Cacau Scorpioni 21/04/2024
Um livro para descobrir a América Latina
" Cem Anos de Solidão", do autor Gabriel García Márquez
Sinopse: Em Cem anos de solidão , um dos maiores clássicos da literatura, o prestigiado autor narra a incrível e triste história dos Buendía - a estirpe de solitários para a qual não será dada “uma segunda oportunidade sobre a terra” e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o romance.
Minhas Impressões:, Cem Anos de Solidão traz Marco da literatura latino-americana, Cem Anos de Solidão fala sobre as histórias entrelaçadas da família Buendía na mítica Macondo, uma cidade que foi fundada no meio da marta! Onde o maravilhoso coabita o peculiar dia-a-dia do povoado.
Lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo.
Pela primeira vez, mostra como os anseios e dores de um povo oprimido, colonizado e marginalizado; e que, por fim, entre alegorias, misticismos e duras realidades, conseguiu alcançar a essência carregada por toda a América Latina.
A história mostra 7 gerações de uma família de altos e baixos neste vilarejo fictício. Este é o primeiro desafio da leitura: conseguir distinguir cada membro da família, fazer uma árvore genealógica mental para atender quem é cada pessoa. O livro é narrado em terceira, uma leitura complexa, que muitas vezes tive que consultar o dicionário, me lembrou quando fazia análise literária da teoria literária na faculdade ( velhos tempos).
O livro é escrito forma tão intimista e desinibida que nos permite ter um olhar panorâmico sobre toda a família, nos apresentando as peculiaridades e as nuances de personalidade de cada um, suas motivações e ímpetos, seus medos e comportamentos repetidos. Certos e errados não existem: os personagens apenas são. Tudo é muito da verdade nua e crua em Macondo.
“O mundo terá acabado de se foder no dia em que os homens viajarem de primeira classe e a literatura no vagão de carga.”
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Amanda Barreiro
Resenha: "Cem Anos de Solidão", de Gabriel Garcia Márquez
Marco da literatura latino-americana, Cem Anos de Solidão traz as histórias entrelaçadas da família Buendía na mítica Macondo, onde o maravilhoso coabita o peculiar dia-a-dia do povoado.
Sinopse
Edição comemorativa em capa dura de 50 anos de publicação da obra-prima de Gabriel García Márquez. Neste que é um dos maiores clássicos da literatura, o prestigiado autor narra a incrível e triste história dos Buendía – a estirpe de solitários para a qual não será dada “uma segunda oportunidade sobre a terra” e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o romance. É lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo. Para além dos artifícios técnicos e das influências literárias que transbordam do livro, ainda vemos em suas páginas o que por muitos é considerado uma autêntica enciclopédia do imaginário, num estilo que consagrou o colombiano como um dos maiores autores do século XX.
A Alma Latina
Cem Anos de Solidão, o clássico que redefiniu a literatura latino-americana ao inverter o eurocentrismo e exportar para o mundo, pela primeira vez, um bestseller; o romance que registrou, simbolicamente, os anseios e dores de um povo oprimido, colonizado e marginalizado; e que, por fim, entre alegorias, misticismos e duras realidades, conseguiu alcançar a essência carregada por toda a América Latina.
Elogios não faltam à obra de Gabriel Garcia Márquez, mas muitas vezes o peso do clássico afasta leitores acreditando estar diante de uma criação beirando o sagrado, tamanha a reverência atribuída ao autor e ao livro. É justamente pensando nisso que eu quero apresentar uma análise mais acessível e descomplicada.
Cem Anos de Solidão narra a história da estirpe Buendía ao longo de sete gerações, desde a fundação da cidade fictícia de Macondo até sua glória e posterior derrocada. Este é o primeiro desafio da leitura: conseguir distinguir cada membro da família (até porque os nomes se repetem o tempo todo), recordar quem é quem e descobrir o que cada um representa. É mandatório utilizar o auxílio de uma árvore genealógica; do contrário a leitura torna-se incrivelmente confusa e desgastante. Acredito que a maior parte das edições físicas possua uma imagem dos Buendía para consulta, mas, de qualquer forma, deixo uma aqui para que vocês possam se localizar.
Fonte: Huffpost ES
Notem que a família Buendía é representada em vermelho na árvore genealógica. Apesar de parecer complicado, existe um padrão bem definido entre os personagens, especialmente no que diz respeito aos homens, mas ainda vou chegar lá.
A narração é feita em terceira pessoa e acompanha cada familiar, geração após geração. A escrita de Gabo é feita de forma tão intimista e desinibida que nos permite ter um olhar panorâmico sobre toda a família, nos apresentando as peculiaridades e as nuances de personalidade de cada um, suas motivações e ímpetos, seus medos e comportamentos repetidos. Certos e errados não existem: os personagens apenas são. Tudo é muito cru e verdadeiro em Macondo.
Aliás, precisamos falar sobre Macondo. Baseada nas memórias de infância de Gabriel Garcia Márquez, Macondo reúne uma porção de curiosidades, mas a verdade é que ela não existe de fato. Sua trajetória marca, de forma crítica e politizada, a representação da Colômbia. As ditaduras e as guerras que arrasaram a América Latina, os regimes políticos, a vida militar, a repressão e a miséria causada por um governo ausente e sucateado pelas grandes potências encontram ecos profundos nas palavras do autor em uma narrativa forte e muito comovente. Tudo isso permeia Macondo, muitas vezes através de símbolos requerendo certa sensibilidade para serem compreendidos, mas ali presentes e compondo toda a beleza de Cem Anos de Solidão.
Arte de Luisa Rivera para a edição comemorativa de 50 anos em espanhol.
Tudo é possível em Macondo. Pode chover durante quatro anos, onze meses e dois dias, pode-se conviver com fantasmas e memórias, pode-se viver por mais de cem anos ou pode-se morrer, cansar da solidão e retornar à vida. Nunca se sabe onde a fantasia começa e a realidade termina, e vice-versa, porque tudo ali é mágico. Os mitos caminham juntos ao dia-a-dia embrutecido e funcionam como (em uma análise muito superficial) a válvula de escape para uma dose insuportável de crueza e crueldade. O absurdo dá o tom à narrativa, provoca estranheza e até mesmo indignação, mas, afinal, não seria esse o objetivo de uma mente inquieta e apaixonada pela história do seu povo?
“O mundo terá acabado de se foder no dia em que os homens viajarem de primeira classe e a literatura no vagão de carga.”
O livro é uma teia de acontecimentos simbólicos, familiares e sociais, políticos e, inevitavelmente, humanos, entrelaçados entre a realidade e a fantasia, o tangível e o absurdo, o grotesco e o belo. Sua narrativa é poderosa e complexa, cheia de interrupções e fugas à linearidade, mas sua mensagem perpassa qualquer dificuldade e torna-se parte indissolúvel do leitor, que, arrebatado pelas borboletas amarelas tal qual as personagens, nunca conseguirá se esquecer da magia de Macondo.
"Os filhos herdam as loucuras dos pais."
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