Juliana.Giacobelli 05/04/2012Uma homenagem à literatura épica clássicaOnde Habitam os Dragões é um livro que eu queria ler há muito tempo: Primeiro pela capa linda, segundo pelas resenhas sempre positivas que andei lendo por aí.
John, Jack e Charles são três estranhos que se conhecem depois da morte de um professor da Universidade de Oxford. Em meio ao caos do acontecimento recente, um homenzinho de baixa estatura chamado Bert, diz a John que ele – e agora seus dois novos companheiros – precisam fugir de Londres o mais rápido possível. Como se isso já não fosse estranho o suficiente, Bert ainda conta a John que ele é o Guardião do Imaginarium Geographica, um atlas de todas as terras de todas as histórias imaginárias conhecidas.
É claro que John e seus amigos não acreditam nessa história, mas quando partem a bordo do Dragão Índigo, um barco que parece possuir inteligência própria, e se deparam com um mundo completamente diferente, não podem ignorar o fato de que estão em algum lugar, pelo menos, curioso. E, uma vez no Arquipélago dos Sonhos, cabe a John, o Guardião do Geographica, manter o atlas a salvo das mãos do Rei do Inverno, um homem cruel que deseja tomar o Arquipélago em Sombras e dominar também o mundo dos homens.
Esse é um daqueles livros que você chega no final e pensa: OMG, juro que acredito nele. E eu falo isso porque Onde Habitam os Dragões é um livro, basicamente, sobre livros.
Narrado em terceira pessoa, James A. Owen nos leva ao Arquipélago dos Sonhos e nos presenteia com diversos elementos da literatura fantástica/épica clássica. Anéis do Poder, piratas com gancho no lugar das mãos, homenzinhos pequenos, dragões, portas que nos levam a universos paralelos, animais falantes… São todos elementos que você lê e fica naquela: Já vi isso em algum lugar… E, na realidade, viu mesmo. É essa a intenção do livro.
Eu gostei bastante da narrativa do James, mas ela não é muito profunda. Não espere um desenvolvimento psicológico muito grande dos personagens, porque na realidade nem é esse o objetivo. Talvez por isso eu tenha achado a história rápida demais, com passagens que poderiam ter sido mais exploradas – ou talvez O Nome do Vento tenha me acostumado muito mal. É sempre uma possibilidade.
Apesar disso, para o contexto do livro, acho que foi o certo a se fazer. Tem bastante conteúdo e, se o autor ficasse demorando demais durante as passagens, a história ficaria imensa e maçante.
Também gostei muito das ilustrações, uma por capítulo, que nos ajudam a visualizar melhor os personagens e são muito bem feitas.
Não é um livro para os apaixonados por romance, então, se você gosta desse tipo de literatura, provavelmente não vai gostar muito de Onde Habitam os Dragões. Como eu falei lá em cima, é um livro com elementos de literatura fantástica e épica que, mesmo sendo mais “light” que a maioria das histórias do gênero – principalmente devido à narrativa dinâmica -, não foge do padrão de guerras e seres mitológicos.
Mas, com certeza, o que faz o livro valer realmente a pena é o final, quando as “verdadeiras identidades” de John, Jack e Charles são reveladas. É aquele momento “Deus, agora tudo faz sentido”, e acho que James foi genial nesse aspecto.
No fim das contas, Onde Habitam os Dragões é uma bonita homenagem aos grandes clássicos da literatura fantástica e, para nossa alegria – ou não, se você gosta de livros únicos – é uma série. Ao que parece, a continuação, A Busca Pelo Dragão Vermelho (tradução livre), será lançada em breve.
É uma leitura mais do que indicada para aqueles que, assim como eu, são fãs do gênero.
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Resenha originalmente postada em: http://julianagiacobelli.com/