Queda de Bagdá não passa de um livro regular na minha opinião. O autor Jon Lee Anderson como jornalista descreve sua estadia no país de Saddam Hussein muito antes do início do conflito. O escritor conta como era a rotina dos civis iraquianos antes da guerra, durante e depois no desdobramento pós-guerra. Sob o meu ponto de vista, esperava um livro com mais ação, com detalhes por exemplo do combate na linha de frente, mas é justamente por isso que não ocorre devido uma guerra rápida e totalmente diferente do que eu imaginava, pois praticamente não houve combate entre exércitos devido ao limitado, despreparado e inexistente aparato do exército iraquiano. Como demonstrado no livro, os americanos quase não tiveram trabalho para conquistar a capital, Bagdá caiu fácil demais.

O livro é quase como um diário, mas não deixa de ser uma oportunidade para os que pretendem saber mais sobre esta guerra que levou o caos ao Iraque e que até hoje é um país debilitado tanto na questão financeira como política. O autor americano relata um pouco da história do Iraque, os costumes civis, o dia-dia no conflito com locais dispersos de combate, e o caos que se instalou no país ao fim da guerra. Por incrível que pareça como disse Jon Lee, Bagdá se tornou muito mais perigosa ao fim da guerra devido grupos sunitas e xiitas se confrontarem para obter o controle do Iraque. A partir daí iniciou-se um banho de sangue com atentados terroristas, sequestros, saques e etc.

Minha nota é duas estrelas (regular), o livro não empolga em nenhum momento, creio que faltou mais ação, mas isso também depende de como o jornalista usava sua estratégia de cobertura de guerra. Como disse anteriormente, vale para quem quer saber mais sobre a queda do Iraque.
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Kein 07/03/2014

Quando iniciei a leitura deste livro, imaginei que encontraria uma ode ao ódio contra o imperialismo americano, porém sem demora ficou claro que se tratava de um livro até que bem imparcial. Não que Jon Lee Anderson tenha conseguido deixar sua opinião totalmente de lado — afinal eu nem gostaria — mas ele consegue se colocar de forma bastante eficaz numa posição de canal comunicador, trazendo as opiniões que corriam pelo Iraque pré e pós Saddam Hussein.

Em A Queda de Bagdá, que tem seu foco voltado para os anos de 2000 até a primeira metade de 2004, o autor não traz uma estrutura muito ortodoxa de começo-meio-fim para a história do Iraque, trazendo fatos históricos de até séculos antes quando necessários e não em uma linha temporal simples. Ao contrário disso, os fatos que envolvem sua estádia em Bagdá são colocados com bastante rigor neste sentido. Acredito que essa mistura fez do livro um pouco mais leve, apesar de eu conseguir apontar certos momentos em que ele se repete demais quando narra certos dias de bombardeio.

O livro, ao meu ver, tem dois focos principais: primeiro o sofrimento físico de Jon Lee e de todas as famílias que ali vivem, e segundo o fator político na visão da população de toda aquela guerra que se viram envolvidos sem escolha. No primeiro, onde Jon Lee narra os acontecimentos, bombardeios, visitas à hospitais, busca por hotel para ficar, situações de risco, etc... são bem descritivos e, excedendo alguns momentos, meio frios demais, o que talvez seja consequência de sua profissão como correspondente de guerra que visa a documentação simples e direta dos fatos. Já no segundo, as opiniões de todos envolvidos naquela situação, o livro é bem mais interessante, mostrando várias visões que são impossíveis de serem destrinchadas pela mídias televisivas ou até pela internet, com dois destaques, Sabah al-Taiee, motorista preferido de Jon Lee que mostra uma visão mais popular e do "jeitinho iraquiano", e Ali Bashir, um médico e artista plástico muito ligado à Saddam Hussein que mostra a opinião de uma elite intelectualizada não muito satisfeita com o regime vigente. As opiniões são colocadas de forma bem explicita e são poucas as vezes que Jon Lee interfere nas mesmas, mostrando assim sua busca por imparcialidade.

Inicialmente impressiona como os iraquianos estão submetidos à uma loucura em conjunto, quase anestesiados e sem forças para questionar. Todos têm receio de falar, como fica claro em uma das passagens de Ali Bashir:

"Escute com muita atenção as pessoas, e julgue por si mesmo. Mas lembre-se. a verdade deve ser achada no que elas não dizem"

As opiniões iraquianas só aparecem com o quadro da guerra evoluindo. A insatisfação com o regime de Saddam, a falta de liberdade, o medo, as incertezas, as injustiças, as violações aos direitos humanos, tudo isso era simplesmente silenciado, e esse iraquianos acabaram por enxergar na guerra uma libertação. Porém, como fica claro não só na leitura do livro, mas como também anos depois de sua publicação, os Estados Unidos foram precipitados e
planejaram mal suas atitudes pós-guerra, deixando um povo destruído e com orgulho ferido com sua ambiciosa e lucrativa guerra ao terror. Sempre ficou claro que o principal erro foi desconsiderar a cultura iraquiana, quase esquecendo o fator humano.

Até hoje em dia, mais de dez anos depois dos ataques ao World Trade Center, estopim para tantas ações americanas e britânicas, vemos que há um preconceito remanescente com os árabes em geral, boa parte do mundo continua vendo-os como "homens-bomba", uma visão que nos pequenos detalhes traz conflitos diários e opressores desnecessários. O livro mostra mais uma vez que guerra é coisa de gente grande e não coisa do povo, as desavenças são brincadeiras para àqueles no poder, como diz em War Pigs do Black Sabbath "Making war just for fun; Treating people just like pawns in chess". Se dependesse da maioria, nada daquilo aconteceria, mas fazer o que? O mundo não é tão simplório assim. Mas pelo menos atitudes simples podem nos trazer alguma esperança, como uma breve conversa que Jon Lee teve com um iraquiano enquanto acompanhava algumas movimentações em torno de um dos ataques feitos ao Iraque:

"Perguntou de onde eu era. Quando respondi, dos Estados Unidos, ele disse, ainda sorrindo educadamente - Bem-vindo. - Trocamos um aperto de mãos."
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