tiagonbraz 14/02/2022
Didascalicon - Sobre a arte de ler, de Hugo de São Vítor
"Não busque parecer sábio, mas sê-lo."
Já aplicando um dos diversos aprendizados que tive com esta bela obra, deve-se buscar nos livros o princípio, o cerne que rege o texto lido. Toda obra tem um aprendizado central para tua vida - cabe a ti concentrar teus esforços em encontrá-lo. E sim, isso quer dizer que grande parte do livro é "dispensável" - não que estas partes devem ser ignoradas; elas são importantíssimas para que, quando tu encontrares o diamante, ele salte a teus olhos. Assim, tua tarefa como leitor é encontrar e recolher as partes do texto fundamentais para tua vida.
Digo isto por minha experiência neste mesmo livro: as partes I e II são curiosidades, para mim; assim como a partir do livro IV, que ensina o leitor a ler as Escrituras Sagradas - parte interessantíssima, devo dizer, e que me mostrou a grande ignorância com a qual costumava encarar a leitura da Bíblia. No entanto, o verdadeiro ouro do livro está no livro III, onde Hugo discorre sobre a arte de ler, meditar e a atitude que o estudante deve ter - nos estudos e na vida.
Além do aprendizado ímpar que já citei no primeiro parágrafo (a procura pelo princípio), também é importante citar outras orientações, como a importância de meditar. Hugo explica que a leitura é apenas o princípio; ao ler, estamos apenas adquirindo o conhecimento, e ainda resta armazená-lo por meio da meditação. Esta obra incentivou-me a meditar diariamente, e os frutos da prática são dulcíssimos - particularmente ao fixar de maneira mais sólida os aprendizados das leituras feitas. "O princípio do aprendizado está na leitura; sua consumação, na meditação."
Por fim, Hugo de São Vítor lembra que o estudante não deve prestar atenção somente às técnicas de leitura e de estudos, mas também à retidão de sua moral. Neste aspecto, o autor recomenda três preceitos que devem ser seguidos: "primeiro, que ele não tenha por desprezível nenhuma ciência ou escritura; segundo, que não se envergonhe de aprender de ninguém; terceiro, que, tendo alcançado a ciência, não despreze aos demais."