jota 07/04/2015Herói quixotescoSegundo a professora Silvana Vieira da Silva, que escreveu o posfácio de Tartarin de Tarascon, a obra de Alphonse Daudet (1840-1897) é “um misto de romance de aventuras, paródia, história cômica, mitomaníaca.” E tudo isso numa novela com pouco mais de uma centena de páginas, que desde sua publicação em 1872 caiu nas graças dos leitores e acabou se tornando um clássico da literatura francesa.
Tartarin é um personagem que mescla traços comportamentais e físicos de outros dois personagens bastante conhecidos de todos, Dom Quixote (em vez de moinhos de vento Tartarin vai à África caçar leões) e Sancho Pança (ele é barrigudo e atarracado como o ordenança de Quixote), e talvez por isso mesmo o herói tarasconês seja bem mais desajeitado do que seus modelos espanhóis, criados por Cervantes.
Sendo assim um sujeito bastante desajeitado, dá pra rir com as aventuras de Tartarin de Tarascon? Sinceramente, não, embora alguns trechos do livro sejam bem-humorados, mas não por conta de alguma anedota que nos seja contada e sim pelas situações estapafúrdias em que o personagem se mete e delas quase sempre se sai mal, logrado por alguém esperto, o que ocorre mais de uma vez. E como a obra foi escrita num tempo muito distante do politicamente correto das últimas décadas, prepare-se para ler ofensas a africanos, muçulmanos, colonizados de um modo geral etc.
Lido entre 04 e 07/04/2015.