Daniel432 11/04/2023
Banditismo Social
A proposta do autor é apresentar ao leitor o banditismo e as condições sociais que deflagravam o gatilho para que camponeses até então ordeiros passem a atuar como bandidos sociais e para isso faz uso de exemplos bastante famosos tais como Robin Hood que presumivelmente não existiu historicamente, Pancho Villa e Lampião além, é claro, de inúmeros outros exemplos menos conhecidos. Não é objetivo do autor tratar especificamente da figura dos bandidos.
A principal causa desse gatilho, segundo o autor, é o sentimento de injustiça frente ações praticadas por representantes do poder seja estatal ou não conjugado com situações em que a comunidade do qual o camponês faz parte sofre diante da escassez de recursos. A título de exemplo o autor cita que o cangaço brasileiro começou com a seca no final do século XIX e atingiu seu auge na grande seca de 1919.
O autor cita que o bandido social, normalmente, não age contra sua comunidade pois dela espera proteção e suporte, possui um código de conduta e honra e não é visto por sua comunidade como um criminoso. Seus alvos preferenciais são membros da classe que representa a opressão e a injustiça. Entretanto, ele precisa deixar claro que é capaz de ser violento, inclusive com os seus, em caso de extrema necessidade, como forma de evitar a traição.
Essa situação ambígua é bastante interessante e, nesse ponto, Lampião é novamente citado por ter sido capaz de obrigar um cangaceiro de seu grupo a comer um quilo de sal por ter feito uma desfeita. O cangaceiro morreu por ter comido tanto sal?? Há quem diga que sim, mas também há quem diga que foi fuzilado após terminar ingrata tarefa.
Ao longo de todo o livro o autor procura deixar claro as condições para se classificar um bandido como bandido social e por se tratar de uma edição revisada, o livro foi publicado inicialmente na década de 70, no final do livro foi incluído um pós-escrito onde são apresentadas considerações de outros estudiosos discordando da tese apresentada pelo autor. Em grande parte, o autor rebate e defende sua tese contra-argumentando e reforçando seus pontos de vista, porém ele cede e concorda, em parte ou totalmente, com algumas críticas.
O autor diz que não há mais bandidos sociais (isso lá em 1970!!) pois as condições necessárias não estão mais presentes nas sociedades modernas e industriais. Eu concordo. E aí, o que você acha?? Leia o livro e chegue à sua conclusão!!